terça-feira, 19 de janeiro de 2016

My French Film Festival 2016

Uma dica incrível para meus queridos leitores: ontem iniciou o imperdível festival de cinema online - My French Film Festival 2016 - com duração do dia 18 de janeiro de 2016 a 18 de fevereiro de 2016. Trata-se da sexta edição do festival, com uma competição entre dez longa-metragens e dez curta-metragens franceses e o público será o jurado. Informação importante: totalmente gratuito. Excelente oportunidade para acompanhar o apaixonante cinema francês e, neste ano, o Midnight Drive-In trará uma cobertura desse festival, com resenhas dos filmes. Vamos aproveitar!

OBS: Falha minha, esqueci de colocar o link do festival! Segue abaixo:
http://www.myfrenchfilmfestival.com/pt/


sábado, 16 de janeiro de 2016

Alan Rickman (1946-2016)


"And it's a human need to be told stories. The more we're governed by idiots and have no control over our destinies, the more we need to tell stories to each other about who we are, why we are, where we come from and what might be possible"


terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Desventuras de um Cinéfilo 005: Sobre David Bowie


"I always had a repulsive need to be something more than human"

Eu ainda estou em choque. Ontem faleceu um dos artistas mais geniais que já tivemos a honra de apreciar na história da humanidade. Eu não consigo imaginar um mundo sem a existência desta verdadeira entidade, que tocou nossas vidas tão profundamente com suas criações (no campo da música, cinema, artes em geral).

Esse cd fez parte da minha formação como
ser humano... 
Minha história com David Bowie iniciou-se lá em 1997, época em que eu ouvi minha primeira música dele. Meu pai acabara de voltar de Londres com alguns poucos cds em sua mala e um deles era esse álbum duplo do David Bowie, que anos mais tarde fui compreender que se tratava de uma coletânea de singles. 

Não me lembro da ocasião em que ouvi, mas lembro que a primeira música que eu ouvi foi "Heroes" e eu amei aquela música desde o primeiro instante que a ouvi. Tive diversas fases com diferentes canções favoritas (recentemente, redescobri Life on Mars), mas "Heroes" persiste como aquela música que sempre vai me fazer chorar, todas as vezes que tocar.

Cheguei a me aventurar em vários discos do Bowie e sempre me considerei um admirador. Era um daqueles artistas que tomam posse de uma parte de seu coração, e você não repara, mas você percebe que sua criação faz parte de você todas as vezes que a música toca ou o filme passa na tv. E aí, no conforto de uma rotina, de um mundo de mesmice, vem uma notícia devastadora como essa.

Acompanhei a repercussão, as homenagens, os especiais nos sites de notícia, ouvi alguns cds dele, comprei um livro sobre ele e ainda senti um vazio imenso. Ainda sinto esse vazio hoje. 

Mas a morte também desperta coisas maravilhosas. É incrível o que passamos a enxergar quando perdemos algo ou alguém valioso para nós. E, no meu caso, além de toda obra sublime que ele produziu, todas as músicas dele que eu não escutei, os vários filmes dele que não assisti, fica a reafirmação de meu maior sonho: o desejo de produzir uma obra que toque as pessoas, assim como aquilo que este homem vez - uma vida plena, completa, linda, cheia de erros e acertos e a melhor experiência que qualquer ser humano possa ter. 

Várias pessoas escreveram seus tributos, todos brilhantes e incríveis. E eu compartilho a opinião de que a partir de hoje, todas as vezes que eu olho para o céu, sei que estarei de alguma maneira contemplando essa estrela que tivemos a sorte de acompanhar, apreciar e viver perto de seu brilho. E não há nada no mundo que apague isso em mim. Nada.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Star Wars: O Despertar da Força (Star Wars: The Force Awakens, 2015)


There's been an awakening. Have you felt it? 

Muito se tem dito sobre a nova aventura do universo "Guerra nas Estrelas"; assim, não acho que terei novidades nessa resenha. Em todo caso, já digo que gostei bastante do filme, mas o "rasgação de seda" generalizada me impressiona, mas não me surpreende.

Não me surpreende pois o tão divulgado novo Star Wars foi o filme mais cercado de expectativa dos, sei lá, últimos dez anos. E frente a entrega de uma obra inegavelmente competente, a reação geral foi de imensa e intensa paixão. 

E O DESPERTAR DA FORÇA não merece todo esse amor? Talvez sim, mas o filme tem sua dose de erros, quase todos relacionados ao roteiro. Se pararmos para pensar, encontramos uma boa dose de equívocos graves. E o fenômeno de adoração em torno da obra foi tão absurdo que alguns resenhistas enalteceram essas falhas de script com argumentos estapafúrdios de que esses "furos" são típicos da série Star Wars, o que demonstraria o quão fiel J J Abrams foi em preservar esse suposto "charme" da franquia! Não me façam rir. 


Apesar disso, eu gostei do filme. E gostei, principalmente, da tríade de novos personagens principais - Rey (Daisy Ridley), Finn (John Boyega) e o vilão com potencial imenso de se tornar memorável Kylo Ren (Adam Driver). São três personagens densos, complexos e bem construídos, que me cativaram bastante. Preciso citar também Oscar Isaac (que precisa de muito mais espaço no próximo filme com seu piloto Poe Dameron) e Domhnall Gleeson, perfeito como o General Hux (um ator que definitivamente está no meu radar, desde sua atuação no clássico pessoal Never Let Me Go).

E J J Abrams explora muito bem toda a mitologia da franquia, seus personagens históricos (é uma experiência maravilhosa ver Harrison Ford incorporando Han Solo) e o visual - atualizado com inteligência e no ponto certo da nostalgia. Toda a força e esplendor da marca explodem na telona e é lógico que meu coração nerd se derreteu durante a projeção. O DESPERTAR DA FORÇA é, sem desmerecer, uma refilmagem esperta e bem feita do episódio IV, com muito mais acertos do que erros. E eu mal posso esperar pelos próximos filhotes desta franquia.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Vilmos Zsigmond (1930-2016) & Haskell Wexler (1922-2015) - Dois Mestres da Direção de Fotografia



"Cinema needs good images" - Vilmos Zsigmond


"If you want to compare my photography to any great painter, I love it!" - Haskell Wexler

  


Duas excepcionais análise de palheta da fotografia dos filmes Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977), por V. Zsigmond e Um Estranho no Ninho (1975) por H. Wexler - dois diretores de fotografia geniais. Essas análises de palheta foram retiradas do excelente site Movies In Color, que merece sua visita. 

sábado, 2 de janeiro de 2016

Desventuras de um cinéfilo 004 - O Fim das Locadoras

Fonte: Campo Grande News
Dia desses, tendo acabado de voltar de uma viagem para São Paulo e, por esse motivo, um tanto ausente das redes sociais, descobri que a sede da locadora 100% Vídeo estava fechando as suas portas e vendendo todo seu acervo. Uma oportunidade ótima para se aumentar a coleção mas não há motivo para celebração alguma...

Eu sempre fui um cara completamente apaixonado por locadoras e esse era O passeio da minha infância. Antigamente, antes do advento do DVD (que eu já enxergava com olhos desconfiados), as locadoras reinavam com suas fitas, seus lançamentos e a disputa pelo aluguel dos mesmos. Era comum a sexta-feira à noite ser reservada para uma visita numa locadora, para escolhermos filmes do final de semana. 

Mas, nós já sabemos o que aconteceu: internet banda larga, download de filmes, preços absurdos, netflix e todos os fatores que culminaram no fechamento em massa das locadoras. As primeiras a morrer foram justamente as melhores: locadoras de bairro, com acervo antigo, maior parte em fita VHS, começaram a vender seu acervo e fechar as portas. Lembro-me, nitidamente, de um dia que fui com meu querido tio Dario numa dessas locadoras, lá pelo ano de 2004. Como criança, ainda não tinha dinheiro para torrar nesse tipo de coisa, por isso adquiri apenas um filme, a VHS de O HOMEM SEM SOMBRA (ainda era um garoto no mundo do cinema...), enquanto meu tio adquiriu o sensacional A NOIVA DE RE-ANIMATOR. Foi uma tarde inesquecível...

Mais tarde, as grandes locadoras começaram a vender seu acervo em VHS. Aqui em Campo Grande, tínhamos uma rede de locadoras chamada Héllios Vídeo, que frequentávamos assiduamente. Numa tarde, eu e o mesmo tio, companheiro das melhores aventuras, fomos fazer umas comprinhas e eu levei oito filmes, que precisei esconder no caminho de ônibus para casa, porque sabia que minha mãe não ficaria muito satisfeita. Meu tio, cúmplice, usou sua mochila para disfarçar as fitas. Minha sorte é que naquele dia haveria uma reunião de um grupo de budistas em minha casa e pude contrabandear os filmes para o meu quarto enquanto minha mão organizava a tal reunião.

Nessa época, uma anedota particularmente agradável foi quando eu e minha irmã fomos visitar minha avó e meu tio e ele conseguira locar a disputada fita dupla d'O Senhor dos Anéis, dublada. Com um X-Tudo especialmente preparado pelas mãos habilidosas da Vó Glória, mergulhamos no universo de Tolkien numa sexta-feira à noite.


Comprar filmes não era das tarefas mais fáceis. Quem nasceu depois do DVD, não sabe que as Lojas Americanas não tinham essa variedade de filmes como tem hoje em dia. As únicas maneiras de se comprar filmes era quando as locadoras fechavam ou se desfaziam de seu acervo ou quando acontecia uma feira de fitas VHS promovida pela 100% Vídeo e o Shopping CG - antes da franquia abrir sua sede. Minha lembrança é de pelo menos duas dessas feiras, lá nos anos 90, onde pude começar uma modesta coleção de filmes - um dos primeiros títulos comprados foram Jurassic Park e Esqueceram de Mim 1 e 2 (que substituíram uma gravação em VHS que assistíamos quase todo dia quando crianças e, finalmente permitiram conhecer as vozes originais dos atores - mas as falas do filme dublado eu me lembro até hoje).


Filmes que comprei. Infelizmente, a grana estava curta, mas
acho que pude fazer umas boas aquisições.
As maiores locadoras do Brasil nunca chegaram em Campo Grande no auge desse negócio. A própria 100% Vídeo só deu as caras por aqui depois de 2003 (uma estimativa, não consigo recordar com precisão). De vez em quando, alguns donos de locadora me davam aquelas revistas/catálogo e eu conhecia marcas de locadora como A Poderosa ou 2001 Vídeo, mas nenhuma teve sede em Campo Grande. Assim, o fim da 100% Vídeo não mexeu com meu coração como aconteceu com a Héllios Vídeo (eu ainda escreverei sobre a importância dessa locadora, em outra postagem). 

Contudo, não pude deixar de ficar reflexivo enquanto escolhia alguns filmes, seguindo o meu critério pessoal de filmes que eu dificilmente encontrarei numa impessoal porém gratificante baciada das Lojas Americanas. Tenho a impressão de que esta foi a última locadora de Campo Grande. Todas as outras já fecharam suas portas. E para nós, cinéfilos que acompanhamos e frequentamos esses ambientes, não há como não ficar melancólico. 

Estava eu naquele literal mar de filmes, DVDs espalhados por todos os cantos e, enquanto escolhia, me surpreendia com alguns achados, encontrava amigos e calculava os gastos, essas memórias todas me atingiam de maneira fulminante. Tudo que é bom, realmente dura pouco. 

Talvez, eu soe extremamente piegas, mas eu gosto de imaginar o paraíso como uma grande locadora, a mais imensa que você possa imaginar e passar a eternidade perdido por entre suas prateleiras e fitas. 

O acesso que temos ao cinema do mundo todo é maravilhoso. Gosto muito do serviço do netflix e sou assinante. Adoro comprar filmes mais difíceis de achar para compor minha coleção. Mas tenho a impressão que nenhuma dessas coisas conseguirá substituir a magia das boas e velhas locadoras. E não creio que as novas gerações irão desfrutar alguma experiência parecida, como essas descritas. 

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Der Samurai (2014)


 Vamos começar o ano de 2016 com dois pés no peito dos estimados leitores: finalmente conferi o tão prestigiado filme terror/humor negro/drama psicológico/filme de arte DER SAMURAI que agradou muita gente e eu acabo de me incluir nessa lista. 

O jovem policial Jacob (Michel Diercks) atua num vilarejo alemão, sem emoção alguma. Talvez por isso ele tenha interesse por um lobo que ronda a região, incomodando alguns moradores. Nesse vilarejo, todos se conhecem, toda informação é compartilhada e rivalidades da época da infância parecem se manter até a idade adulta. 


Numa noite e dentro de circunstâncias que não mencionarei aqui, Jacob encontra um exótico personagem: um homem com vestido branco campestre e uma katana (Pit Bukowski). E nesta noite, numa jornada de auto-descobrimento e situações inexplicáveis, o policial vai acompanhar a trilha de destruição deixada por esse "samurai urbano travesti".

Esse trabalho de estreia do Till Kleinert é um verdadeiro tour de force numa trama impressionante e mais profunda do que podemos pensar à primeira vista. O roteiro nos fornece esses dois personagens absolutamente fascinantes: enquanto o policial é transparente em sua psiquê, mas profundo (por exemplo, a admiração que sente pelo seu antagonista, nos levando até a acreditar que o personagem possa se sentir atraído sexualmente pelo algoz); já o samurai é uma personagem mítica, envolvente, atraente e misteriosa, um verdadeiro enigma que não é completamente respondido durante a projeção (então, que os sedentos por respostas já fiquem sabendo que o filme não responderá todas suas interrogações).


DER SAMURAI é um filme de arte - extremamente visual, com algumas cenas realmente lindas e impressionantes, especialmente quando o diretor usa recursos de iluminação como lanternas e a luz de fogueiras, dando ao filme um tom escuro e ainda mais soturno. O forte aqui não é bem a trama, mas as análises que fazemos em torno dos personagens e a beleza plástica da obra. 

Em curtos 79 minutos, Kleinert compôs um exemplar marcante do que alguns consideram o Renascimento do Cinema de Horror Alemão. Não acompanho com profundidade para fazer coro a essa afirmação, mas posso concluir que DER SAMURAI é um dos melhores, senão o melhor exemplar dos últimos dez anos do cinema de arte/terror europeu e um ótimo ponto de partida para quem quiser conhecer e se aventurar no cinema extremo mundial.