quinta-feira, 21 de julho de 2016

Cannes e a seleção de filmes

"Pois uma seleção não é um passeio salutar. Os filmes chegam, cada vez mais numerosos, cada vez mais diversos. É preciso aceitar visioná-los em um tempo cada vez mais curto. Transformar em atividade profissional o que deve continuar a ser um prazer e uma paixão. Não se pode conceder o tempo para degustar uma obra no ritmo que esta merece. É preciso dar uma reposta. Justificar-se, tranquilizando os autores decepcionados, resistir a produtores que nunca desistem. Ano sim, ano não, os grandes cineastas não filmaram. Angústia. Procura-se desesperadamente uma substituição. Já se ouvem os comentário: "Veja! Cannes não é mais Cannes". O ano seguinte, apreensão, a abundância de nomes célebres vai limitar o espaço para desconhecidos. Imagina-se o discurso: "Estava fácil demais!". Sem dúvida, vossa senhoria, mas um Fellini menor sempre será preferível a um esforçado que se superou. Além disso, se são sempre os mesmos aceitos, é porque fazem realmente os melhores filmes."

Trecho do livro Cidadão Cannes, de Gilles Jacob, publicado pela Companhia das Letras (2010).

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Pôster: For The Love Of Spock (2016)



Um dos personagens mais icônicos da história da humanidade é o vulcano Spock. Vivenciado pelo saudoso Leonard Nimoy e absolutamente adorado por gerações e gerações de fãs. E teremos um documentário filmado pelo seu filho, Adam Nimoy, que nos apresentará a intimidade e a faceta mais particular deste grande ator e ser humano fora de série, que acreditem, faz muita falta. E esse pôster é, francamente, maravilhoso. 

domingo, 17 de julho de 2016

Trailer: B Movie - Lust & Sound In West Berlin (2015)


Nossa!!!! Ainda estou maravilhado com o trailer desse documentário. Uma viagem pela vida cultural/urbana/industrial da Berlim dos anos 80. Teria alguma maneira de me deixar mais atraído e absolutamente enfeitiçado? Acho difícil. E falávamos sobre essa ambientação justamente na postagem sobre o filme Supermarkt, logo abaixo. Pelo trailer, eu já fico com a sensação de que eu precisava ter vivido essa época, esse contexto, de alguma maneira. Esse, eu tenho certeza que eu vou amar. 





sábado, 16 de julho de 2016

Supermarkt (1974)


Um dos ambientes ou atmosferas que mais me fascinam é a Alemanha da Guerra Fria - suas cidades cinzas, decadentes, cheia de fumaça de cigarros, prostitutas e música, parecendo um prelúdio para histórias cyberpunks. Um misto de decadência e perigo, é a essência de uma mentalidade punk/industrial/urbano - que certas obras da ficção conseguem representar muito bem.

SUPERMARKT acompanha Willi (o não-ator Charly Wierczejewski), um problemático jovem das ruas, que sobrevive com pequenos delitos, fugindo da polícia, se envolvendo com bandidos e prostituição. E sua jornada de sobrevivência nas hostis ruas de Hamburgo, nos anos 70, é marcada de desilusão, violência e melancolia. 


Inserido nesse contexto social, SUPERMARKT é uma obra do praticamente desconhecido Roland Klick, diretor alemão cultuado na Europa, mas praticamente desconhecido por essas bandas. Dono de uma filmografia intrigante (pretendo me aprofundar em seus filmes, ao longo do ano), Klick ficou conhecido por ter sido o primeiro pretendido na direção do cultuado Christiane F, mas acabou sendo demitido pelo produtor Bernd Eichinger. 

É interessante que SUPERMARKT guarda muitas semelhanças com o best-seller Christiane F: a atmosfera carregada, a melancolia, a trama de jovens desencaminhados - como eu cheguei a ler numa resenha do excelente blog Soiled Sinema, "uma espécie de irmão mais novo e não junkie".


Uma das coisas que mais gosto em SUPERMARKT é a fotografia do filme. É uma obra escura, com seus cenários absolutamente decadentes - em algumas cenas mal conseguimos distinguir as feições do protagonista. E algumas cenas de ação reservam uma urgência típica dos policiais dos anos 70, como a fuga do protagonista da delegacia de polícia e o roubo no estacionamento do supermercado, próximo ao final da película. O lado artístico do diretor se sobressai nessas tomadas, assim como a última cena do filme, muito bela, fugindo de explicações óbvias que assolam o cinema atual. 

Ancorado pela música "Celebration", de Marius West - uma balada folk bem bonita, SUPERMARKT é o típico cinema quase impossível de se encontrar nos filmes atuais. A música guarda um otimismo quase juvenil, presente em nosso personagem principal, que primeiramente poderia destoar, mas depois se encaixa na opressiva e cinzenta realidade da história. A distribuidora do filme, em dvd, na Europa, classificou SUPERMARKT como uma mistura de Operação França com Juventude Transviada e, honestamente, eu não teria como classificar melhor essa pérola desconhecida do cinema alemão. 

terça-feira, 5 de julho de 2016

Trailer: The Babushkas of Chernobyl (2015)


O tema Chernobyl é um daqueles que me causam profunda curiosidade e interesse. Este documentário aborda algumas senhoras que após a evacuação às pressas realizada após o acidente, retornaram para suas casas abandonadas e continuaram suas vidas em seu vilarejo natal. E essas mulheres, contradizendo argumentos científicos, ainda sobrevivem neste ambiente hostil destruído pelo homem. A frase encabeçada no pôster "A radiação não me assusta, mas a fome sim" me deixa intrigado para conferir esse interessante documentário.



segunda-feira, 4 de julho de 2016

Balanço De Metade do Ano: Os melhores filmes de 2016, até agora




 Já estamos na metade do ano, meus amigos! Sim, foram seis meses de muitos filmes para meu padrão cinéfilo meio capenga dos últimos anos - 65 filmes, incluindo longas e curtas, de variados gêneros. Muita coisa boa acabou não sendo comentada por aqui - tanto pela falta de tempo quanto pela falta de saco em escrever sobre cada filme que eu assisto. Ainda assim, adoro manter esse blog e meus planos para o futuro incluem este pequeno diário virtual. 

É importante eu dividir com vocês a seguinte informação: uma das minhas famigeradas metas para este ano é assistir 100 filmes. Pois é, no ano de término de faculdade, trabalhando, com muitos afazeres, resolvi tentar esse objetivo. Se vou conseguir? Não sei. O que sei é que com essa meta em mente, eu aumentei o número de filmes assistidos, consideravelmente. 

E o que venho achando de 2016, no quesito cinema? Estou achando ótimo! Assisti muitas obras legais, uma pequena parcela de filmes excelentes e, logicamente, algumas boas e velhas bombas cinematográficas. Quem acompanha esse blog verá que alguns dos filmes que citarei não tiveram textos postados. Eles podem ou não compor nosso arquivo de resenhas num futuro próximo, mas não vou prometer, porque acho que não conseguirei cumprir. Os filmes que tiverem resenha por aqui terão um link em seus nomes, para direcionar quem quiser aos seus respectivos textos

FILMES INDEPENDENTES: Esse ano eu conferi alguns filmes independentes interessantes. Destaco o policial/drama/comédia de humor negro THE DRIFTLESS AREA, que eu assisti muito em razão da precoce morte de Anton Yelchin, e acabei adorando - uma boa mistura de gêneros com um bom roteiro de suporte. Outro policial/comédia de humor negro que eu adorei foi MOONWALKERS, um filme bem maluquinho sobre uma operação desastrada da CIA para forjar o pouso na lua, no auge da corrida espacial - divertido, inteligente, com atuações supimpas de Ron Perlman e Rupert Grint (falei que não ía prometer resenhas, mas quero um texto deste filme por aqui).

BLOCKBUSTERS, OSCAR E SUCESSOS: Dos 65 filmes que assisti, 13 deles foram no cinema, na telona. Ir ao cinema é quase sempre uma preferência, mesmo que esse tipo de divertimento requer, em tempos atuais, planejamento para você caçar uma sessão legendada (que vem se tornando uma raridade) e com a menor possibilidade de encontrar adolescentes babacas e barulhentos ou pessoas que não largam o celular nem para dar uma cagada. Mesmo assim, me diverti muito nos filmes da Marvel e DC Comics (sim, eu achei Batman vs Superman bacana), mas destaco o único deles que me levou aos cinemas duas vezes: X-MEN APOCALIPSE - a segunda melhor aventura dos mutantes no cinema, que me deixou maluco, eletrizado. O filme pode ter seus problemas, mas me conquistou totalmente (e eu mordi a língua, porque achei que seria ruim e espalhei essa opinião equivocada aos quatro cantos entre meus conhecidos).

Da corrida do Oscar, confesso que fiquei com preguiça de assistir uma parcela dos indicados. Dos que eu encarei, SPOTLIGHT tem lugar cativo como um dos meus preferidos - um filme sério, sóbrio, envolvente e com personagens absurdamente cativantes, mereceu o caneco. O surpreendente A GRANDE APOSTA também se destacou, me divertindo horrores, com seu ritmo escalafobético e sua história recheada de humor e drama - entretanto, meu interesse no tema ajudou o filme a decolar aos meus olhos. E, logicamente, eu conferi CREED, mais um capítulo no universo de Rocky Balboa, talvez o melhor filme desta postagem, com Stallone mostrando que continua sendo um mestre das suas criações, um gigante ator (esnobado pela academia) e capaz de nos emocionar. Caso ainda não tenha visto CREED, larga esse texto e vá assistir agora.

MY FRENCH FILM FESTIVAL 2016: Pois é, eu deveria ter feito uma cobertura deste sensacional festival online gratuito de cinema... Eu conferi vários filmes deste festival, praticamente todos os quais eu realmente tinha interesse em assistir - e gostei da maioria deles. Mas cabe destacar ao intenso drama COUP DE CHAUD, um poderoso filme sobre a discriminação, encabeçado por uma atuação magistral; o filme tem um ritmo incrível e seu roteiro é absurdamente bem transcrito para as telas - uma das obras que me provocou raiva, tristeza, contemplação e outra série de sentimentos, como poucos me causaram neste ano. 

Outro filme do festival foi o drama UN FRANÇAIS, sobre a jornada de um jovem de extrema direita na França. Abordando diversas fases da vida do personagem, o diretor explora a corajosa opção de humanizar um personagem que a princípio você odiaria facilmente - um tipo de filme/trama que geralmente me conquista facilmente. Se você tiver a oportunidade, dê uma conferida.

E na linha de filmes mais meigos, fugindo muito da pauta no nosso blog, temos a comédia/romance HENRI HENRI, que bebe muito nas fontes de filmes como O Fabuloso Destino De Amelie Poulain, mas consegue ser muito superior e muito menos pretensioso que este. A obra acompanha um órfão e suas desventuras, sua paixão platônica - um misto de fantasia e bucolismo que me conquistou totalmente e fez o meu dia. Mas, não tenho certeza se o pessoal que acompanha o blog iria gostar. 

O HORROR: Sentiram falta do meu gênero favorito? Pois é, infelizmente não vi muitos de destaque até o final do sexto mês do ano. Gostei de algumas obras, mas o grande filme do gênero até agora é o excepcional THE WITCH, uma verdadeira e imersiva experiência cinematográfica, um daqueles raros filmes cuja a sensação passada é tão intensa que você fica sem palavras após a sensação. A impressão é que acabamos de participar de uma missa negra ou um ritual satânico - uma crítica em inglês definiu perfeitamente a sensação passada de estarmos a assistir algo que não deveria ser assistido, uma experiência quase que profana. Este é um daqueles filmes que recebe uma merecida nota 10 com louvor.



E o que esperar do restante do ano? Tem uma penca de filmes bons que serão lançados por aí (e geralmente minhas expectativas são representadas pelos trailers que eu posto, frequentemente), além de outra penca de filmes que eu ainda não conferi, lotando meu hd. Vamos torcer para eu encontrar essas obras por aí (e a internet é a principal aliada dos cinéfilos, nos dias atuais) e para que eu consiga cumprir aquele meu desafio pessoal. Querem um segredo? Meu filme favorito do ano até o presente momento não está nessa lista. Acabei assistindo-o no dia 2 de julho e eu incluí por aqui os filmes que eu assisti até o final de junho; e meu texto sobre este filme sai nesta semana. Prometo!