domingo, 26 de fevereiro de 2012

Rápidas impressões pós-Oscar

Vive le France!

Sim, O Artista consagrou-se como o grande campeão da noite com 5 prêmios, dentre eles Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Diretor (além de Figurino e Trilha Sonora). Hugo Cabret (que ainda não conferi) também abocanhou 5 estatuetas – todas das chamadas categorias técnicas. Meryl Streep venceu. Christopher Plummer venceu. O maravilhoso filme iraniano A Separação venceu. Woody Allen e Alexander Payne venceram, por roteiro original e adaptado, respectivamente. Octavia Spencer também venceu. Enfim, foi uma noite sem surpresas, mas agradável, principalmente pela qualidade dos filmes agraciados com indicações. Para mim, não há dúvidas de que nos últimos anos a qualidade dos filmes indicados para o prêmio e agraciados pela Academia caiu vertiginosamente (Como explicar Avatar concorrendo à Melhor Filme? E a vitória de Crash, em 2005? O Pianista perdendo para Chicago??) .

Esquecendo-se os erros do passado e do presente (Drive, Shame – a lista vai aumentando), tivemos uma cerimônia bacana, pois o cinema foi homenageado, em toda sua grandeza, pelos dois principais vencedores da noite- Hugo Cabret e O Artista – filmes que tratam sobre a beleza do cinema, exercícios metalinguísticos fabulosos. Aumentando a qualidade dos indicados, aumenta-se o prestígio da festa e a satisfação de um cinéfilo para acompanhá-la e elogiá-la logo em seguida em seu blog, apesar de ter aula bem cedo no dia seguinte...


E foi por essa celebração do cinema em si que me fez ficar acordado, acompanhando a irregular transmissão da Rede Globo, com uma torcida indecorosa e constrangedora pela música de Sérgio Mendes e Carlinhos Brown (aos desavisados, a música concorreu ao prêmio de Melhor Canção Orignal); o prêmio em questão foi para as mãos de Bret Mckenzie, com uma música do filme Os Muppets. Pelo menos o José Wilker assistiu aos filmes para poder comentá-los neste ano.

Billy Cristal mostrou-se afiado como sempre no papel de host da cerimônia, com seus bons momentos. A maior parte dos atores que apresentaram os prêmios se saiu bem, apesar de ter achado Natalie Portman bastante sem graça na apresentação dos indicados à Melhor Ator; pareceu-me que ela não tinha o que falar sobre os agraciados. Na categoria de Melhor Discurso, sem dúvida eu escolho o de Jean Dujardin – lembrou-me um pouco do Roberto Benigni. Os vencedores na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação, a dupla William Joyce e Brandon Oldenburg por The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore, também fizeram um belo discurso, que me agradou em cheio, especialmente pela humildade demonstrada assim como o amor ao cinema.

Foi, afinal, uma festa de saldo positivo considerando-se os erros e acertos. Considero que os prêmios foram todos justos, levando-se em conta os que foram indicados. Concordei absolutamente com essa premiação e fico feliz por ter acompanhado a festa daqui de casa. Fazia algum tempo que eu não sentia o Oscar como uma cerimônia de celebração da sétima arte; na edição de 2012, o prêmio voltou a ter relevância e, porque não, emocionar.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Trailer da Semana: God Bless America (2012)

Existem alguns fatores interessantes ao redor desta comédia de humor negro, que promete gerar alguma polêmica no mundo do cinema. À primeira vista, parece uma obra na esteira de Kick-Ass e Super, com um homem limpando o mundo de pessoas imbecis e bandidos em geral com a ajuda de uma improvével parceira feminina - uma criança. Entretanto, ao contrário do aspecto fantasioso das duas obras citadas, God Bless America mira suas lentes sobre a sociedade americana atual, com toda sua intolerância, lixo televisivo, juventude criminosa e uma dúzia de desvios de conduta. Caberá ao nosso improvável herói (encarnado por Joel Murray) livrar-nos destes males. E, mesmo com este tema explosivo, o filme promete muita comédia. Veremos!


Drive (2011)



Nicolas W. Refn, realizador de filmes excepcionais como Bronson e Valhalla Rising. Em sua mais última obra, o filmaço de ação Drive, Nicolas não decepciona e entrega mais uma joia para a plateia ávida por bons filmes. Drive foi um dos grandes filmes do ano passado e deverá ser lembrado posteriormente na galeria dos grandes filmes de ação já feitos.

Muitas coisas me agradam em Drive: primeiramente, a direção estilosa do dinamarquês, que transforma um roteiro relativamente simples num espetáculo de ação. Como Ronald Perrone afirmou em seu blog, Dementia 13, a direção nas mãos de outro diretor (Neil Marshall esteve cotado para a direção) poderia resultar num filme bem prosaico. Com o comando de Refn, este, definitivamente, não é o caso.


O elenco de Drive tem um quê de fantástico, também. Além dos ótimos suportes dos vilões, encarados por Ron Perlman e Albert Brooks, o filme conta com Bryan Cranston e a bela e talentosa Carey Mulligan, todos dando suporte a uma incrível atuação minimalista de Ryan Gosling, como o protagonista de poucas palavras que responde muito bem quando a situação exige "um pouco" de violência. Gosling compôs um personagem marcante, que me lembrou do protagonista da obra anterior de Nicolas Refn, Valhalla Rising.

Em uma das cenas mais violentas do filme, Nicolas Refn consultou o diretor Gaspar Noé, sobre efeitos visuais e dicas para torna-lá mais realista. Não quero dar spoiler, mas quem conhece a filmografia de Noé, sabe o que esperar do quesito violência...

E, por fim, destaco os aspectos técnicos da obra, como a ótima fotografia, o design de produção e a campanha de divulgação, com aqueles excelentes cartazes com escrita em neon rosa (era o q pareciam, para mim - neon). Em consonância com os tais cartazes, está a trilha sonora do filme, simplesmente excepcional, com uma escolha de músicas eletrônicas, meio dark-pop e de sonoridade retrô (como a faixa Nightcall, tocada durante os créditos iniciais).



E com todo seu estilo, Drive cativa o público sedento por bons filmes de ação (que é o meu caso, definitivamente). Os produtores e a própria Hollywood parece ter se esquecido daqueles grandes filmes dos anos 70, um cinema de ação com conteúdo e estilo que há muito tempo eu não via (pelo menos em obras vindas dos Estados Unidos). Não vou nem perder meu tempo comentando a falta de mais indicações ao Oscar, que sempre comete erros, mas a premiação do diretor em Cannes prova a competência do filme.

Drive é um verdadeiro resgate deste saudoso cinema, sem barulheira ou cenas de ação tiradas de videogames para entreter o público. Tem-se "apenas", e repito "apenas", uma estória bem contada por um grande elenco e um diretor excepcional, que sabe transformar roteiros em filmes de verdade. Resta-me agradecer a Nicolas W. Refn, por ter presenteado os cinéfilos com este grandioso filme.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Operação Kickbox (Best of the Best, 1989)

Um torneio de artes marciais entre EUA e Coreia; a equipe da Coreia é letal, disciplinada, bem treinada e, sem exageros, perfeita. Já a equipe norte-americana é cheia de complicações, desconcentrada, desunida, cheia de dramas particulares. Seria possível esta equipe se superar e vencer a imbatível Coreia?

É claro que a resposta da pergunta central do filme Operação Kickbox é elucidada no final do filme. Diga-se de passagem, um belo filme. Porque, mesmo com a sua enorme carga de clichês, o filme concentra suas forças na atuação de Eric Roberts, que entrega uma bela performance como um dos lutadores da equipe americana. Sua luta no campeonato é uma das mais emocionantes que eu já assisti em filmes. E a luta final, entre Phillip Rhee e seu arquirrival (interpretado pelo irmão de Rhee, na vida real) é fantástica e bem filmada.


Temos a presença de James Earl Jones como o treinador da equipa e o falecido Chris Penn como o chato lutador americano Travis, cheio de preconceitos. Mas o ator é tão carismático que, eventualmente, torcemos por ele.

Com um final que, para mim, soa bastante ingênuo, sem perder toda sua força e emoção, Operação Kickbox (que título horrível, ainda mais vendo a tradução literal do título original – "O Melhor dos Melhores") é um filme muito divertido. Os que gostam de filmes de luta devem vê-lo sem falta. Amantes de filmes de ação dos anos 80 e 90 também irão se esbaldar.

Operação Kickbox gerou ainda três sequencias. O mais breve comento elas por aqui, mas tenho a triste impressão que a qualidade foi caindo ao longo das mesmas. Poucos escaparam da triste regra das continuações ruins... Por ora, recomendo o primeiro filme.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O Retorno de Johnny English (Johnny English Reborn, 2011)


Este é um filme sem nenhuma razão de existir. E quero deixar claro que sou fã tanto do personagem Johnny English quanto de seu intérprete Rowan Atkinson, um dos grandes comediantes britânicos vivos. Mas, mesmo gostando muito do primeiro filme, é com tristeza que vejo como este segundo filme tem a intenção de, sei lá, encher os bolsos dos produtores e do estúdio. Não há nada para se acrescentar ao personagem, além de ser um filme completamente independente do seu antecessor, o que me dá a impressão de que o roteiro quer atrair novos expectadores para o filme.

Pareceu-me aliás que esta nova aventura está mais americanizada. Explosões e perseguições para atrair a platéia barulhenta, louca pelo 3d. O típico humor britânico, simples e cheio de insinuações simplesmente desapareceu nessa sequência. O pior é ver piadas do primeiro filme serem requentadas neste segundo. Poucas gags e muitos tiros. E esse desespero da equipe do filme em atrair essa parcela do público, me incomodou bastante.

Óbvio que Atkinson domina muito bem seu próprio personagem. E há alguns momentos engraçados na obra, especialmente quando há piadas sobre a espionagem em si e quando há foco no que English faz melhor: trapalhadas; a cena da cadeira é hilária, mas uma cena não salva um filme. O fato da obra ter uma trama sem graça, já conhecida em outros diversos filmes, além de não existir um bom nome de peso no elenco, com mais carisma do que Atkinson para atrair o público (como John Malkovich, no primeiro filme, quando interpretou o impagável vilão da estória), fizeram desta sequência algo completamente descartável.

Uma pena, pois Johnny English era um personagem que eu gostaria de ver mais vezes nos cinemas. Este filme enterra as possibilidades de mais uma aventura do espião inglês. Infelizmente, uma obra esquecível.