Parecia ser um drama sobre voyeurismo e a velhice. Mas A Janela da Frente revelou-se como algo muito maior: trata-se de uma verdadeira crônica sobre o amor e as escolhas que suas "vítimas" devem fazer. Afinal, quando surge o amor entre duas pessoas, o mundo não pára por causa disso.
Tal fato é claramente exemplificado ao longo da projeção, sendo explícito em sua conclusão. Tanto a personagem Giovanna (Giovanna Mezzogiorno), quanto o velho Simone (o grande ator Massimo Girotti, que faleceu pouco depois da realização deste filme), são os que serão testados pela vida sobre suas escolhas em função de uma paixão. Para o velho Simone, sua escolha foi feita na época da ocupação nazista; para Giovanna, as visões de sua janela irão atraí-la e, quando ela finalmente tiver alcance destas, caberá a ela decidir se irá agarrar-se a elas ou continuar com sua vida complicada...
É interessante como os dois personagens vão mostrando suas semelhanças ao longo da estória. Ao início, Giovanna e seu marido (Filippo Nigro) acham Simone na rua, desmemoriado. O marido leva o velho para casa, apesar das negativas da esposa. No fim das contas, a ligação entre os dois será íntima e forte, em razão de suas similaridades.
Trata-se de uma obra de ritmo vagaroso, sem sobressaltos durante sua narrativa. Eu mesmo nunca fui um fã de filmes nesse estilo, mas devo dizer que A Janela da Frente me surpreendeu, pois se trata de um filme denso em suas mensagens. Precisei digerir um pouco o que eu tinha visto para captar as intenções do diretor Ferzan Ozpetek.
Com algumas belas tomadas e ótima utilização de luzes, especialmente na sequência inicial da obra, A Janela da Frente é um interessante filme italiano. Para os apreciadores de cinema europeu, indispensável.