quinta-feira, 18 de abril de 2019

Como se Tornar o Pior Aluno da Escola (2017)



É bastante impressionante perceber como o cinema é uma arte que precisa se renovar o tempo inteiro. Escrevo isso pensando em nosso "Bravo Cinema Brasileiro" e seu caminhar ao longo dos últimos anos. Qualquer cinéfilo que se preze sabe que temos excelentes filmes sendo produzidos no Brasil, todos os anos, muitos diretores talentosos e excelentes atuações. Eu acompanho mais de perto o cinema nacional de horror, principalmente suas novidades e posso afirmar categoricamente que temos exemplares realmente excitantes sendo lançados em nosso mercado (um apêndice: os filmes não são tão fáceis de acessar, pela deficiência da distribuição em áreas mais interioranas como minha cidade, mas eu fico sabendo das obras, conforme acompanho pela internet).

Dito isso, um gênero que costuma sofrer muito no cinema nacional é a comédia. A maioria,  capitaneada pela Globo Filmes, não passa de veículos de atores e atrizes globais tentando brilhar com roteiros sofríveis e piadas absolutamente sem graça. A fórmula se estende para comediantes que estão fazendo sucesso na atualidade e "estrelas da internet" (este último filão, felizmente parece não ter mais força, visto o desempenho sofrível do coletivo Porta dos Fundos em seu último filme),

É como um sopro de alívio que eu vejo esse eixo de cinema da Globo/Rio de Janeiro, ser deslocado aos poucos. Temos um vibrante cinema vindo do Nordeste (Cine Holliúdy 2 que desbancou o fraquíssimo Capitã Marvel) e a turma do comediante Danilo Gentili entregando alguns filmes realmente divertidos.

COMO SE TORNAR O PIOR ALUNO DA ESCOLA é uma comédia absurda já em sua premissa: dois típicos alunos de uma escola brasileira (a ótima dupla Bruno Munhoz e Daniel Pimentel), impopulares e deslocados de sua turma, encontram um antigo caderno/manual de como causar o caus dentro do colégio e sobreviver às provas, professores tiranos e dicas para se dar bem nas provas. O escritor do tratado foi um lendário ex-aluno (Danilo Gentili) que hoje se tornou um bon-vivant e um vagabundo profissional.


O filme reserva algumas ótimas atuações e muitas belas homenagens. A escalação de Carlos Villagrán, nosso eterno Quico do Chaves, foi um golaço - uma justa homenagem a um comediante genial, dono de um dos personagens mais eternos e emblemáticos de todos os tempos. E Villagrán some no papel do xarope e hipócrita  diretor da escola. Outros rostos emblemáticos - Joanna Fomm, Rogério Skylab e um hilário Moacyr Franco - todos parecendo estarem se divertindo horrores.

Além da produção impecável, ótima trilha sonora e um roteiro eficiente, impossível não apreciar a ótima fonte de inspiração da obra - aquelas saudosas comédias dos anos 80, inesquecíveis em suas mensagens e piadas totalmente incorretas, cuja geração atual mais sensível insiste em recriminar. É ótimo ver um filme que mostra o dedo do meio para a babaquice do politicamente incorreto e  se preocupa apenas em divertir. 

Talvez, minha única crítica ao filme é o seguinte: para quem acompanha o trabalho do Danilo Gentili, algumas gags podem ser um pouco repetitivas, como ele chamando os garotos de "cabaço" o tempo inteiro. Porém, como ótimo comediante que é, ele sabe muito bem sacanear si próprio, como vemos na hilária cena de briga dele, perto do final da película, com uma referência genial à cena de briga do Borat com seu produtor (inesquecível, escatológica e hilariante). 

Enfim, é uma maravilha ver um filme nacional com toda essa qualidade técnica e apuro narrativo. Em breve comentaremos o filme mais recente do Danilo, mas só posso torcer para que ele continue se aventurando com sua equipe pelo mundo do cinema, pois o sentimento de originalidade e diversão que esses filmes trazem, não tem preço. 

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Eu  não gostaria de entrar em debates políticos por aqui, especialmente porque este é um espaço reservado para falar de cinema. Porém, mais do que isso, esse blog é um reflexo de minhas idéias, por isso não posso sobrepor minhas convicções. Apoio incondicionalmente o comediante Danilo Gentili e repudio toda e qualquer forma de censura que tentam praticar contra sua pessoa, incluindo a patética condenação recente que sofreu. #DaniloGentiliLivre

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