sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Tokarev (2014)


Fica muito difícil te defender, Nicolas Cage, quando você lança um filme como TOKAREV (aqui foi traduzido como FÚRIA, pois o filme vazou na internet e a produtora mudou o nome para RAGE). Eu não tenho nenhum problema com a sinopse completamente clichê (homem se vinga quando sua filha é sequestrada). Também não me irrita a voz incompreensível do Danny Glover. Nem as cenas de ação completamente esquecíveis. Ou o desenrolar do filme completamente óbvio que tenta surpreender com um final tão estúpido, cuja irritação supera qualquer outro tipo de sentimento. Nem o seu cabelo estranho (porque dessa vez você extrapolou o bom senso). Mas até seu personagem é absolutamente irritante e estúpido, tão superficial e sem graça. 

Pra não dizer que o filme é uma merda completa, confesso que a cena em que ele arrebenta com um clube de jogatina russo tem alguma truculência agradável, mas de maneira geral, o filme decepciona bastante. Eu ainda não desisti de você, Nicolas Cage (vou conferir Dying of The Light em breve - e com muito medo). Mas está na hora de você escolher melhor seus roteiros, pra sair do limbo povoado por atores de ação dos anos 90. Eu conto com você.

domingo, 30 de novembro de 2014

Cahiers Du Cinema Top 10 Films Of 2014



Vi no The Playlist a divulgação da lista de melhores do ano pela revista Cahiers Du Cinema. Apesar de só ter assistido Under The Skin (filmaço, em breve uma crítica - quem sabe?), vale a pena correr atrás desses filmes. Segue a lista:

1. Bruno Dumont‘s Li’l Quinquin.
2. Jean-Luc Godard‘s Goodbye to Language.
3. Jonathan Glazer’s Under the Skin.
4. David Cronenberg’s Maps to the Stars.
5. Hayao Miyazaki’s The Wind Rises.
6. Lars von Trier’s Nymphomaniac.
7. Xavier Dolan‘s Mommy.
8. Ira Sachs‘s Love Is Strange.
9. Alain Cavalier‘s Le Paradis.
10. Hong Sang-soo‘s Our Sunhi.

In Memorian: Roberto Bolaños (1929-2014)




sexta-feira, 21 de março de 2014

Trailer: Pro Westlers vs. Zombies (2014)

As chances de dar errado são brutais, mas como não aguardar um filme B que parece não se levar a sério - a união de duas grandes paixões minhas numa só tacada: filmes de terror e wrestling. A trama maluca (wrestlers fazem um show numa prisão abandonada recheada de zumbis), a presença de algumas lendas do telecatch (Kurt Angle, Jim Duggan e Roddy Pipper!!!) e o simples fato de existir já tornam PRO WESTLERS VS ZOMBIES o trash mais esperado do ano. O clima pobre da produção é bem visível, apesar de ter algum gore decente. O pôster aí do lado, apesar de mal executado, guarda a boa ideia de simular os flyers de eventos undergrounds do wrestling. Nenhuma chance de passar no cinema perto de você, infelizmente - mas a internet está aí pra salvar esses filmes de uma maior obscuridade. 

domingo, 9 de março de 2014

RoboCop (2014)



Vamos falar logo sobre esse remake antes de desanimar e acabar não escrevendo nada sobre. Pessoalmente, desde que li a primeira notícia sobre a refilmagem do clássico de 1987, me enchi de preconceito. O primeiro trailer sepultou qualquer esperança, mas ainda fui aos cinemas conferir a versão do bom diretor brasileiro José Padilha, que dirige bem o filme, mas orquestra cenas de ação fracas e não memoráveis. A escolha do elenco foi interessante, mas o protagonista – que ator inexpressivo! Sem cenas marcantes, vilões ameaçadores, furos do roteiro, trilha sonora poderosa (a clássica música de Basil Poledouris toca uma vez durante o filme) e com 108 minutos que parecem 180, o ROBOCOP de Padilha guarda de atrativo apenas os bons efeitos visuais e ótimo som (a sessão em que fui quase me deixou surdo). 

E olha que não pretendo nem ficar na birra de comparar esse filme com o original. Acontece que este remake é uma obra de ação/ficção bastante medíocre e esquecível, com um agravante: já foi contada de uma maneira absolutamente superior e incrível há quase 30 anos. Fiquem com o original, porque este aqui será esquecido em pouco tempo.

terça-feira, 4 de março de 2014

Desventuras de um Cinéfilo 003 - Reflexões, 4 anos de vida e uma nova perspectiva



Em 2014, o blog Midnight Drive-In completou 4 anos de existência. Não houve festas, postagens especiais nem nada disso, pois sei que faço um trabalho irregular – tanto em periodicidade quanto em qualidade. Entretanto, 4 anos merecem ao menos uma reflexão sobre o blog e o editor dele...

Incrível ver como há um reflexo inacreditável da minha vida neste endereço. Nunca quis tornar este ambiente pessoal demais – sempre procurei afastar minha vida pessoal daqui, por não ter aptidão para diários. Assim, esse reflexo que eu cito faz muito sentido para mim, quando resolvo visitar meses passados, antigos textos publicados por aqui.

O ano em que mais críticas foram publicadas foi o ano de estreia – 2010. Este foi um ano incrível para mim, um ano em que conheci pessoas muito especiais que, se ainda não estão em meu cotidiano, fizeram parte dele de uma maneira inesquecível. Guardo com imenso carinho esse período da minha vida, cheio de inspiração e dificuldades. Acreditem, 2010 eu frequentava cursinho pré-vestibular, com aulas de Segunda a Sexta, manhã-tarde-noite. E, apesar desses desafios, foi o ano com mais postagens e com os melhores textos.

O vestibular foi ultrapassado e em 2011 iniciou o período da faculdade. Ao contrário do que eu esperava, nada ficou mais fácil do que era antes. Decepções acumularam-se, expectativas foram quebradas e uma completa falta de inspiração tomou conta de mim. O blog sobreviveu, com muito custo. Mais de uma vez pensei em abandonar o endereço por completo, mas o mantinha por carinho ao primeiro ano de vida do Midnight Drive-In e aos poucos leitores fieis que acompanham essa jornada irregular.

O fim de 2013, mais especificamente no mês de dezembro, foi um período realmente magnífico. Houve um resgate daquela inspiração original, uma nova vontade de impulsionar o blog para o patamar dos gigantes. Lógico que essa renovada tem uma causa bastante específica, cujos detalhes não vou esmiuçar por aqui. Contudo, foi neste período que conheci uma pessoa maravilhosa, que pretendo levar para o resto da minha vida, bem do meu lado. Nada como alguém que te oferece água após a travessia de um deserto muito longo – uma travessia solitária e sofrida, que parece ter chegado ao fim.

Estamos no presente. O Midnight Drive-In tem 4 anos de existência. Eu não vou lhes preencher de promessas sobre postagens regulares ou novas sessões no blog (apesar de ideias me surgirem de tempos em tempos). Contudo, vou lhes dividir a esperança que tenho de um futuro para este blog, que ainda me diverte e me distrai. Planejar é bom, mas o acaso me surpreende também.

Um exemplo do acaso em minha vida: recentemente, fiz uma viagem para a Inglaterra – minha primeira. A programação e os preparativos não foram dos melhores, como eu imaginava para uma primeira jornada ao velho continente. Entretanto, fiz a viagem e tive momentos inacreditáveis. Um dia antes de voltar para o Brasil, comprei um dvd com 4 filmes de ficção científica por 50 pences (os centavos deles). O preço absurdamente barato foi o que me fez comprar, pois, em minha mente, não conseguiria ver os tais filmes no Brasil, pois as regiões são diferentes... O que eu tinha esquecido é que tenho um aparelho que toca todas as regiões de dvds, além de qualquer sistema – NSTC ou PAL. Acabei deixando filmes espetaculares por um descuido bobo (compensado com a compra de uma edição da Rue Morgue – sou apaixonado por revistas, e quando elas são de filmes de terror, tudo melhora exponencialmente).


 Essa anedota me mostra como uma nova perspectiva surge diante de mim. As coisas ainda não estão em seus devidos lugares em minha vida pessoal. Entretanto, há uma luz no fim do túnel, uma esperança e uma vontade de continuar essa aventura. Existe um motivo e uma das poucas pessoas que lerão esse texto saberá exatamente que ela é o motivo.

Quanto aos meus queridos leitores, saibam que o Midnight Drive-In continuará por aqui, como um amável zumbi. E que venham muitos anos, postagens e filmes em nosso futuro.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A Little Bit Zombie (2012)


Steve (Kristopher Turner) é um cara bacana. Sua noiva, apesar de meio xarope, gosta dele. Sua irmã casou-se com seu melhor amigo. As duas mulheres não se entendem muito bem, mas Steve sempre procura acalmar os ânimos de ambas. Ele é um cara legal e não há como não criar alguma empatia por ele. 

Acontece que Steve está, aos poucos, se transformando num zumbi. As circunstâncias dessa transformação não serão reveladas por mim (uma das sacadas geniais do roteiro), mas é incrivelmente engraçado acompanhar sua súbita vontade de consumir cérebros, palidez incomum, salivação excessiva dentre outros sintomas nada agradáveis e bastante gráficos.

É nesse bom humor, recheado de acidez e originalidade, que reside a grande força de A LITTLE BIT ZOMBIE. Atuações na medida certa - cartunescas - com diálogos engraçados, perfeitos para uma trama dessas. A competente direção, boa galeria de personagens e belas ideias distribuídas pelo roteiro formam um entretenimento delicioso para fãs de terror e quem procura comédias não convencionais.

A trama absurda é bem explorada justamente pelo tom maluco que o filme tem. O nonsense é morbidamente utilizado, como na degustação de cérebro num açougue muito suspeito e os efeitos da comida normal em Steve (um misto escatológico de A Mosca e O Exorcista). Tudo com muito bom humor e inteligência - como todo "terrir" teria de ser. Um filme que não merece ficar obscurecido entre os fãs de cinema do gênero.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Elefante (Elephant, 2003)

Existe bastante pretensão na maneira como Gus Van Sant filma sua versão de um massacre escolar - uma obra de narrativa em looping, com suas cenas repetidas em diferentes ângulos (um inferno em espiral dantesco). Certas escolhas de Van Sant são sutis e louváveis - um cineasta que sempre retratou, em sua filmografia, a juventude, o "come of age"; nessa obra, ele explicita sua incompreensão em relação a essa carnificina propiciada por jovens que ele supostamente entenderia em seus outros filmes. A mão do diretor é pesada, entretanto, em outros momentos - especialmente quando acompanhamos a dupla de assassinos e há uma pálida tentativa de se explicar a razão dos vilões. Entre erros e acertos, Van Sant fez um filme tão bizarro, inexplicável e impressionante quanto esses chocantes crimes. Possivelmente, a película de ficção definitiva sobre esse assunto.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

In Memorian: Philip Seymour Hoffman (1967-2014)


Midnight Express 001 - resenhas curtas




O Hobbit: A Desolação de Smaug (The Hobbit: Desolation of Smaug, 2013) - Desde que foi anunciado como uma triologia, mantive alguma desconfiança em relação a essa nova incursão na terra média. Gostei bastante do primeiro filme, mas esse segundo... Que decepção! Filme muito arrastado, alguns efeitos visuais questionáveis, incoerências no roteiro e uma sensação de perda de tempo. Nunca pensei que poderia pensar dessa maneira sobre um filme da saga de Tolkien, mas Peter Jackson parece estar de sacanagem conosco ao esticar sua trama absurdamente em praticamente três horas de duração. E o final, um dos piores ganchos pra continuação que eu comsigo me lembrar. Nenhuma expectativa para o próximo filme, o que talvez seja bom, considerando a decepção deste.

O Grande Herói (Lone Survivor, 2013) - Peter Berg é um dos piores diretores da atualidade. Eu até gostei de O Reino, mas seus filmes em geral são belas porcarias (Hancock, Battleship). O Grande Herói não foge a infame regra da ruindade, com uma história que poderia ser até interessante na mão de alguém menos conservador e admirador do exército como esse diretor. Péssimas cenas de ação, muito patriotismo e pouco discurso político - um filme tão raso como a cabeça dos soldados retratados. Soube que é baseado num livro, que até tenho vontade de ler. Mas sua adaptação já entra na lista dos piores deste ano.

Fuga de Nova York (Escape From New York, 1981) - Sinto o cheiro de polêmica no ar! Realmente, odiei este cultuado filme de John Carpenter. Odiei mesmo. Muito arrastado, mas com muitas ideias incríveis (Nova York como um imenso presídio, herói casca grossa de tapa olho), o maior desapontamento que tive foi justamente com o protagonista Snake Plissken, extremamente sem graça, vulnerável e nada casca grossa. Por não ter me cativado com seu protagonista, achei a sessão cansativa e sonolenta (lá pelo meio do filme, até tirei uma soneca) Destaco, porém, a espetacular trilha sonora do próprio Carpenter, o vilão interpretado por Isaac Hayes e a cena da ponte no final do filme.

Mandando Bala (Shoot'Em Up, 2007) - Não tão divertido quanto esperava, apesar dos incríveis exageros que essa palhaçada nos reserva, como cenouras sendo usadas como armas e outras bobeiras. Clive Owen e Paul Giamatti disputam o filme inteiro para ver quem é o mais canastrão, um duelo em que o público sia ganhando. Contudo, a trama tenta se complicar perto do final, com uma conspiração, mercado de armas, corrupção - muita seriedade para um filme em que o cordão umbilical de um bebê é cortado com a bala de uma arma. Mas me divertiu bastante, apesar da derrapada no final.




Confissões de Adolescente (2014) - A ideia de resgatar a série de TV era muito boa, mas a maneira juvenil como o filme é conduzido é de assustar - especialmente porque seu diretor, Daniel Filho, conhece muito bem o material original. Foram 14 mãos (segundo o filmow) para escrever um roteiro tosco, que atira para todos os lados, incoerente e que não dialoga de nenhuma maneira com o suposto público alvo. Diálogos horríveis, personagens irritantes e excesso de edição chata (janelas de facebook durante o filme, vlogs e outras "modernidades" para a cabeça dos realizadores). Parece que o filme foi escrito por um tio de bermuda Tactel que ainda fala "chuchu beleza" e pensa entender a cabeça dos jovens (e só de pensar algo assim, já denuncia a idade do infeliz). A brincadeira com a tão sacaneada série de vampiros "Crepúsculo", apesar de divertida, só revela o atraso dos roteiristas, que nem conhecem os romances preferidos da garotada atualmente. Pelo menos, o filme fica cravado em minha memória pela pior cena de sexo de todos os tempos...