sábado, 11 de junho de 2011

Caindo no Mundo (Cemetery Junction, 2010)


Bem adequado o título nacional desta excelente e desconhecida comédia inglesa do ano passado, lançada diretamente em nossas locadoras. A excelência do filme consiste no seu roteiro firme e interessante, típico das comédias inglesas. Ao mesmo tempo em que provoca risadas nos leva a uma profunda reflexão sobre a vida. E é por isso que sou um fã assumido de comédias inglesas. Elas fogem do óbvio...


No filme Caindo no Mundo, a coisa não é diferente: a obra possui um intenso diálogo emocional com o público. É claro que, por ser uma comédia, o filme garante algumas risadas. O roteiro apoia-se em personagens que, invariavelmente, estão ali para produzirem o humor. É o caso, por exemplo, a avó do personagem principal (Anne Reid) e do dono do bar (David Earl, extremamente engraçado). Outros personagens também garantem risos, mas são personagens mais dramáticas.



Basicamente, o tema do filme é sobre o destino. Acompanhamos três jovens que moram em Cemetery Junction. Os três cresceram juntos e agora que chegaram numa das curvas da vida (a saída da adolescência), eles tomarão rumos diferentes em suas histórias. Freddie quer escapar do marasmo da cidade; ele procura um empresário bem sucedido da região (Ralph Fiennes) e começa a vender seguros de vida pela cidade. Bruce é aquele cara que adora brigar, arranjar confusão e sonha em sair da cidade a todo custo, especialmente porque despreza seu pai alcoólatra. Snork é um jovem sem noção, tímido com as mulheres e alvo de gozações.

A história desses três jovens começa a sofrer uma virada quando chega à cidade a filha do tal magnata, Julie. A moça é amiga de Freddie e começa a alertá-lo sobre a efemeridade da vida, de uma maneira indireta, é claro. Após um fatídico baile da empresa de apólices, Freddie tomará uma decisão que irá mudar a vida dos quatro jovens.



Caindo no Mundo conta com um roteiro excelente de Ricky Gervais e Stephen Merchant, a dupla por trás de The Office. O script foge de muitos clichês e é bastante envolvente. A direção ficou por conta dessa dupla também e Gervais faz o papel do pai de Bruce.


No campo das interpretações, é seguro dizer que o elenco está inteiramente excelente. Desde os jovens (com destaque para o intérprete de Bruce – Tom Hughes) até os veteranos como Fiennes, Gervais e Emily Watson estão perfeitos.


Um elemento muito bacana de Caindo no Mundo é sua atmosfera retrô, pois a obra se passa justamente nos anos 70. Como eu li num outro blog, lembra bastante Life on Mars. Além dessa estética, o filme conta com uma trilha sonora magnífica: de Elton John até Led Zeppelin. Aliás, a música de Led Zeppelin é tocada na melhor cena do filme (trata-se da maravilhosa The Rain Song) e encaixa-se perfeitamente com a cena.

Sobre essa música, uma curiosidade interessante é que Gervais escreveu uma carta para a banda implorando para que pudesse usá-la no filme. Eles liberaram-na e Gervais comentou, numa entrevista para o The Guardian, que foi a coisa mais cara do filme.


E, além de toda diversão e primor técnico, Caindo no Mundo nos guarda uma mensagem muito poderosa sobre os rumos que nossas vidas podem tomar. É muito difícil olhar para trás e se arrepender de tudo. Os jovens de Cemetery Junction conseguiram olhar para frente e perceberem que não havia nada por lá, pois o futuro deles seria moldado no presente. Uma obra pouco comentada que merece ser conhecida urgentemente. Sem dúvida, um dos grandes filmes de 2010.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Trailer da Semana: World on a Wire (1973)

Devo confessar para vocês que nunca assisti (ainda) nenhum filme do prestigiado diretor Rainer Werner Fassbinder. Conheço o trabalho do homem e a fama de seus filmes. Mas, mesmo não tendo assistido nenhuma de suas obras, sei que uma notícia como o relançamento de um filme perdido do diretor alemão deve deixar qualquer cinéfilo bastante atento. O filme em questão é o sci-fi World on a Wire, considerado perdido até pouco tempo atrás. Agora, a película será relançada nos cinemas canadenses. Pode parecer bobeira, mas é necessário que vocês assistam o trailer abaixo para terem uma noção de como seria uma infelicidade se este filme continuasse perdido. Desde já, uma prioridade na minha extensa lista de filmes para assistir...


terça-feira, 7 de junho de 2011

Piratas do Caribe 4 - Navegando em Águas Misteriosas (Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides, 2011)


Não estava em meus planos assistir o novo Piratas do Caribe nos cinemas. Mas eis que sábado enchi os bolsos de Jerry Bruckheimer, simplesmente pela péssima distribuição de horários do cinema de minha cidade, que me impediu de assistir o novo X-men. Lamentações à parte, farei breves comentários sobre o filme que, de fato, assisti.


Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas é um filme bem razoável. Devo dizer, antes de tudo, que o capítulo 3 desta série foi o único filme na história de minha vida que conseguiu me fazer dormir numa sala de cinema. Então vocês podem imaginar como minhas expectativas estavam "altas" em relação a obra.


Entretanto, ao final de seus 136 minutos, percebi que a nova aventura do pirata Jack Sparrow é superior aos dois últimos filmes da série, o que, convenhamos, não é grande coisa. Neste quarto filme, tem-se a típica salada de referências, presente nos filmes anteriores, com muita ação. São cenas bem orquestradas, mas que não impressionam em momento algum.


Talvez, o maior crédito desta obra seja a escolha do elenco, que incluem os medalhões Johnny Deep e Geoffrey Rush – acostumados em seus papéis, apesar de seus personagens já se mostrarem nitidamente desgastados. O acréscimo de Penélope Cruz e Ian McShane se mostra interessante – e nada além disso.


Percebemos, por fim, que a franquia já está bastante desgastada. Este novo Piratas do Caribe é um triste retrato da falta de criatividade que assombra Hollywood, onde as continuações, remakes e adaptações imperam. Mas, até mesmo essa discussão se mostra clichê; se pelo menos os blockbusters fossem filmes que valessem um ingresso de cinema. Mas, como este Piratas do Caribe, a maioria dos filmes pipoca lançados são esquecíveis e bobos. Quero estar errado, neste ponto, quanto ao novo filme dos mutantes da Marvel.