O que seria um Banshee? Pela wikipédia, trata-se de uma criatura da mitologia celta, uma espécie de fada maligna cuja maior maneira de se expressar é por meio do som: ou um gemido melancólico transportado pelo uivo do ventou ou por um grito ensurdecedor, anunciador da morte.
Antes de conferir o filme, após a divulgação de um excelente trailer e todas as resenhas positivas me levaram a pensar o que diabos significava o título desse filme. Foi ao final da projeção e pensando sobre o que eu acabara de assistir que consegui enxergar (eu acho) o sentido do título e de toda essa fábula tristonha sobre a morte.
Porque o que cerca toda essa história são muitas esferas da morte e uma incômoda visão de que a bucólica ilha Irlandesa onde se passa a história, apesar de toda sua beleza natural e a distância da sessão continental (afligida pela Guerra Civil Irlandesa), não possui a paz que parecia transpirar. E para mim, que sempre amou e romantizou a Irlanda, o filme acabou por me atingir ainda mais.
Todo mundo já sabe que se trata de uma história sobre o fim de uma amizade entre Padraíc (Colin Farrell) e Colm (Brendan Gleeson). Colm decide encerrar a amizade com o tolo Padraíc pois sente o avançar do tempo e a necessidade de utilizar o tempo que lhe resta de forma mais produtiva, para deixar alguma marca mais permanente (no seu caso, específico, deixar uma marca musical). As repercussões deste final de amizade afetam a rotina desse vilarejo e seus habitantes.
Uma das coisas mais interessantes ao longo da película é o clima cada vez mais tenso até um "inevitável" clímax entre esses dois personagens. Seria, porém, inevitável mesmo? A escalada de violência e irracionalidade incomoda, principalmente porque os próprios personagens parecem perceber isso, entretanto pouco fazem para evitá-la. Aliás, a única personagem que nos acalenta, neste sentido, é a irmã de Padraíc, Siobhan (Kerry Condon - a adorável menina do filme Cão de Briga, com o Jet Li), uma espécie de Bela, do filme A Bela e a Fera, caso a mesma não tivesse vivido um romance maravilhoso e tivesse morado na mesma vila, para sempre. Ela percebe a estupidez em torno das decisões e até tenta chamar a atenção a isso, mas parece tomar a melhor decisão do filme inteiro.
As atuações neste filme são excepcionais, mas é preciso destacar Colin Farrell que entrega um personagem muito interessante. Padraíc é um homem simples, com poucos recursos intelectuais, um primitivo cuja inocência encanta e a fúria surpreende. Ele fica incrédulo com os efeitos que suas ações desencadeiam, sempre opostos ao que ele esperava.
Colm é tão primitivo quanto seu amigo, mas acredita ser um pouco menos tosco que Pradaíc, o que é um grande erro de julgamento. As ações destes dois personagens delineiam o absurdo das consequências. Apesar de até entender os motivos de Colm, suas escolhas são deploráveis e infantis.
Martin McDonagh escreve e dirige este filmaço que lembra um pouco o ótimo In Bruges, mas numa versão mais melancólica e poética. De uma certa forma, é estranho pensar que eu gostei do filme mas o gosto amargo dessa história fica acentuado demais em minha boca, o suficiente para eu pensar que na Irlanda deste filme, pessoalmente, quero ficar longe.
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