Uma estranha nostalgia se apoderou de mim quando consegui finalmente colocar minhas mãos neste esquecido filme do senhor Kevin Costner. Eu me lembrava, com aquela confortável saudade, da colossal fita dupla nas prateleiras da locadora, bem como do pôster que me lembrava a arte de um livro, com o protagonista em um sobretudo surrado e o visual mendicante. Estava ciente, porém, das toneladas de críticas massacrantes sobre a obra, mas a nostalgia é sempre mais forte, pelo menos no início.
E bastaram pouco mais de uma hora dos filme, de seus 178 minutos de duração, para que a magia da nostalgia se dissipasse e todas aquelas resenhas ficasse martelando em minha mente - mais do que opiniões, pareciam avisos proféticos de queridos amigos aos quais desprezei. Curiosamente, apesar de sentir na pele as suas três horas de duração, de alguma forma fui hipnotizado a continuar progredindo naquela história.
Antes de continuar, porém, é preciso citar que de todos os aspectos canhestros deste filme, sem dúvida Kevin Costner leva o caneco como o mais abjeto deles. Seu personagem é um verdadeiro messias, responsável por preservar a cultura, a racionalidade, as comunicações, o civismo, a nação e a civilização. A personagem feminina principal precisa dele para procriar - é mole? Não apenas sobre o personagem em si, mas esse aspecto messiânico tomou conta de toda produção, com Costner dirigindo a obra, empregando seus filhos, atuando no corte da obra... a coisa toda chega a ser inacreditável, especialmente ao se pensar que esse filme veio pouco tempo depois do folclórico Waterworld.
Para quem não lembra, Waterworld foi um filme do Kevin Costner muito conhecido pelo fracasso de bilheteria e as dificuldades em geral da produção. Contudo, ao contrário do filme de 97, Waterworld é divertido e despretensioso, passando até por um justo revisionismo atual (tem uma edição bonitona em blu-ray, lançada há pouco tempo, pela Arrow).
Nem comento muito na crítica, mas a direção de arte deste filme é um caos! |
Afinal, sobre o que é o filme? Costner interpreta um errante num futuro pós apocalíptico que, após encontrar as vestes e a bolsa (intactas) de um esqueleto (!) de carteiro, resolve entregar essas cartas pelas cidades/fortificações que restaram nos Estado Unidos. Sua iniciativa e seu caráter exemplar serão os ingredientes necessários para o renascimento da grande nação americana.
Basicamente é isso. Tem um vilão interpretado pelo Will Patton completamente esquecível. O Tom Petty aparece fazendo umas gracinhas. E no final do filme, 30 anos depois de encararmos um EUA devastado, a civilização parece ter voltado ao normal, homenageando o protagonista com uma estátua, afinal ele foi o responsável pela salvação da civilização.
Não deixa de ser fascinante toda a ruindade por trás de O Mensageiro. No final das contas, não tenho nenhum arrependimento de ter colocado esse filme na minha coleção, apesar de achar uma pena que o DVD não tenha nenhum extra de bônus. A nostalgia que fica é a dos estúdios hollywoodianos que pareciam ser mais corajosos e financiavam essas loucuras e não as mesmices e babaquices que inundam os cinemas atualmente.
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