quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Algumas palavras sobre Taxi Driver


Um textinho curto pra atualizar o blog nosso de cada dia. Taxi Driver é um dos obrigatórios, filme acima de qualquer suspeita que fui conferir a algumas semanas atrás. Devo dizer que gostei bastante do filme.

Acho que o elenco está sensacional e a estória é muita louca. Mostrar New York - metrópole maravilhosa como um esgoto humano foi um trunfo espetacular por parte de Scorsese. O lado sujo e podre de uma cidade modelo com um anti-herói doido varrendo a sujeira desta cidade continua sendo uma ousadia extrema; tenho a impressão que não há cineasta atualmente que tenha culhões para filmar algo assim.

Sem mencionar o final acachapante, quando Scorsese dá uma tapa na cara da sociedade, que aclama Travis como um herói. Simplesmente sensacional. Na vida real, aconteceria a mesma coisa...

domingo, 30 de outubro de 2011

Martyrs (2008)

Existem muitos admiradores desta película francesa pela internet, saudada como um dos grandes exemplares do terror da década passada. Eu, particularmente, não me impressionei nada com o filme; não é uma obra ruim e tampouco um grande filme.

Na realidade, Martyrs é, para mim, uma espécie de Jogos Mortais melhorado, com uma estória mais interessante e "crível" (com muitas aspas, diga-se de passagem). Aliás, dentro da atual linha de filmes de terror gráficos, recheados de mutilações e tortura, Martyrs é o melhor exemplar mesmo. Só que isso não significa muita coisa, convenhamos...

Existem as cenas pesadas, é claro. Posso dizer, por exemplo, que o começo do filme, quando as duas irmãs chegam na casa de uma determinada família, é espetacular, com muita ousadia do diretor Pascal Laugier. A película vai se mantendo interessante até a metade da fita, quando a tortura começa a rolar solta e a trama tenta se segurar com uma justificativa tão absurda quanto a pseudo-filosofia do moribundo Jigsaw – que tortura pessoas para elas aprenderem a valorizar a vida delas. É uma motivação bastante sem graça, apesar de ter uma mórbida lógica.

E Martyrs caminha para um final extremamente previsível, que eu vejo como o único possível para a obra mesmo. É tão brusco que se você pensar na primeira cena e na última, parece que são dois filmes completamente diferentes. Martyrs divide-se exatamente desta forma: um início arrebatador, terror psicológico dos bons, violência assustadora; a segunda parte é mais violenta, cheia de absurdos explicados por uma motivação maluca. São partes tão díspares que prejudicaram a obra, a meu ver.

Mas é óbvio que para quem gosta de cinema de horror, Martyrs é obrigatório, pois é um exemplar decente com algumas cenas realmente interessantes. Trata-se de um representante digno do atual cinema francês de terror. Além disso, para aqueles que acham que O Albergue ou Jogos Mortais são filmes fortes, sugiro que procure esse Martyrs para ver uma obra que, mesmo com seus erros, é extremamente superior a esses "filmecos" americanos.

sábado, 29 de outubro de 2011

Hobo With a Shotgun (2011)


Estamos presenciando um revival Grindhouse nos cinemas atualmente. A brincadeira começou com o projeto Grindhouse de Tarantino e Rodriguez, que estimulou a produção de inúmeros lançamentos posteriormente. Um destes frutos é Hobo With a Shotgun, um divertido exploitation, bastante violento e maluco estrelado pelo ótimo Rutger Hauer.

O título já evidencia tudo o que precisamos saber sobre a estória: um mendigo com uma escopeta que sairá limpando as ruas da cidade. O tal mendigo é encarnado por Hauer, numa interpretação fantástica. Ele consegue tornar seu personagem num autêntico badass sem se tornar caricato – armadilha fácil de cair para atores menos experientes. A cena em que Hauer faz uma espécie de monólogo frente a uma janela de um berçário é fenomenal.


Sendo um filme exploitation, temos mulheres nuas, violência a todo momento, sensacionalismo – todas os elementos que tornaram os filmes exploitation em pérolas tão divertidas. Trata-se de um autêntico representante deste gênero tão bacana.

Uma curiosidade é a presença de Karim Hussain como diretor de fotografia. Para quem não o conhece de nome, aqui vai a dica: este foi o cavalheiro que dirigiu o transgressor e grotesco Subconscious Cruelty – filme que eu indico somente para os amantes de cinema EXTREMO.

Enfim, Hobo With a Shotgun é o divertimento perfeito para quem procura filmes amalucados e sem um pingo de moral. Provavelmente, o filme mais divertido deste ano.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Jonah Hex (2010)


Esta é mais uma obra mandada para a relação de filmes medíocres baseados em excelentes histórias em quadrinhos. Jonah Hex, misto de faroeste e sobrenatural tinha tudo para dar certo: o ótimo material original que renderia uma trama interessante e a acertada escolha do protagonista – o ator Josh Brolin, que não decepciona como o pistoleiro deformado ; contudo, esses fatores não foram utilizados com competência pela equipe da produção, a começar pelo diretor Jimmy Hayard, que faz um trabalho sem nenhuma criatividade, bastante medíocre.

Medíocre é também o roteiro desta adaptação, escrito por um trio de roteiristas que rechearam a trama de clichês e soluções vazias. Os personagens são rasos (com exceção de Jonah Hex – méritos de Brolin), como o vilão Quentin, interpretado por um John Malkovich sem brilho, cujas motivações nunca ficam claras. A mocinha, interpretada pela limitada Megan Fox, está na película só pela necessidade de uma presença feminina, pois sua participação é tão apagada quanto as cenas de ação do filme.


Talvez, se não tivesse um roteiro tão preguiçoso e uma direção tão desprovida de personalidade, Jonah Hex poderia, pelo menos divertir. Parece que misturar faroeste com alguns elementos modernos – estética típica do steampunk – não dá certo nos cinemas, vide o parecido e horrivelmente chato As Loucas Aventuras de James West, também produzido pela Warner...


Quem sabe, dentro de alguns anos, algum roteirista esperto construa uma trama realmente decente e digna de Jonah Hex. Até lá, temos que nos contentar com essa fraca obra, cheia de talentos desperdiçados.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Shaolin (2011)


Na lista de produções mais esperadas para o ano de 2011, Shaolin era uma das minhas grandes apostas. Para quem viu o espetacular trailer lançado durante o ano passado (assistam ao trailer aqui), era compreensível meu entusiasmo. Muitas cenas de ação, visual incrível e um elenco invejável prometiam um grande filme. Infelizmente, tudo isso ficou na promessa.


Talvez eu esteja sendo muito injusto. E isso é provável, afinal minhas expectativas estavam muito altas e, por isso, minha decepção foi grande.


A verdade é a seguinte: Shaolin entrega grandiosas cenas de ação, lutas incríveis e visual espetacular. Quando digo espetacular e incrível, é porque tais cenas estão no padrão blockbuster de Hollywood, não devendo em nada para um Transformers da vida ou, mais coerente com o filme em questão, O Último Samurai.



Além do visual incrível, tem-se belas atuações, especialmente de Andy Lau e Nicholas Tse, como os dois irmãos protagonistas do filme. E há a participação de Jackie Chan, um ator que gosto muito, num papel onde pouco se explora suas habilidades marciais, com um personagem mais denso e interessante que os tipos interpretados por ele em seus filmes ocidentais, onde ele ficou preso a um estereótipo (felizmente esquecido na refilmagem de Karate Kid).


Afinal, o que deu errado em Shaolin?


Busquei essa resposta durante alguns dias para escrever essa crítica. Depois de pensar bastante sobre o filme, cheguei a seguinte conclusão: o roteiro do filme é muito ruim. Sim, a culpa de eu não ter gostado de Shaolin reside em seu fraquíssimo roteiro, lotado de soluções fáceis e situações risíveis.



A trama de Shaolin centra-se, basicamente, na busca pelo poder entre irmãos, que resulta em muito sofrimento para a população chinesa. Esta busca abrigo e proteção das tropas reais nos arredores de um templo Shaolin. Basicamente, esta é a trama do filme, pois eu não quero dar spoilers...


O caso é que o roteiro apoia-se em seus primeiros trinta minutos nessa disputa de poder entre os irmãos. Após uma previsível reviravolta, o texto foca suas atenções sobre a morte de um determinado personagem, que influenciará na vida dos dois irmãos de maneira decisiva. Neste ponto, o filme decola, pois a interpretação de Andy Lau, bastante desesperado, é explosiva e convincente. E por fim temos o conflito entre os irmãos, num clímax literalmente explosivo, que se resolve de uma maneira óbvia e cômica por sua obviedade.


Sem falar nos outros eixos dramáticos que o roteiro busca, como a presença do colonizador ocidental, sempre malvado e oportunista, e o personagem que não confia em si mesmo e no fundo é muito forte. Enfim, são tipos e situações tão comuns e previsíveis que prejudicam o filme.



Contudo, repito que o filme é muito bonito, num aspecto puramente visual. Parece aqueles presentes com uma embalagem muito bonita que, quando abrimos, descobrimos ser uma meia ou um botão. O resultado é decepcionante.


Ao final da projeção, fica a forte impressão que este foi um filme dirigido por um daqueles vazios diretores de Hollywood, como Michael Bay que orquestra cenas de ação como ninguém, mas falha miseravelmente no quesito emoção. Shaolin se salva de ser um destes blockbusters bestas por ter um momento dramático muito interessante em seu desenrolar. Mas passa muito perto de ser uma película tão vazia como qualquer filme da franquia Piratas do Caribe, por exemplo.

sábado, 9 de julho de 2011

Fritz the Cat (1972)


Eu realmente não sei o que dizer sobre Fritz the Cat. Acho que a melhor maneira de descrevê-lo é como um excelente retrato de como foram os anos 60 ou, mais especificamente, a mentalidade da juventude naquela época, questionadora e revolucionária, representadas pelo sensacional Fritz, um gato universitário cheio de ideias, paixões e desejos. A vida de Fritz é um misto de protesto, sexo, drogas, mais sexo e música.


Este filme é obrigatório. Sério. Trata-se de uma animação cheia de cinismo e sacanagem, revolucionária em sua época de lançamento, sendo considerado o primeiro longa-metragem de animação pornográfico da história. Esta fama acompanha o filme até hoje, mas Fritz the Cat vai muito além disso: trata-se da representação fantástica de uma geração contestadora e atuante, cheia de energia para lutar pelo que acreditavam, ao contrário da apática juventude atual. Talvez, a exibição de filmes como Fritz the Cat pelos diretórios acadêmicos das universidades brasileiras pudesse trazer uma mensagem e uma reflexão para os jovens. Mas a maioria prefere curtir seu sertanejo universitário ou seu funk batidão.


Talvez, seja por isso que uma melancolia abateu sobre mim após o término do filme. Saber que você faz parte de uma geração apática, que engole todas as porcarias que jogam para nós, sem contestar, é algo deprimente. E quando é um filme que faz você levantar este tipo de questionamento, é de bom tom que qualquer cinéfilo corra atrás do mesmo para tirar suas conclusões e reflexões. Um filme que te convida de uma maneira tão efusiva a formar uma opinião precisa ser visto e revisto por todas as gerações.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme (Wall Street – Money Never Sleeps, 2010)


Em pouco tempo, creio eu, conseguirei realizar um trabalho mais compromissado e bacana com o Midnight Drive-In. Vocês sabem: fim de semestre, provas, disciplinas insistentes e vários fatores uniram-se numa conspiração contra as postagens do blog. Mas, como este espaço não é de lamúrias e sim de cinema (já não estávamos aguentando sua choradeira, Luca), vamos ao que interessa: filmes, filmes e filmes (apesar de que só falarei de um filme hoje, mas vamos lá!).


Sobre o último filme de Oliver Stone, Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme. Gostei bastante, apesar de achar o filme meio longo e com um ritmo bastante irregular. Sem falar na profusão de certos termos técnicos da bolsa de valores que podem deixar leigos (como eu) um pouco perdidos. Entretanto, com uma ótima seleção de elenco que incluem atores consagrados (Susan Sarandon, Frank Langella e Eli Wallach) com novos talentos (o xarope Shia LaBeouf e a maravilhosa Carey Mulligan), Wall Street se mantem muito bem como puro entretenimento.


E é óbvio que o filme só funciona pela presença do emblemático Gordon Gekko encarnado à perfeição por Michael Douglas. Pena que o tempo dele em tela seja relativamente curto. E não vamos esquecer-nos de Josh Brolin, que parece ter finalmente garantido seu espaço em Hollywood. Por fim, Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme é bom. E só.

sábado, 11 de junho de 2011

Caindo no Mundo (Cemetery Junction, 2010)


Bem adequado o título nacional desta excelente e desconhecida comédia inglesa do ano passado, lançada diretamente em nossas locadoras. A excelência do filme consiste no seu roteiro firme e interessante, típico das comédias inglesas. Ao mesmo tempo em que provoca risadas nos leva a uma profunda reflexão sobre a vida. E é por isso que sou um fã assumido de comédias inglesas. Elas fogem do óbvio...


No filme Caindo no Mundo, a coisa não é diferente: a obra possui um intenso diálogo emocional com o público. É claro que, por ser uma comédia, o filme garante algumas risadas. O roteiro apoia-se em personagens que, invariavelmente, estão ali para produzirem o humor. É o caso, por exemplo, a avó do personagem principal (Anne Reid) e do dono do bar (David Earl, extremamente engraçado). Outros personagens também garantem risos, mas são personagens mais dramáticas.



Basicamente, o tema do filme é sobre o destino. Acompanhamos três jovens que moram em Cemetery Junction. Os três cresceram juntos e agora que chegaram numa das curvas da vida (a saída da adolescência), eles tomarão rumos diferentes em suas histórias. Freddie quer escapar do marasmo da cidade; ele procura um empresário bem sucedido da região (Ralph Fiennes) e começa a vender seguros de vida pela cidade. Bruce é aquele cara que adora brigar, arranjar confusão e sonha em sair da cidade a todo custo, especialmente porque despreza seu pai alcoólatra. Snork é um jovem sem noção, tímido com as mulheres e alvo de gozações.

A história desses três jovens começa a sofrer uma virada quando chega à cidade a filha do tal magnata, Julie. A moça é amiga de Freddie e começa a alertá-lo sobre a efemeridade da vida, de uma maneira indireta, é claro. Após um fatídico baile da empresa de apólices, Freddie tomará uma decisão que irá mudar a vida dos quatro jovens.



Caindo no Mundo conta com um roteiro excelente de Ricky Gervais e Stephen Merchant, a dupla por trás de The Office. O script foge de muitos clichês e é bastante envolvente. A direção ficou por conta dessa dupla também e Gervais faz o papel do pai de Bruce.


No campo das interpretações, é seguro dizer que o elenco está inteiramente excelente. Desde os jovens (com destaque para o intérprete de Bruce – Tom Hughes) até os veteranos como Fiennes, Gervais e Emily Watson estão perfeitos.


Um elemento muito bacana de Caindo no Mundo é sua atmosfera retrô, pois a obra se passa justamente nos anos 70. Como eu li num outro blog, lembra bastante Life on Mars. Além dessa estética, o filme conta com uma trilha sonora magnífica: de Elton John até Led Zeppelin. Aliás, a música de Led Zeppelin é tocada na melhor cena do filme (trata-se da maravilhosa The Rain Song) e encaixa-se perfeitamente com a cena.

Sobre essa música, uma curiosidade interessante é que Gervais escreveu uma carta para a banda implorando para que pudesse usá-la no filme. Eles liberaram-na e Gervais comentou, numa entrevista para o The Guardian, que foi a coisa mais cara do filme.


E, além de toda diversão e primor técnico, Caindo no Mundo nos guarda uma mensagem muito poderosa sobre os rumos que nossas vidas podem tomar. É muito difícil olhar para trás e se arrepender de tudo. Os jovens de Cemetery Junction conseguiram olhar para frente e perceberem que não havia nada por lá, pois o futuro deles seria moldado no presente. Uma obra pouco comentada que merece ser conhecida urgentemente. Sem dúvida, um dos grandes filmes de 2010.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Trailer da Semana: World on a Wire (1973)

Devo confessar para vocês que nunca assisti (ainda) nenhum filme do prestigiado diretor Rainer Werner Fassbinder. Conheço o trabalho do homem e a fama de seus filmes. Mas, mesmo não tendo assistido nenhuma de suas obras, sei que uma notícia como o relançamento de um filme perdido do diretor alemão deve deixar qualquer cinéfilo bastante atento. O filme em questão é o sci-fi World on a Wire, considerado perdido até pouco tempo atrás. Agora, a película será relançada nos cinemas canadenses. Pode parecer bobeira, mas é necessário que vocês assistam o trailer abaixo para terem uma noção de como seria uma infelicidade se este filme continuasse perdido. Desde já, uma prioridade na minha extensa lista de filmes para assistir...


terça-feira, 7 de junho de 2011

Piratas do Caribe 4 - Navegando em Águas Misteriosas (Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides, 2011)


Não estava em meus planos assistir o novo Piratas do Caribe nos cinemas. Mas eis que sábado enchi os bolsos de Jerry Bruckheimer, simplesmente pela péssima distribuição de horários do cinema de minha cidade, que me impediu de assistir o novo X-men. Lamentações à parte, farei breves comentários sobre o filme que, de fato, assisti.


Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas é um filme bem razoável. Devo dizer, antes de tudo, que o capítulo 3 desta série foi o único filme na história de minha vida que conseguiu me fazer dormir numa sala de cinema. Então vocês podem imaginar como minhas expectativas estavam "altas" em relação a obra.


Entretanto, ao final de seus 136 minutos, percebi que a nova aventura do pirata Jack Sparrow é superior aos dois últimos filmes da série, o que, convenhamos, não é grande coisa. Neste quarto filme, tem-se a típica salada de referências, presente nos filmes anteriores, com muita ação. São cenas bem orquestradas, mas que não impressionam em momento algum.


Talvez, o maior crédito desta obra seja a escolha do elenco, que incluem os medalhões Johnny Deep e Geoffrey Rush – acostumados em seus papéis, apesar de seus personagens já se mostrarem nitidamente desgastados. O acréscimo de Penélope Cruz e Ian McShane se mostra interessante – e nada além disso.


Percebemos, por fim, que a franquia já está bastante desgastada. Este novo Piratas do Caribe é um triste retrato da falta de criatividade que assombra Hollywood, onde as continuações, remakes e adaptações imperam. Mas, até mesmo essa discussão se mostra clichê; se pelo menos os blockbusters fossem filmes que valessem um ingresso de cinema. Mas, como este Piratas do Caribe, a maioria dos filmes pipoca lançados são esquecíveis e bobos. Quero estar errado, neste ponto, quanto ao novo filme dos mutantes da Marvel.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A História de Ricky (Ricky-Oh, 1991)


Obrigatório para qualquer pessoa que aprecie o cinema trash, A História de Ricky é um verdadeiro clássico do gênero, que completa 20 anos de idade e permanece tão bom e melhor que muito filme lançado por aí. É claro que é um filme de público limitado, mais indicado para os fãs de cinema bagaceira ou para aqueles que querem se divertir com uma estória absurda regada pelo exagero. Quem tiver cabeça aberta poderá garantir uma sessão, no mínimo, divertida.


Acontece que desde o início do filme, quando o nosso herói Ricky chega à prisão e, ao passar pelo detector de metal, é barrado, pois ele tem algumas balas no corpo resultantes de um tiroteio (ele não as extraiu porque as guarda como lembrança da tal ocasião), A História de Ricky não se leva a sério. O único propósito do filme é nos divertir. E o filme consegue isso com folga.


O motivo pelo qual Ricky é preso é revelado lá pela metade da fita. Basta sabermos que ele será constantemente torturado pelo chefão da prisão, que incita outros presos, extremamente perigosos, a atacarem Ricky. E Ricky tem que lutar contra estes caras para sobreviver.



O problema é que Ricky descobrirá um segredo do diretor da prisão que despertará sua fúria, de tal forma que o filme culminará num desfecho ultraviolento, com muito sangue e violência, além de um improvável moedor de carne gigante!


Trata-se de um filme alucinante, recheado de cenas grotescas e muita porrada. Mas esqueça a beleza das artes marciais porque aqui cada soco decepa a parte do corpo de uma pessoa. Desde membros cruelmente dilacerados, olhos arrancados, intestinos extravasados – todo tipo de violência se faz presente em A História de Ricky, para a alegria dos fãs do cinema oriental gore. O exagero domina.


O bacana é que a estória aposta num maniqueísmo básico e que funciona perfeitamente para não distrair o público do diferencial da obra: o visual absurdo e brutal. Em certos momentos, o filme me lembrou o excepcional Ichi The Killer (leia a crítica aqui), mas sem toda a densidade e crítica que aquela obra carregava.


Mas não estou desmerecendo A História de Ricky, pois este filme é muito bacana mesmo. Em vários momentos eu fiquei rindo de todo o exagero que banhava meus olhos. É um filme realmente único que merece ser conhecido...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

The Maze (2010)


Gostaria de entender a cabeça de certos diretores e produtores. Para que levar uma obra adiante se o seu roteiro é uma porcaria completa? Para que continuar uma filmagem se os seus atores são extremamente ruins? Por que filmar um filme de terror absolutamente previsível e chato, cheio de clichês e com uma tentativa de reviravolta na trama tão patética que chega a dar pena? Enfim, são muitas as perguntas envolvendo o porquê de obras como The Maze existirem; infelizmente, elas estão por aí, e cabe a nós, cinéfilos, assisti-las e alertar os incautos da ruindade da fita.


The Maze (traduzindo: O Labirinto) é um filme de terror, do subgênero slasher (filmes onde se tem um maníaco assassino perseguindo e eliminando o elenco com doses acentuadas de violência). Quando bem feitos, os slasher nos trazem, pelo menos, diversão. A maioria, no entanto, se beneficia de um belo elenco feminino para compensar a falta de inteligência com moças em roupas mínimas. The Maze não consegue ser divertido e não traz o elemento nudez em seus arrastados 90 minutos de duração, tornando a obra numa enrolação incrível e aborrecida, sem mérito algum (a não ser, talvez, quando ela finalmente termina).


5 jovens resolvem entrar num milharal em forma de labirinto no meio de uma noite fria (pois é, deem um desconto para a falta de inteligência dos personagens, senão vocês simplesmente não irão assistir o filme). No labirinto mora um maluco com uma capa vermelha que irá matar cada um destes jovens com suas armas perfurantes e até uma pequena guilhotina artesanal (a única ideia interessante do filme, diga-se de passagem).


Bem, além da trama manjada e desinteressante, vamos falar do que me chamou a atenção negativamente: o visual do assassino é bastante questionável. Tudo bem que na capa do dvd, o vermelho da capa do maníaco com o milharal amarelado criou um efeito bacana. Contudo, no filme em si, o visual é meio ridículo, pois escolheram um ator fraco e magrelo para ser o bandido, parecendo, em muitos momentos, uma criança com capa de chuva em época de carnaval.


Voltando à previsibilidade da película, devo dizer que, para os acostumados com filmes do gênero, será muito fácil descobrir a ordem de mortes dos personagens. Isso sem falar na já comentada tentativa de reviravolta após uma hora de projeção, que tenta soar ímpar e inteligente, mas só consegue ser forçada e boba.


The Maze é também adepto da irritante mania de assustar pelo aumento súbito de sua trilha incidental (muito medíocre, por sinal), recurso utilizado amplamente por realizadores que não conseguem criar o mínimo de suspense com seus atores e com o roteiro que tinha em mãos. Ah! E como esquecer as cenas de morte que não conseguem nem ao menos transmitir agonia para o pobre expectador?

Em The Maze nada funciona. Não consigo imaginar um motivo sequer para indica-lo a qualquer pessoa. Talvez, durante uma maratona de filmes de terror que você vá fazer com seus amigos, The Maze sirva como aquele filme que quebra a tensão – um filme para se deixar rodando no dvd player enquanto o riso e a conversa rolam soltos sobre um filmaço que vocês viram antes. Porque um filme como The Maze não merece ser visto por ninguém, de verdade. Que continue inédito no Brasil!

O que The Maze quer ser quando crescer?


sábado, 14 de maio de 2011

Em Um Mundo Melhor (In a Better World/Haeven 2010)


O vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro da última edição do prêmio põe no chinelo os outros dez indicados a premiação de melhor filme. Sem brincadeira: o dinamarquês Em Um Mundo Melhor é um drama espetacular que, além de suas proezas cinematográficas, carrega consigo uma mensagem pertinente e relevante para o público.


Numa análise superficial, o filme trata sobre um assunto em voga: o bullying nas escolas. Entretanto, a diretora Susanne Bier foca suas lentes não só sobre a violência nas escolas, mas também em todos os ambientes possíveis e com todas as pessoas que o roteiro acompanha. O centro do turbilhão é o médico Anton (Mikael Persbrandt), um homem que se vê acompanhado pela sombra da maldade, tanto na África, onde trabalha, quanto com seu filho que sofre na mão dos colegas de escola.

Em Um Mundo Melhor ainda conta com a presença do interessante personagem Christian (William J. Nielsen), um jovem que defende o filho do médico dos outros colegas de uma maneira violenta e implacável, mostrando-se como o verdadeiro protótipo de um psicopata. E mesmo assim, nos compadecemos pelo personagem – uma maravilha atingida pela excelente interpretação do jovem ator e o roteiro explêndido.



O que mais me agradou foi a sensação de relevância passada durante a projeção. É fato que a obra sobrevive (e muito bem!) como manifestação artística. A densa estória apresentada parece ser tão plausível no mundo em que vivemos atualmente, onde, praticamente todo dia, somos expostos à situações que envolvem a violência e nós, que nos chamamos de racionais, agimos como animais egoístas.


Além da bela fotografia e elenco afiado, Em Um Mundo Melhor conta com roteiro preciso e uma direção eficiente da diretora Susanne Bier.


A verdade é que Em Um Mundo Melhor é uma obra humanista. Mesmo com toda a violação que transborda na vida dos seus personagens, o final da obra é otimista o suficiente para ainda acreditar nos homens, mesmo estes sendo imperfeitos e tão falhos. Ainda haverá uma centelha de decência e humanidade em nós. É possível existirem finais felizes. É como o personagem autodidata do livro A Náusea, de Sartre, dizia: "Há os homens!". E Susanne Bier afirma, após o fim da projeção: "Há os homens!". E eu concordo. E só por me convencer de que pode existir humanidade entre os homens, este filme já figura entre os melhores do ano.

domingo, 8 de maio de 2011

Assassino à Preço Fixo (The Mechanic, 2011)


É interessante notar como nós, blogueiros, ás vezes passamos por momentos de crise criativa. Creio que boa parte dessa sensação vem quando passamos a assistir um filme sentindo a obrigação de escrever sobre o mesmo depois. Quando a atualização do blog torna-se uma atividade burocrática, a produção de textos se torna um fardo e o blog fica meio abandonado.

Recentemente, passei por um momento destes. A verdade é que me sinto muito melhor agora para produzir textos mais competentes e bacanas, textos relevantes. E vejo que uma pequena crítica sobre Assassino à Preço Fixo é ideal para a minha atual situação.

Escrevo isso porque Assassino à Preço Fixo é um filme de ação extremamente burocrático e sem graça, que tinha potencial para se tornar, pelo menos, um ótimo filme de ação.

No lugar dessa promessa, ficamos com um exemplar bastante medíocre, que não nos cativa em nenhum momento. Reuniu-se um elenco competente e um diretor razoável (que de vez em quando acerta) em torno da refilmagem de um filme do saudoso Charles Bronson. Poderia ter dado certo, mas todos os excessos de um filme de ação hollywoodiano foram reunidos aqui, numa produção barulhenta e vazia, sem o menor impacto que poderia ter causado sobre o público.


Uma pena, pois é triste vermos Jason Statham sendo desperdiçado, pois o cara tem muito carisma e talento para as cenas de ação. Aqui ele interpreta um assassino profissional bastante competente, que acabará treinando o filho de seu tutor (Ben Foster), que se mostrará um rapaz impetuoso, mas com futuro no ramo dos assassinatos.

O meu problema não é nem com seu roteiro trivial, mas sim com a maneira como o diretor Simon West conduz a estória. No início, o filme começa com estilo, uma narração em off bacana, mostrando a organização do personagem principal e alguns aspectos psicológicos do mesmo. Após, mais ou menos, meia hora de projeção, o filme amontoa cenas de ação e uma trama arranjada às pressas de uma vítima importante para o assassino – enfim, o filme parece ser bastante atropelado de sua metade para o final.

Foster e Statham até seguram bem o filme, mas não adianta se o diretor e a edição da obra destroem qualquer aspecto positivo da atuação de ambos. Me pergunto: para que mostrar uma cena de luta em que mal podemos ver os movimentos do ator principal? Para que montar sequências que mais parecem videoclipes ruins passados no top 10 da MTV? Para que criar cenas de ação que destroem completamente o clima de realismo que o diretor tentou imprimir no início da obra? Pois é, também não entendo.


Em certos momentos, a obra lembra aquelas produções de ação lançadas diretamente para a televisão, cheias de maneirismos visuais e com uma edição toda picotada, em que mal podemos entender como se passa a cena de luta, tamanho o nervosismo da câmera...

Sabendo da existência de uma versão original deste filme, terei que correr atrás da mesma para assistí-la. Contudo, é praticamente certeza que o original dará um banho nesta versão anabolizada para o século XXI. Melhor sorte da próxima vez Statham!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Um Dia de Cão (Dog Day Afternoon, 1975)


Um Dia de Cão começa de uma maneira incrivelmente tensa. Tudo que poderia dar errado num assalto a banco acontece com Sonny e Sal (Al Pacino e John Cazale, respectivamente), dois ladrões que são abandonados pelo terceiro comparsa, rendem um número bem maior de reféns e acabam despertando a atenção de transeuntes, o que ocasiona na rápida chegada da polícia ao local. O banco é cercado e os dois comparsas são obrigados a sustentar uma situação impossível para tentarem escapar da polícia. As negociações são tensas e você chega a acreditar que o impossível ocorrerá, mas em seu epílogo somos brutalmente surpreendidos pela realidade. E, como o pôster do filme já afirmava, o resto virou história.


Trata-se de um filme sobre um acontecimento extraordinário, que mudou por uma tarde a cidade de New York. Sonny tornou-se um herói para o povo durante uma tarde após sair do banco gritando "Attica! Attica!" – uma referência à rebelião ocorrida no presídio de Attica, em New York, que culminou na morte de 39 pessoas. Sonny pensava ter o controle da situação, cativando uma multidão de curiosos. Mas ele, bastante ingênuo, não percebeu que desde o momento que a polícia cercou o banco ele não tinha mais o controle da situação.



Acredito, aliás, que ingenuidade é a palavra que define Sonny e Sal. Na excelente atuação de Al Pacino, Sonny é um sujeito em ebulição, carismático; contudo, sua energia vai sendo apagada aos poucos, quando ele percebe que a situação em que se meteu foi a troco de nada. No terço final da obra ele diz que "está morrendo aos poucos". Isto é um fato, pois a medida que o tempo passa, a situação vai se esgotando, principalmente após a chegada do agente do FBI, Sheldon (James Broderick), que substitui o estabanado condutor das negociações, o detetive Moretti (Charles Durning). E a atuação de Pacino é precisa, pois vemos a exaustão e o desgaste que toma conta dele ao desenrolar da história. Sonny percebe, aos poucos, que não haverá volta para o que eles fizeram.


Já Sal é ingênuo, ignorante, fanático e, por tudo isso, perigoso. Logo no início da obra ele afirma a Sonny que está pronto para ir até o fim e, se precisar, matará os reféns, Vejo Sal como uma pessoa fácil de manobrar ideologicamente, disposto a fazer maldades se convencida a fazer isto, mas que não possui livre arbítrio algum. Por isso, chamo o personagem de ingênuo. E a interpretação de John Cazale é ótima também, pois desde sua postura corporal até seu visual passam várias impressões de seu personagem.


E nesse ponto devemos analisar a fantástica direção do mestre Sidney Lumet. O sentimento de tensão passado é perfeito – sentimos o nervosismo dos ladrões durante o tempo todo. Sem falar em como são traçados profundos perfis psicológicos de seus personagens com tão pouco. É claro que os excelentes atores escolhidos fizeram a diferença, mas o crédito por passar parte da carga emocional dos atores recai sobre Lumet. Sem falar nas cenas maravilhosas no interior do banco, tomadas em que Lumet mostrou seu domínio em lugares fechados (como mostrou no insuperável 12 Homens e uma Sentença).



Uma saborosa informação em torno de Um Dia de Cão é que o filme foi feito quase que inteiramente no improviso quanto aos seus diálogos. Cenas marcantes como Al Pacino gritando "Attica!", a conversa entre Al Pacino e seu amante (numa interpretação fenomenal de Chris Sarandon) e a resposta de Sal quando Sonny lhe pergunta para qual país ele gostaria de ir foram todas realizadas no improviso.


Mais uma curiosidade interessante é a participação de um jovem Lance Henriksen como um agente do FBI. Henriksen participou dos testes para o papel de Chris Sarandon, mas não foi escolhido para este papel.

Seu final frustrante é uma mostra de como a vida é realmente. Um dia de Cão é um verdadeiro patrimônio cinematográfico, um filme que pode ser chamado de perfeito. Apesar de não ter gostado muito do epílogo, creio que ele representa exatamente o que Sidney Lumet queria nos mostrar: existem momentos únicos na vida que, por mais incríveis que possam parecer, eles passam e a vida continua a revelia do destino de seus personagens principais.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Serpico (1973)


Com a morte do grande cineasta Sidney Lumet resolvi visitar alguns clássicos de sua respeitável filmografia. Por isso, não estranhem se nos próximos dias vocês virem várias críticas de filmes de Lumet no Midnight Drive-In.


Comecemos esta pequena jornada com o filmaço policial Serpico, sobre um tira honesto em New York que denuncia um esquema corrupto envolvendo colegas policiais. E, obviamente, o policial Frank Serpico (numa atuação excelente de Al Pacino) sofrerá várias consequências por ser aquele quem denuncia os desvios de seus semelhantes.



Trata-se de um filme com uma temática muito poderosa. E demorou muito para eu compreender as motivações de Serpico para que ele se expusesse tanto diante de seus colegas policiais. Existiriam homens dispostos a sacrificarem suas vidas em nome do que é justo? Serpico torna-se um mártir ao longo da projeção, mesmo que de maneira involuntária. Ele é o sujeito que sempre sonhou em ser policial e, quando entrou na corporação e viu a podridão que a cercava, resolveu denunciar os policiais corruptos e o descaso de seus superiores em investigar os tiras sujos.


Esse esplêndido dilema moral persegue Serpico durante o filme inteiro. E Sidney Lumet expressa isto com maestria, junto, claro, da atuação muito boa de Al Pacino – um homem que tenta lutar contra um sistema desonesto. A trilha sonora, bastante dramática, fica em sintonia com o tom da obra.


É interessante reparar em como os filmes de Lumet possuem uma carga moral sempre intensa. A única obra que eu tinha assistido dele (12 Homens e Uma Sentença) e Serpico são semelhantes no que diz respeito a busca por justiça de seus personagens principais. Em 12 Homens, Henry Fonda procura fazer o julgamento justo como um jurado num caso de assassinato; Serpico procura fazer um bom trabalho como policial, de maneira honesta e digna.



Serpico (o filme) contém várias cenas interessantes. Filmado em New York, o filme tem um clima de policial urbano e decadente muito condizente com o espírito da obra. Entre os momentos mais marcantes, temos o momento em que Serpico irá prender um agiota que é amigo dos policiais sujos, a cena em que ele é baleado e a cena do hospital, em seu epílogo, quando Al Pacino mostra porque é um dos melhores atores de todos os tempos.


Sidney Lumet nos apresentou, enfim, um filme policial muito bom, com um intenso diálogo moral. Apesar de não ser um filme superpremiado (coisa que, no final das contas, não significa nada), Serpico é um dos clássicos do cinema norte-americano. Muito bom mesmo.

Red - Aposentados e Perigosos (Red, 2010)


Posso contar nos dedos de uma das mãos o número de vezes que fui ao cinema durante o ano passado. E, de todos os filmes do ano passado, afirmo, com folga, que Red foi o que mais me surpreendeu e me divertiu.


E como é bom quando somos surpreendidos pelas qualidades de um filme! É justo e correto afirmar que Red não traz absolutamente nenhuma novidade para o mundo do cinema. Todavia, Red apresenta um elemento raro nas superproduções hollywoodianas: um elenco perfeito e em total sintonia com o espírito da obra.


Incrível como o grupo de atores escolhidos faz seu trabalho incrivelmente bem, sem excessos ou canastrice, numa obra que poderia dar margem a estes defeitos. A estória é muito simples, sobre ex-agentes da inteligência americana que, após terem se aposentado, são ameaçados de morte em razão de um segredo de um político americano do alto-escalão.


Todos estão muitíssimo bem, mas gostaria de destacar Karl Urban, que é dos melhores atores de sua geração. Aqui, ele consegue criar simpatia num personagem que, inicialmente, sentimos raiva. Mary-Louise Park também está uma graça como a mocinha do filme.


O restante do elenco desempenha seus papeis com perfeição. Bruce Willis reprisa, de maneira eficiente, o papel de cara durão; Helen Mirren esbanja charme como uma assassina cheia de classe; Morgan Freeman é o experiente e gaiato assassino; John Malkovich é o matador pirado e paranoico; Brian Cox e Richard Dreyfuss completam esse timaço de atores. Ah! E como se esquecer de Ernest Borgnine como o guardião dos arquivos da CIA.


Red é um dos filmes mais divertidos que eu já assisti. Um exemplo perfeito de como um filme-pipoca deve ser: divertido, descompromissado e bem feito. Sem dúvida, uma surpresa muito agradável.

domingo, 17 de abril de 2011

Cisne Negro (Black Swan, 2010)


Até, mais ou menos, a metade do filme, estava achando Cisne Negro tão morno quanto sua protagonista Nina (Natalie Portman), uma inocente bailarina que ganha o papel principal na peça O Lago dos Cisnes. A moça é perfeita para ser a Rainha dos Cisnes, porém como Cisne Negro a moça não convence. E à medida que ela mergulha mais fundo em busca de seu próprio lado negro, embarcaremos num espiral de loucura, medo e tensão magistralmente filmados por Darren Aronofsky e personificados intensamente por Natalie Portman.


Não pretendo fazer uma resenha longa, pois Cisne Negro já foi exaustivamente analisado em toda blogosfera. Devo dizer que se trata de um trabalho realmente diferenciado, mas como mencionei anteriormente, que realmente decola em seu epílogo, no momento da apresentação d'O Lago dos Cisnes.


Fato é que certas pessoas precisam de um gatilho para a loucura tomar conta de suas vidas e Nina encontra seu gatilho nas pressões do diretor de balé (Vincent Cassel, que está excelente) e na inveja de suas colegas bailarinas (encabeçadas por Mila Kunis). Nina consegue atingir o seu lado negro, mas a que custo? Creio que esta é, afinal, a grande mensagem do filme: a loucura só precisa de um estímulo para tomar conta da vida de uma pessoa.


Cisne Negro é um grande filme, cheio de tensão e beleza. Não é, de forma alguma, o melhor filme de Aronofsky, mas trata-se de uma sólida realização numa carreira esplêndida. Sem dúvida, Aronofsky é um dos grandes!

sábado, 9 de abril de 2011

O Turista (The Tourist, 2010)


Um filme formidável. O Turista parece ter saído das páginas de um livro de um bom livro de espionagem, com sua trama envolvente e ritmo agradável. A estória é contada pelo diretor Florian Henckel von Donnersmarck sem solavancos, com tomadas belas e fotografia perfeita, tendo como pano de fundo Veneza. O casal Angelina Jolie e Johnny Depp desempenham seus papeis com segurança, revelando uma química surpreendente e crível entre os dois.


O filme tramita entre o assumido thriller de espionagem com pitadas de humor, me lembrando, em alguns momentos, o sensacional e superior A Casa da Rússia. Aqui, os agentes da inteligência são tratados com uma comicidade discreta, simbolizados, especialmente, pelo estabanado agente vivido por Paul Bettany.


Não temos desempenhos memoráveis ou um final surpreendente (pelo menos para mim...). O que O Turista nos reserva é uma estória bem contada aliada a uma produção requintada e uma direção segura e cheio de estilo. Para alguns isto é pouco, mas dada as últimas safras hollywoodianas, um filme com estes elementos positivos já bastam para mim.

In Memorian: Sidney Lumet (1924-2011)

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Apocalipse Now (Apocalypse Now, 1979)


Difícil escapar do clichê quando se pretende falar sobre um filme tão cultuado e analisado como Apocalypse Now. Provavelmente, o exemplar mais delirante sobre o horror da guerra, a obra de Francis Ford Coppola tornou-se uma lenda no mundo cinematográfico pelas dificuldades enfrentadas durante sua produção. Orçamento estourado, prazos desrespeitados, problemas com os atores (o famoso descaso de Marlon Brando com a obra) e inúmeros reveses pontuaram o filme, de tal maneira que estes foram refletidos para o filme, tornando Apocalypse Now num filme exaustivo e, em alguns momentos, genial.

Trata-se de um filme carregado, por vezes incompreensível e alucinado. Não há como negar: a obra é, de fato, um clássico. Entretanto, Apocalypse Now justifica um bordão famoso de maneira adequada: às vezes, menos é mais...

Apocalipse reflete perfeitamente a geração dos anos 70, a energia, ainda latente, dos movimentos estudantis contra a guerra, aliada ao auge do consumo de drogas lisérgicas, vindas dos anos 60.

Existe uma mensagem muito clara em Apocalipse Now, mas esta chega de maneira simbólica e, por vezes, incompreensível. Como explicar, por exemplo, o epílogo, quando Willard (Martin Sheen) finalmente encontra o coronel Kurtz (Brando), numa espécie de reino encravado na floresta – esta parte da obra soa, inicialmente, deslocada e estranha. Mas por se tratar de uma guerra tão sem sentido, como foi o Vietnã, é natural que uma loucura como esta desfile pela tela.

E é interessante ver como Apocalipse Now constrói e desconstrói o gênero de guerra neste filme. Impossível esquecer o ataque de helicópteros ao som da Cavalgada das Valquírias, uma das cenas mais marcantes da história do cinema; ela mostra a face óbvia deste filme, a guerra e sua grandiosidade/destruição. E boa parte do filme foca suas lentes sobre as pessoas que participam da batalha: jovens tolos, loucos, homens medrosos e pessoas que perderam sua fé na própria vida (que é o caso do capitão Willard). Pensava-se que guerras eram feitas com homens bravos, mas como sustentar esta tese após a cena em que um barco de civis é metralhado por soldados americanos...

E é por momentos de intensa análise emocional como este que considerei Apocalipse Now um grande filme, um marco. E o filme segue bem até o seu final. O fim da busca de Willard por Kurtz representa o ápice da incompreensão ante esta guerra. Kurtz é considerado um lunático pelos oficiais americanos, mas estes não seriam loucos também por aceitarem o sacrifício de vidas numa luta sem sentido?

Falando nos aspectos mais óbvios do filme, o clímax marca a decepção de minha parte quanto a presença de Marlon Brando, que soa deslocada e desleixada. Uma atuação, francamente, medíocre, considerando a carreira deste grande astro.

Assim, Apocalipse Now projeta-se como uma das obras mais poderosas já criadas por um diretor. Contudo, ela poderia ser um pouco mais acessível, para nós, seres mortais, que muitas vezes só querem assistir algo que possamos compreender. Mas, pensando bem, como entendermos algo tão atroz e vergonhoso como a Guerra do Vietnã? Não tem explicação...

domingo, 3 de abril de 2011

Tiras em Apuros (Cop Out, 2010)


Quando se reúnem vários talentos num mesmo projeto, é natural que as expectativas sobre o mesmo sejam muito altas. No caso de Tiras em Apuros, uniram-se um diretor/roteirista muito talentoso, exímio criador de diálogos engraçados e inteligentes (Kevin Smith), e um grande astro de filmes de ação (Bruce Willis) para fazerem, juntos, um filme de dupla policial. O resultado é um filme divertido, com boas ideias e algumas atuações ótimas, mas que fica aquém do esperado devido os nomes envolvidos na obra.


Mas, na contramão das inúmeras críticas negativas, eu afirmo que o filme é bem legalzinho e me agradou bastante durante sua projeção. A começar por sua trama inusitada que envolve a dupla policial (Willis e o comediante Tracy Morgan) em busca de uma figurinha rara de colecionador, daqueles cards com um jogador de baseball. Eles acabam se envolvendo com um bandidão latino que adora baseball (Juan Carlos Hernández) e que está relacionado com uma série de assassinatos.

Tiras em Apuros segue a cartilha dos filmes de dupla policial, mas falha no elemento principal dos filmes do gênero: a dupla não tem entrosamento. Willis e Morgan não possuem sintonia alguma e não soam críveis como parceiros. Difícil dizer de quem é a culpa, mas acho que ela recai no roteiro, pois há poucas cenas em que você acredita numa amizade entre os dois policiais.


Mas isso não significa que os protagonistas estejam ruins. Willis não se destaca, mas Tracy Morgan está muito engraçado, especialmente nas cenas em que ele aparece sozinho (como no início do filme, quando ele arranca a confissão de um sujeito). O filme ainda traz
Kevin Pollak e Adam Brody como outra dupla policial (que em certos momentos é mais engraçada que a dupla principal) e um Seann William Scott simplesmente hilário como um bandido pé-de-chinelo que tem a mania irritante de repetir o que os outros falam; ele é o dono das melhores cenas do filme, principalmente aquela em que ele irrita Tracy Morgan no carro.



É interessante ver que este é o primeiro filme dirigido por Kevin Smith que ele não escreveu. E a maior falha de Tiras em Apuros é seu roteiro mediano, com várias boas ideias que resultariam num ótimo filme, se fossem sustentadas por uma base mais eficiente. Os personagens principais poderiam ser mais bem construídos, assim como a relação entre eles, tornando a estória mais crível e envolvente. É nessas horas que você percebe como Shane Black (roteirista de Máquina Mortífera e outros filmes de duplas policiais) é um mestre do gênero. O mais intrigante é que este roteiro estava na Black List de 2008 (lista dos melhores roteiros não produzidos daquele ano).


Mas, mesmo entre inúmeros erros e acertos, Tiras em Apuros ainda me divertiu, principalmente pelas suas boas ideias e por eu adorar filmes de dupla policial. Poderia ser bem mais legal, mas ainda diverte pra caramba.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Trailer da Semana: The Disco Exorcist (2010)

Num dia de notícias bacanas para cinéfilos brasileiros amantes do cinema de horror (refiro-me à vinda do grande diretor italiano Lamberto Bava para o Fantaspoa deste ano!!), nada melhor do que um bom trailer do gênero para nos deixar na expectativa de assistir, futuramente, a um bom filme de horror. Neste caso, não sei se podemos chamar The Disco Exorcist de terror, pois só este nome me provoca risos; contudo, mesmo não provocando espécie alguma de susto, o trailer de The Disco Exorcist causa um sentimento de nostalgia para os amantes de filmes B e exploitations. E, segundo alguns sites gringos, o filme até provoca medo em alguns momentos... Enfim, se te assusta ou não, é só dar um play aqui embaixo para você tirar uma conclusão. Uma coisa é certa: a crítica dele será devidamente postada, em breve, aqui.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Sucker Punch (2011)


No dia de hoje eu senti uma necessidade imensa de correr para uma sala de cinema para esquecer minhas aflições e problemas do cotidiano. Enfim, queria mergulhar em algum universo onírico e maravilhoso, assim como a protagonista de Sucker Punch, a bela Baby Doll (Emily Browning), faz para esquecer a triste realidade que a cerca.


Baby Doll acaba de perder a mãe e seu padrasto não é um bom sujeito. O homem tenta violentar Baby e sua irmã, resultando na morte da irmã e na injusta acusação de Baby como assassina de sua própria irmãzinha por instabilidade psicológica. A menina acaba sendo internada num hospício onde sofrerá o processo de lobotomia em 5 dias.


A estória sofre uma guinada neste momento e somos introduzidos a um novo universo, com as mesmas pessoas, mas num ambiente diferente. Ao invés de um hospício, temos um bar cabaret/prostíbulo onde as pacientes tornaram-se dançarinas sensuais e Baby Doll resolve fugir com mais quatro garotas dançarinas. E esta fuga envolverá muito perigo e imaginação.



Pois é: bem complicado escrever uma sinopse sem revelar todas as surpresas e nuances da nova obra de Zack Snyder. O estilo de sua direção, com músicas consagradas "dialogando" com as cenas, tomadas visualmente únicas de cenas de ação e um visual muito belo e apurado se faz presente. Apesar de muitos criticarem, eu até gosto do trabalho de Snyder atrás das câmeras, mas não há como negar que este diretor não possui o tato em cenas sentimentais, substituindo esta deficiência com músicas consagradas; neste caso, temos desde Eurythmics (cuja canção Sweet Dreams é cantada por Browning) até Jefferson Airplane, que melhor expressam os sentimentos de seus personagens.


Sobre as cenas de ação, devo dizer que elas são eficientes, mas algumas delas (mais especificamente o encontro de Baby com alguns samurais anabolizados) não funcionam, parecendo fases de videogame. Mas em outras cenas, como a sequência nas trincheiras e no trem funcionam extremamente bem.


Gostei bastante da escolha de elenco em Sucker Punch. Afinal, não é sempre que vemos cinco belas moças sendo protagonistas de uma obra de ação e chutando os traseiros de monstros com máscaras de gás e dragões furiosos. Tal elenco foi bem escolhido, apesar de existirem alguns momentos de inexpressividade de Browning. Têm-se, ainda, as ilustres presenças de Carla Gugino (irreconhecível, diga-se de passagem) e o bom e velho Scott Glenn. O vilão ficou para o (ainda) desconhecido ator guatemalteco Oscar Isaac, que fez um ótimo trabalho aqui.


Das cinco moças, o maior destaque vai para Jena Malone, que dá um show interpretando a desesperada Rocket. As outras moças fazem bem seus papéis, mas não há destaques maiores.



Apesar das cenas mirabolantes de ação, Snyder tem uma espécie de "desculpa" para que elas estejam ali, misturando cultura oriental (espadas e samurais), lendas medievais (dragões e castelos) e estética steampunk (com direito a zepelins e máscara de gases). Essa mistura tem justificativa por se tratar da imaginação de Baby Doll, a maior arma que ela tem contra todos os assédios e injustiças que sofre.


Snyder criou um universo único e interessante. O que eu gostei foi este compromisso em criar uma obra para se mergulhar de cabeça durante sua projeção, e fazemos isto junto de Baby Doll. Apesar das impiedosas críticas e da bilheteria tímida, recomendo Sucker Punch, por se tratar de uma estória original, bastante envolvente e com um visual, no mínimo, interessante. Bom entretenimento com suas falhas e acertos, mas, ainda assim, bom entretenimento.