quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Isaac Babel e a criação do King Kong


Isaac Babel e Merian Caldwell Cooper

Recentemente terminei um fabuloso livro chamado Os Possessos. A autora, Elif Batuman, divide, ao longo de pouco mais de trezentas páginas, suas pesquisas e aventuras  diante de sua linha de estudo: a literatura russa. Um dos capítulos discorre sobre Isaac Babel, escritor russo, morto em 1940, autor de A Cavalaria Vermelha e outras obras hoje consagradas, incluindo um diário com as recordações do autor entre os anos de 1919-1920, durante a Guerra Polaco-Soviética, em que atuou como membro da cavalaria cossaco, relatando a crueldade dos revolucionários comunistas.

Uma das melhores leituras do ano
Durante as pesquisas da autora, ela menciona um dos seus trechos favoritos do tal diário: a captura de um piloto americano, chamado Frank Mosher, que foi interrogado pelo próprio Isaac Babel. Segue um trecho do diário:

"Um piloto americano recém-abatido, de pés descalços, mas elegante, o pescoço como uma coluna, dentes impressionantemente brancos, o uniforme coberto de óleo e terra. Ele me pergunta preocupado: Será que talvez cometi um crime ao lutar contra a Rússia soviética?"

O que torna esse excerto muito mais interessante é que o senhor Frank Mosher é o pseudônimo de Merian Caldwell Cooper - futuro criado e produtor do clássico King Kong. No ano de 1919, Cooper se juntou a outros nove pilotos americanos no esquadrão aéreo Kosciuszko, unidade da Força Aérea Polonesa, para combater a União Soviética, com o pseudônimo supracitado. Seu avião foi abatido no dia 13 de julho de 1920 e, tendo sido rodeado por soldados soviéticos, teve sua vida polpada por "um bolchevique inominado que falava inglês". O registro do diário de Babel, citado no parágrafo acima, data do dia 14 de julho de 1920.



No ano de 1923, Merian Cooper se voltou para o cinema, mas foi só em 1931 que ele iniciou os trabalhos com King Kong, hoje um clássico absoluto do cinema. Na famosíssima cena do Empire State Building, Cooper é um dos pilotos que aparecem na cena- reflexo de suas experiencias como aeronauta em tempos de guerra. 

Um dos filmes produzidos por Cooper foi "Zaroff: O Caçador de Vidas", cujo vilão é um general cossaco de cavalaria que caça marinheiros naufragados por esporte, interpretado por Leslie Banks. Ainda no elenco estavam Fay Wray e Robert Armstrong que também estrelariam King Kong. 

Babel, infelizmente, não teve um final de vida feliz. Foi perseguido durante o terror Stalinista e acusado falsamente de espionagem e executado por um pelotão de fuzilamento em Lubianka, no dia 26 de Janeiro de 1940. Já Cooper teve uma longa carreira em Hollywood e ganhou um Oscar Honorário em 1953. Morreria 20 anos depois, 1 dia após a morte do ator Robert Armstrong, com quem trabalhara ao longo da carreira. 

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Parasita (Gisaengchung, 2019)


Precisamos fazer uma interrupção referente aos filmes assistidos durante a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo para comentar sobre o arrebatador vencedor da Palma de Ouro deste ano, que também foi exibido durante o festival mas eu só o conferi recentemente: Parasita, dirigido pelo mestre sul-coreano Bong Joon Ho.

Este é um daqueles filmes que quanto menos se souber de seu enredo, mais prazerosa a experiência será. Acompanhamos uma família pobretona que, por meio de golpes e estratagemas, se infiltra na vida de uma família rica, tal qual parasitas invadindo seus hospedeiros. O parasitismo é uma metáfora fortíssima ilustrada de maneira magistral pelo diretor durante toda a exibição, em cenas intrigantes e lindamente filmadas, como a fuga de alguns personagens durante a chuva, evacuando do lugar invadido ("o hospedeiro") e, tal qual uma descarga, seguindo o fluxo da chuva torrencial até um ralo, representado pelo bairro pobre onde vivem. É uma imagem fortíssima e simplesmente fenomenal.

O sentimento de asco parece cercar o filme inteiro e Bong Joon Ho escolhe o sentido mais difícil de se representar no cinema (o olfato) para escancarar a distância que se forma entre as pessoas, por causa de suas camadas sociais. Esse tipo de crítica poderia cair, tranquilamente, num formato panfletário e vulgar sobre luta de classes, mas Bong Joon Ho foge deste tipo de armadilha com habilidade, ao mostrar que todos os seus personagens, mesmo com algumas diferenças materiais, ainda são humanos e, de uma maneira até cruel, iguais entre si, especialmente em seus vícios e baixezas. 



É semelhante, nesse sentido, com o espetacular e recente Coringa (vai rolar resenha, em breve), que também pincela a problemática social, mas aprofunda a discussão tal qual ela deveria ser sempre aprofundada, analisando as naturezas individuais de seus personagens. Não há espaço, em ambos os filmes, para se definir vilões ou mocinhos, pois todos somos muito mais complexos do que qualquer rótulo. A família de golpista de PARASITA nos desperta raiva, pena e simpatia. A família rica desperta pena, simpatia e raiva. 

Outro ponto de crítica muito interessante é a relação com a tecnologia. As cenas envolvendo celulares, como o início do filme mostrando os filhos do casal pobre tentando captar um sinal de "Wi-fi" ou a briga por um aparelho eletrônico, lá pela metade da obra, possuem um tom cartunesco perfeito para assegurar o quão insignificante essas coisas são frente a natureza do homem. Nada é mais intrigante do que o próprio ser humano e seus mistérios - suas ações e reações.

O elenco inteiro é perfeito, principalmente os quatro elementos da família pobre, mas o grande destaque é Kang-ho Song, interpretando o pai desta família. Em alguns momentos ele soa infantil, inocente, sagaz, escroto, algoz e vítima. Porém, acima de qualquer julgamento, ele ainda é um pai de família cuja preocupação principal é sua família e, mesmo diante de uma ação repugnante ou patética, há humanidade nele. Atuação irretocável e perfeita.

PARASITA é um dos grandes filmes deste ano, sem a menor dúvida, além de uma escolha maravilhosa como vencedor da Palma de Ouro. Um conto de humor negro, drama, suspense e horror, sem gênero definido, comandado por um diretor que já provou ser um dos grandes nomes da atualidade. Se não fosse pelo filme do Coringa, certamente seria o meu favorito do ano (pelo menos até agora).  

Parasite (2019) - Movie Stills











segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Mr Jones (2019)


Eu fiquei muito surpreso ao final da sessão de MR JONES, mais recente filme da diretora polonesa Agniezka Holland. Confesso, aliás, que eu nem sabia que o filme era dela quando decidimos (eu e minha irmã) encarar mais uma sessão da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Com o início dos créditos, me surpreendi com o nome dela encabeçando a obra e fiquei pensando a respeito disso.

O motivo dessa consternação é que eu achei MR JONES um filme convencional demais. Mesmo não levando em conta que sua exibição tenha sido durante um festival de cinema, a impressão que eu tive é de que este era um filme tão discreto e acadêmico que, num passado não tão distante, poderia ter conferido à tarde no Eurochannel (aquele saudoso canal de TV por assinatura que nem sei se existe mais). Desde o elenco montado até suas escolhas narrativas/visuais (como a cena de transição que mostra uma locomotiva em movimento, com edição e trilha sonora frenética), tudo parece protocolar demais, escolhas de alguém inseguro ainda em seu ofício.

Acompanhamos a história real do jornalista galês Gareth Jones (em eficiente interpretação de James Norton) que resolve investigar o alardeado progresso da URSS sob o comando de Stálin e acaba testemunhando a grande fome que assolou, especialmente a Ucrânia, em detrimento das convicções políticas e estratégicas do ditador mais assassino de todos os tempos. É um episódio histórico interessantíssimo e merece ser contado em celuloide.

A presença de Peter Sarsgaard é sempre um acréscimo a qualquer filme, pois o considero um grande ator subestimado. Em MR JONES, ele interpreta o dúbio jornalista Walter Duranty, consagrado com o Pulitzer na época, mas que decidiu ignorar e até encobrir os crimes de Stálin, os quais ele supostamente tinha conhecimento. Apesar de parecer ter sido escrito de uma forma um tanto quanto maniqueísta, Sarsgaard consegue dar alguma densidade a esse personagem complexo (com exceção de uma presepada no final do filme, quase cartunesca, envolvendo ele e a personagem da atriz Vanessa Kirby). 

Minhas observações com este filme é que, no final das contas, parece muito um filme feito para ser exibido em salas de aula. As cenas em que Gareth testemunha a desumanidade geral que nos assola em situações extremas são mais teoricamente do que visualmente impactantes. E a própria maneira como o filme se desenrola é tão protocolar e previsível que a identificação de qualquer estilo cinematográfico fica complicada. Eu adoro telefilmes, mas a impressão de que assisti um telefilme num festival de cinema foi forte demais. 

Naturalmente, o filme ganha pontos a seu favor por lançar luz em mais uma prova da ação diabólica da "experiência comunista" durante o século XX e me parece coerente e muito natural uma diretora polonesa nos guiar a respeito de tal episódio histórico, tal como seu conterrâneo Andrzej Wajda. Contudo, senti que sobrou contexto e faltou narrativa cinematográfica. Ainda assim, vale como um eficiente filme sobre um tenebroso período histórico.

sábado, 23 de novembro de 2019

História do Bosque das Castanhas (Zgodbe iz kostanjevih gozdov, 2018)

Estive por um mês na cidade de São Paulo, me preparando para um concurso ocorrido no dia 15 de novembro. Nesse período, consegui participar pela primeira vez (de muitas outras vindouras) da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em sua 43° edição. Em razão do tal concurso (e "otras cositas más") não assisti aos vários filmes interessantes do seu catálogo e, confesso, que lamento não ter aproveitado tanto quanto eu gostaria. Entretanto, ainda assim, pude conferir seis filmes da seleção e nos próximos dias teremos textos a respeito dos mesmos. Ao final, postaremos uma lista de alguns dos filmes que não assistimos mas estamos morrendo de vontade de assistir.

O começo da nossa jornada é com o filme esloveno História do Bosque das Castanhas, que é a típica obra habitué de festivais de cinema. O filme acompanha um velho carpinteiro e uma vendedora de castanhas com suas memórias (nem sempre fidedignas) relacionadas a região onde vivem, um bosque situado na fronteira entre a Itália e a antiga Iugoslávia. Tal como uma narrativa onírica, o filme não tem uma estrutura linear, mas sim uma estrutura cíclica, fugindo das maneiras mais convencionais de se contar uma história. 

O diretor do filme, o senhor Gregor Bozic, sabe filmar algumas cenas muito bonitas como a cena inicial com uma cova sendo preenchida com folhas secas, uma imagem outonal clássica e aconchegante, assim como a cena em que alguns anjos cantam uma canção folclórica na casa do rabugento marceneiro - uma cena realmente bonita pela qual já valeria o ingresso. Porém, é um filme muito lento e arrastado - seus 80 minutos mais parecem 180! Eu sei que esse tipo de filme requer outra "vibe", uma disposição cinéfila diferenciada para encarar a sessão com boa vontade, mas até com isso em mente, a obra não conseguiu me mostrar ao que veio, nem mesmo como um documento da região onde o cineasta nasceu, justamente pela sua mistura de realidade e sonho.

Quando saí da sessão, lembro-me de ter massacrado o filme ao conversar a seu respeito com minha irmã, melhor companhia de cinema que existe e que me acompanhou por essas sessões da mostra. Agora, com a distância de quase um mês após sua exibição, HISTÓRIA DO BOSQUE DAS CASTANHAS se revela como um exemplar menor desse festival de cinema, mas ainda assim com seu valor artístico.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Midnight Express #009 - Tirando o Atraso

Lords Of Chaos (2019)

Quando a notícia de que a história do famigerado Inner Circle - um grupo de músicos noruegueses do Black Metal que cometeram uma pá de barbaridades na Noruega dos anos 90 - finalmente viraria um filme, eu fiquei extremamente animado. As primeiras resenhas não foram das mais animadoras, assim como o trailer parecia ser um filme meio "protocolar". E, acreditem se quiser, esta é a melhor definição desta obra: Lords Of Chaos é uma cinebiografia tão comum e tão sem atitude, que a decepção é inevitável. 

O material de origem é muito impressionante, quer você goste ou não do gênero musical ou dos cantores e eu tenho certeza de que uma das dificuldades do roteiro era não tornar a coisa meio ridícula, mas parte da graça desta história é justamente isso: como um bando de adolescentes, meio losers, utilizaram de sua música, naturalmente provocativa, para promover o caos pela Noruega - queimando igrejas, agressões, suicídios e assassinatos. LORDS OF CHAOS prefere levar o expectador para o óbvio caminho do maniqueísmo: o certo é você simpatizar com o cantor que se arrependeu de ter alimentado seus coleguinhas com as doideiras típicas do estilo musical. 

Acredito que esse "curioso" recorte da história da música ainda pode e renderá bons filmes. Em todo caso, LORDS OF CHAOS é um filme bem feito, porém fica muito aquém do esperado.

Hail Satan? (2019)

Mais um filme que consegue transformar um tema intrigante num documentário quase chato, protocolar e com uma linguagem "modernosa" que me irrita bastante. Acompanha-se o "The Satanic Temple", uma igreja neosatanista que tentou emplacar uma estátua de Baphomet nos prédios públicos dos Estados Unidos, utilizando lacunas na justiça relacionadas a liberdade religiosa. É um tema interessante, mas a diretora do filme é incapaz de gravitar em torno das questões mais profundas que o tema suscita, como o racha entre os membros desta seita, lembrando muito as brigas comuns dentro das religiões mais tradicionais. No final, o filme atua quase como uma peça de marketing das mais canhestras, para atrair principalmente uma geração muito inconveniente de pessoas que não sabem ouvir não. 

The Witch Files (2018)

Espécie de "Jovens Bruxas" do século XXI, THE WITCH FILES é um divertido filme sobre cinco garotas do ensino médio que resolvem realizar um encanto antigo para se tornarem bruxas e é isso. As cinco utilizam seus poderes de maneira diferente, principalmente conforme a personalidade de cada uma. Infelizmente, o filme é feito no formato "found footage", o que diminui um pouco a diversão pela inevitabilidade da questão: será que ela realmente não largaria a câmera numa situação destas? Apesar disso, o filme diverte, especialmente porque o elenco foi bem escolhido e é curto. Terei o dvd para minha coleção.

Rock Steady Row (2018)

Uma salada de referências: Mad Max, Warriors, Meninas Malvadas, Turbo Kid... O saldo é positivo, principalmente porque o diretor escapa de algumas armadilhas tenebrosas como explicar a origem da absurda trama - um mundo onde as universidades são tomadas por gangues que disputam entre si o poder local por meio do roubo de bicicletas dos alunos calouros que ali iniciam seus "estudos". É uma doideira e em alguns momentos, parece que o filme se esforça demais para ser meio "fora da casinha". Talvez, se tivesse abraçado uma estética e narrativa maluca como Scott Pilgrim ou Kick Ass, poderia ter me agradado mais. Apesar de ter me divertido, achei esquecível.

Yesterday (2019)

Richard Curtis é o melhor roteirista de comédia dos nossos tempos. Apesar disso, YESTERDAY foi, até o presente momento, seu projeto que eu menos gostei, apesar de ainda o considerar acima da média de quase tudo que saiu nos cinemas, neste ano. Foi apenas uma escolha narrativa que me desagradou, mas eu sei que isso não é motivo para eu não indicar esta verdadeira fábula que responde a tenebrosa pergunta: "e se Os Beatles não tivessem existido?". A escolha do elenco é espetacular, o filme é charmoso e tem ótimas surpresas em seu desenrolar, além de uma cena que vai deixar qualquer fã da banda emocionado. Porém, do senhor Curtis eu sempre esperarei mais e mais. Ainda assim, um dos bons filmes deste ano.

Bad Boys (1995)

Eu não assistia esta fita desde a época do videocassete e, confesso com alguma tristeza, que eu achei este filme meio datado e quase, mas quase chato. Will Smith parecia realmente intimidado ao liderar um filme de ação e Martin Lawrence estava muito irritante e sem graça - não há uma piada sua que salve. Legal ver caras conhecidas dos anos 90 como Téa Leoni, Joe Pantoliano e Tchéky Kayo e algumas cenas de ação são divertidas, mas esse primeiro filme é uma obra de seu tempo, no sentido de ser datada e fazer parte da minha memória afetiva. Ainda assim, vou conferir o terceiro filme que sairá ano que vem, mas as expectativas são baixas.

Fast And Furious: Hobbs & Shawn (2019)

Os dois melhores astros da ação do nosso tempo, Dwayne Johnson e Jason Statham entregaram o filme mais divertido do ano, em todos os sentidos. Tudo aqui funciona muito bem e é possível perceber a mão do The Rock pela produção. O diretor, David Leitch, já provou há séculos que manja dos filmes de ação (vide o ótimo John Wick e o inesquecível Atômica). Minha única crítica já é repetida para vários filmes da atualidade: muito longo. A franquia está montada e certamente vou conferir seus futuros filmes.

Nosso Fiel Traidor (Our Kind Of Traitor, 2016)

No universo de espionagem do mestre escritor John Le Carré um recorrente personagem é o homem comum preso a uma trama maior do que ele e suas consequências - a maneira como ele responde a certas pressões e situações de estresse e intriga inimagináveis. Nesta obra, tal tema é retomado com um elenco muito seguro, sendo Ewan McGregor o protagonista mundano de uma história envolvendo a máfia russa. Damian Lewis é o escorregadio agente da inteligência britânica e Stellan Skarsgard mantém a rotineira excelência. Não traz nada de novo para quem gosta deste tipo de filme/livro, mas que é um bom entretenimento para uma noite de chuva, isso é.

A Lavanderia (The Laundromat, 2019)

Filme verborrágico e difícil do Steven Soderberg sobre o escândalo revelado pelo Panama Papers. É um tema difícil de explicar para um expectador que não conheça nada do assunto, mas Soderberg, emprestando o estilo do Adam McKay (do espetacular A Grande Aposta, um filme quase irmão tanto em assunto/estilo/mensagem) consegue orquestrar uma comédia que equilibra muito bem humor e didatismo. Aliás, fiquei pensando enquanto assistia como este filme deve ter sido difícil de se editar. O elenco é "multiplatinado" (Antonio Banderas, Meryl Streep, Gary Oldman, Robert Patrick, David Schwimmer, James Cromwell, Jeffrey Wright) e absurdamente bom.