quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

John Wick - Parabellum (2019)


A franquia JOHN WICK surgiu no ano de 2014 e conquistou uma grande parcela de fãs ao redor do mundo com sua violência crua e estilosa, um protagonista de poucas palavras e letalmente carismático (o senhor Keanu Reeves, que sempre manda bem nesse tipo de papel) e ótimas e inventivas cenas de ação e luta. O sucesso gerou uma continuação que conseguiu manter o pique quanto as cenas de ação, mas falhou ao nos apresentar uma trama, na melhor das hipóteses, esquecível.

O terceiro capítulo da franquia inicia exatamente onde o último filme terminou, com o assassino Wick fugindo de centenas de outros assassinos em plena Nova York por ter quebrado as regras desse mundo particular de criminosos que a série apresenta. Nessa fuga, acompanhamos outros personagens da história envolvidos por terem, em algum momento, auxiliado o protagonista durante a trama do segundo filme, além da inserção de caras novas na série.

Uma coisa curiosa é como as continuações de JOHN WICK me remeteram muito as continuações do clássico Matrix. Eu explico: as duas trilogias tiveram um ótimo primeiro filme e as obras seguintes tiveram muito trabalho em "ampliar o universo" e manter o interesse do público. Em JOHN WICK,  a coisa piora um pouco mais, especialmente por não ter uma marca visual tão interessante quanto Matrix; aliás, o filme sofre ao não se definir quanto ao seu design de produção, variando das noites chuvosas cyberpunk ou desertos árabes, sendo bastante "confuso" ao invés de estiloso.

Não há problema algum num filme de ação tentar se basear, além das excelentes cenas de ação, num design característico - pelo contrário, é louvável ver uma franquia desta década indo longe e tentando cravar sua marca no imaginário pop. Porém, JOHN WICK falha justamente nestes aspectos. É tão óbvio colocar bandidos russos apreciando uma sessão de balé, vilões exóticos e toda sorte de clichês visuais que dominam a obra. 



Devo, entretanto, destacar algumas incríveis cenas de ação, como uma inacreditável fuga à cavalo de motoqueiros assassinos e uma cena de luta com facas num antiquário, logo no início do filme, que me deixou de boca aberta pela violência simplesmente espetacular e brutalidade, com muitas estantes de vidro quebradas e facas sendo arremessadas e penetrando nos corpos de todo mundo, incluindo do protagonista. Sem dúvida, uma das melhores cenas de ação do ano (talvez, a melhor cena de ação do ano).

Outro destaque foi ressuscitar o ator Mark Dacascos para o público hollywoodiano que desempenha muito bem o papel de vilão e, acredite se quiser, tem até bastante tempo em tela, com espaço para desenvolver algo além de um vilão monossilábico, um clichês nesses tipos de fitas. Perto de Wick, o vilão de Dacascos é uma verdadeira matraca.

Entre erros e acertos, PARABELLUM diverte e consegue, mais uma vez, manter o pique da franquia. Veremos o que nos será apresentado no já confirmado quarto capítulo da série, com previsão de estreia no mesmo dia do futuro filme da franquia Matrix. Muitas coisas boas pela frente. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Isaac Babel e a criação do King Kong


Isaac Babel e Merian Caldwell Cooper

Recentemente terminei um fabuloso livro chamado Os Possessos. A autora, Elif Batuman, divide, ao longo de pouco mais de trezentas páginas, suas pesquisas e aventuras  diante de sua linha de estudo: a literatura russa. Um dos capítulos discorre sobre Isaac Babel, escritor russo, morto em 1940, autor de A Cavalaria Vermelha e outras obras hoje consagradas, incluindo um diário com as recordações do autor entre os anos de 1919-1920, durante a Guerra Polaco-Soviética, em que atuou como membro da cavalaria cossaco, relatando a crueldade dos revolucionários comunistas.

Uma das melhores leituras do ano
Durante as pesquisas da autora, ela menciona um dos seus trechos favoritos do tal diário: a captura de um piloto americano, chamado Frank Mosher, que foi interrogado pelo próprio Isaac Babel. Segue um trecho do diário:

"Um piloto americano recém-abatido, de pés descalços, mas elegante, o pescoço como uma coluna, dentes impressionantemente brancos, o uniforme coberto de óleo e terra. Ele me pergunta preocupado: Será que talvez cometi um crime ao lutar contra a Rússia soviética?"

O que torna esse excerto muito mais interessante é que o senhor Frank Mosher é o pseudônimo de Merian Caldwell Cooper - futuro criado e produtor do clássico King Kong. No ano de 1919, Cooper se juntou a outros nove pilotos americanos no esquadrão aéreo Kosciuszko, unidade da Força Aérea Polonesa, para combater a União Soviética, com o pseudônimo supracitado. Seu avião foi abatido no dia 13 de julho de 1920 e, tendo sido rodeado por soldados soviéticos, teve sua vida polpada por "um bolchevique inominado que falava inglês". O registro do diário de Babel, citado no parágrafo acima, data do dia 14 de julho de 1920.



No ano de 1923, Merian Cooper se voltou para o cinema, mas foi só em 1931 que ele iniciou os trabalhos com King Kong, hoje um clássico absoluto do cinema. Na famosíssima cena do Empire State Building, Cooper é um dos pilotos que aparecem na cena- reflexo de suas experiencias como aeronauta em tempos de guerra. 

Um dos filmes produzidos por Cooper foi "Zaroff: O Caçador de Vidas", cujo vilão é um general cossaco de cavalaria que caça marinheiros naufragados por esporte, interpretado por Leslie Banks. Ainda no elenco estavam Fay Wray e Robert Armstrong que também estrelariam King Kong. 

Babel, infelizmente, não teve um final de vida feliz. Foi perseguido durante o terror Stalinista e acusado falsamente de espionagem e executado por um pelotão de fuzilamento em Lubianka, no dia 26 de Janeiro de 1940. Já Cooper teve uma longa carreira em Hollywood e ganhou um Oscar Honorário em 1953. Morreria 20 anos depois, 1 dia após a morte do ator Robert Armstrong, com quem trabalhara ao longo da carreira. 

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Parasita (Gisaengchung, 2019)


Precisamos fazer uma interrupção referente aos filmes assistidos durante a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo para comentar sobre o arrebatador vencedor da Palma de Ouro deste ano, que também foi exibido durante o festival mas eu só o conferi recentemente: Parasita, dirigido pelo mestre sul-coreano Bong Joon Ho.

Este é um daqueles filmes que quanto menos se souber de seu enredo, mais prazerosa a experiência será. Acompanhamos uma família pobretona que, por meio de golpes e estratagemas, se infiltra na vida de uma família rica, tal qual parasitas invadindo seus hospedeiros. O parasitismo é uma metáfora fortíssima ilustrada de maneira magistral pelo diretor durante toda a exibição, em cenas intrigantes e lindamente filmadas, como a fuga de alguns personagens durante a chuva, evacuando do lugar invadido ("o hospedeiro") e, tal qual uma descarga, seguindo o fluxo da chuva torrencial até um ralo, representado pelo bairro pobre onde vivem. É uma imagem fortíssima e simplesmente fenomenal.

O sentimento de asco parece cercar o filme inteiro e Bong Joon Ho escolhe o sentido mais difícil de se representar no cinema (o olfato) para escancarar a distância que se forma entre as pessoas, por causa de suas camadas sociais. Esse tipo de crítica poderia cair, tranquilamente, num formato panfletário e vulgar sobre luta de classes, mas Bong Joon Ho foge deste tipo de armadilha com habilidade, ao mostrar que todos os seus personagens, mesmo com algumas diferenças materiais, ainda são humanos e, de uma maneira até cruel, iguais entre si, especialmente em seus vícios e baixezas. 



É semelhante, nesse sentido, com o espetacular e recente Coringa (vai rolar resenha, em breve), que também pincela a problemática social, mas aprofunda a discussão tal qual ela deveria ser sempre aprofundada, analisando as naturezas individuais de seus personagens. Não há espaço, em ambos os filmes, para se definir vilões ou mocinhos, pois todos somos muito mais complexos do que qualquer rótulo. A família de golpista de PARASITA nos desperta raiva, pena e simpatia. A família rica desperta pena, simpatia e raiva. 

Outro ponto de crítica muito interessante é a relação com a tecnologia. As cenas envolvendo celulares, como o início do filme mostrando os filhos do casal pobre tentando captar um sinal de "Wi-fi" ou a briga por um aparelho eletrônico, lá pela metade da obra, possuem um tom cartunesco perfeito para assegurar o quão insignificante essas coisas são frente a natureza do homem. Nada é mais intrigante do que o próprio ser humano e seus mistérios - suas ações e reações.

O elenco inteiro é perfeito, principalmente os quatro elementos da família pobre, mas o grande destaque é Kang-ho Song, interpretando o pai desta família. Em alguns momentos ele soa infantil, inocente, sagaz, escroto, algoz e vítima. Porém, acima de qualquer julgamento, ele ainda é um pai de família cuja preocupação principal é sua família e, mesmo diante de uma ação repugnante ou patética, há humanidade nele. Atuação irretocável e perfeita.

PARASITA é um dos grandes filmes deste ano, sem a menor dúvida, além de uma escolha maravilhosa como vencedor da Palma de Ouro. Um conto de humor negro, drama, suspense e horror, sem gênero definido, comandado por um diretor que já provou ser um dos grandes nomes da atualidade. Se não fosse pelo filme do Coringa, certamente seria o meu favorito do ano (pelo menos até agora).  

Parasite (2019) - Movie Stills











segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Mr Jones (2019)


Eu fiquei muito surpreso ao final da sessão de MR JONES, mais recente filme da diretora polonesa Agniezka Holland. Confesso, aliás, que eu nem sabia que o filme era dela quando decidimos (eu e minha irmã) encarar mais uma sessão da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Com o início dos créditos, me surpreendi com o nome dela encabeçando a obra e fiquei pensando a respeito disso.

O motivo dessa consternação é que eu achei MR JONES um filme convencional demais. Mesmo não levando em conta que sua exibição tenha sido durante um festival de cinema, a impressão que eu tive é de que este era um filme tão discreto e acadêmico que, num passado não tão distante, poderia ter conferido à tarde no Eurochannel (aquele saudoso canal de TV por assinatura que nem sei se existe mais). Desde o elenco montado até suas escolhas narrativas/visuais (como a cena de transição que mostra uma locomotiva em movimento, com edição e trilha sonora frenética), tudo parece protocolar demais, escolhas de alguém inseguro ainda em seu ofício.

Acompanhamos a história real do jornalista galês Gareth Jones (em eficiente interpretação de James Norton) que resolve investigar o alardeado progresso da URSS sob o comando de Stálin e acaba testemunhando a grande fome que assolou, especialmente a Ucrânia, em detrimento das convicções políticas e estratégicas do ditador mais assassino de todos os tempos. É um episódio histórico interessantíssimo e merece ser contado em celuloide.

A presença de Peter Sarsgaard é sempre um acréscimo a qualquer filme, pois o considero um grande ator subestimado. Em MR JONES, ele interpreta o dúbio jornalista Walter Duranty, consagrado com o Pulitzer na época, mas que decidiu ignorar e até encobrir os crimes de Stálin, os quais ele supostamente tinha conhecimento. Apesar de parecer ter sido escrito de uma forma um tanto quanto maniqueísta, Sarsgaard consegue dar alguma densidade a esse personagem complexo (com exceção de uma presepada no final do filme, quase cartunesca, envolvendo ele e a personagem da atriz Vanessa Kirby). 

Minhas observações com este filme é que, no final das contas, parece muito um filme feito para ser exibido em salas de aula. As cenas em que Gareth testemunha a desumanidade geral que nos assola em situações extremas são mais teoricamente do que visualmente impactantes. E a própria maneira como o filme se desenrola é tão protocolar e previsível que a identificação de qualquer estilo cinematográfico fica complicada. Eu adoro telefilmes, mas a impressão de que assisti um telefilme num festival de cinema foi forte demais. 

Naturalmente, o filme ganha pontos a seu favor por lançar luz em mais uma prova da ação diabólica da "experiência comunista" durante o século XX e me parece coerente e muito natural uma diretora polonesa nos guiar a respeito de tal episódio histórico, tal como seu conterrâneo Andrzej Wajda. Contudo, senti que sobrou contexto e faltou narrativa cinematográfica. Ainda assim, vale como um eficiente filme sobre um tenebroso período histórico.

sábado, 23 de novembro de 2019

História do Bosque das Castanhas (Zgodbe iz kostanjevih gozdov, 2018)

Estive por um mês na cidade de São Paulo, me preparando para um concurso ocorrido no dia 15 de novembro. Nesse período, consegui participar pela primeira vez (de muitas outras vindouras) da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em sua 43° edição. Em razão do tal concurso (e "otras cositas más") não assisti aos vários filmes interessantes do seu catálogo e, confesso, que lamento não ter aproveitado tanto quanto eu gostaria. Entretanto, ainda assim, pude conferir seis filmes da seleção e nos próximos dias teremos textos a respeito dos mesmos. Ao final, postaremos uma lista de alguns dos filmes que não assistimos mas estamos morrendo de vontade de assistir.

O começo da nossa jornada é com o filme esloveno História do Bosque das Castanhas, que é a típica obra habitué de festivais de cinema. O filme acompanha um velho carpinteiro e uma vendedora de castanhas com suas memórias (nem sempre fidedignas) relacionadas a região onde vivem, um bosque situado na fronteira entre a Itália e a antiga Iugoslávia. Tal como uma narrativa onírica, o filme não tem uma estrutura linear, mas sim uma estrutura cíclica, fugindo das maneiras mais convencionais de se contar uma história. 

O diretor do filme, o senhor Gregor Bozic, sabe filmar algumas cenas muito bonitas como a cena inicial com uma cova sendo preenchida com folhas secas, uma imagem outonal clássica e aconchegante, assim como a cena em que alguns anjos cantam uma canção folclórica na casa do rabugento marceneiro - uma cena realmente bonita pela qual já valeria o ingresso. Porém, é um filme muito lento e arrastado - seus 80 minutos mais parecem 180! Eu sei que esse tipo de filme requer outra "vibe", uma disposição cinéfila diferenciada para encarar a sessão com boa vontade, mas até com isso em mente, a obra não conseguiu me mostrar ao que veio, nem mesmo como um documento da região onde o cineasta nasceu, justamente pela sua mistura de realidade e sonho.

Quando saí da sessão, lembro-me de ter massacrado o filme ao conversar a seu respeito com minha irmã, melhor companhia de cinema que existe e que me acompanhou por essas sessões da mostra. Agora, com a distância de quase um mês após sua exibição, HISTÓRIA DO BOSQUE DAS CASTANHAS se revela como um exemplar menor desse festival de cinema, mas ainda assim com seu valor artístico.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Midnight Express #009 - Tirando o Atraso

Lords Of Chaos (2019)

Quando a notícia de que a história do famigerado Inner Circle - um grupo de músicos noruegueses do Black Metal que cometeram uma pá de barbaridades na Noruega dos anos 90 - finalmente viraria um filme, eu fiquei extremamente animado. As primeiras resenhas não foram das mais animadoras, assim como o trailer parecia ser um filme meio "protocolar". E, acreditem se quiser, esta é a melhor definição desta obra: Lords Of Chaos é uma cinebiografia tão comum e tão sem atitude, que a decepção é inevitável. 

O material de origem é muito impressionante, quer você goste ou não do gênero musical ou dos cantores e eu tenho certeza de que uma das dificuldades do roteiro era não tornar a coisa meio ridícula, mas parte da graça desta história é justamente isso: como um bando de adolescentes, meio losers, utilizaram de sua música, naturalmente provocativa, para promover o caos pela Noruega - queimando igrejas, agressões, suicídios e assassinatos. LORDS OF CHAOS prefere levar o expectador para o óbvio caminho do maniqueísmo: o certo é você simpatizar com o cantor que se arrependeu de ter alimentado seus coleguinhas com as doideiras típicas do estilo musical. 

Acredito que esse "curioso" recorte da história da música ainda pode e renderá bons filmes. Em todo caso, LORDS OF CHAOS é um filme bem feito, porém fica muito aquém do esperado.

Hail Satan? (2019)

Mais um filme que consegue transformar um tema intrigante num documentário quase chato, protocolar e com uma linguagem "modernosa" que me irrita bastante. Acompanha-se o "The Satanic Temple", uma igreja neosatanista que tentou emplacar uma estátua de Baphomet nos prédios públicos dos Estados Unidos, utilizando lacunas na justiça relacionadas a liberdade religiosa. É um tema interessante, mas a diretora do filme é incapaz de gravitar em torno das questões mais profundas que o tema suscita, como o racha entre os membros desta seita, lembrando muito as brigas comuns dentro das religiões mais tradicionais. No final, o filme atua quase como uma peça de marketing das mais canhestras, para atrair principalmente uma geração muito inconveniente de pessoas que não sabem ouvir não. 

The Witch Files (2018)

Espécie de "Jovens Bruxas" do século XXI, THE WITCH FILES é um divertido filme sobre cinco garotas do ensino médio que resolvem realizar um encanto antigo para se tornarem bruxas e é isso. As cinco utilizam seus poderes de maneira diferente, principalmente conforme a personalidade de cada uma. Infelizmente, o filme é feito no formato "found footage", o que diminui um pouco a diversão pela inevitabilidade da questão: será que ela realmente não largaria a câmera numa situação destas? Apesar disso, o filme diverte, especialmente porque o elenco foi bem escolhido e é curto. Terei o dvd para minha coleção.

Rock Steady Row (2018)

Uma salada de referências: Mad Max, Warriors, Meninas Malvadas, Turbo Kid... O saldo é positivo, principalmente porque o diretor escapa de algumas armadilhas tenebrosas como explicar a origem da absurda trama - um mundo onde as universidades são tomadas por gangues que disputam entre si o poder local por meio do roubo de bicicletas dos alunos calouros que ali iniciam seus "estudos". É uma doideira e em alguns momentos, parece que o filme se esforça demais para ser meio "fora da casinha". Talvez, se tivesse abraçado uma estética e narrativa maluca como Scott Pilgrim ou Kick Ass, poderia ter me agradado mais. Apesar de ter me divertido, achei esquecível.

Yesterday (2019)

Richard Curtis é o melhor roteirista de comédia dos nossos tempos. Apesar disso, YESTERDAY foi, até o presente momento, seu projeto que eu menos gostei, apesar de ainda o considerar acima da média de quase tudo que saiu nos cinemas, neste ano. Foi apenas uma escolha narrativa que me desagradou, mas eu sei que isso não é motivo para eu não indicar esta verdadeira fábula que responde a tenebrosa pergunta: "e se Os Beatles não tivessem existido?". A escolha do elenco é espetacular, o filme é charmoso e tem ótimas surpresas em seu desenrolar, além de uma cena que vai deixar qualquer fã da banda emocionado. Porém, do senhor Curtis eu sempre esperarei mais e mais. Ainda assim, um dos bons filmes deste ano.

Bad Boys (1995)

Eu não assistia esta fita desde a época do videocassete e, confesso com alguma tristeza, que eu achei este filme meio datado e quase, mas quase chato. Will Smith parecia realmente intimidado ao liderar um filme de ação e Martin Lawrence estava muito irritante e sem graça - não há uma piada sua que salve. Legal ver caras conhecidas dos anos 90 como Téa Leoni, Joe Pantoliano e Tchéky Kayo e algumas cenas de ação são divertidas, mas esse primeiro filme é uma obra de seu tempo, no sentido de ser datada e fazer parte da minha memória afetiva. Ainda assim, vou conferir o terceiro filme que sairá ano que vem, mas as expectativas são baixas.

Fast And Furious: Hobbs & Shawn (2019)

Os dois melhores astros da ação do nosso tempo, Dwayne Johnson e Jason Statham entregaram o filme mais divertido do ano, em todos os sentidos. Tudo aqui funciona muito bem e é possível perceber a mão do The Rock pela produção. O diretor, David Leitch, já provou há séculos que manja dos filmes de ação (vide o ótimo John Wick e o inesquecível Atômica). Minha única crítica já é repetida para vários filmes da atualidade: muito longo. A franquia está montada e certamente vou conferir seus futuros filmes.

Nosso Fiel Traidor (Our Kind Of Traitor, 2016)

No universo de espionagem do mestre escritor John Le Carré um recorrente personagem é o homem comum preso a uma trama maior do que ele e suas consequências - a maneira como ele responde a certas pressões e situações de estresse e intriga inimagináveis. Nesta obra, tal tema é retomado com um elenco muito seguro, sendo Ewan McGregor o protagonista mundano de uma história envolvendo a máfia russa. Damian Lewis é o escorregadio agente da inteligência britânica e Stellan Skarsgard mantém a rotineira excelência. Não traz nada de novo para quem gosta deste tipo de filme/livro, mas que é um bom entretenimento para uma noite de chuva, isso é.

A Lavanderia (The Laundromat, 2019)

Filme verborrágico e difícil do Steven Soderberg sobre o escândalo revelado pelo Panama Papers. É um tema difícil de explicar para um expectador que não conheça nada do assunto, mas Soderberg, emprestando o estilo do Adam McKay (do espetacular A Grande Aposta, um filme quase irmão tanto em assunto/estilo/mensagem) consegue orquestrar uma comédia que equilibra muito bem humor e didatismo. Aliás, fiquei pensando enquanto assistia como este filme deve ter sido difícil de se editar. O elenco é "multiplatinado" (Antonio Banderas, Meryl Streep, Gary Oldman, Robert Patrick, David Schwimmer, James Cromwell, Jeffrey Wright) e absurdamente bom. 

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Implacável (Avengement, 2019)

Certamente, este é um dos melhores filmes da carreira do Scott Adkins, até o presente momento. Ele interpreta um criminoso que foge da prisão para se vingar de seu irmão, uma espécie de chefão do crime do submundo londrino, responsável pelo inferno de violência ao qual ele foi submetido durante sua pena. 

A obra tem um ritmo ótimo e uma economia narrativa que me agrada profundamente, apesar das idas e voltas da trama para justificar as ações do protagonista e explicar como ele se tornou o "fodão" entre os presos. Por um lado, a violência do filme é justificável, afinal é um filme de pancadaria na prisão, entretanto lá pela sexta cena de porrada bruta, o filme acaba se repetindo um pouco. 

Uma das coisas perceptíveis é como o filme até se espelha nos muito imitados filmes britânicos com criminosos como protagonistas, no estilo Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, porém não consegue replicar o charme e a diversão destes. IMPLACÁVEL foca suas lentes na brutalidade absurda sofrida e afligida pelo personagem de Adkins. 

O vilão é interpretado por Craig Fairbrass, um daqueles rostos que despertam a sensação de "...já vi esse cara em algum lugar". Eu lembrei dele por ser um dos vilões de RISCO TOTAL, mas quem curte essas fitas de ação mais baratas o reconhecerá de alguns títulos mais recentes. Sua interpretação como o irmão maldoso é satisfatória, mesmo que o roteiro não crie nada que já não tenhamos visto muitas outras vezes.

Os fãs de ação que não exigirem muito, terão uma obra rápida e violenta para assistir, aquele divertimento passageiro e esquecível que nós adoramos. Acredito que Adkins acrescentou um bom filme em seu currículo e torço para que num futuro próximo ele estreie produções um pouco maiores do que esta.





segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Trailer: Girl On The Third Floor (2019)


Se alguém me dissesse que  um novo filme protagonizado por um wrestler iria atrair minha atenção, eu certamente negaria veementemente; por mais que eu ame o universo do wrestling, não posso negar que os filmes protagonizados pelos seus astros (com exceção do Dwayne "The Rock" Johnson) são, geralmente, produções esquecíveis. A incredulidade aumentaria ainda mais se o protagonista fosse Phil "CM Punk" Brooks, que não fez quase nada de interessante após sua saída da WWE. Cá estamos nós, porém, postando este intrigante e eficiente trailer de horror, na linha de Horror em Amytiville, que me deixou extremamente curioso. Parece bastante promissor neste ano em que nenhum filme de terror lançado até agora conseguiu me agradar muito. 


sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Shadow (Ying,2018)



O cinema é uma arte intrinsecamente ligada ao equilíbrio. São diversos elementos que compõe um filme e a harmonia entre eles pode alçar a obra ao patamar da imortalidade, ao panteão dos clássicos ou ao esquecimento completo. Existem filmes moldados para atingir esses altares, mas que acabam ficando pelo caminho (principalmente os muitos enlatados que surgem no período do Oscar, prontos para tentar fisgar algum prêmio e usurpar alguma glória. Existem obras que são injustiçadas, mas o tempo, um juiz razoavelmente justo, dá conta de resgatar estas películas.

O diretor Zhang Yimou é um profissional que entende a grandiosidade que a linguagem cinematográfica pode simbolizar. Seus filmes são de um arroubo visual único - imensidão e beleza unidas para se contar uma história e arrebatar o público. E ele quase sempre consegue isso com a maioria das pessoas, mas ele ainda não conseguiu me atingir com nenhum de seus filmes. Um adendo pessoal e importante é que eu nunca fui muito fã do estilo Wuxia (gênero chinês de fantasia/artes marciais/medieval), mas tenho admiração por estes filmes e sigo na esperança de encontrar algum (livro ou filme) que me conquiste inteiramente.

Vamos falar sobre SHADOW, um verdadeiro épico chinês sobre um reino ameaçado pelos vizinhos com uma possível expulsão e o inevitável confronto entre esses soberanos e seus súditos. Nesta realidade de tensão, um general, conhecido por sua bravura e eficiência, elabora um plano nefasto: o treino/criação de uma sombra (um espelho seria uma analogia mais precisa) - um jovem que assumirá o seu papel pela semelhança física e irá assumir o seu lugar, enquanto é treinado para não ser percebido por ninguém, nem mesmo pelo próprio rei. O segredo só é conhecido pelo general, sua esposa e a tal sombra.


Existe um elemento mitológico realmente interessante neste personagem, aquela velha (porém ainda intrigante) ideia de criador/criatura já muito explorada em diversas outras histórias. Adicionado a isto, o filme posiciona, como num tabuleiro de xadrez, uma gama de outros personagens envolvidos com suas intensões e objetivos. O problema é que são tantos elementos apresentados que é praticamente impossível que alguns desses personagens acabem se tornando um tanto quanto rasos, pois não há metragem ou roteiro suficiente para preenchê-los.

A própria trama principal da "sombra"/criador acaba tomando um rumo previsível - a sugestão de um triângulo amoroso entre o general, sua esposa e o vassalo. Pessoalmente, essa direção da história não me agrada, mas o pior não é isso - lá pelas tantas, o filme praticamente passa a ignorar esse movimento, pois há muitas pontas do enredo a serem resolvidas, além de muitos elementos acrescidos que não adicionam complexidade, mas sim gordura a um roteiro já sobrecarregado. 

Isso deixa o filme pesadão em seu ritmo, transformando suas quase duas horas de projeção em uma sensação de um filme de cinco horas, o que, convenhamos, não é nada agradável. Aliado a essa sensação, a avalanche de beleza apresentada acaba provocando mais exaustão do que arrebatamento. Existe a possibilidade de o filme causar maior impressão numa tela de cinema (assisti o filme em casa), mas isto não deveria ser o caso. Entretanto, não posso negar a beleza de algumas cenas, especialmente o treino entre criador e criatura num tablado com o formato do Yin Yang - simplesmente divina.


A batalha na chuva também é muita bela. Há de se destacar a linda fotografia cinzenta do filme, tornando a atmosfera ainda mais onírica, mesmo diante de situações que seriam verdadeiros pesadelos, pela violência ou tensão das ações dos personagens. A sensação é de estarmos num reino onde só existem dois elementos - o vento e a chuva - e Zhan Yimou sabe filmá-los muito bem. 

Outro destaque é o personagem do rei, interpretado de maneira irresistível por Zheng Kai. Seu personagem é traiçoeiro e amável e, mesmo em momentos hediondos, é difícil não ser cativado por sua complexa personalidade. Não há caminhos fáceis na construção dele, mesmo sendo fácil identificá-lo como um antagonista. Uma performance realmente notável.

A impressão final é de que SHADOW poderia ser, de fato, um filme inesquecível e é possível que o será para muitos. Para mim, entretanto, foi definitivamente uma experiência visual maravilhosa, mas nada memorável em seu enredo, o que me parece quase um crime de se dizer, diante da beleza da obra. Em minha defesa, porém, tenho a intenção de ter este filme em minha coleção e, em algum momento, revisitar este hipnotizante universo. Talvez, tivesse funcionado melhor para mim se fosse um livro, com mais espaço para desenvolver a trama. Se alguém conhecer algum livro Wuxia, me dê um toque.

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Falcões Da Noite (Nighthawks, 1981)


Existe algo de extraordinário em FALCÕES DA NOITE - uma produção bastante problemática, com brigas entre atores, troca de diretores, um corte inicial de duas horas e meia e intromissões do estúdio - um dos grandes filmes policiais dos anos 80, apesar de não ser tão lembrado nos dias atuais. Como tantas dificuldades conseguiram render um filmaço desses?

Minha primeira observação é de que estamos diante de um filme de fato. O que quero dizer com isto é que a trama é relativamente simples, mas aproveita muito bem a linguagem cinematográfica - as lindas tomadas noturnas e externas de New York nos anos 80, com direito a sujeira, violência e o neon da época; a espetacular perseguição à pé pelo metrô, de tirar o folego, com um inimigo que transpira periculosidade; a trilha sonora urbana, sensual e chique, o figurino e os cortes de cabelos - tudo funciona em NIGHTHAWKS.

Mesmo sem saber da quantidade de cenas que foram cortadas (é possível encontrar muita discussão a respeito na internet. O mais recente lançamento do filme, em blu-ray pela Shout Factories, trouxe vários documentários novos com diversos membros da produção, mas o mesmo corte final da obra), dá para perceber que muita coisa foi tirada do filme. Isso não atrapalha a obra, de maneira alguma, porém fiquei muito curioso em assistir essa versão Uncut do filme, com mais desenvolvimento dos personagens e mais violência.


Os cortes no filme dão um ar ainda mais seco ao filme, sem tempo para firulas narrativas. A grandeza do elenco evita que os personagens se percam como incompletos, pois as atuações são todas precisas. A começar por Sylvester Stallone, com um visual muito marcante,  dando vida ao detetive Deke DaSilva, um detetive da polícia nas noites de Nova Iorque, junto com seu parceiro Matthew Fox (interpretado por Billy Dee Willians). FALCÕES DA NOITE, aliás, era o nome dado a esses patrulheiros noturnos de Manhattan. Não há tanto tempo de cena com os dois juntos, mas é possível perceber a química entre os dois e os conflitos/demônios internos de cada um, como na cena em que Fox quase explode a cabeça de um bandido na frente de um garoto ou DaSilva hesitando em atirar no vilão do filme, na emblemática perseguição pelo metrô.

O que dizer então de Rutger Hauer? O saudoso holandês encarou o primeiro papel da carreira num filme norte americano com muita força, antagonizando Stallone dentro e fora das telas, segundo as lendas da produção. Seu terrorista freelancer Wulfgar é um vilão aterrorizante, por ser lunático, mas não idiota ou simplesmente maléfico - é o oposto de DaSilva: convicto, resoluto, charmoso e não leva desaforo para casa. Na atuação magnífica de Rutger Hauer, sempre com aquela aptidão de atuar com os olhos, passando do sedutor para o mortífero em segundos, Wulfgar é um macho alfa e DaSilva só consegue vencê-lo quando finalmente assume a posição de alfa (mesmo que, ironicamente, ele o faça vestido de mulher). 


Essas sutilezas psicológicas dos personagens e do filme, realmente impressionam. Ao mesmo tempo, difícil não lamentar a ausência de mais cenas explorando a distância entre esses dois personagens. As atrizes Lindsay Wagner e a indiana Persis Khambatta, mesmo com excelente presença de cena, acabaram prejudicadas com estes cortes, que certamente davam ainda mais profundidade a esses personagens.

NIGHTHAWKS é um verdadeiro clássico esquecido dos anos 80, meus amigos. Não só pelas suas qualidades cinematográficas, como pelas lendas e dificuldades dos bastidores, uma joia dos filmes policiais. Stallone e Hauer estão inesquecíveis em seus papeis, figurando tranquilamente entre os melhores de suas respectivas carreiras e um dos melhores filmes desta incrível e saudosa década. 

Rutger Hauer (1944-2019)


"I've seen things you people wouldn't believe. Attack ships on fire off the shoulder of Orion. I watched C-beams glitter in the dark near de Tannhauser Gate. All those moments will be lost in time, like tears in rain. Time to die."

segunda-feira, 8 de julho de 2019

Livro: Dylan Dog - Prelúdio Para Morte, por Dario Argento/Stefano Piani/ Corrado Roi

Lindíssima capa de um dos lançamentos do ano.
O anúncio de uma história em quadrinhos do personagem Dylan Dog escrita pelo mestre Dario Argento foi avassalador. No momento que eu soube, lá em 2018, sabia que teria de adquirir a obra de alguma maneira. A espera compensou: a Editora Mythos lançou um maravilhoso capa dura, grande e lindo, contando com um saboroso prefácio e notas da produção que irá agradar em cheio fãs do Dylan Dog, fãs do Dario Argento e fãs de belas histórias.

Um dos pontos que mais me impressionou foi a percepção passada de se entender o processo da criação desta narrativa pelo maestro Argento. Num saboroso posfácio denominado O Teatro Anatômico de Dario, Stefano e Corrado, somos apresentados ao pormenores da criação da obra. Tudo começou com Dario visualizando uma "bela mulher de longos cabelos pretos e com as costas cheias de cicatrizes". A partir de uma imagem tão plástica e intrigante (uma imagem, aliás, talhada para o mundo do cinema), criou-se uma trama. A partir de uma imagem a história passou a se desenrolar, com Dylan Dog seguindo esses rastros.

Em seguida, Dario associa elementos estranhos entre si, como a figura do Whipping Boy (na época vitoriana, punia-se um garoto pobre, amigo de um príncipe, caso a nobre criança cometesse erros),  o poeta neoclássico italiano Giuseppe Parini (e o intenso verso "Não se deve celebrar o sangue da alma que definha"), a pintura Lais Corinthiaca do mestre flamengo Hans Holbein (pintada em 1526 e exposta no Museu de Belas Artes da Basileia) além de BDSM. São elementos incrivelmente díspares, mas unidos numa envolvente trama, tal qual Argento fez em seus melhores filmes. A riqueza da narrativa impressiona muito.
Giuseppe Parini
Lais Corinthiaca

De quebra, há referências ao universo cinematográfico de Argento, como o próprio nome da HQ que remete a um dos filmes mais clássicos do diretor (Prelúdio Para Morte) e uma citação a banda Globin.

É um trabalho magistral, amigos. Uma obra de arte, uma aula de contagem de histórias e uma amostra maravilhosa da mente genial de Dario Argento. Vocês precisam ter este encadernado em suas coleções. 

Trailer: The Art Of Self-Defense (2019)

Eu nunca fui muito fã do Jesse Eisenberg, mas o trailer desta comédia de humor negro me fez rir mais do muito filme de comédia incensado por aí e me deixou mais animado/excitado para assistir do que muito filme de super herói "hypado" pela crítica imatura que inunda a internet. A história de um homem com medo de tudo e todos, que após sofrer um ataque na rua, resolve aprender a se defender, se matriculando num dojo meio... estranho. Personagens interessantes, ótimas piadas, bom humor físico e uma sensação de que podemos estar diante de uma verdadeira pérola - sabendo dosar a esquisitice/drama do roteiro e não exagerando na duração do longa. Em breve, nós saberemos.




domingo, 7 de julho de 2019

Fantasia Film Festival 2019 - As Escolhas do Editor


O festival mais esperado do ano por mim - o Fantasia Film Festival ocorrerá entre os dias 11 de julho e 1 de agosto e promete ser uma edição incrível. Ted Kotcheff, diretor do essencial Rambo - Programado para Matar será um dos grandes homenageados do ano. O produtor Edward R Pressman também será homenageado - o cara já trabalhou com gente do calibre de Brian De Palma, Sam Raimi, Terrence Mallick, Sylvester Stallone, John Milius, John Frankenheimer, Abel Ferrara, Alex Proyas dentre muitos outros grandes nomes. 

Além disso, a seleção cinematográfica sempre reserva uma ampla variedade de muitos filmes incríveis e interessantes. Saibam que a lista é maravilhosa e tem muita coisa que ficou de fora da nossa modesta seleção de 6 títulos muito esperados por mim. Definitivamente, participarei um dia desse festival; por enquanto, vou caçando os filmes deste maravilhoso catálogo e, aos poucos, vamos conversando sobre eles aqui, "falou"! 

The Lodge (2018)
As mentes perturbadas responsáveis pelo hit Goodnight Mommy, de 2014, retornam com mais uma história de isolamento e maldade - desta vez uma futura madrasta e duas crianças ficam presas numa choupana durante um feriado invernal e um bando de coisas sombrias começam a acontecer. O trailer é de trincar os dentes e o filme parece ter alguns elementos em sua trama de seitas macabras (aparentemente a inspiração é o famigerado grupo "Heavens Gate", responsável pelo suicídio coletivo de 39 pessoas). Aliás, parece que muitos filmes de terror deste ano estão bebendo nesta fonte de cultos e seitas malditas (vide o "hypado" Midssomar). Vamos aguardar, certamente teremos revisão dele aqui no blog

Lake Michigan Monster (2018)
Uma das coisas mais legais do mundo do cinema é a maneira como uma história é contada - desde aspectos técnicos como fotografia, montagem, trilha sonora, dentre outros, mas também a própria filmagem de cenas com potencial de ficarem cravadas na memória do público. Lake Michigan Monster homenageia os saudosos filmes B de monstros dos anos 50 e, de quebra, parece fornecer lindas imagens surreais que algumas obras, atualmente, insistem em esquecer. Parece ser uma incrível experiencia numa bela sala de cinema.


Dare To Stop Us (2018)
O espetacular trailer deste filme nos situa no Japão, Primavera de 1969: o cineasta Nagisa Oshima é um dos expoentes do Novo Cinema Japonês. Uma jovem busca emprego nos estúdios da Wakamatsu Produções, se deparando com um grupo de cineastas transgressores que realizariam alguns dos mais transgressores filmes pinkus (subgênero do cinema erótico) de todos os tempos. Uma homenagem/biografia de um período muito específico e especial do glorioso cinema do Japão e um deleite aos fãs de cinema, especialmente os que se interessam pelo lado mais alternativo da sétima arte.

Sadako (2019)
Meus amigos, eu achei o trailer deste filme apavorante. É perceptível a tentativa de renovar a franquia com elementos da atualidade, como as redes sociais/internet. Hideo Nakata retorna à direção e o autor original, Koji Suzuki, deu sua benção a esta continuação. Não deixa de ser engraçado que a franquia O Chamado, como todo bom filme de terror de sucesso, rendeu uma penca de continuações, reboots e prequels. Pelo trailer de divulgação, talvez eles tenham acertado a mão. Atenção a angustiante trilha sonora.

The Miracle Of The Sargasso Sea (2019)
Tem alguns críticos referindo uma "New Weird Greek Wave" (Nova Onda de Cinema Excêntrico Grego - livre tradução), capitaneada pelo Yorgos Lanthimos, cujas indicações ao Oscar certamente deram força a este suposto novo movimento. São detalhes que apenas situam uma produção bastante incomum da Grécia ser selecionada para o festival deste ano, uma história de um crime numa cidade pequena localizada perto do tal Mar Sargasso, um local meio misterioso, a la Triângulo das Bermudas. É intrigante e tem elementos interessantes demais para ser ignorado.

Alien Crystal Palace (2018)
Todo festival que se preze tem de ter bizarrices, senhores. Experimentos cinematográficos, obras surrealistas, narrativas exóticas, filmes grosseiros ou alguma esquisitice que nós, cinéfilos, adoramos assistir de vez em quando. Esse filme frances é um musical, segundo informações divulgadas, de um cientista maluco tentando criar um "andrógino perfeito". O trailer não revela muita coisa além de uma inspirada fotografia e alguns nomes interessantes no elenco, incluindo a participação do estilista Christian Loubotin. Vai ser um daqueles filmes difíceis de se achar para assistir, fora do circuito de festivais.