terça-feira, 19 de julho de 2011

Jonah Hex (2010)


Esta é mais uma obra mandada para a relação de filmes medíocres baseados em excelentes histórias em quadrinhos. Jonah Hex, misto de faroeste e sobrenatural tinha tudo para dar certo: o ótimo material original que renderia uma trama interessante e a acertada escolha do protagonista – o ator Josh Brolin, que não decepciona como o pistoleiro deformado ; contudo, esses fatores não foram utilizados com competência pela equipe da produção, a começar pelo diretor Jimmy Hayard, que faz um trabalho sem nenhuma criatividade, bastante medíocre.

Medíocre é também o roteiro desta adaptação, escrito por um trio de roteiristas que rechearam a trama de clichês e soluções vazias. Os personagens são rasos (com exceção de Jonah Hex – méritos de Brolin), como o vilão Quentin, interpretado por um John Malkovich sem brilho, cujas motivações nunca ficam claras. A mocinha, interpretada pela limitada Megan Fox, está na película só pela necessidade de uma presença feminina, pois sua participação é tão apagada quanto as cenas de ação do filme.


Talvez, se não tivesse um roteiro tão preguiçoso e uma direção tão desprovida de personalidade, Jonah Hex poderia, pelo menos divertir. Parece que misturar faroeste com alguns elementos modernos – estética típica do steampunk – não dá certo nos cinemas, vide o parecido e horrivelmente chato As Loucas Aventuras de James West, também produzido pela Warner...


Quem sabe, dentro de alguns anos, algum roteirista esperto construa uma trama realmente decente e digna de Jonah Hex. Até lá, temos que nos contentar com essa fraca obra, cheia de talentos desperdiçados.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Shaolin (2011)


Na lista de produções mais esperadas para o ano de 2011, Shaolin era uma das minhas grandes apostas. Para quem viu o espetacular trailer lançado durante o ano passado (assistam ao trailer aqui), era compreensível meu entusiasmo. Muitas cenas de ação, visual incrível e um elenco invejável prometiam um grande filme. Infelizmente, tudo isso ficou na promessa.


Talvez eu esteja sendo muito injusto. E isso é provável, afinal minhas expectativas estavam muito altas e, por isso, minha decepção foi grande.


A verdade é a seguinte: Shaolin entrega grandiosas cenas de ação, lutas incríveis e visual espetacular. Quando digo espetacular e incrível, é porque tais cenas estão no padrão blockbuster de Hollywood, não devendo em nada para um Transformers da vida ou, mais coerente com o filme em questão, O Último Samurai.



Além do visual incrível, tem-se belas atuações, especialmente de Andy Lau e Nicholas Tse, como os dois irmãos protagonistas do filme. E há a participação de Jackie Chan, um ator que gosto muito, num papel onde pouco se explora suas habilidades marciais, com um personagem mais denso e interessante que os tipos interpretados por ele em seus filmes ocidentais, onde ele ficou preso a um estereótipo (felizmente esquecido na refilmagem de Karate Kid).


Afinal, o que deu errado em Shaolin?


Busquei essa resposta durante alguns dias para escrever essa crítica. Depois de pensar bastante sobre o filme, cheguei a seguinte conclusão: o roteiro do filme é muito ruim. Sim, a culpa de eu não ter gostado de Shaolin reside em seu fraquíssimo roteiro, lotado de soluções fáceis e situações risíveis.



A trama de Shaolin centra-se, basicamente, na busca pelo poder entre irmãos, que resulta em muito sofrimento para a população chinesa. Esta busca abrigo e proteção das tropas reais nos arredores de um templo Shaolin. Basicamente, esta é a trama do filme, pois eu não quero dar spoilers...


O caso é que o roteiro apoia-se em seus primeiros trinta minutos nessa disputa de poder entre os irmãos. Após uma previsível reviravolta, o texto foca suas atenções sobre a morte de um determinado personagem, que influenciará na vida dos dois irmãos de maneira decisiva. Neste ponto, o filme decola, pois a interpretação de Andy Lau, bastante desesperado, é explosiva e convincente. E por fim temos o conflito entre os irmãos, num clímax literalmente explosivo, que se resolve de uma maneira óbvia e cômica por sua obviedade.


Sem falar nos outros eixos dramáticos que o roteiro busca, como a presença do colonizador ocidental, sempre malvado e oportunista, e o personagem que não confia em si mesmo e no fundo é muito forte. Enfim, são tipos e situações tão comuns e previsíveis que prejudicam o filme.



Contudo, repito que o filme é muito bonito, num aspecto puramente visual. Parece aqueles presentes com uma embalagem muito bonita que, quando abrimos, descobrimos ser uma meia ou um botão. O resultado é decepcionante.


Ao final da projeção, fica a forte impressão que este foi um filme dirigido por um daqueles vazios diretores de Hollywood, como Michael Bay que orquestra cenas de ação como ninguém, mas falha miseravelmente no quesito emoção. Shaolin se salva de ser um destes blockbusters bestas por ter um momento dramático muito interessante em seu desenrolar. Mas passa muito perto de ser uma película tão vazia como qualquer filme da franquia Piratas do Caribe, por exemplo.

sábado, 9 de julho de 2011

Fritz the Cat (1972)


Eu realmente não sei o que dizer sobre Fritz the Cat. Acho que a melhor maneira de descrevê-lo é como um excelente retrato de como foram os anos 60 ou, mais especificamente, a mentalidade da juventude naquela época, questionadora e revolucionária, representadas pelo sensacional Fritz, um gato universitário cheio de ideias, paixões e desejos. A vida de Fritz é um misto de protesto, sexo, drogas, mais sexo e música.


Este filme é obrigatório. Sério. Trata-se de uma animação cheia de cinismo e sacanagem, revolucionária em sua época de lançamento, sendo considerado o primeiro longa-metragem de animação pornográfico da história. Esta fama acompanha o filme até hoje, mas Fritz the Cat vai muito além disso: trata-se da representação fantástica de uma geração contestadora e atuante, cheia de energia para lutar pelo que acreditavam, ao contrário da apática juventude atual. Talvez, a exibição de filmes como Fritz the Cat pelos diretórios acadêmicos das universidades brasileiras pudesse trazer uma mensagem e uma reflexão para os jovens. Mas a maioria prefere curtir seu sertanejo universitário ou seu funk batidão.


Talvez, seja por isso que uma melancolia abateu sobre mim após o término do filme. Saber que você faz parte de uma geração apática, que engole todas as porcarias que jogam para nós, sem contestar, é algo deprimente. E quando é um filme que faz você levantar este tipo de questionamento, é de bom tom que qualquer cinéfilo corra atrás do mesmo para tirar suas conclusões e reflexões. Um filme que te convida de uma maneira tão efusiva a formar uma opinião precisa ser visto e revisto por todas as gerações.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme (Wall Street – Money Never Sleeps, 2010)


Em pouco tempo, creio eu, conseguirei realizar um trabalho mais compromissado e bacana com o Midnight Drive-In. Vocês sabem: fim de semestre, provas, disciplinas insistentes e vários fatores uniram-se numa conspiração contra as postagens do blog. Mas, como este espaço não é de lamúrias e sim de cinema (já não estávamos aguentando sua choradeira, Luca), vamos ao que interessa: filmes, filmes e filmes (apesar de que só falarei de um filme hoje, mas vamos lá!).


Sobre o último filme de Oliver Stone, Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme. Gostei bastante, apesar de achar o filme meio longo e com um ritmo bastante irregular. Sem falar na profusão de certos termos técnicos da bolsa de valores que podem deixar leigos (como eu) um pouco perdidos. Entretanto, com uma ótima seleção de elenco que incluem atores consagrados (Susan Sarandon, Frank Langella e Eli Wallach) com novos talentos (o xarope Shia LaBeouf e a maravilhosa Carey Mulligan), Wall Street se mantem muito bem como puro entretenimento.


E é óbvio que o filme só funciona pela presença do emblemático Gordon Gekko encarnado à perfeição por Michael Douglas. Pena que o tempo dele em tela seja relativamente curto. E não vamos esquecer-nos de Josh Brolin, que parece ter finalmente garantido seu espaço em Hollywood. Por fim, Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme é bom. E só.