domingo, 30 de maio de 2010

Trailer da Semana: Notre Jour Viendra (2010)

Um filme que se passa na Irlanda, de estilo naturalista e dirigido pelo filho do lendário Costa-Gravas, Romain, Notre Jour Viendra apresenta-se como um filme completamente diferente de tudo que eu já vi. A julgar pelas imagens do trailer, podemos esperar por uma estréia, no mínimo relevante, do jovem cineasta. Confira o trailer abaixo:

sábado, 29 de maio de 2010

Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Percy Jackson and the Olympians: The Lightning Thief, 2010)


Bem legal este Percy Jackson e O Ladrão de Raios. Baseado no livro de Rick Riordan, trata-se de uma aventura infanto-juvenil bastante criativa e interessante, seguindo os passos, pelo menos no cinema, de Harry Potter e vários outros exemplares do gênero que inundaram os cinemas nos últimos anos.

Percy (Logan Lerman) é um menino deslocado em seu cotidiano. Com um amigo apenas (Brandon T. Jackson), Percy vive com sua mãe e seu desprezível padrasto (Catherine Keener e Joe Pantoliano) uma rotina sem graça. Tudo muda quando ele descobre ser o filho de Poseidon (Kevin McKidd) e também o principal suspeito de ter roubado o raio de Zeus (Sean Bean). A partir disso ele parte numa aventura em busca de sua mãe, que acabou sendo aprisionada no inferno quando ele descobriu sobre seu verdadeiro pai.

Percy Jackson é uma aventura muito bacana, mas com alguns defeitos: a começar pelo roteiro bastante frágil, com muitos furos e clichês, soluções fáceis e outros fatores que podem desagradar um expectador mais exigente. No entanto, esses defeitos são superados pela inventividade da trama que é bastante interessante.


O filme foi dirigido por Chris Columbus, que o faz de maneira bastante eficiente; afinal, ele já mostrou que esta é a praia dele quando dirigiu os dois primeiros capítulos da saga do Harry Potter.

A aventura possui algumas cenas de ação bem legais e a atuação convincente e carismática de Logan Lerman ajuda bastante. Ao contrário de outros filmes do gênero que pecaram na escalação de seu elenco juvenil (Eragon e Crônicas de Nárnia, por exemplo), Percy Jackson possui uma trinca de atores principais carismática e divertida. Sem contar o elenco de apoio que conta com atores de peso como Rosario Dawson, Pierce Brosnan, Melina Kanakaredes e Uma Thurman.

Belos efeitos especiais, cenas visualmente bacanas (a batalha no telhado é um bom exemplo) e uma história atraente. Acredito que, com estes ingredientes, Percy Jackson e o Ladrão de Raios pode agradar bastante o público que ainda não o conferiu.

A Rainha (The Queen, 2006)


Um filme elegante como sua protagonista: A Rainha revela os bastidores da morte da princesa Diana dentro da família real britânica. Acompanhamos a ascensão do primeiro ministro, naquela época recém eleito, Tony Blair (Michael Sheen) ante a população britânica e, também, uma enorme crise de impopularidade sofrida pela rainha Elizabeth II, interpretada de forma magnífica por Helen Mirren.

Interessante reparar que o filme mexe com um tema delicado de maneira bastante sensível e realista. A postura frouxa do príncipe Charles, a hostilidade da mulher de Tony Blair com a realeza e fina frieza da rainha Elizabeth são exploradas de maneira eficiente e respeitosa, sem descambar para a crítica ou análise dos personagens. E isso, para mim, é a grande força de A Rainha: o filme se abstém de julgar seus personagens

Parte disso deve-se ao excelente trabalho do diretor Stephen Frears e do roteirista Peter Morgan. Contudo, não há como negar que o grande destaque da obra é a interpretação de Helen Mirren, espetacular em sua caracterização da rainha Elizabeth II. Michael Sheen não fica atrás ao compor um simpático e bacana Tony Blair, diferente daquele que apoiou o governo Bush na invasão do Iraque em 2003...

Belo filme, A Rainha é um recorte histórico muito interessante de um fato que comoveu o mundo inteiro. Esplêndido!

In Memorian: Dennis Hopper (1936-2010)

domingo, 23 de maio de 2010

Trailer da Semana: Tekken (2010)

Na boa, eu acho impossível, ou extremamente improvável, uma pessoa que teve algum videogame na vida não conhecer o sensacional jogo de luta Tekken. Sendo eu, um viciado na pancadaria, é com uma certa ansiedade que eu aguardo pelo lançamento de sua adaptação nos cinemas. Vendo pelo trailer, acredito que podemos esperar por um belo filme de ação, com muita porrada e fidelidade ao original. Sem dúvida, quando for lançado, eu o assitirei em primeira mão!

Trailer da Semana: Enter the Void (2009)

O cineasta Gaspar Noé é um sujeito meio doido da cabeça. Depois do pertubador Irreversível, o argentino maluco realizou esta obra de 2 horas e 40 minutos, onde temos a perspectiva do personagem principal apenas, tal como nos jogos de computador em primeira pessoa. Sem dúvida, o filme parece ser um irresistível exercício de estilo e loucura por parte de Noé. O trailer você confere abaixo:

sábado, 22 de maio de 2010

Os Imperdoáveis (Unforgiven, 1992)

A alcunha de clássico moderno já foi utilizada de maneira leviana por muitas pessoas, inclusive por mim. Contudo, esse atributo é inquestionável para o filme Os Imperdoáveis, uma verdadeira obra-prima do faroeste, um dos grandes filmes da década de 90, uma aula de cinema, enfim, um filme que você precisa assistir.

Os tempos mudaram para o pistoleiro Will Munny (Clint Eastwood). Ele não é mais aquele sanguinário do velho oeste, conhecido pela crueldade e suas malvadezas. Após ter casado, Will mudou e largou aquela vida para se tornar um homem apaixonado. Contudo, sua esposa morreu e ele possui dois filhos pequenos; a vida não é fácil para eles.


Morando num rancho, onde cria porcos, Will vive uma vida monótona e pacata, beirando o humilhante, como o diretor (o próprio Eastwood) pontua nas sucessivas quedas de Will sobre a lavagem dos porcos. Trata-se de uma situação ridícula para um homem como Will Munny.

Will recebe uma visita nesse momento embaraçoso. Trata-se Schofield Kid (Jaimz Woolvett), um jovem pistoleiro que propõem um acordo: algumas prostitutas pagarão recompensa para quem matar dois cowboys que desfiguraram uma das moças. No começo, Will reluta. Entretanto, ele está precisando do dinheiro e a missão é fácil.

Munny decide participar da jogada, só que ele só a fará com seu fiel parceiro, Ned Logan (Morgan Freeman). Os três partem para a cidade de Big Whiskey, em busca dessa recompensa.

O problema é que outros caçadores de recompensas, como o traiçoeiro English Bob (Richard Harris) também estão rumando para a cidade, em busca desse dinheiro. Caberá ao truculento xerife Little Bill Daggett (Gene Hackman) controlar essa situação para que o caos não tome conta da cidade, usando todos os meios necessários para isso.


A história de Os Imperdoáveis está recheada de nuances morais; Will pergunta-se o tempo inteiro se a escolha feita por ele, afinal ele precisa do dinheiro e, no fim das contas, ele estará fazendo justiça. O xerife Little Bill, por outro lado, é tão violento que chega a nos causar repulsa seus métodos, apesar de serem necessários para conter um possível banho de sangue na cidade.

O roteiro revela muitas surpresas ao longo da projeção, as quais eu não revelarei aqui, para aqueles que forem assistir a esse filme, pela primeira vez, tenham o mesmo prazer que eu tive. Escrito por David Webb Peoples, responsável pelo roteiro de Os Doze Macacos, Os Imperdoáveis tem um tratamento realista do gênero faroeste. Eu quero dizer que não há glamour aqui ou romantismo deslocado: temos um script realista, que expõem camadas de sentimentos sobre seus personagens, tornando-os complexos e analisáveis, como pode ser exemplificado pelo último parágrafo.

Conceitos como justiça e honra são explorados ao máximo na obra. Fidelidade a um ideal, a própria justiça, a mulher e aos amigos são expostos no filme de Eastwood. Os Imperdoáveis é impressionante por explorar temas consagrados do western de uma maneira extremamente diferente, e por que não mais profunda, do que a maior parte dos outros filmes do gênero.
Isso sem mencionarmos o impressionante, e eu repito impressionante, clímax da obra, de deixar qualquer um de queixo caído. O talento dos atores, diretor e roteirista são comprovados numa cena inesquecível num bar, embaixo de uma chuva torrencial. Uma grande cena para finalizar um grande filme.

O elenco inteiro do filme está perfeito com destaque para os atores Clint Eastwood, Morgan Freeman, Jaimz Woolvett (que consegue a proeza de se destacar diante de dois titãs do cinema – Eastwood e Freeman), Richard Harris e, especialmente, Gene Hackman. Sua atuação é genial e inesquecível, um personagem que consegue ser respeitado e vil, ao mesmo tempo. Valeu um Oscar para Hackman. Aliás, a obra faturou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Edição.

Os Imperdoáveis é uma obra perfeita e sensacional. Um exemplo de bom cinema, que não encontramos com facilidade por aí.

domingo, 16 de maio de 2010

A Caixa (The Box, 2009)


A Caixa é um filme difícil de assistir. Afinal, aqui não temos soluções fáceis e o suspense em torno da tal caixa do título é de trincar os dentes. Acredito que a sinopse já é conhecida, mas para quem não conhece, A Caixa acompanha Norma e Arthur Lewis (Cameron Diaz e James Marsden), um casal feliz que vive com seu filho único uma pacata existência. Norma é professora e Arthur é engenheiro da Nasa.

Num belo dia, Norma recebe a visita do misterioso Arlington Steward (Frank Langella) que a oferece uma misteriosa caixa. A caixa é um dispositivo com um chamativo botão vermelho e funciona da seguinte forma: se Norma apertar o botão, ela receberá um milhão de dólares; contudo, quando ela apertar este botão, uma pessoa que ela não conhece morrerá. Ela e seu marido têm um prazo de um dia para se decidirem.

Lembro-me que quando li a descrição do filme na internet, ano passado, fiquei muito animado, pois convenhamos que se trata de uma sinopse bastante original e atraente. Isso sem comentar que o diretor da obra é Richard Kelly, responsável pelo cult Donnie Darko. As credenciais da obra eram bastante animadoras.

E por fim, eu não me decepcionei: A Caixa é um filmaço, acima da média e, se bobear, um dos melhores filmes de 2009. Toda essa excitação de minha parte vem da excelência do roteiro do próprio Kelly, que acertou em cheio ao realizar um filme que não responde a todas as nossas perguntas, e nos instiga ao longo da projeção.

As atuações estão ótimas, com um destaque para Diaz e Langella, ambos excelentes. A fotografia do filme é interessante: parece que estamos vendo o filme como se fosse um sonho, tudo meio branco e com uma espécie de névoa, quem assistir ao filme entenderá. O som é também outro elemento de destaque, com as vozes do personagem assemelhando-se a ecos distantes, dando, novamente, a idéia de um sonho. A música incidental do filme é bastante eficiente, também.


Interessante notar como A Caixa lembra muito o clima da época da Guerra Fria, o medo de um invasor misterioso controlando as pessoas, tal como ocorria em Invasores de Corpos e em outros sci-fi. E, mais interessante ainda, é que essa impressão não é imperativa, ou seja, o filme não se prende a essa hipótese apenas. Eis aí, o triunfo da obra: A Caixa abre um grande leque de interpretações possíveis.


Para mim, existe uma mensagem que, para muitos que assistiram ao filme, pode até soar óbvio, contudo eu acho que o grande mote da obra é a possibilidade de escolhas que são oferecidas a nós e cabe a nós decidir sobre elas. Nós fazemos nossas escolhas e traçamos nosso destino. Em A Caixa, o casal Lewis terá que fazer várias escolhas ao longo da história, sendo estas boas ou ruins.
Com certeza, quando A Caixa chegar ao seu epílogo, você levantará questões sobre o filme. Gostando ou não, você não ficará indiferente diante desta obra fantástica.

In Memorian: Ronnie James Dio (1942-2010)



sábado, 15 de maio de 2010

Antes só do que Mal Casado (The Heartbreak kid, 2007)


Péssimo. Antes só do que Mal Casado é uma das comédias mais toscas e bestas que eu já vi em toda minha vida. Ben Stiller é um pobre coitado que se casa com a estonteante Lila (Malin Akerman). O problema é que os dois mal se conhecem e será na lua de mel, no México, que o personagem de Stiller (outra variação de um de seus personagens mais famosos - Greg Focker) perceberá que o casamento foi precipitado, ainda mais quando ele se encontra com sua cara metade, a bela Miranda (Michelle Monaghan). Os irmãos Farelly entregam uma obra extremamente sem graça e cansativa. O filme só possui uma cena verdadeiramente engraçada e o restante das piadas aparecem deslocadas e grosseiras. Com um final horrível, Antes só do que Mal Casado vale pela beleza do elenco feminino, e só.

sábado, 8 de maio de 2010

A Chave Mestra (The Skeleton Key, 2005)

Acabo de postar sobre uma desnecessária refilmagem de A Vingança de Jennifer. Há uma semana atrás, estreou o novo A Hora do Pesadelo. Sinceramente, já se tornou um clichê dizer que em Hollywood falta criatividade no que se refere ao cinema de horror. Temos refilmagens de antigos sucessos ou filmes cultuados, continuações desnecessárias e roupagens americanas de filmes de outras nacionalidades (alemães, japoneses, espanhóis e outros). Em suma, o horror não vive sua melhor fase...

No entanto, isso não é um problema que aflige todos os filmes de terror dos EUA. Tivemos, na década passada, belos filmes de terror que escaparam da mesmice, com histórias originais e bacanas, que aliviaram os fãs, não só de horror, mas de novidades.

Só por essa razão, A Chave Mestra já é digna de nota. Confesso que após assistir o filme, eu fiquei decepcionado, principalmente pelo fato do filme não ter me assustado. No entanto, pesando todos os aspectos, A Chave Mestra é sim um bom filme de terror, com uma trama muito legal que envolve os espectadores. Isso sem mencionar a presença da bela Kate Hudson no papel de Carol, uma jovem enfermeira que vai trabalhar na casa de um velho doente terminal, Ben (John Hurt). Lá, ela se envolverá numa trama que mistura muita tensão com vodu e outros elementos da cultura africana. O filme conta, ainda, com as ótimas atuações de Gena Rowlands e Peter Sarsgaard.


O bacana em A Chave Mestra é a exploração de uma temática que nunca foi muito explorada em Hollywood. O roteiro de Ehren Kruger, que já tinha feito um excelente trabalho em O Chamado, supera-se com um argumento envolvente e um desenrolar de trama eficiente, sem mencionar o clímax e o final do filme, que reserva uma surpresa de cair o queixo.

O diretor Iain Softley faz um bom trabalho, explorando bem a tensão de algumas cenas e com alguns ângulos inusitados de câmera. O cenário de New Orleans é bem explorado, ainda mais com a temática do vodu, trazido pelos africanos às Américas no período da escravidão. Em certos momentos e numa escala bem menor, A Chave Mestra lembrou-me o clássico Coração Satânico, de Alan Parker.

A Chave Mestra é um bom divertimento, desde que não se exija muito. Afinal, como um filme de horror, a obra não reserva grandes sustos. Entretanto, irá agradar em cheio quem for fã de uma história inteligente, envolvente e, claro, original, um elemento em falta entre os exemplares de horror vindos de Hollywood.

Trailer da Semana: I Spit In your Grave (2010)

A partir dessa semana, em razão de uma resposta extremamente positiva dos leitores deste blog, teremos a seção Trailer da Semana, onde trarei trailers de filmes de horror menos conhecidos ou comentados. Primarei pela postagem de filmes de terror novos e, como já mencionei, menos conhecidos, como os já postados The Human Centipede e A Serbian Movie. Para estrear a seção, nada melhor que uma, no mínimo, estranha refilmagem preparada em Hollywood: I Spit In Your Grave!

A Vingança de Jennifer foi um dos exemplares mais impressionante e chocantes do exploitation, produzido na década de 70 nos EUA. Um filme extremamente forte e sem pudores, recomendado só para fãs de sexploitation e outras pirações do gênero. E sabe o que mais impressiona? Essa belezinha foi refilmada pela Anchor Bay recentemente e está chegando aos cinemas americanos muito em breve. Acredito que as cenas do estupro, presentes no original, dificilmente serão refilmadas como na década de 70. Contudo, na era de filmes como Jogos Mortais e O Albergue, o Torture Porn, acho que a presença de mortes violentas é garantida. Confira abaixo o trailer:


domingo, 2 de maio de 2010

Papo Cabeça 001

Meus caros amigos e leitores do blog Midnight Drive-In, pela primeira vez eu publico uma entrevista exclusiva aqui no blog! Pois é, galera, muito bacana, não? Minha primeira entrevista é com um leitor assíduo deste blog, o qual me deu a honra de enviar algumas perguntas sobre o filme O Reino (crítica abaixo). Como o filme tem uma temática bastante atual, envolvendo a situação dos EUA no Oriente Médio, achei conveniente e interessante entrevistar um professor gabaritado no assunto que possa ampliar ainda mais a reflexão e a discussão de um tema tão debatido ao redor do mundo inteiro, retratado de maneira genial no filme citado.

Nosso entrevistado, que inaugura a seção Papo Cabeça do blog, é o Mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB), bacharel em direito e professor universitário Julio Cesar Borges dos Santos, que mora em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Autor de 5 livros e pesquisador da área de Direito Internacional e Relações Internacionais, o senhor Julio Cesar Borges dos Santos mostrou muita boa vontade em responder cinco perguntinhas relacionadas ao filme O Reino e outras obras que exploram a geopolítica atual do Oriente Médio - o cinema como instrumento de retratação da realidade. Por isso, caros amigos, aproveitem essa entrevista muito bacana e alimentem a discussão no fórum. Gostaria de agradecer ao professor Julio Cesar por ter a disposição de responder essas perguntas. No mais, meus caros, enjoy!


Entrevista: Mestre em Relações Internacionais Julio Cesar Borges dos Santos

Professor Julio César - Inicialmente quero agradecer pela oportunidade de debater em seu Blog um tema tão atual e importante.

Midnight Drive-In - Primeiramente, o que o senhor achou do filme?

PJC - Eu gostei bastante, sobretudo das críticas veladas à política externa e à hipocrisia das autoridades norte-americanas.

MDI - Na sua opinião, O Reino condiz com a situação atual que o Estados Unidos passa nos Iraque?

PJC - O Reino é um entre tantos outros filmes que estão abordando aspectos importantes da situação no Iraque. A grande verdade é que a maior potência do mundo conseguiu alterar o regime no Iraque, mas a tão sonhada democracia ainda deve demorar para chegar, se chegar!
MDI - E quanto ao aspecto emocional dos personagens, claramente mostrado na cena final do filme. O senhor acha que existe, dentro das camadas populares, um ódio mútuo entre os norte-americanos e os iraquianos?

PJC -Eu não diria que é um sentimento generalizado, mas certamente ele existe. O cidadão comum no Iraque, aquele que tem de ir ao mercado de manhã com medo da explosão de um homem-bomba ou de um carro-bomba, tem dificuldade em enxergar a democracia da qual os americanos tanto falam.

Por outro lado, o cidadão comum nos Estados Unidos, após 8 anos de manipulação e paranóia da administração Bush, tem muita dificuldade em compreender outras realidades. Além disso, também não se pode negar que é muito difícil para este cidadão entender a necessidade de diplomacia quando ele vive no país mais poderoso do mundo. A administração Bush explorou muito bem esta circunstância.

MDI - É interessante observar que há, atualmente, em Hollywood, vários filmes extremamente atuais e políticos sobre a Guerra do Iraque. O que o senhor acha da retratação desses temas tão polêmicos nessas obras?

PJC - Eu acho excelente, não só para quem gosta de cinema, como também para quem se dedica a estudar e entender a realidade internacional. Filmes como O Reino, Guerra ao Terror e Zona Verde, tocam questões fundamentais para a compreensão das contradições que envolvem a política externa dos Estados Unidos neste início de séc. XXI.


MDI - Além de entretenimento, podemos considerar O Reino como uma aula de geopolítica para o público?

PJC - Sim, com certeza. E eu gostaria de ressaltar novamente os filmes Zona Verde e Guerra ao Terror, os quais nos dão alguma idéia do que está acontecendo naquela região do mundo.
É importante lembrar que apesar de os Estados Unidos já estarem na era pós-Bush e continuarem a ser a nação mais poderosa de todos os tempos, nunca o antiamericanismo foi tão intenso. Os EUA não estão em declínio, todavia, seria bom se conseguissem compreender o verdadeiro papel que a nação mais poderosa deve exercer nas relações internacionais.

O blog Midnight Drive-In gostaria, mais uma vez, de agradecer a participação do professor Julio Cesar. Muito Obrigado!

O Reino (The Kingdom, 2007)


Atualmente, observa-se em Hollywood uma onda de filmes que retratam sobre o pós-11 de setembro e suas conseqüências no mundo todo. Tivemos obras como As Torres Gêmeas e Vôo United 93 que retrataram diretamente sobre os ataques terroristas. Depois vieram as obras que retrataram sobre a Guerra do Iraque e as conseqüências dela, como No Vale das Sombras, O Preço da Coragem e os recentes Guerra ao Terror e Zona Verde.

Essa é a linha seguida pelo excelente O Reino dirigido pelo inconstante
Peter Berg. Trata-se de um forte filme de ação sobre um atentado numa base americana no Oriente Médio, mais especificamente Arábia Saudita. Um grupo de investigadores americanos decide embarcar para o país, com a intenção de realizarem a investigação desse ataque, que teve, como uma das vítimas, um de seus companheiros de trabalho.

O problema é que o governo não quer a presença de mais americanos em solo árabe – outros atentados podem ocorrer. Apesar de todas as dificuldades, o grupo consegue desembarcar em território saudita e iniciar as investigações. O grupo é liderado pelo agente Ronald Fleury (
Jamie Foxx), que tem poucos dias para descobrir quem está por trás desse covarde ataque.

O interessante de O Reino é que o roteiro concentra-se bastante nas implicações sentimentais por trás do ataque terrorista. O que levou os terroristas a realizarem o ataque foi o ódio contra os americanos. O que levou a equipe para investigar e descobrir quem realizou o ataque foi o sentimento de vingança. O equilíbrio nesse caos está no policial Farris Al Ghazi (
Ashraf Barhom), o saudita designado a proteger os americanos de outros possíveis ataques. Ele é o meio termo, o único com motivos e intenções nobres nessa história.

O primeiro aspecto sensacional de O Reino é a escolha do elenco. Além de Foxx e Barhom, temos ainda
Chris Cooper, Jennifer Garner, Jason Bateman, Danny Huston e Jeremy Piven, todos muito bem em seus papéis. Outro fator de destaque é o já mencionado roteiro, assinado por Matthew Michael Carnahan.


Apesar de ser um filme de ação, O Reino não é um festival de tiros e perseguições constantes. No entanto, a grande cena do filme é a seqüência da estrada que se inicia, mais ou menos, uns 30 minutos antes de acabar o filme. Tem acidente de carro, perseguições, tiroteios, seqüestro, lutas violentas e muita tensão. Sem dúvida, se você tiver um belo home theather em casa, perceberá todo o primor técnico dessa seqüência.

E é ao final de O Reino é que percebemos que estamos diante de uma verdadeira pérola. Pois o epílogo da obra é tão impressionante que deixa qualquer um de queixo caído. Nele percebemos que a questão do Oriente Médio está longe de terminar. Não existem vilões ou mocinhos, apenas vítimas nesse conflito irracional.

Reside aí, a grande força de O Reino. Tem-se um produto muito bem acabado que mistura ação, suspense e drama de maneira correta e envolvente. E, além de todos esses aspectos que resultariam num belo entretenimento, O Reino propõem uma reflexão sobre a situação geopolítica do Oriente Médio na atualidade. Você precisa assisti-lo.

Rio Grande (1950)


Para começar, qualquer filme que envolva John Wayne e John Ford merece ser assistido. Independente se você gosta de faroeste ou não, a parceria entre esses dois cavalheiros rendeu obras extremamente importantes para a história do cinema, especificamente a história do faroeste. Os dois foram responsáveis por uma das grandes obras-primas que Hollywood já produziu: Rastros de Ódio, clássico absoluto do cinema americano.

Por isso, só pelas credenciais, Rio Grande merece ser assistido. Trata-se de um romance disfarçado de faroeste bastante interessante, que ainda conta com a atriz
Maureen O’Hara como o interesse romântico de Wayne. Ele interpreta o chefe de um regimento que está em pleno combate contra índios hostis. Em seu regimento chegam, quase ao mesmo tempo, seu filho que fracassou em Westpoint, Jeff (Claude Jarman Jr.), e sua ex-esposa. Além do conflito com os índios, Kirby (Wayne) tem problemas com seu filho, que não vê há quinze anos, e conflitos amorosos com a intempestiva Kathleen (O’Hara).

Rio Grande é bastante divertido, com algumas cenas engraçadas com
Ben Johnson e os recrutas amigos de Jeff (mesmo com algumas dessas cenas um tanto deslocadas). As cenas de ação são filmadas com bastante competência e as atuações estão ótimas, como é de hábito num filme de Ford. Rio Grande será um bom divertimento para quem aprecia esses atores ou para quem gosta de faroeste. Se não for o seu caso, sugiro cautela diante da fita, pois é possível que você não goste tanto dela.

sábado, 1 de maio de 2010

Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos

Descobri que sou um dos mais novos membros da Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos (SBBC). Realmente, fico muito agradecido pelo voto de confiança e convido todos vocês a entrarem no endereço eletrônico dela (só procurar na barra de blogs obrigatórios) para conhecerem essa iniciativa bacana de reunir os blogs de cinema de todo o Brasil. Um belo incentivo à cultura e a todos os blogueiros espalhados por nosso país. Valeu mesmo!