sábado, 27 de março de 2010

Mundos que se Chocam (Killers from Space, 1954)

Promessa é dívida e lá vou eu comentar a respeito de um filme do falecido Peter Graves: trata-se do Sci-Fi Mundos que se Chocam, uma ficção científica típica dos anos 50, envolvendo abdução, radioatividade e todas as paranóias que surgiram com a Guerra Fria sobre a população norte-americana. Realmente, Mundos que se Chocam é um exemplar sensacional para exemplificar o medo da "ameaça comunista" sobre os EUA.

O cientista Doug Martin (Graves) trabalha com a análise de testes de bombas atômicas em território americano. Num desses testes, Doug, que estava num avião monitorando, sofre um acidente. O avião cai e ele sai ileso, a não ser uma cicatriz misteriosa que aparece abaixo de seu peito e um lapso de memória sobre o acidente.

O pior é que Doug está agindo de uma maneira muito estranha: ele está irritadiço e não quer parar de trabalhar para repousar, contrariando as ordens de seu médico. Seus superiores e sua esposa (Barbara Bestar) desconfiam de seu comportamento, achando que ele está perdendo a razão, porém Doug sabe que não está ficando louco, apesar de suas alucinações com olhos esbugalhados.


A história de Mundos que se Chocam não para por aí: nós descobrimos, por meio do soro da verdade aplicado pelo médico, que Doug entrou em contato com alienígenas que estão planejando uma invasão contra a Terra. Eles utilizam a energia das bombas atômicas testadas pelos americanos para armazenar elétrons (é um plano muito louco, por isso eu nem vou detalhá-lo) e, enfim, conquistarem o nosso planeta.


O aspecto mais interessante da obra dirigida pelo irmão de Billy Wilder, W. Lee Wilder, é que ela representa muito bem o aspecto histórico comentado no primeiro parágrafo: trata-se da representação de todo o medo surgido durante a Guerra Fria – radioatividade (e seus efeitos tão temidos), soviéticos em pleno território americano (representados, de forma nada sutil, pelos alienígenas de olhos esbugalhados) e o medo de uma invasão (no caso do filme, uma invasão extraterrestre). Nesse sentido, Mundos que se Chocam é um ótimo exemplo do comportamento norte americano naquela época.


Foi na década de 50 que houve uma proliferação de filmes Sci-Fi, com um orçamento baixíssimo e histórias fantasiosas. Só nessa década, o próprio W. Lee Wilder dirigiu 4 filmes do gênero. Esses filmes surgiram (sendo o representante mais famoso Invasores de Corpos) expressando toda essa mentalidade, originada do Macarthismo que influenciou diretamente sobre Hollywood (a elaboração da lista negra, o episódio com Elia Kazan). Por essa razão, Mundos que se Chocam é um filme interessante para se entender todo esse processo histórico.


Contudo, como produto cultural, Mundos que se Chocam é completamente descartável: roteiro previsível e ruim, uma direção sem inspiração e os efeitos especiais toscos completam a obra. Os fãs de Sci-Fi podem até curtir, porém quem não tem afinidade com o gênero deve passar direto. Para mim, Mundos que se Chocam é um daqueles filmes com um charme trash irresistível. Não há como não rir dos alienígenas com os olhos esbugalhados ou de seus animais de estimação (insetos gigantes). De fato, se encararmos Mundos que se Chocam como um divertimento trash, até que ele não decepciona.

Um comentário:

  1. Eu não assisti este filme, mas o Peter Graves daquela série Missão Impossível era ótimo....também participou recentemente de um episódio de House...super legal...

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