É interessante notar como nós, blogueiros, ás vezes passamos por momentos de crise criativa. Creio que boa parte dessa sensação vem quando passamos a assistir um filme sentindo a obrigação de escrever sobre o mesmo depois. Quando a atualização do blog torna-se uma atividade burocrática, a produção de textos se torna um fardo e o blog fica meio abandonado.
Recentemente, passei por um momento destes. A verdade é que me sinto muito melhor agora para produzir textos mais competentes e bacanas, textos relevantes. E vejo que uma pequena crítica sobre Assassino à Preço Fixo é ideal para a minha atual situação.
Escrevo isso porque Assassino à Preço Fixo é um filme de ação extremamente burocrático e sem graça, que tinha potencial para se tornar, pelo menos, um ótimo filme de ação.
No lugar dessa promessa, ficamos com um exemplar bastante medíocre, que não nos cativa em nenhum momento. Reuniu-se um elenco competente e um diretor razoável (que de vez em quando acerta) em torno da refilmagem de um filme do saudoso Charles Bronson. Poderia ter dado certo, mas todos os excessos de um filme de ação hollywoodiano foram reunidos aqui, numa produção barulhenta e vazia, sem o menor impacto que poderia ter causado sobre o público.
Uma pena, pois é triste vermos Jason Statham sendo desperdiçado, pois o cara tem muito carisma e talento para as cenas de ação. Aqui ele interpreta um assassino profissional bastante competente, que acabará treinando o filho de seu tutor (Ben Foster), que se mostrará um rapaz impetuoso, mas com futuro no ramo dos assassinatos.
O meu problema não é nem com seu roteiro trivial, mas sim com a maneira como o diretor Simon West conduz a estória. No início, o filme começa com estilo, uma narração em off bacana, mostrando a organização do personagem principal e alguns aspectos psicológicos do mesmo. Após, mais ou menos, meia hora de projeção, o filme amontoa cenas de ação e uma trama arranjada às pressas de uma vítima importante para o assassino – enfim, o filme parece ser bastante atropelado de sua metade para o final.
Foster e Statham até seguram bem o filme, mas não adianta se o diretor e a edição da obra destroem qualquer aspecto positivo da atuação de ambos. Me pergunto: para que mostrar uma cena de luta em que mal podemos ver os movimentos do ator principal? Para que montar sequências que mais parecem videoclipes ruins passados no top 10 da MTV? Para que criar cenas de ação que destroem completamente o clima de realismo que o diretor tentou imprimir no início da obra? Pois é, também não entendo.
Em certos momentos, a obra lembra aquelas produções de ação lançadas diretamente para a televisão, cheias de maneirismos visuais e com uma edição toda picotada, em que mal podemos entender como se passa a cena de luta, tamanho o nervosismo da câmera...
Sabendo da existência de uma versão original deste filme, terei que correr atrás da mesma para assistí-la. Contudo, é praticamente certeza que o original dará um banho nesta versão anabolizada para o século XXI. Melhor sorte da próxima vez Statham!
Nenhum comentário:
Postar um comentário