segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Os Mercenários 4 (Expend4bles, 2023)



Após um terceiro filme cheio de bobagens e desperdícios, a franquia "Os Mercenários" retorna após quase dez anos, com um novo capítulo na saga de Barney Ross (Sylvester Stallone) e Christmas (Jason Stathan), com mais uma missão para seu grupo. Da equipe original, restam apenas Gunner (Dolph Lundgren) e Toll Road (Randy Couture). 

O filme, de maneira até esperta, não busca explicar ou referenciar muitas coisas dos episódios pregressos, como uma forma de buscar um público ainda não familiarizado com os personagens. Talvez, aí resida o maior problema deste quarto capítulo: a franquia d'Os Mercenários parece sempre sofrer com a indefinição entre abraçar de vez o público carente de filmes de ação "descerebrados" (que tornou o primeiro filme num bom sucesso) ou tentar atrair um público mais amplo. 

O terceiro filme da série representou muito bem essa indefinição, ao encherem de caras conhecidas e saudosas (Wesley Snipes, Mel Gibson, entre outros) mas tornarem as cenas de ação completamente aguadas e sem qualquer violência ou sandice - sempre um tempero essencial na diversão para esses tipos de filmes. Este quarto capítulo chegou ao ponto de ter um trailer divulgado referindo que "os fãs foram ouvidos" e o filme teria mais sangues e tripas.

De fato, Os Mercenários 4 supre essa lacuna. Contudo, peca em vários outros pontos. A comédia funciona em muitos momentos, mas fica excessiva em algumas situações (e até constrangedora em algumas cenas). Além disso, a Megan Fox não convence, de maneira alguma, como uma Mercenária "badass" capaz de dar porrada em todo mundo (especialmente com o mal disfarçado uso de dublês em suas cenas); porque não chamaram a Gina Carano, para este papel - até parece que não sabemos a resposta desta pergunta...


Outros acréscimos ao elenco foram muito bem vindos: 50 Cent está divertido (apesar de também não convencer tanto como brutamontes), Tony 'Ong Bak' Jaa, Iko 'The Raid' Uwais (que não tem muito com o que trabalhar como vilão, mas ainda consegue ser ameaçador) e Jacob Scipio (não conhecia esse moço, mas o achei divertidíssimo). E, claro, Andy Garcia, que está canastrão para cacete, mas ainda assim é bacana vê-lo numa tela de cinema depois de tantos anos.

Um ponto de destaque de Os Mercenários 4 é a economia de cenários e a atenção em concentrar o filme com o máximo de cenas de ação possíveis. Devo dizer, porém, que nem todas as coreografias funcionam muito bem, o que francamente é uma pena, considerando todos os grandes nomes envolvidos. Sem falar que o ato final é completamente inverossímil, especialmente se racionalizarmos o plano do vilão - francamente, três pessoas para escreverem um roteiro tão frágil chega a ser bisonho.

E apesar de todas essas críticas, ainda vos digo que me diverti com o filme, especialmente por fugir do padrão aguado de tantos "blockbusters" atuais. Infelizmente, os resultados da bilheteria mostram que é bem difícil termos uma quinta parte nos cinemas (talvez como lançamento direto em "streaming", com um elenco de atores mais modestos, etc). De uma certa forma, considerando o produto final, talvez não seja tão ruim um quinto filme com orçamento menor, mais efeitos práticos e com caras conhecidas no cinema B de ação - na realidade, acho que é o único caminho para salvar a série. O que quer que seja feito, provavelmente eu darei um conferida.

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Pôster: Hidden Strike (2023)


2023 vem se mostrando como um grande ano para os filmes de ação (algo muito bem observado pelo amigo blogueiro
Ronald Perrone). E aos fãs deste gênero que consomem algo além dos blockbusters, um filme reunindo John Cena (que aos poucos vem melhorando, tanto nos projetos escolhidos quanto nas atuações) e o lendário Jackie Chan só pode causar uma inquietude que beira a excitação. O trailer é divertido e Jackie Chan raramente decepciona. Logo logo, teremos um textinho por aqui. 

sábado, 17 de junho de 2023

Sangue no Sarcófago da Múmia (Blood from the Mummy's Tomb, 1971)

 

Mais um sábado à noite ocupado da melhor forma possível: com um ótimo filme, diretamente da minha videoteca. Neste caso, temos um DVD do saudoso selo Darkside, distribuído pela London Films, responsável por trazer indispensáveis filmes de terror para nossas coleções. Estou em busca de todos estes filmes para minhas estantes.

Tem uma boa quantidade de resenhas pela internet, em língua portuguesa, de excelente qualidade, revelando detalhes da trama e uma série de curiosidades (algumas mórbidas), sobre essa produção. Destaco os textos dos blogs Reminiscências de Um Lorde Velho, La Dolce Vita e o clássico Boca do Inferno

Para uma produção tão conturbada, acredito que Sangue no Sarcófago da Múmia faz um belo trabalho como entretenimento despretensioso. Uma equipe de egiptólogos acabam amaldiçoados após descobrirem a tumba da rainha Tera, uma diabólica nobre egípcia. Não só os egiptólogos, mas a filha de um deles, a bela Margaret, que guarda uma notável semelhança com a rainha, começa a apresentar um comportamento, no mínimo estranho. 

É preciso destacar Valerie Leon, gata demais no papel, vestindo um biquini egípcio estonteante em alguns momentos. Como ela mesma lamenta no documentário extra que acompanha o DVD, ela se arrependeu de não ter feito a cena de nudez na ocasião.

Não se trata de um filme assustador, mas tem um clima intrigante e algumas extravagantes cenas de maior violência gráfica. Certamente, um bom exemplar, muito acima da maioria dos filmes de gênero lançados atualmente. 


O Perigo Alienígena (Alien Siege, 2005)



Dia desses, sábado à noite, estava atrás de um filme de alienígenas do antigo Sci-Fi Channell (nomeado Syfy, já há alguns anos), despretensioso e, de preferência, cuja produção fosse de antes de 2010. Uma rápida olhada numa das minhas estantes e encontrei este O Perigo Alienígena, no meio dos meus filmes de ficção científica/terror. 

A Universal foi responsável por trazer muita tranqueira boa por aqui, em dvds bem bacaninhas. Lembro que este filme eu comprei há bastante tempo, na saudosa Ewmix, site de uma distribuidora de filme para locadoras que deixou muitas saudades. Uma pena que o mercado atual de filmes está bem morninho (quase morto, para ser honesto) no que diz respeito a lançamentos e filmes dessa estirpe. 

Dessa forma, temos uma sessão de cinema que responde todas as expectativas que eu estava esperando, além de valorizar demais meu colecionismo que, muitas vezes, acaba sendo desestimulado por mil e um fatores. Sentei com um sorrisão para assistir essa "fita" e não me decepcionei nem por um instante. 

O Perigo Alienígena tem uma premissa bem massa: imaginem uma civilização alienígena que resolve estacionar em nossa órbita. Os mesmos demonstram toda sua superioridade tecnológica e referem que sua vinda está relacionada a uma doença que está destruindo seu mundo natal e eles precisam buscar a cura em outras civilizações. Aparentemente, humanos são as cobaias perfeitas e nossos governos resolvem ceder, docilmente, por meio de uma infame loteria, humanos para serem experimentos desses alienígenas.




Com essa premissa bem bacana, misturando uma série de outras tramas já vistas em diversas outras obras, O Perigo Alienígena é um divertido filmeco. Mas, é preciso alertá-los: trata-se de um filme B, cheio de falhas de continuidade, furos de roteiro, personagens com atitudes incoerentes e alguma pobreza na produção. Entretanto, uma vez que você já saiba onde está se metendo e consiga relevar os defeitos mais óbvios, é possível que este tipo de filme consiga te divertir bastante.

Não só isso, mas eu pessoalmente adoro um "Sci-fi Original Movie" - filmes feitos para o canal norte americano de televisão. Eu cheguei a pegar uma época em que a tv a cabo era uma ótima fonte de filmes e, lá pelo começo dos anos 2000, o Sci-fi chegou no Brasil, transmitindo ótima séries como Jornada nas Estrelas, Quantum Leap e Stargate - foi por esse canal que minha irmã se tornou uma trekkie de primeira. E cheguei a assistir alguns divertidos telefilmes do canal (além de adorar o programa Ghost Hunters)...

Percebam que eu gosto de filmes como esse por motivos muito pessoais, mas ainda assim mantenho minha recomendação. Um divertido telefilme, com o ótimo Carl Weathers num papel coadjuvante, cenas de ação que parecem saídas do já citado Stargate e aquela sensação de retomada de ótimas sensações da adolescência. Lamento, amigos, mas não poderia pedir mais em algumas das minhas sessões de cinema.

O Mensageiro (The Postman, 1997)

Uma estranha nostalgia se apoderou de mim quando consegui finalmente colocar minhas mãos neste esquecido filme do senhor Kevin Costner. Eu me lembrava, com aquela confortável saudade, da colossal fita dupla nas prateleiras da locadora, bem como do pôster que me lembrava a arte de um livro, com o protagonista em um sobretudo surrado e o visual mendicante. Estava ciente, porém, das toneladas de críticas massacrantes sobre a obra, mas a nostalgia é sempre mais forte, pelo menos no início.

E bastaram pouco mais de uma hora dos filme, de seus 178 minutos de duração, para que a magia da  nostalgia se dissipasse e todas aquelas resenhas ficasse martelando em minha mente - mais do que opiniões, pareciam avisos proféticos de queridos amigos aos quais desprezei. Curiosamente, apesar de sentir na pele as suas três horas de duração, de alguma forma fui hipnotizado a continuar progredindo naquela história.

Antes de continuar, porém, é preciso citar que de todos os aspectos canhestros deste filme, sem dúvida Kevin Costner leva o caneco como o mais abjeto deles. Seu personagem é um verdadeiro messias, responsável por preservar a cultura, a racionalidade, as comunicações, o civismo, a nação e a civilização. A personagem feminina principal precisa dele para procriar - é mole? Não apenas sobre o personagem em si, mas esse aspecto messiânico tomou conta de toda produção, com Costner dirigindo a obra, empregando seus filhos, atuando no corte da obra... a coisa toda chega a ser inacreditável, especialmente ao se pensar que esse filme veio pouco tempo depois do folclórico Waterworld.

Para quem não lembra, Waterworld foi um filme do Kevin Costner muito conhecido pelo fracasso de bilheteria e as dificuldades em geral da produção. Contudo, ao contrário do filme de 97, Waterworld é divertido e despretensioso, passando até por um justo revisionismo atual (tem uma edição bonitona em blu-ray, lançada há pouco tempo, pela Arrow). 

Nem comento muito na crítica, mas a direção de arte deste filme é um caos!

Afinal, sobre o que é o filme? Costner interpreta um errante num futuro pós apocalíptico que, após encontrar as vestes e a bolsa (intactas) de um esqueleto (!) de carteiro, resolve entregar essas cartas pelas cidades/fortificações que restaram nos Estado Unidos. Sua iniciativa e seu caráter exemplar serão os ingredientes necessários para o renascimento da grande nação americana. 

Basicamente é isso. Tem um vilão interpretado pelo Will Patton completamente esquecível. O Tom Petty aparece fazendo umas gracinhas. E no final do filme, 30 anos depois de encararmos um EUA devastado, a civilização parece ter voltado ao normal, homenageando o protagonista com uma estátua, afinal ele foi o responsável pela salvação da civilização.

Não deixa de ser fascinante toda a ruindade por trás de O Mensageiro. No final das contas, não tenho nenhum arrependimento de ter colocado esse filme na minha coleção, apesar de achar uma pena que o DVD não tenha nenhum extra de bônus. A nostalgia que fica é a dos estúdios hollywoodianos que pareciam ser mais corajosos e financiavam essas loucuras e não as mesmices e babaquices que inundam os cinemas atualmente. 

sábado, 3 de junho de 2023

Desventuras de um Cinéfilo - Algumas reflexões sobre o fechamento de uma Lojas Americanas

 


Uma das Lojas Americanas de Campo Grande encerrou suas atividades durante esta última semana. Só fiquei sabendo porque ontem à noite eu resolvi passar de carro pela 14 de julho e vi a loja fechada às 18:40, sem o seu letreiro. Hoje à tarde, vejo no site O Jacaré a notícia completa a qual transcrevo abaixo para alguns comentários (a ilustração da postagem, aliás, vem da matéria):

"A Lojas Americanas fechou a primeira loja em Campo Grande desde que houve a homologação do pedido de recuperação judicial em decorrência da dívida de R$ 42 bilhões. A empresa ainda desistiu da ação para renovar o contrato de locação por 60 meses com a redução no valor do aluguel no Shopping Bosque dos Ipês.

O fechamento da unidade na Rua 14 de Julho, em frente a Praça Ary Coelho, ocorreu nesta semana. Em todo o País, o grupo fechou 28 unidades. No Estado, a rede tem uma dívida de R$ 29 milhões.

A Americanas ainda conta com cinco lojas na Capital, duas na rua (Dom Aquino e Júlio de Castilho) e três nos shoppings (Campo Grande, Norte Sul e Bosque dos Ipês).

O grupo chegou a ingressar com ação na Justiça para reduzir o valor do aluguel de R$ 23,5 mil para R$ 15 mil no Shopping Bosque dos Ipês e renovar o contrato por mais cinco anos. No entanto, no início de abril, sem informar que houve acordo ou pretende desistir do ponto, a empresa desistiu da ação judicial."

Independente de qualquer aspecto, o fechamento de uma loja é, para mim, sempre algo muito melancólico. Pessoas perderam seus empregos e, pelo menos até que novos comércios surjam no local, perde-se uma referência de onde obter os produtos que ali eram vendidos.

De qualquer maneira, há algum interesse nessa notícia pois eu já frequentei essa Lojas Americanas por um longo tempo, principalmente pela sessão de filmes. Quando esta loja abriu suas portas, eu me lembro de encontrar por ali alguns filmes que não se encontravam com tanta facilidade em outras filiais. Ali eu achei, por exemplo, o box contendo os quatro filmes da série Pânico (numa época em que esse box não era nada fácil de encontrar por aí).

Não tinha a aura nostálgica da primeira Lojas Americanas da cidade, nem a aconchegante localização da loja na Rua Júlio de Castilho, onde tive ótimas surpresas cinéfilas, também. Mas era uma loja com seu charme, com um pé direito pronunciado (perceptível principalmente na área dos caixas) e seu formato em L, com os brinquedos na outra extremidade da loja. A sessão de filmes, inicialmente, ficava no entroncamento desse L, bem iluminada, como um setor a parte da loja. Depois foi transferida para onde ficavam os brinquedos, completamente deslocada, numa área com goteiras (e, consequentemente, alguns filmes danificados), com algumas de suas prateleiras se acotovelando, com pouco ou nenhum espaço para transitar.

Por fim, houve o grande saldão de filmes das Lojas Americanas, quando eles decidiram parar de vender dvds e cds, contribuindo decisivamente para a derrocada do mercado nacional deste seguimento. Óbvio que eu comprei muita coisa ali - saí com sacolas e mais sacolas de filmes, muitos dos quais eu até hoje ainda não assisti. O curioso é que essas compras nunca foram com qualquer euforia infantil, mas sempre com uma ponta de melancolia, por saber que uma era chegava ao fim.

O que me leva a pensar sobre esse fechamento, que certamente tem muitos motivos além da
minha experiência pessoal com a Lojas Americanas. Entretanto, como negar que uma parte de seu público (os colecionadores de filmes) acabou sendo negligenciada com suas decisões, diminuindo a frequência de comparecimento e consumo de outros produtos dessas lojas?

Eu me lembro de me deslocar efetivamente nos domingos de manhã, acompanhado do meu pai ou com minha irmã, para dar uma volta. E sempre saía com algum filminho dali, além de salgadinhos, doces e qualquer outra bobeira da qual, certamente, não tinha nenhuma urgência em comprar mas ainda assim o fazia, afinal "precisava aproveitar a viagem".

Sempre que passo por uma Lojas Americanas, atualmente, eu me lembro da sensação de apenas entrar na loja, ver as novidades dos filmes, reclamar dos preços dos lançamentos e garimpar em suas gôndolas. Se o dinheiro permitisse, sempre saía de lá com algo. Assim, fica alguma sensação de saudade mais vazia, uma sensação de que este fim era inevitável. Não gostaria de ver outras de suas lojas sendo desativadas, mas as portas das Lojas Americanas há muito já se fecharam para mim.

domingo, 28 de maio de 2023

Fantasia Film Festival 2023 - Pôster

 

Na boa, se alguém me desse a escolha de acompanhar qualquer festival de cinema do mundo, seria o Fantasia Film Festival. Lógico que tem a ver com um maravilhoso Diário de Viagem do cineasta Dennisson Ramalho, publicado na saudosa Cine Monstro, quando o mesmo apresentou o seu espetacular curta metragem, Amor Só de Mãe, para as plateias canadenses. Desde então, todo ano eu acompanho o line-up e fico namorando esse sonho. 

A primeira onda de filmes anunciados me empolga por um motivo curioso: a maioria dos anunciados eu não conheço! Para mim, quanto mais lacunas cinéfilas para preencher, melhor. O grande homenageado dessa edição será o cineasta Larry Kent, figura canadense reverenciada por David Cronenberg e Atom Egoyan, que está completando 90 anos de idade!

Mais informações serão publicadas por aqui, em breve. Quem sabe, num futuro próximo, não será a vez do meu diário de viagem diretamente de Montreal. 

domingo, 23 de abril de 2023

Quatro Mulheres e Um Destino (Bad Girls, 1994)


Parando para pensar, honestamente não consigo me lembrar de nenhum comentário, em qualquer lugar, sobre este esquecido e divertidíssimo western cuja produção foi marcada por troca de diretores, roteiro reescrito e muitas memórias ruins considerando declarações posteriores do elenco. 

Sendo muito franco, seria mentira eu não informar que parte dessa bagunça das filmagens não se reflete no ritmo errático e o fiapo de enredo que, honestamente, desperdiça um elenco que, como bem apontou Roger Ebert em sua resenha, estava no topo de suas carreiras. Vejamos:

- Madeline Stowe, que vinha de um filme do Robert Altman (Short Curts) e em seguida entregaria o cultuado Os Doze Macacos.

- Mary Stuart Masterson, três anos antes integrou o elenco do premiado Tomates Verdes Fritos.

- Andie MacDowell, que também vinha de Short Curts e do badalado Quatro Casamentos e um Funeral.

- Drew Barrymore, dois anos mais tarde estaria no clássico Pânico e sedimentaria sua carreira.

Não deixa de ser curioso um elenco tão interessante (e tão anos 90, convenhamos) tentando (e conseguindo) tirar leite de pedra de um script tão raso e bagunçado. As beldades estão ótimas como as prostitutas que sobrevivem no Velho Oeste à base de bala, sofrendo todo tipo de injustiça que mulheres num período como esse poderiam sofrer: acusações falsas, estupro, tortura, desigualdade perante a justiça - um infame catálogo de violências.


E mesmo assim, há muita sensualidade, bom humor e uma leveza geral na trama, dando um gosto de aventura para o filme. Entretanto, pela própria violência do ambiente e de certas situações, o filme me parece inadequado para o público mais jovem, o que deve ter sido um dos motivos da modesta bilheteria: bobo para o público adulto e inadequado para o público mais infantil. 

Isso é muito interessante, pois parte da conturbada produção se explica por esse desalinhamento entre estúdio e direção artística. Originalmente, o filme seria dirigido por Tamra Davis e o roteiro focaria mais sobre a violência contra a mulher no Velho Oeste. Em artigo do site Grantland, é apontado que num dos primeiros tratamentos do roteiro, uma das protagonistas arrancaria a genitália de um bandido durante uma sessão de sexo oral! O estúdio Fox não ficou muito satisfeito com o rumo geral da obra, demitindo diretora e reescrevendo o roteiro, o que levou a criação de um clima meio difícil durante as filmagens. Drew Barrymore quase pulou fora após a demissão de Davis, por ser amiga pessoal da diretora. Jonathan Kaplan (diretor do aclamado Acusados de 1991) foi o contratado para conduzir as filmagens e "segurar a rebordosa". 

Deixando-se de lado e com expectativas mais modestas, creio que QUATRO MULHERES E UM DESTINO é um eficiente exemplar daquele renascimento do Western dos anos 90 (na leva de Silverado, Maverick, Rápida e Mortal). Óbvio que ficam algumas indagações e curiosidades relacionadas ao projeto original, mas ainda assim eu mentiria se não lhes dissesse que este filme me divertiu durante sua projeção. 

sexta-feira, 31 de março de 2023

Desventuras de um Cinéfilo: Há 24 anos, Matrix chegava aos cinemas




Isto não é uma resenha, mas uma celebração - há 24 anos estreava o que, numa análise ligeira, eu considero como o último clássico do cinema, de fato. Para mim, as memórias são inesquecíveis do impacto que este filme causou e de como eu não consegui vê-lo no cinema - uma frustração para um garoto de 7 anos de idade! De qualquer maneira, assim que chegou nas locadoras da cidade, fomos, provavelmente, um dos primeiros a locarem e, sinceramente, meu mundo cinéfilo e meu universo imaginário nunca mais foi o mesmo: volta e meia eu ficava simulando poses de luta pelos cômodos da casa, imaginava filmes de ação com as cenas mais estapafúrdias possíveis e revivia as aventuras de Neo, Morpheus e Trinity na minha cabeça.

Vida longa a esse clássico que volta e meia eu assisto e confirmo sempre a minha mesma opinião desde sempre: Matrix é uma obra prima!

domingo, 19 de março de 2023

The Banshees Of Inisherin (2022)


O que seria um Banshee? Pela wikipédia, trata-se de uma criatura da mitologia celta, uma espécie de fada maligna cuja maior maneira de se expressar é por meio do som: ou um gemido melancólico transportado pelo uivo do ventou ou por um grito ensurdecedor, anunciador da morte.

Antes de conferir o filme, após a divulgação de um excelente trailer e todas as resenhas positivas me levaram a pensar o que diabos significava o título desse filme. Foi ao final da projeção e pensando sobre o que eu acabara de assistir que consegui enxergar (eu acho) o sentido do título e de toda essa fábula tristonha sobre a morte.

Porque o que cerca toda essa história são muitas esferas da morte e uma incômoda visão de que a bucólica ilha Irlandesa onde se passa a história, apesar de toda sua beleza natural e a distância da sessão continental (afligida pela Guerra Civil Irlandesa), não possui a paz que parecia transpirar. E para mim, que sempre amou e romantizou a Irlanda, o filme acabou por me atingir ainda mais. 

Todo mundo já sabe que se trata de uma história sobre o fim de uma amizade entre Padraíc (Colin Farrell) e Colm (Brendan Gleeson). Colm decide encerrar a amizade com o tolo Padraíc pois sente o avançar do tempo e a necessidade de utilizar o tempo que lhe resta de forma mais produtiva, para deixar alguma marca mais permanente (no seu caso, específico, deixar uma marca musical). As repercussões deste final de amizade afetam a rotina desse vilarejo e seus habitantes. 

Uma das coisas mais interessantes ao longo da película é o clima cada vez mais tenso até um "inevitável" clímax entre esses dois personagens. Seria, porém, inevitável mesmo? A escalada de violência e irracionalidade incomoda, principalmente porque os próprios personagens parecem perceber isso, entretanto pouco fazem para evitá-la. Aliás, a única personagem que nos acalenta, neste sentido, é a irmã de Padraíc, Siobhan (Kerry Condon - a adorável menina do filme Cão de Briga, com o Jet Li), uma espécie de Bela, do filme A Bela e a Fera, caso a mesma não tivesse vivido um romance maravilhoso e tivesse morado na mesma vila, para sempre. Ela percebe a estupidez em torno das decisões e até tenta chamar a atenção a isso, mas parece tomar a melhor decisão do filme inteiro.

As atuações neste filme são excepcionais, mas é preciso destacar Colin Farrell que entrega um personagem muito interessante. Padraíc é um homem simples, com poucos recursos intelectuais, um primitivo cuja inocência encanta e a fúria surpreende. Ele fica incrédulo com os efeitos que suas ações desencadeiam, sempre opostos ao que ele esperava.

Colm é tão primitivo quanto seu amigo, mas acredita ser um pouco menos tosco que Pradaíc, o que é um grande erro de julgamento. As ações destes dois personagens delineiam o absurdo das consequências. Apesar de até entender os motivos de Colm, suas escolhas são deploráveis e infantis. 

Martin McDonagh escreve e dirige este filmaço que lembra um pouco o ótimo In Bruges, mas numa versão mais melancólica e poética. De uma certa forma, é estranho pensar que eu gostei do filme mas o gosto amargo dessa história fica acentuado demais em minha boca, o suficiente para eu pensar que na Irlanda deste filme, pessoalmente, quero ficar longe. 

Pôster: Tetris (2023)


Minha impressão é que esse filme entregará um dos maiores divertimentos do ano, principalmente pela surpresa que uma obra baseada no jogo Tetris pudesse gerar uma obra "assistível". Neste caso, o foco parece que será a gênese do clássico game, incluindo o sempre fascinante período da Guerra Fria. Detalhe que eu não reconheci o Taron Egerton no papel principal (o rapaz do Kingsman vem desenvolvendo uma bela carreira). 

domingo, 12 de março de 2023

Desventuras de Um Cinéfilo - Impressões da Temporada do Oscar 2023 #02


Cá estamos nós na tarde que antecede o Oscar, numa edição de filmes bem interessantes e algumas boas decisões relacionadas a cerimônia em si, como a volta de um host (mesmo não sendo uma opção do meu agrado). 

Atualmente, não há aquela excitação antiga que me inundava anteriormente. Hoje, passei a tarde lendo, um livro curioso sobre países que não existem mais. Lembro-me da edição de 2009, que passei justamente o período da tarde assistindo o máximo de filmes daquela edição que eu ainda não tinha conferido. O paralelo com esses países que deixaram de existir é notável: tornaram-se apenas memórias.

Como foi, afinal, minha temporada do Oscar? Foi difícil, principalmente porque a vida me impôs uma série de decisões profissionais, mudanças na rotina, inseguranças e toda sorte de indefinições desconfortáveis do final de Janeiro até hoje. Sem perceber, sacrifiquei a diligente missão de assistir esses filmes.

Preciso, porém, dividir essa culpa: as redes de cinema de Campo Grande recusaram-se a exibir muitos desses filmes. Inacreditável filmes grandes como Banshees de Inisherin, Women Talking, Tár e Triangle of Sadness foram ignorados pelas grandes salas. Pelo menos exibiram A Baleia (que eu assisti já 2 vezes e, provavelmente, assistirei mais). Bastante descaso com os abnegados que ainda insistem em "tentar" acompanhar o mundo do cinema mais sério.

Em todo caso, chega de lamentações, pois há motivos de festa: It's The Oscar's! A Globo não mutilará a festa com sua exibição capenga, Will Smith não aparecerá para agredir o Chris Rock, Lenny Kravitz cantará no segmento "in memorian", alguns filmes bacanas para se torcer e sentir-se parte do mundo de cinema, mais uma vez. 

domingo, 26 de fevereiro de 2023

Richard Belzer é uma das caras da Nova York da qual insisto em sonhar



Foi com grande pesar que fiquei sabendo do falecimento do magnético Richard Belzer. Não foi um grande astro do cinema, mas certamente fez história na televisão norte americana ao encarnar o detetive John Munch que apareceu em nada menos do que 11 diferentes seriados, em alguns momentos aparecendo em três TV shows ao mesmo tempo!

John Munch era aquele policial irônico e cheio de malícia, um cínico de primeira linha, mas com um coração, lá no fundo. Na série Law And Order: Special Victims Unit ele fazia um excelente contraponto à dupla principal Stabler e Benson, tendo sempre uma espécie de capa que disfarçava seus reais sentimentos.

Talvez pelo tempo em que fez esse papel, Belzer e Munch pareciam se confundir: ambos democratas ferrenhos, conspiracionistas (Belzer publicou uma série de livros sobre teorias da conspiração, de JFK até Ovnis) e com uma fleugma irônica, típica de alguns comediantes mais das antigas. Num momento Belzer/Munch, escreveu um livro sobre um ator chamado Richard Belzer que interpreta um policial na televisão, chamado Munch, que desvenda um crime grotesco - a obra se chama "I Am Not A Cop!".

Há um curioso caso em que durante um talk-show que apresentava, Hulk Hogan aplicou um mata-leão de "brincadeira" nele. Belzer, magrelo como um grilo, mal resistiu ao golpe e desmaiou, batendo a cabeça no chão do cenário. O susto foi rápido, mas rendeu um traumatismo craniano, sutura e um processo contra o wrestler (que não foi pra frente, após um acordo entre as partes).

Me parece que Belzer era uma bela amostra de um tipo de norte americano que não tenho certeza se ainda é "produzido" pelo país. Um típico americano desconfiado, frágil e cínico, levemente presunçoso mas ainda assim magnético. Sem dúvida, fez parte da minha infância e do meu imaginário. Felizmente, tenho muitos trabalhos dele para conhecer - provavelmente a maior dádiva de ser um artista. 

Homem Formiga e a Vespa: Quantumania (Ant-Man and the Wasp: Quantumania, 2023)


Dois parágrafos para entender meus sentimentos em relação a este filme:

A primeira delas é de que foi uma experiência boa: cinema vazio, filme legendado, entretenimento competente durante a duração do filme que me fez esquecer completamente as preocupações do "mundo lá fora". É um universo alienígena muito inspirado em Star Wars (com direito até uma cantina à la Uma Nova Esperança), diga-se de passagem.  As piadas funcionam razoavelmente bem (sem aquela overdose de gracinhas) e, lá pelo meio da trama, temos o resgate do elemento mais charmoso dessa trilogia - há algo como um roubo a ser executado.

Entretanto, o filme conta com uma grande dose de desleixo visual, especialmente o 3d vagabundo que serve apenas para aumentar (e muito) o valor do ingresso. A trama é boba e se prende demais na ideia de que um novo e perigoso vilão está surgindo no universo da Marvel - um bom vilão, com interessante interpretação, contudo prejudicada por uma nuvem de expectativa dos produtores. Este, aliás, é o principal problema desta obra e de grande parte dos últimos filmes de heróis da Casa das Ideias, essa necessidade de ligar pontos e criar pontes entre obras futuras e passadas, tornando acompanhar esses filmes um tanto quanto exaustivo e infantil (num sentido ruim). 

No final das contas, acredito que o terceiro filme do Homem Formiga é divertido, especialmente se considerado como uma aventura solo, buscando-se esquecer do "aspecto multiverso" desses filmes. Ainda queremos entrar numa sala de cinema e apenas nos divertirmos por pouco mais de duas horas, sem amarras com o mundo exterior. Será que a Marvel ainda consegue fazer algo assim?

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Trailer: Sisu (2023)


Eu não tenho a maior das familiaridades com o cinema da Finlândia, mas não posso deixar de destacar este incrível trailer sobre um homem que encontra uma determinada quantidade de ouro durante um garimpo e resolve trocá-lo na cidade grande. Contudo, no caminho temos a Finlândia invadida por nazistas que, naturalmente, serão um obstáculo para seu objetivo. E o trailer sucede como uma espécie de "John Wick" do velho oeste nórdico, cheio de violência e exageros, no melhor sentido que essa palavra pode reservar. Torço muito para que o filme não caia nas armadilhas das moderninhas e insossas homenagens exploitation, mais visuais do que qualquer outra coisa, deixando de lado a trama. Pelo trailer, pode ser que este filme seja a resposta para isso.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Midnight Express #010 - Dc Comics, Netflix e Cinema

O Esquadrão Suicida (2021)

Quando você para pra pensar sobre o quão problemático vem sendo o caminho da DC Comics no estabelecimento de um universo cinematográfico, é impossível não admirar ainda mais o trabalho de James Gunn restabelecendo uma interessante ideia que fora completamente destruída em 2016 (um raríssimo caso de filme que eu achei tão insuportável que não consegui terminar). O Esquadrão Suicida de 2021 é um blockbuster impecável: divertido, surpreendente e cuja duração passa voando. A escolha do elenco é um primor, com Idris Elba finalmente divertido num papel principal, John Cena extraordinário como um louco que não parece louco, Margot Robbie fazendo sentido como Arlequina, além das presenças luxuosas de Viola Davis, Sylvester Stallone, Michael Rooker, Joel Kinnaman, David Dastmalchian (roubando cena) e Peter Capaldi. A trama é redondinha, fechada como um arco de missão e o vilão, completamente estapafúrdio, funciona que é uma beleza.

Com os recentes anúncios do controle criativo da DC Comics nas mãos do James Gunn, afirmo publicamente que confio plenamente no que o homem vai realizar. Quem viver verá!

Athena (2022)

Romain Gravas realiza um espetáculo visual realmente impressionante sobre um gueto parisiense se revoltando após o assassinato injustificado de um jovem cometido por policiais. O nível de tensão é inacreditável e o filme pisa no acelerador o tempo inteiro, deixando-nos completamente chocados e encantados, cortesia de uma fotografia realmente primorosa (a qual poderia, aliás, ter sido mais reconhecida na temporada de premiações). As atuações são ótimas e recomendo que se assista os diversos making of disponíveis no Netflix. Uma pena que Gravas aponta a explicação do filme no caminho mais óbvio possível, tirando toda aquela incômoda sensação de que todo o caos do filme talvez não fosse completamente justificável. Apesar disso, um grande espetáculo visual.

 Noite Infeliz (2022)

Primeiramente, sou grato por ter assistido este filme numa sala de cinema da minha cidade, cada vez mais especializada em ostracizar o público mais adulto que gosta de filmes legendados. Infelizmente, entretanto, não consegui gostar muito deste filme que até tem uma ideia interessante, mas esbarra em algo muito pessoal para este antipático blogueiro: eu sou apaixonado pelo Natal e me transtorna ver o símbolo máximo dessa época urinando do alto de seu trenó. Apesar da minha "sensibilidade", reconheço que o filme tem uma boa ideia, boas sacadas de ação (apesar da fotografia escura, para esconder alguns problemas técnicos, me aborrecer na maior parte do tempo) e algumas cenas de violência profundamente criativas.

 

Babilônia (2022)

Um interessante caso de um filme cujo título sintetiza exatamente tudo aquilo que a obra parece querer representar: Babilônia é um filme mastodôntico (em seu tempo de duração e elementos de tela), exagerado, profano, deslumbrante e cansativo. Minha visão é de que este filme poderia ser muito melhor caso houvesse maior rigor na sua edição - a trama do musicista, por exemplo, é absurdamente deslocada de todo resto e, apesar de interessante por si só, poderia ser limada. O elenco se esforça na loucura toda, mas confesso que a palavra que mais me vem a mente quando paro para pensar sobre esse filme é "inchado". A primeira hora do filme é hipnótica, mas o desenrolar de tudo realmente deixa a desejar. Fica a sensação de que, no final das contas, foi como um mergulho num abismo com seu pobre diretor sendo sugado pelo mesmo. 

 

You People (2023)

É inacreditável como o maior atrativo deste filme (Eddie Murphy) é o ponto mais problemático desta "comédia". Sim, muitas aspas nesta definição, pois para mim este filme não consegue ser uma comédia, de maneira alguma. Trata-se de uma versão "millenial" do filme A Família da Noiva, sobre um casal interracial que enfrenta a inadequação dos seus familiares. São questões que eu até entendo como bastante nevrálgicas na sociedade norte americana, mas o tom sério do personagem do Murphy dá a tônica de desconforto ao longo da obra. Jonah Hill, aliás, está ótimo no papel, mas também não funciona como engrenagem cômica. Um filme estranho e desagradável.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Desventuras de Um Cinéfilo - Impressões da Temporada do Oscar 2023 #01

É tão curioso perceber o reflexo das flutuações do meu humor conforme minha motivação em manter viva minha paixão por cinema. Esse blog é, de um ponto de vista muito pessoal, o espelho (nem sempre fidedigno) desses altos e baixos, frequentes na vida de qualquer um - acredito eu. Meu momento atual é de estabilidade, lutando para não entrar numa descendente. Fim de um ciclo que se aproxima e início de algo que eu ainda não sei bem o que é - no momento me sinto como num trem rumando para uma estação desconhecida e isso não é confortável para este "velho" capricorniano.

Não deixa de ser interessante, apesar disso, meu recente ânimo em acompanhar com um pouco mais de atenção a temporada do Oscar. Muitos parênteses, porém, precisarão ser pontuados por aqui: essa animação envolve a vontade de conhecer e assistir uma parcela dos indicados desta edição, bem como acompanhar notícias dos bastidores das campanhas e de outras premiações ao longo deste início de ano. Infelizmente, o ânimo envolvendo assistir a premiação em si anda meio arrefecido, especialmente com o show de horrores das últimas premiações - a dolorosa edição em que o péssimo Moonlight foi laureado no lugar do inesquecível La La Land (e toda a gafe que se seguiu), a edição ocorrida durante a pandemia (horrorosa, como muitos dos seus candidatos) e o Will Smith no ano passado - uma sucessão de eventos que mais me repeliram do que qualquer outra coisa.

Mesmo assim, a edição atual é uma das que mais me excitam em tempos recentes. Pessoalmente, isso tem relação com alguns fatores: a minha necessidade de precisar deixar a chama do amor pelo cinema acesa dentro de mim, o prazer em acompanhar os vídeos do canal Dalegnore Críticas no youtube (ainda será discorrido neste blog minhas impressões de seu conteúdo, mas não é o foco desta postagem) e a própria seleção de filmes na classe deste ano.

Talvez, a última edição do Oscar que correspondeu minha excitação foi a de 2016, com a premiação do filmaço Spotlight. Foi um ano, extraordinário, aliás: The Martian, The Revenant, Mad Max Fury Road, Creed, The Big Short... Naquela temporada, eu fiz uma sessão inesquecível no cinema de Spotlight e The Revenant, com minha querida irmã. Quando voltamos das sessões, sentamos na sala de casa, com apenas uma aconchegante luz de um abajur alto e a televisão ligada passando desfiles de escolas de samba... Boas memórias.

Assim sendo, a edição de 2023 traz alguns ótimos nomes para acompanhar e outros que, a princípio, tenderei a ignorar. Alguns desses filmes, quem sabe, terão suas resenhas publicadas por aqui. Venho ensaiando uma resenha de Os Fableman - já adianto que gostei do filme.

Talvez, um dos triunfos dessa edição atual é que existem alguns filmes dela que eu genuinamente já gostaria de assistir, muito antes de serem indicados: The Banshees of Inisherin (o mesmo diretor e a dupla de atores do filme In Bruges são motivos mais que suficientes para eu querer ver), The Whale (eu estou investido nessa "ressurreição" da carreira do Brendan Fraser) e Argentina,1985 foram alguns que já estavam no meu radar.

Tão curioso quanto os filmes que eu já queria assistir foram os filmes que essa Temporada (e resenhas positivas) destacaram e entraram no radar: Tár (minha irmã disse que eu PRECISO ver este filme - estou dependendo da boa vontade do Cinemark de lançá-lo na telona), The Quiet Girl (um candidato da Irlanda), Pinóquio do Guillermo Del Toro, RRR, Elvis (apesar de dirigido por um diretor cujo estilo não me agrada, ainda assim fiquei curioso) e Living (Bill Nighy + Kazuo Ishiguro = com certeza quero assistir).

É uma temporada com certeza interessante. Apesar de parecer solitário, foi incrível acompanhar a transmissão dos indicados enquanto eu almoçava sozinho numa tradicional churrascaria daqui da cidade. Enquanto comemorava as indicações de Top Gun Maverick, o garçom mandava a ver naquele pedaço suculento de Angus. Só essa memória é o suficiente para simbolizar que este ano será melhor que os anteriores. Sigamos.

domingo, 29 de janeiro de 2023

Leitura: Vampiros da Meia-Noite (Editora Skript; Quadriculando - 2022)

Nos idos de 2003, a melhor revista de cinema lançada no Brasil, a Cine Monstro, fez um especial sobre o cineasta Tod Browning e, ao final da primeira parte desse dossiê sobre o cineasta, a publicação me apresentava ao filme O Vampiro da Meia-noite - London After Midnight de 1927:

"... hoje é considerado um dos filmes perdidos mais procurados de todos os tempos."

Além de atestar a incrível qualidade dessa magazine, a frase acima se mantém como uma verdade até os dias atuais: O Vampiro da Meia-noite, maior sucesso comercial da parceira Lon Chaney e Browning permanece perdido até o dia de hoje, suscitando uma grande popularidade ao redor dessa obra, rendendo diversos vídeos no youtube, livros, montagens de fãs, uma montagem do TCM (falaremos dela um pouquinho mais pra frente) e uma história em quadrinhos recém-publicada no Brasil - Os Vampiros da Meia-noite dos chilenos Gonzalo Oyanedel e Enrique Alcatena.

A graphic novel funciona, basicamente, como um storyboard baseado no roteiro e nas imagens do filme - um material de primeira para fãs de terror e cinema clássico. O traço de Alcatena é bonito e bastante familiar, principalmente por quem já estiver acostumado com HQs europeias (me lembrou um pouco a dupla italiana Giancarlo Berardi e Giorgio Trevisan).

O final da hq traz um ensaio sobre a obra original revelando alguns interessantes detalhes do filme, incluindo a iniciativa do canal TCM de contratar o arquivista Rick Schmidlin para produzir um fotofilme de pouco mais de 40 minutos, baseando-se nas mais de 200 imagens que temos do filme e a versão final de seu roteiro. E essa versão está disponível online - recomendo muito que você assista.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Pôster: Inside (2023)


Os anos vão passando e o grande Willem Dafoe vem mantendo uma excelência quanto a escolha de projetos e atuações incríveis. Não expressei aqui no blog minha paixão pelo seu retrato de Van Gogh no filme No Portal da Eternidade, mas devo dizer que depois daquele filme eu sou um entusiasta do Dafoe encabeçando filmes e levando-os sozinho em suas competente costas. O ótimo trailer deste aqui aponta para uma daquelas histórias de isolamento já clássicas nos filmes de suspense/horror. E o pôster com o ursinho do Festival de Berlim só deixa tudo ainda mais interessante. Seria legal ver esse aqui no cinema.

Trailer: Beau Is Afraid (2023)

Não cheguei a publicar por aqui minhas impressões sobre Midssomar, último filme do diretor Ari Aster (Hereditário ainda não assisti), mas devo dizer que eu não gostei muito do filme - muito inchado, muito longo e com poucas boas ideias (mas ótimas referências, no geral). Ainda assim, respeito o fato deste diretor estar criando obras originais e que definitivamente não deixam sua audiência em cima do muro. O trailer abaixo, para mim, é absolutamente indecifrável e, só isso, já é um fator elogioso. A presença de Nathan Lane também me surpreendeu muito no trailer. Enfim, intrigante como todo trailer deveria ser. Quem sabe não rolará crítica por aqui...



sábado, 7 de janeiro de 2023

Little Nicky - Um Diabo Diferente (Little Nicky, 2000)

 

Eu me lembro com entusiasmo da época em que assisti este filme - um período em que as locadoras ainda estavam muito vivas e uma porção de filmes legais ainda passavam na televisão e este aqui eu assisti provavelmente num SBT da vida e tinha algumas memórias do filme - principalmente a punição do Hitler...

 Em todo caso, por muitos anos eu procurei LITTLE NICKY em dvd para adicionar a minha videoteca, mas sempre foi uma tarefa bem complicada. Lançado aqui no Brasil pela Playarte, os filmes dessa distribuidora quase não chegavam nas Lojas Americanas da minha cidade, tornando a aquisição uma vontade distante. Entretanto, qual não foi minha surpresa quando um amigo de um grupo de vendas de filmes conseguiu uma cópia e eu fui o primeiro a agarrá-la, num fortuito momento de consulta do whatsapp durante meu trabalho. Uma puta sorte!

E rever essa pérola só comprovou o que minha memória sussurrava: este é um dos filmes mais legais do Adam Sandler! Lendo um texto publicado no Collider ano passado, não deixa de ser interessante parte da crítica revisitar a carreira do Sandler e apresentar um pouquinho de mais boa vontade ao redor do seu trabalho. 

 

 

A trama é simples porém muito inventiva: Nicky (Sandler) é um dos três filhos do Diabo (Harvey Keitel, no ponto), o mais improvável de herdar seu trono por sua natureza dócil e meio débil (típico personagem que o Sandler interpreta). O pai parece gostar mais desse filho mané, o que desperta a inveja de seus dois outros irmãos completamente perversos (Tom Listen Jr. e o sempre incrível Rhys Ifans) que tramam para tomar o trono do pai e se livrar de seu irmão cretino.

Desde o cabelo lambido do personagem principal, até a trilha sonora lotada de "nu-metal" e as próprias piadas do filme - tudo lembra demais a época que esse filme foi realizado. Na época, porém, foi um baita fracasso de bilheteria, faturando apenas 58,3 milhões de dólares em comparação com os mais de 80 milhões de orçamento e a recepção bastante negativa da crítica em geral. 

É curioso porque assistindo o excelente "making-of" que acompanha o dvd, é possível perceber como a produção desse filme foi bastante caprichada, condizente com o inventivo roteiro. A equipe da produção trabalhou na construção de cenários criativos, além de vários efeitos visuais que na minha opinião ainda funcionam muito bem. Há um ótimo trabalho de maquiagem e figurino no filme que não passam despercebidos, também.

Uma das coisas mais legais dos filmes de Sandler (confirmada também no ótimo documentário no dvd) é que Sandler se cerca das figurinhas carimbadas com quem gosta de trabalhar, o que me faz acreditar que deve ser divertido participar dessas filmagens: Rob Schneider, Jon Lovitz, Kevin Nealon, Allen Covert e muitas outras caras conhecidas, alguns deles com papeis mais proeminentes do que rotineiramente. Isso sem falar nas diversas participações especiais: Dana Carvey, Quentin Tarantino (divertidíssimo, por sinal), Carl Weathers, Henry Winkler, Regis Philbin, Dan Marino, o time Harlem Globetrotters e até Ozzy Osbourne, numa participação impagável.

Apesar de ser um filme meio esquecido atualmente (será que algum dia teremos blu-ray dele?), LITTLE NICKY rendeu um jogo de game boy colour e até uma linha de action figures! A versão nacional do dvd foi lançado pela Playarte enquanto a americana foi lançada naquele formato snapcase, com uma trilha de comentários que a versão nacional não dispõe (mas em compensação tem a dublagem original do filme). 

Acredito que é a comédia mais criativa, visualmente e em termos de story building, da carreira do Adam Sandler. Fiquei muito satisfeito em adicioná-la a minha coleção e fica a sugestão para quem quiser se divertir com um tipo de comédia original, mais recheada de besteirol, cada vez mais rara no mercado. Nem que seja para ver o Hitler ser punido com um abacaxi - deixando sua imaginação te levar para onde quer que seja.

domingo, 1 de janeiro de 2023

Expectativas para 2023 no mundo do cinema

Acredito que 2023 tem tudo para ser um ano estupendo em todos os sentidos! O que acontece é que eu sou um sujeito extremamente otimista e sempre disposto a esperar algo de melhor do que o destino possa me trazer. E também acredito que boas energias costumam atrair coisas boas - dessa maneira sinto que é um bom momento para derramar algumas expectativas aqui no blog:

Como não se lembrar daquelas edições de Janeiro da Revista SET em que eles lançavam um Preview do ano seguinte, com todas as informações disponíveis sobre os filmes do ano vindouro, tornando nossa vida de cinéfilo bem mais fácil. Aliás, sinto grande falta das revistas de cinema (em algum canto da internet eu li que tinha uns boatos sobre a volta da revista, mas não consegui confirmar nada). Fato é que agora temos de garimpar um pouquinho pela internet para achar informações fidedignas de próximos lançamentos.

Considerando que meu filme favorito da vida é Rocky, um Lutador, é óbvio que eu aguardo com muita expectativa o terceiro filme da série CREED, com Michael B. Jordan encarnando o filho do eterno Apollo. Eu gostei do trailer, apesar de ter sentido que a história caminha para uma trama meio óbvia - no caso parece ser uma mistura do Rocky III e do V. É claro que isso pode ser muito bom, especialmente se mantiverem a excelente execução dos dois anteriores. Mas será que a saga vai ter fôlego sem nosso querido Sly? Veremos muito em breve.

Por falar em Stallone, neste ano sairá OS MERCENÁRIOS 4 - o último da série com o garanhão italiano, aparentemente. As lições do fracasso do último filme parece que foram aprendidas: filme mais violento, com censura maior direcionada ao público alvo, de fato; elenco mais enxuto, sem aquele excessos de participações e gracinhas. Torço muito para termos um filme de ação bem à moda antiga, com muitas explosões, pancadaria, truculência, piadinhas de mal gosto e tudo aquilo que um apaixonado pelo cinema de ação mais brucutu gosta de assistir. 

Apesar de cada vez mais sem paciência para os filmes de super herói, que parecem estar piorando progressivamente, duas continuações estão em minha alça de mira: SHAZAM! FURY OF THE GODS, sequência da divertidíssima primeira aventura (mas que tudo indica, será o último filme do Capitão Marvel, porque a DC Comics está uma verdadeira zona!) e GUARDIÕES DA GALÁXIA VOLUME III, cujos os dois primeiros filmes são, na minha modesta opinião, excelentes, quase sempre me despertando a vontade de largar tudo e entrar na faculdade de cinema pra fazer um filme como esse. 

Vamos voltar a comentar as estreias com base nos atores cujas carreiras eu acompanho: Jason Statham, carinhosamente chamado por aqui de "O Brucutu Inglês", terá além dos já citado Mercenários, a continuação do filme Megatubarão (cujo primeiro filme ainda não assisti) e o adiado OPERATION FORTUNE, do Guy Ritchie, diretor que quase sempre acerta. Por enquanto, nenhum daqueles projetinhos menores em que ele costuma atuar (é exagero pedir por um novo Carga Explosiva?).


Este blog sempre terá espaço para Nicolas Cage e 2023 teremos algumas pérolas: REINFIELD é a volta de Cage como um vampiro, neste caso o senhor das trevas himself - Drácula! Além disso, já temos um trailer bem cativante de um faroeste chamado THE OLD WAY que certamente estará na minha órbita de interesse. Além disso teremos um tal de THE RETIREMENT PLAN, que reúne no elenco Ron Perlman e Jackie Earle Haley - o suficiente para me deixar intrigado. E tem a adaptação do livro THE BUTCHER'S CROSSING, do cultuado autor John Williams.

Alguns trailers me chamaram bastante atenção e, curiosamente, foram de duas adaptações de jogos - um videogame e um rpg: DUNGEONS AND DRAGONS - HONRA ENTRE LADRÕES e SUPER MARIO BROS - O FILME prometem, ao menos com seu material promocional, diversão de primeira. Se considerarmos os lançamentos pregressos desses filmes no mundo do cinema, acho seguro apostar que teremos, ao menos, filmes melhores que seus originais.E tem uma adaptação francesa de OS TRÊS MOSQUETEIROS com a Eva Green que parece ser muito boa.

E pensando nos diretores: filmes novos do Scorsese, Fincher, Shyamalan, Polanski, Ridley Scott, Wes Anderson, Michael Mann, Isaac Florentine... 

E alguns projetos que ainda não divulgaram qualquer material: Russel Crowe interpreta o exorcista Gabrielle Amorth em THE POPE'S EXORCIST; a famosa história do Stephen King, SALEM'S LOT ganhará mais uma adaptação; o videogame GRAN TURISMO até que pode render algo de interessante olhando seu elenco e direção; e para fechar, no terreno do super boato: uma continuação do clássico do Steven Seagal - NICO, ACIMA DA LEI - eu quero acreditar que o velho Seagal ainda consegue fazer um filmaço...

Enfim, é uma cacetada de motivos para encarar 2023 com alguma expectativa positiva, não acham? E eu tenho quase certeza que amanhã já vou descobrir algum outro projeto que eu não abordei por aqui, mas paciência.