quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Conduta de Risco (Michael Clayton, 2007)


O mundo dos advogados sempre foi um território muito explorado nos cinemas, desde a série televisiva Lei e Ordem até as adaptações de John Grisham; e é incrível como este gênero sempre se renova, mesmo com o enorme número de obras já lançadas. Conduta de Risco, que vem deste nicho, é um exercício cinematográfico maravilhoso, com um roteiro primoroso e uma interpretação muito bacana de George Clooney.

Em Conduta de Risco, tem-se um tenso diálogo sobre ética envolvendo um advogado que surta após descobrir segredos da empresa que ele representa (Tom Wilkinson), uma executiva em rápida ascensão nesta empresa (Tilda Swinton) e o advogado Michael Clayton (Clooney), que funciona como um ponto de equilíbrio entre a redenção moral do advogado, outrora voraz em seu trabalho, e dá empresária ambiciosa que não medirá esforços para evitar um processo contra a empresa que trabalha.

A obra não cai nunca no maniqueísmo, o que proporciona uma maior fascinação pelo trabalho de Tony Gilroy no roteiro. Têm-se linhas de diálogo maravilhosas (coisa cada vez mais rara em filmes americanos) como o monólogo inicial de Wilkinson, quando este tem sua epifania; outro momento genial da obra é quando Michael fala: "Eu não sou o sujeito que você mata; eu sou aquele que você compra.". De fato, é impressionante como o personagem de Clooney trafega, perigosamente, entre a decência e a falta de caráter.


Trata-se de um dos personagens mais profundos e interessantes que o cinema nos presenteou nos últimos anos. E Clooney captou-o de maneira sublime. Afinal, Michael reclama de seu irmão drogado e sem caráter, mas ele é um viciado em jogos, com um trabalho medíocre numa firma de advocacia e, na soma dos aspectos, um perdedor.


Conduta de Risco é uma espécie de filme muito rara em nossos tempos: uma obra inteligente e reflexiva, com interpretações estupendas e um roteiro não menos do que marcante. Simplesmente sensacional.

Nenhum comentário:

Postar um comentário