Imaginem um filme japonês com a estória do clássico
Predador (um grupo de soldados fica preso numa floresta com uma criatura
monstruosa caçando-os); troque, agora, os soldados americanos por ninjas e a
criatura homônima de 1987 por um monstro bem parecido com o Alien de Ridley
Scott; adicione lutas e as loucuras típicas do cinema japonês.
Pareceu-lhe estranho? Essa maluquice existe e atende pelo
nome de Alien vs Ninja, produção da Sushi Typhoon, uma produtora japonesa especializada
em filmes trashs e cinema alternativo, cujo catálogo inclui Mutant Girls Squad,
Cold Fish e algumas outras pérolas (veja o site da produtora aqui).
Voltando para o filme desta postagem, fica claro que uma
obra dessas está no mercado para divertir o seu público alvo. E, claro, embarcar
na onda dos filmes de duelos (iniciada com o fraco Alien vs Predador) que
esteve em moda durante um tempinho e só continua viva por causa do canal Syfy,
que entrega pelo menos uma obra de dois monstros poderosos se enfrentando todo
ano, tipo o horroroso Mega Shark vs Giant Octopus e o péssimo Boa vs Python (cujas
as resenhas você pode ler clicando em seus respectivos nomes).
Ao contrário dos filmes anteriores citados, Alien vs
Ninja é muito divertido, desde o seu início. E o melhor é que a obra não nega
sua intensão; assim, o duelo entre Aliens e Ninjas (sim, é no plural mesmo!)
ocorre em boa quantidade ao longo da projeção, não cansando o público diante da
tosqueira não disfarçada da produção.
Não pense que as cenas dos duelos são ruins, porque não
são. Apesar de utilizar a montagem recortada em alguns momentos, o filme conta
com boas coreografias, especialmente de lutas de espadas. E o roteiro é
inteligente ao colocar um belo duelo de espadas entre humanos lá pelo final da
fita, com uma explicação razoavelmente plausível. É muito mais interessante
você assistir dois atores habilidosos trocando golpes em movimentos incríveis
do que um ator fugindo do alien o tempo inteiro.
O filme também não decepciona com seus péssimos efeitos
especiais, cenas nojentas (cinema japonês, meu povo) e situações risíveis em
geral. Obviamente que o filme erra a mão em alguns pontos, especialmente um
personagem covardão que tenta ser alívio cômico, mas falha miseravelmente.
Aliás, quando o filme tenta ser engraçado não há efeito algum. O humor
involuntário é o que comanda.
Outra negativa é seu final, absolutamente desnecessário e
que parece empurrar para uma futura continuação, sem nenhum sentido. Quase
colocou a perder toda a babaquice (no bom sentido) anterior da obra. Até uma
produtora como a alternativa Sushi Typhoon é regida pelos “princípios mercantis”
de Hollywood?
Filmes ruins precisam ser incutidos da mentalidade de que
diante de uma obra visivelmente péssima devem-se abraçar seus próprios defeitos
para superá-los de maneira decente. É como quando você deixa cair os pratos de
sua casa e começa a rir de si mesmo, junto de sua família: o humor pode atenuar
uma cagada.
E, por isso, Alien vs Ninja se mostrou como um filme
divertido e quase bom (com todo o respeito). Ao contrário de seus primos ocidentais, essa produção
japonesa entendeu muito bem que um filme onde monstros (cujo visual lembra a
mistura de um golfinho com os aliens incubadores de 1979) enfrentam ninjas
superpoderosos não deve ser, sob nenhuma instância, levados a sério. Essas
obras estão aqui para divertir e essa em questão fez isso muito bem. Não tem
mistério.
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