Uma das Lojas Americanas de Campo Grande encerrou suas atividades durante esta última semana. Só fiquei sabendo porque ontem à noite eu resolvi passar de carro pela 14 de julho e vi a loja fechada às 18:40, sem o seu letreiro. Hoje à tarde, vejo no site O Jacaré a notícia completa a qual transcrevo abaixo para alguns comentários (a ilustração da postagem, aliás, vem da matéria):
"A Lojas Americanas fechou a primeira loja em Campo Grande desde que houve a homologação do pedido de recuperação judicial em decorrência da dívida de R$ 42 bilhões. A empresa ainda desistiu da ação para renovar o contrato de locação por 60 meses com a redução no valor do aluguel no Shopping Bosque dos Ipês.
O fechamento da unidade na Rua 14 de Julho, em frente a Praça Ary Coelho, ocorreu nesta semana. Em todo o País, o grupo fechou 28 unidades. No Estado, a rede tem uma dívida de R$ 29 milhões.
A Americanas ainda conta com cinco lojas na Capital, duas na rua (Dom Aquino e Júlio de Castilho) e três nos shoppings (Campo Grande, Norte Sul e Bosque dos Ipês).
O grupo chegou a ingressar com ação na Justiça para reduzir o valor do aluguel de R$ 23,5 mil para R$ 15 mil no Shopping Bosque dos Ipês e renovar o contrato por mais cinco anos. No entanto, no início de abril, sem informar que houve acordo ou pretende desistir do ponto, a empresa desistiu da ação judicial."
Independente de qualquer aspecto, o fechamento de uma loja é, para mim, sempre algo muito melancólico. Pessoas perderam seus empregos e, pelo menos até que novos comércios surjam no local, perde-se uma referência de onde obter os produtos que ali eram vendidos.
De qualquer maneira, há algum interesse nessa notícia pois eu já frequentei essa Lojas Americanas por um longo tempo, principalmente pela sessão de filmes. Quando esta loja abriu suas portas, eu me lembro de encontrar por ali alguns filmes que não se encontravam com tanta facilidade em outras filiais. Ali eu achei, por exemplo, o box contendo os quatro filmes da série Pânico (numa época em que esse box não era nada fácil de encontrar por aí).
Não tinha a aura nostálgica da primeira Lojas Americanas da cidade, nem a aconchegante localização da loja na Rua Júlio de Castilho, onde tive ótimas surpresas cinéfilas, também. Mas era uma loja com seu charme, com um pé direito pronunciado (perceptível principalmente na área dos caixas) e seu formato em L, com os brinquedos na outra extremidade da loja. A sessão de filmes, inicialmente, ficava no entroncamento desse L, bem iluminada, como um setor a parte da loja. Depois foi transferida para onde ficavam os brinquedos, completamente deslocada, numa área com goteiras (e, consequentemente, alguns filmes danificados), com algumas de suas prateleiras se acotovelando, com pouco ou nenhum espaço para transitar.
Por fim, houve o grande saldão de filmes das Lojas Americanas, quando eles decidiram parar de vender dvds e cds, contribuindo decisivamente para a derrocada do mercado nacional deste seguimento. Óbvio que eu comprei muita coisa ali - saí com sacolas e mais sacolas de filmes, muitos dos quais eu até hoje ainda não assisti. O curioso é que essas compras nunca foram com qualquer euforia infantil, mas sempre com uma ponta de melancolia, por saber que uma era chegava ao fim.
O que me leva a pensar sobre esse fechamento, que certamente tem muitos motivos além da
minha experiência pessoal com a Lojas Americanas. Entretanto, como negar que uma parte de seu público (os colecionadores de filmes) acabou sendo negligenciada com suas decisões, diminuindo a frequência de comparecimento e consumo de outros produtos dessas lojas?
minha experiência pessoal com a Lojas Americanas. Entretanto, como negar que uma parte de seu público (os colecionadores de filmes) acabou sendo negligenciada com suas decisões, diminuindo a frequência de comparecimento e consumo de outros produtos dessas lojas?
Eu me lembro de me deslocar efetivamente nos domingos de manhã, acompanhado do meu pai ou com minha irmã, para dar uma volta. E sempre saía com algum filminho dali, além de salgadinhos, doces e qualquer outra bobeira da qual, certamente, não tinha nenhuma urgência em comprar mas ainda assim o fazia, afinal "precisava aproveitar a viagem".
Sempre que passo por uma Lojas Americanas, atualmente, eu me lembro da sensação de apenas entrar na loja, ver as novidades dos filmes, reclamar dos preços dos lançamentos e garimpar em suas gôndolas. Se o dinheiro permitisse, sempre saía de lá com algo. Assim, fica alguma sensação de saudade mais vazia, uma sensação de que este fim era inevitável. Não gostaria de ver outras de suas lojas sendo desativadas, mas as portas das Lojas Americanas há muito já se fecharam para mim.
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