sábado, 22 de maio de 2010

Os Imperdoáveis (Unforgiven, 1992)

A alcunha de clássico moderno já foi utilizada de maneira leviana por muitas pessoas, inclusive por mim. Contudo, esse atributo é inquestionável para o filme Os Imperdoáveis, uma verdadeira obra-prima do faroeste, um dos grandes filmes da década de 90, uma aula de cinema, enfim, um filme que você precisa assistir.

Os tempos mudaram para o pistoleiro Will Munny (Clint Eastwood). Ele não é mais aquele sanguinário do velho oeste, conhecido pela crueldade e suas malvadezas. Após ter casado, Will mudou e largou aquela vida para se tornar um homem apaixonado. Contudo, sua esposa morreu e ele possui dois filhos pequenos; a vida não é fácil para eles.


Morando num rancho, onde cria porcos, Will vive uma vida monótona e pacata, beirando o humilhante, como o diretor (o próprio Eastwood) pontua nas sucessivas quedas de Will sobre a lavagem dos porcos. Trata-se de uma situação ridícula para um homem como Will Munny.

Will recebe uma visita nesse momento embaraçoso. Trata-se Schofield Kid (Jaimz Woolvett), um jovem pistoleiro que propõem um acordo: algumas prostitutas pagarão recompensa para quem matar dois cowboys que desfiguraram uma das moças. No começo, Will reluta. Entretanto, ele está precisando do dinheiro e a missão é fácil.

Munny decide participar da jogada, só que ele só a fará com seu fiel parceiro, Ned Logan (Morgan Freeman). Os três partem para a cidade de Big Whiskey, em busca dessa recompensa.

O problema é que outros caçadores de recompensas, como o traiçoeiro English Bob (Richard Harris) também estão rumando para a cidade, em busca desse dinheiro. Caberá ao truculento xerife Little Bill Daggett (Gene Hackman) controlar essa situação para que o caos não tome conta da cidade, usando todos os meios necessários para isso.


A história de Os Imperdoáveis está recheada de nuances morais; Will pergunta-se o tempo inteiro se a escolha feita por ele, afinal ele precisa do dinheiro e, no fim das contas, ele estará fazendo justiça. O xerife Little Bill, por outro lado, é tão violento que chega a nos causar repulsa seus métodos, apesar de serem necessários para conter um possível banho de sangue na cidade.

O roteiro revela muitas surpresas ao longo da projeção, as quais eu não revelarei aqui, para aqueles que forem assistir a esse filme, pela primeira vez, tenham o mesmo prazer que eu tive. Escrito por David Webb Peoples, responsável pelo roteiro de Os Doze Macacos, Os Imperdoáveis tem um tratamento realista do gênero faroeste. Eu quero dizer que não há glamour aqui ou romantismo deslocado: temos um script realista, que expõem camadas de sentimentos sobre seus personagens, tornando-os complexos e analisáveis, como pode ser exemplificado pelo último parágrafo.

Conceitos como justiça e honra são explorados ao máximo na obra. Fidelidade a um ideal, a própria justiça, a mulher e aos amigos são expostos no filme de Eastwood. Os Imperdoáveis é impressionante por explorar temas consagrados do western de uma maneira extremamente diferente, e por que não mais profunda, do que a maior parte dos outros filmes do gênero.
Isso sem mencionarmos o impressionante, e eu repito impressionante, clímax da obra, de deixar qualquer um de queixo caído. O talento dos atores, diretor e roteirista são comprovados numa cena inesquecível num bar, embaixo de uma chuva torrencial. Uma grande cena para finalizar um grande filme.

O elenco inteiro do filme está perfeito com destaque para os atores Clint Eastwood, Morgan Freeman, Jaimz Woolvett (que consegue a proeza de se destacar diante de dois titãs do cinema – Eastwood e Freeman), Richard Harris e, especialmente, Gene Hackman. Sua atuação é genial e inesquecível, um personagem que consegue ser respeitado e vil, ao mesmo tempo. Valeu um Oscar para Hackman. Aliás, a obra faturou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Edição.

Os Imperdoáveis é uma obra perfeita e sensacional. Um exemplo de bom cinema, que não encontramos com facilidade por aí.

Nenhum comentário:

Postar um comentário