domingo, 31 de janeiro de 2010

Avatar (2009)


Fica difícil comentar sobre um filme que já foi assistido por todo mundo! Exageros à parte, acredito que todo mundo, pelo menos, já ouviu falar sobre o novo filme de James Cameron. Por essa razão, não vou perder tempo falando sobre a sinopse da história; nessa postagem, focarei sobre as qualidades e os defeitos do filme, uma análise breve sobre o mais novo fenômeno do cinema americano.


Avatar é um filme de cunho ecológico, ou seja, algo extremamente atual, se levarmos em conta a Cúpula de Copenhague e as discussões sobre bicombustíveis. Em época de concursos e vestibulares, é primordial sabermos sobre Aquecimento Global, Efeito Estufa e vários outros tópicos de suma importância para entendermos a realidade de nosso planeta. Nesse sentido, Avatar é uma obra que define o espírito de nossa época; James Cameron conseguiu mostrar (através da fantasia, obviamente) as preocupações e discussões dessa geração.


Outro aspecto interessante a ser analisado sobre Avatar é a criação de um material original pelas mãos de Cameron (apesar das acusações de plágio levantadas durante 2009). O roteiro de Avatar tem dois triunfos: trata-se de uma história original e é atual. Contudo, o desenrolar da trama possui vários clichês, tornando a película mais previsível e boba. Esse é o pior defeito de Avatar: seu roteiro boboca.


Partindo para os aspectos técnicos do filme, eu adorei a escolha do elenco, especialmente Zoe Saldana e Stephen Lang. Eu não sou muito fã do Sam Worthington, porém ele não está ruim como o protagonista Jake Sully.


É incrível como a tecnologia 3d salva o filme da mediocridade. Afinal, se não fosse em 3d, Avatar seria uma fantasia comum e sem grandes atrativos. O filme é longo e tem uma edição deveras lenta. Mas, se você nunca assistiu a um filme 3d, você deveria conferir Avatar nos cinemas, pois a tecnologia é muito bacana.


Acabo de ver no site Omelete que Avatar já ultrapassou 2 bilhões de dólares nas bilheterias mundiais. Isso é um fato extremamente interessante, pois a mensagem ecológica de Avatar foi passada para muitas pessoas (antes que me perguntem, eu não sou um militante das questões ecológicas do planeta!).


O filme dá um show em seus detalhes técnicos, sendo previsível sua supremacia nessas categorias do Oscar. Por mim, o filme levaria os seguintes prêmios: melhor diretor, melhor fotografia e melhores efeitos visuais. Eu não acho que o filme mereça mais do que isso, todavia eu não ficarei surpreso se a obra levar o prêmio de melhor filme.


O fato, meus amigos, é que eu não me impressionei com Avatar. É um filme muito belo, porém não passou disso. Merece ser assistido, porém não merece ser cultuado e não é um clássico. É apenas um filme bonito.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Mega Shark VS Giant Octopus

Imaginem a seguinte cena: num vôo comercial comum, uma aeromoça orienta os passageiros enquanto percorre o corredor do avião. Um jovem, aparentemente nervoso, olha para a janela e dá uma exclamação; O que vemos, em seguida, é um tubarão gigantesco que abocanha o avião em pleno vôo! Essa cena, no mínimo criativa, é a única coisa que merece um comentário positivo no filme Mega Shark VS Giant Octopus, produzido pela The Asylum.


Desde o início, eu sabia que o filme seria uma porcaria, porém eu curto um filme B de vez em quando. Por isso, eu liguei o Sci-Fi Channel ansioso para assistir essa pérola. Lembro-me que em agosto do ano passado, visitando o excelente blog Dementia 13, eu assisti a cena descrita e achei-a muito tosca e bacana. Meu interesse em assistir Mega Shark VS Giant Octopus aumentou...


A história do filme é a seguinte: com o derretimento das calotas polares, duas criaturas pré-históricas acordam e passam a atacar os seres humanos. Três cientistas especializados são chamados para conter os ataques e achar uma maneira de destruir os dois animais.


O elenco do filme conta com Deborah Gibson, Lorenzo Lamas e Vic Chao, que são os nomes mais conhecidos da produção. A direção (se é que podemos dizer que o filme foi dirigido) ficou por conta de Ace Hannah (também conhecido como Jack Perez ou Jake Johnson) que dirigiu obras como Garotas Selavagens 2. O roteiro é assinado por ele, também.


Mega Shark VS Giant Octopus é um filme de baixo orçamento, lançado diretamente em DVD nos Estados Unidos. O filme não é bom, aliás, é uma verdadeira porcaria. Porém, é possível que você se divirta com os famigerados ataques do tubarão (os ataques do polvo são péssimos) e com as atuações medíocres de todos os atores (em especial de Lorenzo Lamas, que não convence em momento algum).



Esquecendo todas as falhas técnicas, a péssima edição, as atuações sofríveis, os péssimos "efeitos" especiais e as cenas repetidas durante a projeção, Mega Shark VS Giant Octopus é um filme com boas idéias; uma cena de um tubarão gigante mastigando uma parte da Golden Gate é algo extremamente criativo e diferente! Isso sem falar da cena que eu comentei no primeiro parágrafo. Trata-se de boas idéias que, devido ao orçamento e o talento do diretor, não foram bem feitas.


Pesquisando na Internet, descobri uma interessante curiosidade sobre Mega Shark VS Giant Octopus. No site Yahoo! Movies, o trailer desse filme foi o 8° mais assistido em 2009, superando a visualização de trailers de filmes como Avatar e Up. Possivelmente o único prêmio que esse filme ganhará, assista Mega Shark se você for fã de filmes de baixo orçamento e quiser se divertir. Caso contrário, passe direto.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Atividade Paranormal e A Bruxa de Blair - Uma análise dupla

A indústria cinematográfica presenciou um verdadeiro fenômeno em Hollywood com o filme A Bruxa de Blair. Com uma inteligente jogada de marketing e um orçamento pequeno, a produção tornou-se uma das produções independentes mais rentáveis da história. Isso foi em 1999. No ano de 2009, exatos 10 anos desde o lançamento de A Bruxa de Blair, outro filme apoiado sobre a mesma campanha de marketing tornou-se A produção mais rentável da história do cinema: Atividade Paranormal. Por esse motivo, nada mais apropriado do que escrever uma matéria sobre as semelhanças e diferenças entre ambos os filmes.

Dois filmes, um gênero: Fakementaries


Não há como negar que Atividade Paranormal seguiu os passos d'A Bruxa de Blair. Mas, o mais interessante é que nem mesmo o filme de 1999 é totalmente inovador; em 1980, o diretor italiano Ruggero Deodato realizou o controverso Canibal Holocausto. A produção contava com atores inexperientes, o uso de câmeras na mão e uma trama semelhante a do "revolucionário" A Bruxa de Blair. Em Canibal Holocausto, temos a impressão de estarmos assistindo a um documentário verídico, porém trata-se de uma inteligente estratégia para atrair a atenção do público.


Um ano antes de A Bruxa de Blair veio uma produção televisiva muito elogiada: Alien Abduction – Incident in Lake Country, uma obra inédita em VHS e DVD no Brasil, considerada bastante assustadora. Apesar de não ter tido a sorte de ser distribuída ao redor do mundo, muitos consideram esse filme como uma experiência muito mais aterrorizante do que A Bruxa de Blair.


Ainda em 1998, um filme chamado The Last Broadcast (numa tradução livre, A Última Transmissão), primeira produção gravada inteiramente com material digital, fez sucesso entre os fãs de terror. Sua exibição foi realizada em festivais e, mesmo com as reações positivas da platéia, a produção não conseguiu distribuição. Quase resultou num processo para os realizadores de A Bruxa de Blair, se não fosse uma indenização paga aos realizadores de The Last Broadcast pela Artisan. Além de toda polêmica envolta das duas produções, muitas pessoas apontam The Last Broadcast como um filme muito superior a obra A Bruxa de Blair. Fonte (http://pipocamoderna.virgula.uol.com.br/?p=10300)



Todos esses filmes são conhecidos como "fakementaries" – documentários falsos, que disfarçam o baixo orçamento através de uma falsa propaganda, promovendo as obras como materiais verídicos. Com a ampliação do acesso a Internet, ficou muito mais fácil disseminar boatos e histórias sobre a natureza do filme. O sucesso de A Bruxa de Blair deve-se, principalmente ao uso da Internet como uma ferramenta eficaz para a divulgação do filme.


Depois de A Bruxa de Blair, Hollywood produziu várias obras que seguiam de forma direta ou indireta a estratégia dos fakementaries. Surgiu o que alguns críticos chamaram de Cinema Youtube (Cloverfield e Rec são seus maiores expoentes). Nesse caso, não há uma campanha de marketing tentando convencer o público, porém a execução da obra é como se fosse uma história real. Em 2009, tivemos o lançamento de dois filmes vendidos como se fosse material verídico: Contatos de 4° Grau e Atividade Paranormal (que é o alvo dessa reportagem).



Sobre A Bruxa de Blair



Para mim, é intrigante compreender o motivo de tamanha especulação e exaltação sobre essa obra. É verdade que a dupla de diretores, Daniel Myrick e Eduardo Sánchez, fizeram um trabalho interessante. Os próprios atores do filme realizaram as gravações na floresta durante oito dias e oito noites consecutivas; esse processo aumentou o realismo da fita.


A história de A Bruxa de Blair é sobre 3 jovens que resolvem fazer um documentário sobre uma entidade que assombra uma floresta em Maryland. Esses jovens, no início, fazem brincadeiras e zombam da lenda. Todavia, quando eles se isolam na floresta para realizarem mais filmagens do documentário, eles passam a encontrar bonecos rudimentares de madeira pendurados em árvores e pilhas organizadas de pedras. O desaparecimento de um dos jovens é o ápice da obra.


Até esse ponto, o filme não impressiona. Vemos uma idéia até interessante, porém mal executada; você não consegue simpatizar com as personagens, por isso, não há um sentimento de piedade despertado no público. Você não torce a favor deles (pelo menos, esse foi o meu caso).


Em A Bruxa de Blair, aos poucos as manifestações da tal bruxa vão piorando. No início, apenas os bonecos pendurados e as pilhas de pedras não assustam, mas são intrigantes. Aproximando do final do filme, as cenas noturnas da obra são bacanas e bem executadas. O que assusta ali são a escuridão do cenário e os sons produzidos. Nesse sentido, os diretores apostam no medo da platéia do desconhecido e isso é um bônus a favor da produção.



Cabe ressaltar aqui o desfecho da obra que é FANTÁSTICO. Eu não quero estragar a surpresa de ninguém, por isso não vou entrar em detalhes: os dois jovens restantes encontram uma cabana no meio da floresta e entram nela. Eles encontram marcas de mãos de crianças pelas paredes e vão até uma espécie de porão. Lá, meus amigos, o bicho pega...


Sinceramente, é o final de A Bruxa de Blair que salva o filme. Trata-se de uma obra interessante, porém superestimada. Muitas pessoas colocam o filme em listas dos dez mais assustadores da história, porém acho exagero essa exaltação. Talvez eu estivesse esperando muito do filme e, no fim, me decepcionei.


A Bruxa de Blair rendeu uma continuação (a qual eu ainda não assisti), que chegou a fazer uma boa bilheteria, contudo não teve o impacto que o primeiro filme obteve sobre a crítica e o público. Com o sucesso de Atividade Paranormal, os diretores de A Bruxa de Blair afirmaram estarem trabalhando num roteiro para um terceiro filme, que retomaria o final do original. Devemos aguardar mais notícias sobre a produção...


Sobre Atividade Paranormal


Um dos filmes que foi mais comentado ao redor do mundo foi, com certeza, Atividade Paranormal. A obra tornou-se a produção mais rentável da história e a crítica ficou dividida. De fato, o filme não é um novo clássico do gênero, porém é uma produção bastante competente.

Acompanhamos os noivos Katie e Micah, um jovem casal que está incomodado com os barulhos estranhos que a "casa" faz durante a noite. Micah compra uma câmera para filmar o quarto deles durante a noite e é através dessa câmera que o filme inteiro se desenrola.


No início, Micah tem uma postura de descrença e, até mesmo, desrespeito. Já Katie está muito assustada. Aos poucos, as manifestações que se resumiam a barulhos estranhos vão piorando até o caótico final da obra.


Atividade Paranormal é filme interessante por abordar um tema já batido no cinema de terror (assombração) de uma forma inovadora. O conceito, emprestado de A Bruxa de Blair, funciona muito bem na obra, sendo decisivo para o sucesso dela. O filme foi vendido como se fosse um vídeo retirado dos arquivos da polícia. Boa parte do público acreditou na história e o resultado foi expresso nas bilheterias mundiais.


Em Atividade Paranormal, sentimos simpatia por Katie e Micah, ao contrário do que ocorre em A Bruxa de Blair. O roteirista (que é o próprio diretor, Oren Peli) se preocupou em construir personagens que não merecem passar por aquilo, pois eles não foram atrás daquilo, como ocorre em A Bruxa de Blair.



Outro fator de destaque em Atividade Paranormal é a sucessão de acontecimentos que ocorre na casa. Há uma notável gradação: de sons até agressões físicas. Isso sem contar algumas partes realmente assustadoras da obra como a cena do tabuleiro Ouija e a cena em que Micah pesquisa na Internet sobre uma moça (eu não vou revelar nada, para não estragar a surpresa!).


Contudo, se compararmos Atividade Paranormal com A Bruxa de Blair, notmaos uma vantagem deste sobre aquele: todos os desfechos produzidos em Atividade Paranormal (foram 3, segundo o site Boca do Inferno) não chegam perto do final da obra de 1999. Nos cinemas mundiais, a obra recebeu um final que dá um gancho para uma continuação...


Aliás, Atividade Paranormal já tem uma continuação agendada que será dirigida por Kevin Greutert (que dirigiu Jogos Mortais 6). O diretor Oren Peli já está sendo bancado em seu próximo projeto, Área 51, que devemos ficar de olho aberto para descobrirmos se não se trata de uma cópia oportunista do desconhecido Alien Abduction – Incident in Lake Country.


Atividade Paranormal é, enfim, uma boa diversão. Não é tudo aquilo que falaram, mas possui seus momentos assustadores que podem incomodar muita gente.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A Hora da Estrela (1985)



Durante o Ensino Médio, somos introduzidos no mundo da Literatura, aprendendo sobre autores e suas contribuições literárias para a humanidade. No 3° ano do Ensino Médio (pelo menos aonde eu estudei), passei a conhecer com mais profundidade a obra da escritora Clarice Lispector. Uma de suas criações mais famosas é a jovem Macabéa, uma mulher pobre e semi-analfabeta que é a protagonista do livro A Hora da Estrela, que foi adaptado para os cinemas em 1985 pela cineasta Suzana Amaral.

A história do livro/filme é bastante crua e realista: nós acompanhamos o cotidiano de Macabéa (Marcélia Cartaxo) que trabalha como datilógrafa junto com sua colega Glória (Tâmara Taxman) num pequeno escritório. Ela mora num verdadeiro cortiço e leva uma vida medíocre e ordinária.

Numa tarde, ela conhece outro imigrante nordestino, Olímpico de Jesus (José Dumont) e os dois passam a se encontrar regularmente. A trama segue a vida de Macabéa até o momento de sua morte, quando ela é precocemente atropelada por um ricaço e encontra a sua hora da estrela (as pessoas finalmente prestam atenção na moça após o seu derradeiro acidente) – no filme, o significado do título não fica tão explicito quanto no livro.

Eu não quero entrar nos detalhes da trama, para não estragar o prazer de quem for assisti-la pela primeira vez. Mas cabe destacar alguns detalhes técnicos da obra: trata-se do primeiro longa-metragem da diretora Suzana Amaral, que faz um excelente trabalho. Ela também assinou o roteiro da obra. Seu trabalho nesse filme lhe rendeu uma indicação ao Urso de Ouro e o Prêmio da Crítica do Festival de Berlim.

Outro prêmio que a obra levou foi o Urso de Prata para Marcélia Cartaxo que faz um trabalho impressionante como Macabéa. Ela despertou minha piedade durante a projeção inteira, um sentimento de pena incrível sobre a fracassada personagem. Afinal, Macabéa é uma personagem sem aspirações, ela só vive e não faz a diferença na vida de ninguém. Se você parar para pensar, essa é uma situação muito ruim para qualquer ser humano que deseja ser tratado como um indivíduo, com seus gostos e desejos pessoais.

O restante do elenco faz um ótimo trabalho, incluindo a participação de Fernanda Montenegro como uma vidente charlatã. Uma curiosidade interessante é que a atriz Tâmara Taxman nasceu em Woodstock!

Macabéa é retratada com uma crueza impressionante como no texto de Clarice. Como a própria cineasta comentou (fonte: Fundação Astrojildo Ribeira), Macabéa "vive num limbo impessoal, desligada de onde veio e do meio onde vive sua parca existência". De fato, Macabéa é uma personagem apática e dispensável para as pessoas que a cercam.

O cunho existencial presente nas obras de Clarice permanece intacto no filme, pelo talento da diretora. Não há uma cena sequer desperdiçada durante toda a projeção. Cenas que aparentam serem insignificantes atestam e aprofundam a reflexão que o expectador pode fazer durante a obra. Tudo é mais profundo (no bom português, o buraco é mais embaixo) do que realmente aparenta ser.
Outro aspecto a ser destacado do filme é a trilha sonora que chega a ser hipnótica e impressionante nos (poucos) momentos em que ela é tocada. Como não elogiar o plano seqüência do início do filme que mostra Macabéa caminhando pela cidade ao som de uma música, no mínimo, indescritível.

A Hora da Estrela é uma obra prima. Um filme muito bonito e marcante, que te levará a reflexões interessantes sobre a natureza das pessoas; uma obra emocionante e digna de figurar entre os grandes clássicos do cinema brasileiro.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Desventuras de um Cinéfilo 001

Estou de volta meus amigos, após um recesso de duas semanas, praticamente. Durante esse período, eu imaginei várias maneiras de melhorar o blog em todos os sentidos. Desta forma, o Midnight Drive-In passará por uma série de reformulações que serão sentidas aos poucos pelos leitores do blog. Posso dizer que serão mudanças muito bacanas, algumas idéias que eu tive que serão postas em prática ao longo desse mês até fevereiro, creio eu. Uma delas inicia-se, justamente, nesta postagem: Desventuras de um Cinéfilo.



A seção Desventuras de um Cinéfilo terá um tom mais pessoal; nela eu relatarei situações e experiências da minha vida envolvendo o cinema e o que estiver relacionado à Sétima Arte. Toda vez que eu quiser dividir alguma cena do meu cotidiano que envolva o cinema, eu postarei aqui no blog com esse nome.



Eu inicio essa seção falando sobre como foi a noite de estréia do 7° Festival de Cinema de Campo Grande. Como eu já havia explicado numa postagem anterior, o Festival iniciou no dia 15 de Janeiro e terminará no dia 30 de Janeiro. Serão passados filmes nacionais e internacionais além de uma competição de curtas-metragem produzido no Centro-Oeste.



Dia 15 foi uma sexta-feira e, por estarmos no verão, uma forte chuva tombou sobre a capital durante a tarde inteira. O cinema em que se passa esse festival é o Cine Cultura que fica razoavelmente perto de minha casa. Sem contar que o filme que abriria o Festival seria o premiado A Hora da Estrela (próxima crítica no blog) de Suzana Amaral e ela estaria aqui para receber o prêmio. Não havia motivos para faltar. Coloquei minha camisa roxa (que tem o símbolo de uma claquete) e rumei para o Cine Cultura.




Chegando ao cinema, dei de cara com a cineasta homenageada, Suzana Amaral; para ser sincero, eu avistei a senhora numa pequena sala onde ela dava uma entrevista. Sem dúvida, a biografia dela é extremamente interessante: ela começou a fazer cinema depois de ter 9 filhos! Uma mulher batalhadora e talentosa, no mínimo...


Afastei-me um pouco da multidão e sentei-me num banco esperando pelo início do filme. Quando deu o horário, as pessoas começaram a entrar no cinema e, por eu estar distante da entrada, paguei o preço: assisti ao filme sentado no chão. Mas isso, sinceramente, não importou durante a projeção (na foto, o círculo amarelo está me indicando).



Antes de começar o filme, um político e algumas autoridades fizeram pequenos discursos sobre a importância do festival de cinema e bla bla bla. Uma ladainha sem fim, discursos nada criativos e com um toque de política que não passou despercebido por ninguém. Fazer o quê? Só escutar mesmo a fala do sujeito e torcer para que o filme comece logo. Sem comentar aquela velha discussão sobre as multinacionais que controlam o circuito de cinema... Para mim, uma discussão sem sentido, pois o cinema, além de arte, é diversão e prazer. Você assiste a um filme se você quiser, se você tiver vontade. Você escolhe entre Godard e Spielberg. Eu não gosto de julgar os critérios e as opções das pessoas. Esse papo atrasadíssimo só serviu para mostrar como Campo Grande é uma cidade, de certa forma, provinciana ...


Após os discursos, a cineasta Suzana Amaral recebeu o prêmio concedido pela sua carreira com bastante satisfação. Sem dúvida, esse foi o ponto alto da noite...




Quando tudo isso terminou, finalmente foi exibido A Hora da Estrela. A platéia comportou-se muito bem reagindo durante o filme em várias cenas. Risos e comentários dominaram a exibição...

Após o final da obra, os expectadores aplaudiram a cineasta (nada mais justo) e todos se encaminharam para um coquetel ao lado de fora, na tenda que vocês viram na foto. Eu não quis comer nada e rumei para minha casa, satisfeito por ter assistido a um filmaço, contudo pensativo sobre a ultrapassada polêmica de "cinema pipoca versus cinema arte". Talvez, com o tempo, as pessoas passem a discutir sobre questões mais interessantes como: "Por que deixamos a arte ficar impregnada de política"?, ou então "Por que esse evento não foi mais divulgado e difundido para a população campo-grandense?", ou ainda "Por que o ingresso para assistir um filme do festival é quase o mesmo preço do ingresso de uma produção blocksbuster americana?". Talvez, com o tempo, consigamos encontrar as respostas ou, melhor ainda, as perguntas para serem feitas e refletidas.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

7° Festival de Cinema de Campo Grande

Começa hoje, o 7° Festival de Cinema de Campo Grande, onde serão exibidos filmes nacionais e internacionais do dia 15 de Janeiro até o dia 30 de Janeiro. Para quem estiver na cidade morena, dê uma conferida.


OBS - Eu não abandonei o blog pessoal! A partir do dia 18 de Janeiro, voltarei a postar por aqui. Abraços e até lá.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Lua Nova

Caros amigos, eu finalmente conferi, tardiamente, Lua Nova (New Moon, 2009) e posso dizer que eu fiquei um tanto decepcionado com a película. Boa parte da crítica afirmou que houve uma evolução entre os dos filmes, porém eu não consegui enxergar muita diferença entre esse aqui e Crepúsculo.


Para começar, eu preciso dizer que eu não sou fã da série Crepúsculo, porém eu não a odeio. Quando eu fui assistir ao primeiro filme da série, eu estava esperando por um romance mamão com açúcar, e foi exatamente o que eu encontrei. É verdade que o livro mexe muito com a mitologia vampiresca, transformando e alterando alguns conceitos que já eram consagrados. Mas eu enxergo isso como uma nova forma de se ver uma história muito conhecida. Querendo ou não, Stephenie Meyer criou algo original. É óbvio que eu não consigo comparar os Cullen ao Lestat, Drácula e outros vampiros da literatura/cinema.


Vamos para a história: Bella (Kristen Stewart) e Edward (Robert Pattinson) continuam seu romance, porém Bella quer que Edward a transforme numa vampira. Ele se mostra relutante e não concorda com isso.


Bella, ao comemorar o seu aniversário na casa dos Cullen, acaba se cortando e é atacada por Jasper (Jackson Rathbone). Edward consegue defendê-la, porém ele resolve se afastar dela para que a moça não fique mais em perigo.


A menina fica arrasada, totalmente deprimida. É nesse estado que ela encontra Jake (Taylor Lautner) que sempre teve uma queda por ela. Os dois ficam bastante próximos, porém Bella ama Edward. E Jake está mudando aos poucos, tanto fisicamente quanto mentalmente. Descobriremos depois que Jacob é um lobisomem.


Bella fica arrasada, pois Jacob também se afasta. A única solução que ela encontra é o suicídio, porém Jacob a salva. Edward descobre por meio de sua irmã vidente (Ashley Greene) o que Bella fez e resolve se matar. Ele não sabe que sua amada foi salva. Caberá à Bella correr contra o tempo para impedir a morte de Edward.


Essa é a síntese de Lua Nova. Todavia, há muitos detalhes que são apresentados no filme, sendo o melhor deles o clã dos Volturi – a realeza dos vampiros, segundo o próprio Edward. Eu adorei a caracterização desse clã e a escolha dos atores. O galês Michael Sheen interpreta o líder deles, Aro. Percebemos aí as influências dos vampiros criados por Anne Rice; os Volturi parecem vampiros de verdade, enquanto os Cullen...



A transformação dos lobisomens é ótima, no padrão para um filme destinado aos adolescentes (isso significa sem violência). Afinal de contas, você não esperava ver ossos quebrando ou pele se rasgando na transformação de Jacob não é? Não podemos esquecer esse tipo de coisa quando assistimos a esse tipo de filme.


Lua Nova não é ruim. Eu até que gostei do filme, porém achei muito longo. A primeira hora é muito cansativa e chata, com Bella deprimida com a separação imposta por Edward. A coisa só melhora quando Jacob se revela um lobisomem; a partir daí, o filme melhora significativamente.


Uma falha que persiste na série está ligada à trilha sonora. Em Crepúsculo, a ótima música Decode do Paramore não tocava durante o filme. Para que desperdiçar uma música tão boa eu pensei; em Lua Nova, a música Meet me on the Equinox do grupo Death Cab for Cutie também não toca em momento algum. Como duas músicas tão bacanas, que fazem parte da trilha sonora do filme, ficam de fora da edição final? Não dá para entender.


Enfim, Lua Nova é um bom divertimento. Um filme leve que poderia ter sido muito melhor. Esperemos que o terceiro filme da saga se saia melhor esse ano. Eu tenho sérias dúvidas, pois a direção de Eclipse ficou nas mãos de David Slade, que dirigiu o péssimo 30 dias de Noite. Talvez ele coloque mais adrenalina e terror na saga; teremos que esperar até o dia 20 de Junho.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Pagando Bem que Mal Tem?

Dois amigos (um homem e uma mulher), sem grana, resolvem fazer filmes pornográficos para pagar suas contas atrasadas. Uma premissa simples e uma execução genial: eis o diagnostico da comédia romântica Pagando Bem que Mal tem? (Zach and Miri Make a Pornô, 2008) dirigida pelo talentoso Kevin Smith.


O detalhe é que, apesar do tema render piadas "fortes" para o grande público, o filme é uma comédia romântica com os clichês que o gênero acompanha. Por exemplo: no início da película, Zach e Miri são só amigos; durante as filmagens de seu filme pornô, eles perceberão que estão apaixonados. Nesse sentido, percebemos que Kevin Smith abraça em seu roteiro os clichês do gênero e inova, colocando uma linguagem picante, cheia de duplos sentidos, e um humor sutil e provocante ao mesmo tempo.

Ainda sobre o roteiro, eu posto abaixo alguns dos melhores diálogos do filme:


Zack Brown: What brings you here?
Brandon
: I came here with somebody who went to school here, Bobby Long.
Zack Brown
: No shit! That's who my friend's hitting on right now! See, right there, the one dressed like Hannah Montana.
Brandon
: In L.A. we call that look 'Nickelodeon Chique'.
Zack Brown
: Wait, L.A.? Los Angeles? That's awesome, man, what do you do out there?
Brandon
: I'm an actor.
Zack Brown
: Wow! That's really impressive.
Brandon
: Thank you.
Zack Brown
: Fucking movies?
Brandon
: Fucking movies. Pretty much.
Zack Brown
: Look at you! Anything I've seen? What movies?
Brandon
: Oh, all sorts of movies with all-male casts.
Zack Brown
: All-male casts? Like "Glengarry Glen Ross"? Like that?
Brandon
: Like "Glen and Gary suck Ross's meaty cock and drop their hairy nuts in his eager mouth."
Zack Brown
: [stunned] ... is that like a sequel?
Brandon
: Sort of. It's a reimagining.
Zack Brown
: Oh, like "The Wiz".
Brandon
: More erotic. And with less women. No women, to be exact.
Zack Brown
: I apologize in advance if I'm out of line here, but are you in gay porn?
Brandon: Guilty as charged.


Zack Brown: This is just the beginning, guys. If Star Whores works and *it will*, we are set up for sequels galore. The Empire Strikes Ass.
Miriam Linky
: Return of the Brown Eye.
Deacon
: The Phantom Man Ass.
Delaney
: And Revenge of the Shit: The All Anal Final Chapter.
[awkward silence]
Zack Brown
: ...okay.
Delaney
: Revenge of the Shit, you got it?
Miriam Linky
: No, yeah we got it.
Stacey
: Ew.
Delaney: [under his breath] Fuck you, mothafuckas


Zack Brown: I'm gonna fuck you with my pecker!
Miriam Linky
: Dude... that's really dirty.
Zack Brown
: That's too dirty?
Miriam Linky
: That offends me.
Zack Brown
: Penis?
Miriam Linky
: Fine.
Zack Brown: I'm gonna fuck you with my penis!



É interessante notar com a escolha de elenco faz toda diferença para o sucesso do filme. Nesse caso, temos um elenco genial com Seth Rogen, engraçadíssimo como sempre, na pele de Zach e Elizabet Banks, muito bonita, como Miri. Um coadjuvante de destaque é Carig Robinson (da série The Office) como o produtor do filme. Isso sem falar na excepcional ponta de Justin Long e Brandon Routh como um casal gay engraçadíssimo. Há ainda a presença de duas atrizes do ramo pornográfico: Traci Lords e Katie Morgan.


Outro grande triunfo de Pagando Bem que Mal tem? é justamente a temática do filme. Nos EUA, recebeu a classificação etária máxima. Na Malásia, o filme foi banido! Essas ações revelam a hipocrisia que predomina sobre a América. É verdade que o filme contém nudez e diálogos pesados, porém é falsidade acreditar que um guri de 13 anos não sabe disso. Toda a polêmica que envolveu a fita, não justifica.

Pagando Bem que Mal tem é um filme acima da média, muito bom mesmo. Uma das melhores comédias que eu assisti recentemente, Pagando bem que Mal tem vai te fazer rir muito.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Harry Brown

Acabo de assistir a Harry Brown (idem, 2009) e estou impressionado. Impressionado pelo fato desse filme ainda não ter chamado a atenção de boa parte da crítica, sendo que a obra se encaixa, pelo menos para mim, entre um dos melhores filmes do ano passado. Trata-se de um filme de ação com tintas dramáticas sobre um homem que perde tudo e resolve cobrar os culpados por isso.


Harry Brown (Michael Caine) é um aposentado com uma vida extremamente solitário. Sua rotina resume-se em visitar a sua esposa no hospital e encontrar num pub seu amigo Leonard (David Bradley) para jogarem xadrez. Harry vê sua vida colapsar quando sua mulher e seu amigo morrem, quase que sucessivamente. Sua mulher já estava à beira da morte, porém Leonard foi atacado por um bando de drogados que o esfaquearam.


É óbvio, a partir daí, o caminho que a trama irá seguir. Harry resolve fazer justiça com as próprias mãos, matando cada um dos jovens envolvidos na morte de seu amigo.

Filmes sobre vigilantes não são mais novidades no cinema. Nesse Harry Brown, infelizmente o roteiro peca ao seguir alguns clichês óbvios, porém essa falha é perdoada justamente pelo tratamento realista que o personagem recebe. Harry Brown é um idoso e possui problemas de saúde que irão o atrapalhar em sua vingança pessoal. Esse choque de realidade é um dos grandes trunfos de Harry Brown.


Contudo, se existe uma razão desse filme ser tão bom, ela recai nos ombros de Michael Caine que está estupendo no papel principal transmitindo raiva e fragilidade ao mesmo tempo. Só um grande ator nos coloca torcendo pelo seu personagem sem apelação. O restante do elenco está ótimo, com destaques para Sean Harris – extremamente repulsivo na pele de um traficante de armas - e Emily Mortimer como uma policial bastante correta.

Aliás, Harry Brown é um filme de ação do subgênero vingança. De certa forma, ele dá uma renovada no gênero, pois temos um protagonista frágil e decadente – características que eu não me lembro de ter percebido em nenhum outro personagem de filmes sobre vigilantes. É interessante que ao final de filmes sobre justiceiros e vigilantes, nós sempre nos perguntamos se era certo o protagonista se igualar aos bandidos para conseguir a justiça. Em Harry Brown, a pergunta que surge é muito mais assustadora: será que existia outra saída para Harry? Ele perdeu tudo tão repentinamente que sair matando bandidos pode ter sido a única coisa que lhe restou...


Para mim, esse é o motivo que me agrada tanto filmes sobre vigilantes: além de você ver os bandidos serem julgados da maneira como merecem, também nos questionamos sobre o preço que o protagonista paga para obter justiça.


Nesse sentido, Harry Brown figura-se entre os melhores filmes de 2009. Não é apenas um filme de ação; é um forte drama sobre um homem que perdeu tudo e está disposto a tomar a vida daqueles que fizeram isso com ele. Assista-o seguido de Gran Torino e/ou Sentença de Morte. Satisfação garantida.

O Circo dos Vampiros

Não é novidade que os vampiros voltaram à moda através do fenômeno Crepúsculo. A verdade é que uma parte dessa geração não conhece nada a não ser a versão extremamente light criada por Stephenie Meyer (sem desmerecer seu trabalho, pois Crepúsculo é assunto para outro tópico). É provável que muitas pessoas tenham esquecido a real natureza dos vampiros, tão brilhantemente representada no cinema por filmes como Entrevista com um Vampiro, Drácula, Nosferatu e várias outras obras que retrataram esses seres de uma maneira única e fantástica.

Nesse sentido, O Circo dos Vampiros (Vampire Circus, 1972) é um fiel exemplar dos vampiros tradicionais. Trata-se de uma produção da Hammer, empresa inglesa especializada em fitas de horror, bastante interessante pelo enredo e a atmosfera do lugar onde a história do filme se passa.

A obra se inicia com a invasão do temido Conde Mitterhaus (Robert Tayman), um sanguinário vampiro que atrai crianças ao seu castelo para assassiná-las. Um grupo de vários homens consegue matar o vampiro com uma estaca no peito. Porém, antes de morre, o Conde rogou uma praga sobre o pequeno vilarejo que seria atacado por uma epidemia após quinze anos.


Depois dessa introdução, a história avança 15 anos e é a partir daí que o filme continua. O vilarejo está sendo atacado pela epidemia e as pessoas estão morrendo. O mesmo grupo de homens que matou Mitterhaus está reunido em busca de uma solução para a doença. Um cerco foi feito nas redondezas desse vilarejo para evitar a disseminação da doença para outros lugares.


É nesse contexto que ocorre a chegada de um circo itinerante até a cidade. Aos poucos, os moradores da cidade ficam atraídos diante dos maravilhosos espetáculos apresentado pelos exóticos artistas. O que esses moradores não sabem é que os artistas do circo querem raptar todas as crianças da vila e utilizar seu sangue para ressuscitar o conde Mitterhaus.

O Circo dos Vampiros possui algumas interpretações muito fracas (por exemplo, a dos irmãos malabaristas) e certa falta de coerência no roteiro (por que poucas pessoas entram para dominar o vampiro quando se tem um verdadeiro batalhão do lado de fora?). Mesmo assim, isso não afeta o divertimento. O homem forte do circo é nínguém menos que David Prowse, que alguns anos depois seria o Darth Vader em pessoa.


Um detalhe que eu achei intrigante foi como eu não consegui me situar periodicamente na história. Na capinha do DVD, a sinopse indica que a história se passa na Sérvia, no século XIX (o figurino denuncia isso); contudo, em alguns momentos, eu tive a nítida impressão de que a história se passava na Idade Média. Eu não sei se quem assistiu se questionou sobre isso, mas achei esse detalhe intrigante.


Pelo IMDB, O Circo dos Vampiros é indicado como uma das oito produções realizadas pela Hammer em 1972. Nesse ano, a Hammer realizou um dos filmes da série do Drácula estrelada por Christopher Lee.


Mais um destaque do filme vai para a atriz Domini Blythe, linda e maravilhosa como a esposa do professor Albert Muller (Laurence Payne, falecido em fevereiro de 2009), o homem que matou o conde Mitterhaus.


O Circo dos Vampiros é um bom filme de horror que honra as tradições dos vampiros. Não é tão bom como outros filmes do gênero, mas pode agradar aos fãs e admiradores dessas criaturas fantásticas.

A Firma

A Firma (The Firm, 1993) é um ótimo thriller dirigido pelo mestre Sydney Pollack, falecido em 2008. Um time de estrelas dá vida aos personagens imaginados por John Grisham, escritor especializado em romances que tratam sobre o mundo dos advogados.

Mitch McDeere (Tom Cruise) acabou de se formar na faculdade de direito de Harvard. Trata-se de um rapaz brilhante e ambicioso, que se formou entre os melhores de sua turma; por esse motivo, Mitch recebe o convite para trabalhar em várias empresas de advocacia, porém uma empresa o chama a atenção: a firma Bendini, Lambert e Locke é pequena e fechada, porém eles fazem uma oferta irrecusável a Mitch, que embarca com sua esposa (Jeanne Tripplehorn) para Memphis, onde inicia seus trabalhos.

No início, Mitch está muito entusiasmado com a firma, trabalhando incessantemente com o seu mentor lá dentro, Avery Tolar (Gene Hackman). A Bendini, Lambert e Locke é uma empresa especializada em direito tributário com clientes muito importantes. Aos poucos, Mitch mostra os motivos de ele ter sido um dos primeiros de sua turma.

Contudo, o equilíbrio se desfaz quando dois advogados da firma morrem de maneira misteriosa. Mitch, inicialmente, não se importa com isso, porém uma série de ocorrências e um encontro com um agente do FBI (Ed Harris) irão contribuir para que Mitch comece a investigar os podres da firma, que possui ligações com a Máfia e aparenta estar envolvida em casos de assassinato e corrupção.


A Firma possui uma história envolvente com direção segura de Pollack. O elenco inclui, além dos já citados, vários outros grandes atores: Holly Hunter, Hal Holbrook, Gary Busey, Tobin Bell e Steven Hill. O legal é que além de Steven Hill, outro ator da série Lei e Ordem participa do filme: Paul Sorvino. Coincidência ou não, vale pelo menos um comentário, pois Lei e Ordem é uma série jurídica, que iniciou mais ou menos naquela época, 1990.


Um detalhe que me agradou na produção foi a trilha sonora composta e interpretada por Dave Grusin que já colaborou com Pollack na trilha sonora de Os Três Dias do Condor, Totsie e outros filmes do diretor. Aqui, ele entrega um jazz muito atraente que combinou com a história e o tom de investigação/perseguição que predomina no filme.


A Firma é interessante também por seu melhor que a obra original. Eu recentemente li o original e, apesar da trama envolvente, odiei o desfecho escrito por Grisham. No filme, a conclusão da história é mais inteligente e divertida, superando o material original.


Gostaria de destacar também uma cena que eu adorei: perto do final, quando Mitch está fugindo dos capangas da firma, ele está numa espécie de bondinho enquanto o assassino interpretado por Tobin Bell o vê e começa a correr atrás do bondinho. Essa seqüência me agradou muito por sua montagem ágil e envolvente aliada à trilha sonora bacana.


A Firma é uma obra muito interessante que me agradou profundamente. Se tiver oportunidade e gostar de thrillers bem feitos, assista a esse filme que concorreu a dois Oscars: melhor atriz coadjuvante (Holly Hunter, com seu sotaque sulista perfeito) e melhor música original.


John Grisham e o cinema


O escritor John Grisham já teve vários de seus livros adaptados para o cinema, sendo que o primeiro deles foi justamente A Firma. Depois desse, O Dossiê Pelicano, O Cliente, Tempo de Matar, O Segredo (não é o de auto-ajuda!), O Homem que fazia Chover, O Júri e, por incrível que pareça, Um Natal Muito, Muito Louco!


Por escrever histórias envolventes sobre, principalmente, o mundo dos advogados, podemos esperar mais adaptações envolvendo outros livros dele, com O Advogado, O Recurso e várias outras histórias que, muito provavelmente, se tornarão filmes, sendo estes bons ou ruins.