Após um terceiro filme cheio de bobagens e desperdícios, a franquia "Os Mercenários" retorna após quase dez anos, com um novo capítulo na saga de Barney Ross (Sylvester Stallone) e Christmas (Jason Stathan), com mais uma missão para seu grupo. Da equipe original, restam apenas Gunner (Dolph Lundgren) e Toll Road (Randy Couture).
O filme, de maneira até esperta, não busca explicar ou referenciar muitas coisas dos episódios pregressos, como uma forma de buscar um público ainda não familiarizado com os personagens. Talvez, aí resida o maior problema deste quarto capítulo: a franquia d'Os Mercenários parece sempre sofrer com a indefinição entre abraçar de vez o público carente de filmes de ação "descerebrados" (que tornou o primeiro filme num bom sucesso) ou tentar atrair um público mais amplo.
O terceiro filme da série representou muito bem essa indefinição, ao encherem de caras conhecidas e saudosas (Wesley Snipes, Mel Gibson, entre outros) mas tornarem as cenas de ação completamente aguadas e sem qualquer violência ou sandice - sempre um tempero essencial na diversão para esses tipos de filmes. Este quarto capítulo chegou ao ponto de ter um trailer divulgado referindo que "os fãs foram ouvidos" e o filme teria mais sangues e tripas.
De fato, Os Mercenários 4 supre essa lacuna. Contudo, peca em vários outros pontos. A comédia funciona em muitos momentos, mas fica excessiva em algumas situações (e até constrangedora em algumas cenas). Além disso, a Megan Fox não convence, de maneira alguma, como uma Mercenária "badass" capaz de dar porrada em todo mundo (especialmente com o mal disfarçado uso de dublês em suas cenas); porque não chamaram a Gina Carano, para este papel - até parece que não sabemos a resposta desta pergunta...
Outros acréscimos ao elenco foram muito bem vindos: 50 Cent está divertido (apesar de também não convencer tanto como brutamontes), Tony 'Ong Bak' Jaa, Iko 'The Raid' Uwais (que não tem muito com o que trabalhar como vilão, mas ainda consegue ser ameaçador) e Jacob Scipio (não conhecia esse moço, mas o achei divertidíssimo). E, claro, Andy Garcia, que está canastrão para cacete, mas ainda assim é bacana vê-lo numa tela de cinema depois de tantos anos.
Um ponto de destaque de Os Mercenários 4 é a economia de cenários e a atenção em concentrar o filme com o máximo de cenas de ação possíveis. Devo dizer, porém, que nem todas as coreografias funcionam muito bem, o que francamente é uma pena, considerando todos os grandes nomes envolvidos. Sem falar que o ato final é completamente inverossímil, especialmente se racionalizarmos o plano do vilão - francamente, três pessoas para escreverem um roteiro tão frágil chega a ser bisonho.
E apesar de todas essas críticas, ainda vos digo que me diverti com o filme, especialmente por fugir do padrão aguado de tantos "blockbusters" atuais. Infelizmente, os resultados da bilheteria mostram que é bem difícil termos uma quinta parte nos cinemas (talvez como lançamento direto em "streaming", com um elenco de atores mais modestos, etc). De uma certa forma, considerando o produto final, talvez não seja tão ruim um quinto filme com orçamento menor, mais efeitos práticos e com caras conhecidas no cinema B de ação - na realidade, acho que é o único caminho para salvar a série. O que quer que seja feito, provavelmente eu darei um conferida.
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