segunda-feira, 7 de março de 2011

Em defesa de Nicolas Cage: Especial de Três Críticas


Não tem jeito: quando a "crítica especializada" resolve pegar no pé de um ator, todos os filmes do mesmo tornam-se intragáveis. Nicolas Cage tornou-se o alvo preferido dos jornalistas, sendo chamado de canastrão e sofrendo críticas até pelo seu próprio corte de cabelo – enfim, uma grande palhaçada.

É claro que o ator fez algumas escolhas equivocadas de projeto. Como não lembrarmos, por exemplo, de O Sacrifício? E o fraquíssimo O Vidente? Sim, o homem fez algumas escolhas infelizes.

Mas é dureza vermos um pessoal afirmar, por exemplo, que Nic Cage não faz nada decente desde Adaptação, de 2002. Por acaso eles não se lembram do excepcional O Senhor das Armas? E As Torres Gêmeas? Sem falar nos divertidos Motoqueiro Fantasma e Kick-Ass. Em todos estes e em outras películas, Cage sempre cumpre seu papel muito bem, sem atuações impressionantes ou marcantes (com exceção de O Senhor das Armas, que é uma das melhores intepretações da vasta carreira de Cage), mas sempre competentes.

A verdade é a seguinte: Nicolas Cage é mais uma vítima de um mal que ataca uma grande parcela dos críticos – a generalização. Penso que por ele não ter sido premiado por nenhum filme pós-Adaptação (a não ser pelo filme Vício Frenético, que eu não assisti), as pessoas resolveram detonar seus últimos filmes.

Por isso, faço esta postagem em defesa deste ótimo ator com uma carreira respeitável e muito interessante. Por ter assistido a alguns filmes do cara nas últimas semanas, fiz esta postagem sobre três filmes dele. Interessante que o mais fraquinho deles é de 2001, antes do venerado Adaptação. Vamos às críticas então:


Uma insípida estória de amor na Grécia:

Foram sofridos 131 minutos de um romance fresco; O Capitão Corelli (Captain Corelli's Mandolim, 2001) foi um martírio enquanto eu assistia-o. Para começar, não sou fã de filmes românticos. Mas tirando o meu preconceito de lado, tem-se um filme que poderia ser bem melhor.


O Capitão Corelli resgata um episódio histórico, no mínimo, interessante: a ocupação das ilhas gregas pelos alemães e italianos durante a 2º Guerra Mundial. Durante a ocupação, a bela Pelagia (Penélope Cruz, numa atuação sofrível) apaixona-se por um oficial italiano, o tal Corelli, um homem amigável cuja guerra não é seu lugar. Existem dois problemas, entretanto: ela já é comprometida com um jovem grego que partiu da ilha para fazer parte da resistência (interpretado por Christian Bale) e Corelli é, no fim de tudo, um dos inimigos.


Trata-se de um drama/romance de guerra muito fraco, com um roteiro desleixado e que desrespeita a nossa inteligência em muitos momentos. E Cage falando com sotaque carregado de italiano é, no mínimo, engraçado. Ele se esforça no papel, e você cria empatia pelo tal capitão.

Acontece que o roteiro é de uma incompetência assombrosa, abarrotado de clichês e tentativas fracassadas de envolver o público. Com um roteiro destes, não há atuação que salve o filme.

Diversão no melhor estilo Disney:


Cara, que filme divertido! O Aprendiz de Feiticeiro (The Sorcerer's Apprentice, 2010) é uma aventura no melhor estilo da Disney, com bastante ação, bons efeitos especiais e atuações no ponto (especialmente Alfred Molina, perfeito como o vilão Horvath). Nic Cage é o mago Balthazar que procura por um descendente do mago Merlin, que se trata do jovem estabanado Dave (Jay Baruchel).


A produção assinada por Jerry Bruckheimer prima pela beleza visual, com um roteiro fácil e eficiente. A direção ficou para Jon Turteltaub, um veterano em filmes da Disney.


Produzido para fisgar o público pré-adolescente estadunidense (com direito ao patrocínio do jogo de cartas Magic The Gathering e música da banda "queridinha dos jovens" OneRepublic), O Aprendiz de Feiticeiro é o exemplo de aventura juvenil perfeita. Vale o ingresso.


Um interessante suspense medieval:

Caça às Bruxas (Season of the Witch, 2011) foi alvo de tantas críticas negativas que eu cheguei ao cinema com expectativas nulas para com a obra. Não só as críticas, mas o diretor Dominic Sena (que conseguiu estragar a adaptação dos quadrinhos Whiteout – leia a crítica aqui) também contribuiu para a aura de desconfiança sobre o último filme de Cage. Contudo, qual não foi minha surpresa ao descobrir que Caça às Bruxas é uma ótima aventura medieval e envolvente na medida certa.


O filme não é uma maravilha da natureza, mas com certeza não é o lixo que muitos propagaram por aí. Foi surpreendente notar o apuro histórico em certos detalhes como a podridão da Idade Média, as máscaras utilizadas pelos médicos e a falta de escrúpulos da Igreja Católica. O personagem de Nicolas Cage é um cruzado que, desgostoso com os rumos da Guerra Santa, deserta, junto de seu companheiro de batalha Felson (Ron Perlman).

O problema é que a deserção de ambos será punida e a única forma de evitar um julgamento é que eles aceitem a missão de levar uma possível bruxa até um mosteiro onde ela será julgada por ter trazido a peste para as terras europeias. Behmen (Cage) aceita, com relutância, esta missão, por acreditar na inocência da "bruxa" (Claire Foy). Mas a viagem até o mosteiro provará que esta pode ser uma bruxa de verdade.


Apesar de o filme abusar dos sustos fáceis, quando Dominic Sena aposta no suspense ele o faz de maneira muito competente, como na cena da ponte, sem dúvida a melhor do filme. Entretanto, se há um problema que afeta Caça às Bruxas é um mal que afeta várias produções deste gênero o excesso de computação gráfica. No clímax da obra, todo suspense é jogado fora para dar lugar a um monstro digital sem graça, tal como ocorreu em Solomon Kane. Esses diretores ainda não entenderam que a estória em si é muito mais importante do que efeitos especiais bobos.

Trata-se de uma boa aventura medieval, cumpridora de seu papel primordial: entreter o público. Talvez não seja o filme que muitos esperam do ator Nicolas Cage, vencedor do Oscar, mas isso não diminui a diversão provocada pela trama. O caso é que Nicolas é um dos atores mais ativos de Hollywood, com muitos altos e baixos, acertos e erros. Mas uma coisa é certa: que ele se diverte fazendo filmes e, na maioria das vezes, nos diverte também. E só isso já basta.

2 comentários:

  1. Parabéns ao amigo por nos dar uma visão pontual deste grande ator, e dos filmes citados assisti a dois e simplesmente cumpriu seu papel: entreter! Nicolas Cage é um dos grandes atores de sua geração. Digo mais tudo que é feito com critério e respeito é de bom tom. Ser crítico não é apenas falar mal, precisamos mudar isto.

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  2. Concordo contigo: cinema é, acima de tudo, diversão. Foi exatamente este tipo de comentário que eu procurava após fazer a crítica...

    Valeu pelo comentério e continue visitando o Midnight Drive-In

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