sábado, 14 de maio de 2011

Em Um Mundo Melhor (In a Better World/Haeven 2010)


O vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro da última edição do prêmio põe no chinelo os outros dez indicados a premiação de melhor filme. Sem brincadeira: o dinamarquês Em Um Mundo Melhor é um drama espetacular que, além de suas proezas cinematográficas, carrega consigo uma mensagem pertinente e relevante para o público.


Numa análise superficial, o filme trata sobre um assunto em voga: o bullying nas escolas. Entretanto, a diretora Susanne Bier foca suas lentes não só sobre a violência nas escolas, mas também em todos os ambientes possíveis e com todas as pessoas que o roteiro acompanha. O centro do turbilhão é o médico Anton (Mikael Persbrandt), um homem que se vê acompanhado pela sombra da maldade, tanto na África, onde trabalha, quanto com seu filho que sofre na mão dos colegas de escola.

Em Um Mundo Melhor ainda conta com a presença do interessante personagem Christian (William J. Nielsen), um jovem que defende o filho do médico dos outros colegas de uma maneira violenta e implacável, mostrando-se como o verdadeiro protótipo de um psicopata. E mesmo assim, nos compadecemos pelo personagem – uma maravilha atingida pela excelente interpretação do jovem ator e o roteiro explêndido.



O que mais me agradou foi a sensação de relevância passada durante a projeção. É fato que a obra sobrevive (e muito bem!) como manifestação artística. A densa estória apresentada parece ser tão plausível no mundo em que vivemos atualmente, onde, praticamente todo dia, somos expostos à situações que envolvem a violência e nós, que nos chamamos de racionais, agimos como animais egoístas.


Além da bela fotografia e elenco afiado, Em Um Mundo Melhor conta com roteiro preciso e uma direção eficiente da diretora Susanne Bier.


A verdade é que Em Um Mundo Melhor é uma obra humanista. Mesmo com toda a violação que transborda na vida dos seus personagens, o final da obra é otimista o suficiente para ainda acreditar nos homens, mesmo estes sendo imperfeitos e tão falhos. Ainda haverá uma centelha de decência e humanidade em nós. É possível existirem finais felizes. É como o personagem autodidata do livro A Náusea, de Sartre, dizia: "Há os homens!". E Susanne Bier afirma, após o fim da projeção: "Há os homens!". E eu concordo. E só por me convencer de que pode existir humanidade entre os homens, este filme já figura entre os melhores do ano.

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