Não tem jeito: quando a "crítica especializada" resolve pegar no pé de um ator, todos os filmes do mesmo tornam-se intragáveis. Nicolas Cage tornou-se o alvo preferido dos jornalistas, sendo chamado de canastrão e sofrendo críticas até pelo seu próprio corte de cabelo – enfim, uma grande palhaçada.
É claro que o ator fez algumas escolhas equivocadas de projeto. Como não lembrarmos, por exemplo, de O Sacrifício? E o fraquíssimo O Vidente? Sim, o homem fez algumas escolhas infelizes.
Mas é dureza vermos um pessoal afirmar, por exemplo, que Nic Cage não faz nada decente desde Adaptação, de 2002. Por acaso eles não se lembram do excepcional O Senhor das Armas? E As Torres Gêmeas? Sem falar nos divertidos Motoqueiro Fantasma e Kick-Ass. Em todos estes e em outras películas, Cage sempre cumpre seu papel muito bem, sem atuações impressionantes ou marcantes (com exceção de O Senhor das Armas, que é uma das melhores intepretações da vasta carreira de Cage), mas sempre competentes.
Por isso, faço esta postagem em defesa deste ótimo ator com uma carreira respeitável e muito interessante. Por ter assistido a alguns filmes do cara nas últimas semanas, fiz esta postagem sobre três filmes dele. Interessante que o mais fraquinho deles é de 2001, antes do venerado Adaptação. Vamos às críticas então:
Uma insípida estória de amor na Grécia:
Foram sofridos 131 minutos de um romance fresco; O Capitão Corelli (Captain Corelli's Mandolim, 2001) foi um martírio enquanto eu assistia-o. Para começar, não sou fã de filmes românticos. Mas tirando o meu preconceito de lado, tem-se um filme que poderia ser bem melhor.
O Capitão Corelli resgata um episódio histórico, no mínimo, interessante: a ocupação das ilhas gregas pelos alemães e italianos durante a 2º Guerra Mundial. Durante a ocupação, a bela Pelagia (Penélope Cruz, numa atuação sofrível) apaixona-se por um oficial italiano, o tal Corelli, um homem amigável cuja guerra não é seu lugar. Existem dois problemas, entretanto: ela já é comprometida com um jovem grego que partiu da ilha para fazer parte da resistência (interpretado por Christian Bale) e Corelli é, no fim de tudo, um dos inimigos.
Trata-se de um drama/romance de guerra muito fraco, com um roteiro desleixado e que desrespeita a nossa inteligência em muitos momentos. E Cage falando com sotaque carregado de italiano é, no mínimo, engraçado. Ele se esforça no papel, e você cria empatia pelo tal capitão.
Acontece que o roteiro é de uma incompetência assombrosa, abarrotado de clichês e tentativas fracassadas de envolver o público. Com um roteiro destes, não há atuação que salve o filme.
Diversão no melhor estilo Disney:
Cara, que filme divertido! O Aprendiz de Feiticeiro (The Sorcerer's Apprentice, 2010) é uma aventura no melhor estilo da Disney, com bastante ação, bons efeitos especiais e atuações no ponto (especialmente Alfred Molina, perfeito como o vilão Horvath). Nic Cage é o mago Balthazar que procura por um descendente do mago Merlin, que se trata do jovem estabanado Dave (Jay Baruchel).
A produção assinada por Jerry Bruckheimer prima pela beleza visual, com um roteiro fácil e eficiente. A direção ficou para Jon Turteltaub, um veterano em filmes da Disney.
Produzido para fisgar o público pré-adolescente estadunidense (com direito ao patrocínio do jogo de cartas Magic The Gathering e música da banda "queridinha dos jovens" OneRepublic), O Aprendiz de Feiticeiro é o exemplo de aventura juvenil perfeita. Vale o ingresso.
Um interessante suspense medieval:
Caça às Bruxas (Season of the Witch, 2011) foi alvo de tantas críticas negativas que eu cheguei ao cinema com expectativas nulas para com a obra. Não só as críticas, mas o diretor Dominic Sena (que conseguiu estragar a adaptação dos quadrinhos Whiteout – leia a crítica aqui) também contribuiu para a aura de desconfiança sobre o último filme de Cage. Contudo, qual não foi minha surpresa ao descobrir que Caça às Bruxas é uma ótima aventura medieval e envolvente na medida certa.
O filme não é uma maravilha da natureza, mas com certeza não é o lixo que muitos propagaram por aí. Foi surpreendente notar o apuro histórico em certos detalhes como a podridão da Idade Média, as máscaras utilizadas pelos médicos e a falta de escrúpulos da Igreja Católica. O personagem de Nicolas Cage é um cruzado que, desgostoso com os rumos da Guerra Santa, deserta, junto de seu companheiro de batalha Felson (Ron Perlman).
O problema é que a deserção de ambos será punida e a única forma de evitar um julgamento é que eles aceitem a missão de levar uma possível bruxa até um mosteiro onde ela será julgada por ter trazido a peste para as terras europeias. Behmen (Cage) aceita, com relutância, esta missão, por acreditar na inocência da "bruxa" (Claire Foy). Mas a viagem até o mosteiro provará que esta pode ser uma bruxa de verdade.
Apesar de o filme abusar dos sustos fáceis, quando Dominic Sena aposta no suspense ele o faz de maneira muito competente, como na cena da ponte, sem dúvida a melhor do filme. Entretanto, se há um problema que afeta Caça às Bruxas é um mal que afeta várias produções deste gênero o excesso de computação gráfica. No clímax da obra, todo suspense é jogado fora para dar lugar a um monstro digital sem graça, tal como ocorreu em Solomon Kane. Esses diretores ainda não entenderam que a estória em si é muito mais importante do que efeitos especiais bobos.
Trata-se de uma boa aventura medieval, cumpridora de seu papel primordial: entreter o público. Talvez não seja o filme que muitos esperam do ator Nicolas Cage, vencedor do Oscar, mas isso não diminui a diversão provocada pela trama. O caso é que Nicolas é um dos atores mais ativos de Hollywood, com muitos altos e baixos, acertos e erros. Mas uma coisa é certa: que ele se diverte fazendo filmes e, na maioria das vezes, nos diverte também. E só isso já basta.
Parabéns ao amigo por nos dar uma visão pontual deste grande ator, e dos filmes citados assisti a dois e simplesmente cumpriu seu papel: entreter! Nicolas Cage é um dos grandes atores de sua geração. Digo mais tudo que é feito com critério e respeito é de bom tom. Ser crítico não é apenas falar mal, precisamos mudar isto.
ResponderExcluirConcordo contigo: cinema é, acima de tudo, diversão. Foi exatamente este tipo de comentário que eu procurava após fazer a crítica...
ResponderExcluirValeu pelo comentério e continue visitando o Midnight Drive-In