segunda-feira, 28 de março de 2022

Spencer (2021)

Nunca poderia esperar o quanto este filme me agradou. SPENCER é um recorte bastante particular de três dias na vida da Princesa Diana, especificamente durante o feriado de Natal. Acompanhamos, naturalmente, a atmosfera opressiva e a lenta degradação mental e psicológica dessa magnética personagem do século XX. 

Com muitas abordagens óbvias possíveis, o diretor Pablo Larraín constrói um verdadeiro suspense com MUITA influência do Kubrick - a câmera desliza pelo castelo da família real inglesa como deslizava no Hotel Stanley do filme O Iluminado. Me impressiona positivamente o fato de que o diretor consegue expressar esse clima sem impor qualquer visão política mais óbvia, mas apenas baseando-se em aspectos psicológicos que nos levam a entrar no universo psicológico de Diana, capitaneado pela grande interpretação da Kristen Stewart, realmente impressionante neste papel. 

Há essa violência psicológica ao longo do filme, uma tensão permanente que também me lembrou muito ao espetacular De Olhos Bem Fechados - a sensação de mistérios se desenrolando a nossa frente, ainda impossíveis de se desvendar, principalmente porque certas maldades e ações humanas se tornam simplesmente inconcebíveis para pessoas razoáveis. É preciso ter muito talento para ser hermético sem apelar para enigmas baratos. 

Há um excelente andamento, bem como um ótimo trabalho de edição, ao contrários dos inchados filmes Hollywoodianos atuais com seus longuíssimos tempos de metragem (há exceções, naturalmente). A trilha sonora é um espetáculo, assinada pelo guitarrista do Radiohead, Johnny Greenwood. Também é preciso destacar o design de produção, figurino, maquiagem e a fotografia do filme que literalmente representa a expressão em inglês "Every frame is a painting" (cada fotograma é uma pintura).

No final das contas, um trabalho com toda essa excelência e garbo pareceu-me, num primeiro momento, injustiçado quanto ao número de indicações ao Oscar. Considerando, porém, a bizarrice, baixaria e feiura da cerimônia da última noite, fica a certeza de que SPENCER é um filme muito acima dessa patacoada. 

domingo, 6 de março de 2022

SXSW 2022 - As Escolhas do Editor

 Para alguns pode até parecer um prazer masoquista escrever sobre filmes que, muito provavelmente, eu não conseguirei assistir no cinema e, mais provável ainda, nem tão cedo, mesmo com os torrents da vida. Entretanto, esse tipo de lista ajuda a me guiar quanto possíveis sessões futuras, bem como servem também como um termômetro daquilo que entra no meu radar cinéfilo ao longo do ano. Assim, alguns dos filmes ainda não tem quase nada de material de marketing divulgado e, por essa razão, me baseei em sinopses e pessoas envolvidas na produção.

Um adicional: ao contrário de edições anteriores, poucos documentários me chamaram a atenção e, destes, nenhum de temática musical. Logicamente isso pode mudar, entretanto quis chamar atenção a esse fato.

The Lost City - É uma pena que o trailer segue a péssima tendência de se revelar coisas demais da trama. Ainda assim, há uma sensação de comédia na linha de algumas saudosas obras do Cary Grant simplemente irresistível. Além disso, sabemos que Channing Tatun funciona bem em papeis cômicos e Sandra Bullock também - cá entre nós, os últimos papeis mais sérios dela foram bem fraquinhos. Parece ser divertidíssimo e só de ser um título original, eu já fiquei curioso - grande chance de ser assistido nos cinemas de onde eu moro. 

The Unbereable Weight Of Massive Talent - Nicolas Cage interpretando ele mesmo! De quebra temos também o ótimo Pedro Pascal como um fã obcecado do astro. O trailer diverte bastante, mas há algum risco de se tornar um filme de uma ideia brilhante completamente esticada. Para nossa segurança, parece que não há nenhuma intenção de se levar a sério (que seria como um tiro de bazuca no próprio pé) e Nic Cage é uma garantia de um mínimo de entretenimento.

Pirates - Eu adoro o cinema britânico. Dito isso, confesso que esse filme não me passa a mesma segurança dos dois filmes citados acima. Contudo, a história de três amigos passando o final de ano na Londres de 1999, regado da música eletrônica local, me cativou pelo cenário, trilha sonora e a temática de fim de ano, que não costuma render filmes muito bons (ao contrário do feriado que o antecede). Uma obra com belos pontos de partida - só saberei se conseguiu alcançar seus objetivos assistindo-a.

X - O diretor Ti West volta a dirigir um longa metragem após 6 anos dirigindo episódios de séries. No mundo de extremismos da internet, tem gente que ama o cara e gente que o odeia. Os poucos filmes que eu assisti do cara até hoje (The Sacrament e In a Valley of Violence) foram boas experiências. Seu mais novo filme é sobre uma equipe de filmagem de um pornô nos anos 70 despertando a fúria de uns caipiras no interior do Texas. Só torço para que ele não leve essa trama a sério, porque pode ser um desastre. 



E mais algumas coisas interessantes, mas ainda sem praticamente nenhum material de divulgação: Slash/Back é um filme canadense de garotas esquimós enfrentando uma invasão alienígena; a sumida Elisha Cuthbert estrela um novo filme de terror chamado The Cellar; um documentário sobre a lenda do skate, Tony Hawk; Bodies Bodies Bodies parece ser aquele típico terror adolescente "hit or miss", mas depois do eficiente último filme da série Pânico, estou disposto a dar uma chance.