Com a morte do grande cineasta Sidney Lumet resolvi visitar alguns clássicos de sua respeitável filmografia. Por isso, não estranhem se nos próximos dias vocês virem várias críticas de filmes de Lumet no Midnight Drive-In.
Comecemos esta pequena jornada com o filmaço policial Serpico, sobre um tira honesto em New York que denuncia um esquema corrupto envolvendo colegas policiais. E, obviamente, o policial Frank Serpico (numa atuação excelente de Al Pacino) sofrerá várias consequências por ser aquele quem denuncia os desvios de seus semelhantes.
Trata-se de um filme com uma temática muito poderosa. E demorou muito para eu compreender as motivações de Serpico para que ele se expusesse tanto diante de seus colegas policiais. Existiriam homens dispostos a sacrificarem suas vidas em nome do que é justo? Serpico torna-se um mártir ao longo da projeção, mesmo que de maneira involuntária. Ele é o sujeito que sempre sonhou em ser policial e, quando entrou na corporação e viu a podridão que a cercava, resolveu denunciar os policiais corruptos e o descaso de seus superiores em investigar os tiras sujos.
Esse esplêndido dilema moral persegue Serpico durante o filme inteiro. E Sidney Lumet expressa isto com maestria, junto, claro, da atuação muito boa de Al Pacino – um homem que tenta lutar contra um sistema desonesto. A trilha sonora, bastante dramática, fica em sintonia com o tom da obra.
É interessante reparar em como os filmes de Lumet possuem uma carga moral sempre intensa. A única obra que eu tinha assistido dele (12 Homens e Uma Sentença) e Serpico são semelhantes no que diz respeito a busca por justiça de seus personagens principais. Em 12 Homens, Henry Fonda procura fazer o julgamento justo como um jurado num caso de assassinato; Serpico procura fazer um bom trabalho como policial, de maneira honesta e digna.
Serpico (o filme) contém várias cenas interessantes. Filmado em New York, o filme tem um clima de policial urbano e decadente muito condizente com o espírito da obra. Entre os momentos mais marcantes, temos o momento em que Serpico irá prender um agiota que é amigo dos policiais sujos, a cena em que ele é baleado e a cena do hospital, em seu epílogo, quando Al Pacino mostra porque é um dos melhores atores de todos os tempos.
Sidney Lumet nos apresentou, enfim, um filme policial muito bom, com um intenso diálogo moral. Apesar de não ser um filme superpremiado (coisa que, no final das contas, não significa nada), Serpico é um dos clássicos do cinema norte-americano. Muito bom mesmo.
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