segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Os Mercenários 4 (Expend4bles, 2023)



Após um terceiro filme cheio de bobagens e desperdícios, a franquia "Os Mercenários" retorna após quase dez anos, com um novo capítulo na saga de Barney Ross (Sylvester Stallone) e Christmas (Jason Stathan), com mais uma missão para seu grupo. Da equipe original, restam apenas Gunner (Dolph Lundgren) e Toll Road (Randy Couture). 

O filme, de maneira até esperta, não busca explicar ou referenciar muitas coisas dos episódios pregressos, como uma forma de buscar um público ainda não familiarizado com os personagens. Talvez, aí resida o maior problema deste quarto capítulo: a franquia d'Os Mercenários parece sempre sofrer com a indefinição entre abraçar de vez o público carente de filmes de ação "descerebrados" (que tornou o primeiro filme num bom sucesso) ou tentar atrair um público mais amplo. 

O terceiro filme da série representou muito bem essa indefinição, ao encherem de caras conhecidas e saudosas (Wesley Snipes, Mel Gibson, entre outros) mas tornarem as cenas de ação completamente aguadas e sem qualquer violência ou sandice - sempre um tempero essencial na diversão para esses tipos de filmes. Este quarto capítulo chegou ao ponto de ter um trailer divulgado referindo que "os fãs foram ouvidos" e o filme teria mais sangues e tripas.

De fato, Os Mercenários 4 supre essa lacuna. Contudo, peca em vários outros pontos. A comédia funciona em muitos momentos, mas fica excessiva em algumas situações (e até constrangedora em algumas cenas). Além disso, a Megan Fox não convence, de maneira alguma, como uma Mercenária "badass" capaz de dar porrada em todo mundo (especialmente com o mal disfarçado uso de dublês em suas cenas); porque não chamaram a Gina Carano, para este papel - até parece que não sabemos a resposta desta pergunta...


Outros acréscimos ao elenco foram muito bem vindos: 50 Cent está divertido (apesar de também não convencer tanto como brutamontes), Tony 'Ong Bak' Jaa, Iko 'The Raid' Uwais (que não tem muito com o que trabalhar como vilão, mas ainda consegue ser ameaçador) e Jacob Scipio (não conhecia esse moço, mas o achei divertidíssimo). E, claro, Andy Garcia, que está canastrão para cacete, mas ainda assim é bacana vê-lo numa tela de cinema depois de tantos anos.

Um ponto de destaque de Os Mercenários 4 é a economia de cenários e a atenção em concentrar o filme com o máximo de cenas de ação possíveis. Devo dizer, porém, que nem todas as coreografias funcionam muito bem, o que francamente é uma pena, considerando todos os grandes nomes envolvidos. Sem falar que o ato final é completamente inverossímil, especialmente se racionalizarmos o plano do vilão - francamente, três pessoas para escreverem um roteiro tão frágil chega a ser bisonho.

E apesar de todas essas críticas, ainda vos digo que me diverti com o filme, especialmente por fugir do padrão aguado de tantos "blockbusters" atuais. Infelizmente, os resultados da bilheteria mostram que é bem difícil termos uma quinta parte nos cinemas (talvez como lançamento direto em "streaming", com um elenco de atores mais modestos, etc). De uma certa forma, considerando o produto final, talvez não seja tão ruim um quinto filme com orçamento menor, mais efeitos práticos e com caras conhecidas no cinema B de ação - na realidade, acho que é o único caminho para salvar a série. O que quer que seja feito, provavelmente eu darei um conferida.

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Pôster: Hidden Strike (2023)


2023 vem se mostrando como um grande ano para os filmes de ação (algo muito bem observado pelo amigo blogueiro
Ronald Perrone). E aos fãs deste gênero que consomem algo além dos blockbusters, um filme reunindo John Cena (que aos poucos vem melhorando, tanto nos projetos escolhidos quanto nas atuações) e o lendário Jackie Chan só pode causar uma inquietude que beira a excitação. O trailer é divertido e Jackie Chan raramente decepciona. Logo logo, teremos um textinho por aqui. 

sábado, 17 de junho de 2023

Sangue no Sarcófago da Múmia (Blood from the Mummy's Tomb, 1971)

 

Mais um sábado à noite ocupado da melhor forma possível: com um ótimo filme, diretamente da minha videoteca. Neste caso, temos um DVD do saudoso selo Darkside, distribuído pela London Films, responsável por trazer indispensáveis filmes de terror para nossas coleções. Estou em busca de todos estes filmes para minhas estantes.

Tem uma boa quantidade de resenhas pela internet, em língua portuguesa, de excelente qualidade, revelando detalhes da trama e uma série de curiosidades (algumas mórbidas), sobre essa produção. Destaco os textos dos blogs Reminiscências de Um Lorde Velho, La Dolce Vita e o clássico Boca do Inferno

Para uma produção tão conturbada, acredito que Sangue no Sarcófago da Múmia faz um belo trabalho como entretenimento despretensioso. Uma equipe de egiptólogos acabam amaldiçoados após descobrirem a tumba da rainha Tera, uma diabólica nobre egípcia. Não só os egiptólogos, mas a filha de um deles, a bela Margaret, que guarda uma notável semelhança com a rainha, começa a apresentar um comportamento, no mínimo estranho. 

É preciso destacar Valerie Leon, gata demais no papel, vestindo um biquini egípcio estonteante em alguns momentos. Como ela mesma lamenta no documentário extra que acompanha o DVD, ela se arrependeu de não ter feito a cena de nudez na ocasião.

Não se trata de um filme assustador, mas tem um clima intrigante e algumas extravagantes cenas de maior violência gráfica. Certamente, um bom exemplar, muito acima da maioria dos filmes de gênero lançados atualmente. 


O Perigo Alienígena (Alien Siege, 2005)



Dia desses, sábado à noite, estava atrás de um filme de alienígenas do antigo Sci-Fi Channell (nomeado Syfy, já há alguns anos), despretensioso e, de preferência, cuja produção fosse de antes de 2010. Uma rápida olhada numa das minhas estantes e encontrei este O Perigo Alienígena, no meio dos meus filmes de ficção científica/terror. 

A Universal foi responsável por trazer muita tranqueira boa por aqui, em dvds bem bacaninhas. Lembro que este filme eu comprei há bastante tempo, na saudosa Ewmix, site de uma distribuidora de filme para locadoras que deixou muitas saudades. Uma pena que o mercado atual de filmes está bem morninho (quase morto, para ser honesto) no que diz respeito a lançamentos e filmes dessa estirpe. 

Dessa forma, temos uma sessão de cinema que responde todas as expectativas que eu estava esperando, além de valorizar demais meu colecionismo que, muitas vezes, acaba sendo desestimulado por mil e um fatores. Sentei com um sorrisão para assistir essa "fita" e não me decepcionei nem por um instante. 

O Perigo Alienígena tem uma premissa bem massa: imaginem uma civilização alienígena que resolve estacionar em nossa órbita. Os mesmos demonstram toda sua superioridade tecnológica e referem que sua vinda está relacionada a uma doença que está destruindo seu mundo natal e eles precisam buscar a cura em outras civilizações. Aparentemente, humanos são as cobaias perfeitas e nossos governos resolvem ceder, docilmente, por meio de uma infame loteria, humanos para serem experimentos desses alienígenas.




Com essa premissa bem bacana, misturando uma série de outras tramas já vistas em diversas outras obras, O Perigo Alienígena é um divertido filmeco. Mas, é preciso alertá-los: trata-se de um filme B, cheio de falhas de continuidade, furos de roteiro, personagens com atitudes incoerentes e alguma pobreza na produção. Entretanto, uma vez que você já saiba onde está se metendo e consiga relevar os defeitos mais óbvios, é possível que este tipo de filme consiga te divertir bastante.

Não só isso, mas eu pessoalmente adoro um "Sci-fi Original Movie" - filmes feitos para o canal norte americano de televisão. Eu cheguei a pegar uma época em que a tv a cabo era uma ótima fonte de filmes e, lá pelo começo dos anos 2000, o Sci-fi chegou no Brasil, transmitindo ótima séries como Jornada nas Estrelas, Quantum Leap e Stargate - foi por esse canal que minha irmã se tornou uma trekkie de primeira. E cheguei a assistir alguns divertidos telefilmes do canal (além de adorar o programa Ghost Hunters)...

Percebam que eu gosto de filmes como esse por motivos muito pessoais, mas ainda assim mantenho minha recomendação. Um divertido telefilme, com o ótimo Carl Weathers num papel coadjuvante, cenas de ação que parecem saídas do já citado Stargate e aquela sensação de retomada de ótimas sensações da adolescência. Lamento, amigos, mas não poderia pedir mais em algumas das minhas sessões de cinema.

O Mensageiro (The Postman, 1997)

Uma estranha nostalgia se apoderou de mim quando consegui finalmente colocar minhas mãos neste esquecido filme do senhor Kevin Costner. Eu me lembrava, com aquela confortável saudade, da colossal fita dupla nas prateleiras da locadora, bem como do pôster que me lembrava a arte de um livro, com o protagonista em um sobretudo surrado e o visual mendicante. Estava ciente, porém, das toneladas de críticas massacrantes sobre a obra, mas a nostalgia é sempre mais forte, pelo menos no início.

E bastaram pouco mais de uma hora dos filme, de seus 178 minutos de duração, para que a magia da  nostalgia se dissipasse e todas aquelas resenhas ficasse martelando em minha mente - mais do que opiniões, pareciam avisos proféticos de queridos amigos aos quais desprezei. Curiosamente, apesar de sentir na pele as suas três horas de duração, de alguma forma fui hipnotizado a continuar progredindo naquela história.

Antes de continuar, porém, é preciso citar que de todos os aspectos canhestros deste filme, sem dúvida Kevin Costner leva o caneco como o mais abjeto deles. Seu personagem é um verdadeiro messias, responsável por preservar a cultura, a racionalidade, as comunicações, o civismo, a nação e a civilização. A personagem feminina principal precisa dele para procriar - é mole? Não apenas sobre o personagem em si, mas esse aspecto messiânico tomou conta de toda produção, com Costner dirigindo a obra, empregando seus filhos, atuando no corte da obra... a coisa toda chega a ser inacreditável, especialmente ao se pensar que esse filme veio pouco tempo depois do folclórico Waterworld.

Para quem não lembra, Waterworld foi um filme do Kevin Costner muito conhecido pelo fracasso de bilheteria e as dificuldades em geral da produção. Contudo, ao contrário do filme de 97, Waterworld é divertido e despretensioso, passando até por um justo revisionismo atual (tem uma edição bonitona em blu-ray, lançada há pouco tempo, pela Arrow). 

Nem comento muito na crítica, mas a direção de arte deste filme é um caos!

Afinal, sobre o que é o filme? Costner interpreta um errante num futuro pós apocalíptico que, após encontrar as vestes e a bolsa (intactas) de um esqueleto (!) de carteiro, resolve entregar essas cartas pelas cidades/fortificações que restaram nos Estado Unidos. Sua iniciativa e seu caráter exemplar serão os ingredientes necessários para o renascimento da grande nação americana. 

Basicamente é isso. Tem um vilão interpretado pelo Will Patton completamente esquecível. O Tom Petty aparece fazendo umas gracinhas. E no final do filme, 30 anos depois de encararmos um EUA devastado, a civilização parece ter voltado ao normal, homenageando o protagonista com uma estátua, afinal ele foi o responsável pela salvação da civilização.

Não deixa de ser fascinante toda a ruindade por trás de O Mensageiro. No final das contas, não tenho nenhum arrependimento de ter colocado esse filme na minha coleção, apesar de achar uma pena que o DVD não tenha nenhum extra de bônus. A nostalgia que fica é a dos estúdios hollywoodianos que pareciam ser mais corajosos e financiavam essas loucuras e não as mesmices e babaquices que inundam os cinemas atualmente.