domingo, 24 de março de 2013

The Hounds (2011)



É verdade que devemos incentivar a produção de horror independente, ainda mais apaixonados pelo gênero como eu. Acontece que filmes com THE HOUNDS não colaboram com esse esforço. Não se trata de um desastre completo, mas definitivamente é uma obra dispensável.

O principal problema aqui é o roteiro. A ideia geral do filme é muito boa, envolvendo um grupo de amigos que vão acampar e acabam encontrando um corpo na floresta. Durante a noite, o tal corpo desaparece, iniciando uma jornada agoniante para os jovens – bem conduzida pela dupla de diretores, que criam uma razoável tensão e algumas boas cenas “gore”.

Contudo, o filme não acompanha apenas os jovens, mas também um policial que está conduzindo uma investigação ao longo do filme. As duas tramas são juntadas de uma maneira interessante no epílogo da obra, entretanto, durante a projeção, todas as cenas do policial são desnecessárias e seguem uma cartilha insuportável de clichês – policial alcoólatra, dramas familiares e outras desgraças.

THE HOUNDS conta com uma boa direção e boas atuações, dentro das limitações dos atores. Temos algumas boas cenas sangrentas, incluindo uma dolorosa cauterização e uma surpreendente extração ocular. Contudo, tem-se a impressão de que os diretores estão a vender um produto falso, recheado numa suposta trama complicada.

Tal impressão não poderia ser mais verdadeira. THE HOUNDS não tem nada de complicado, revolucionário ou inesquecível. Trata-se de um filme regular de horror, com todas as limitações de uma obra independente e uma respeitável inventividade por parte de seus criadores, que poderiam ter desenvolvido um produto muito mais interessante se tivessem simplificado as coisas.

sábado, 23 de março de 2013

The Man With The Iron Fists (2012)



Falei que se incensassem demais esse aqui... Aliás, um fenômeno bizarro vem acometendo filmes com ideias muito promissoras que afundam numa execução muito aquém de seu potencial. Aconteceu isso em Machete (em menor grau em Django Unchained) e, a bola da vez é THE MAN WITH THE IRON FISTS, uma curiosa produção dirigida pelo rapper RZA.

Dizer que RZA dirigiu o filme é muita bondade, pois o rapaz prova que não entende nada de direção e muito menos de atuação, ficando com uma cara de peixe morto durante toda a projeção – um péssimo protagonista por quem só criamos simpatia pela malvadeza dos vilões, que fazem o diabo com o cara.

Mas compensando o frouxo protagonista, temos a presença de ótimos personagens coadjuvantes, com destaque absoluto para Russell Crowe, ostentando um barrigão e parecendo se divertir com seu personagem fodão, Jackknife. Pam Grier e o sempre fantástico Gordon Liu são os coadjuvantes de luxo que sustentam um pouco mais a produção.

Não há como negar que THE MAN WITH THE IRON FISTS tem uma ótima galeria de personagens interessantes, a maioria bem interpretada num padrão trash de filme (com exceção de RZA cara de peixe morto), mas todos reunidos num fiapo de estória nada interessante. Parece que o roteirista teve várias boas ideias de personagens e decidiu reunir tudo de uma maneira meio apressada em canhestra, exatamente como aconteceu em Machete, há alguns anos.

No final das contas, THE MAN WITH THE IRON FISTS falha no maior de seus objetivos: divertir o público. Ao longo do filme eu olhava para o relógio a todo o momento esperando o fim da projeção. Da próxima vez, que os produtores escolham um bom protagonista e um diretor de verdade, para dar mais ritmo a obra. Mais uma boa ideia afundando no pântano das más execuções.

sábado, 16 de março de 2013

4 filmes e 4 resenhas curtinhas - o que eu andei assistindo nestes tempos...

Django Unchained (2012)

O mais recente filme de Tarantino é um oceano de ideias, quase todas muito boas, mas reunidas inadequadamente ao longo da fita. É como se o Tarantino tivesse escrito todo o roteiro em dois dias, sem muitos reparos, e corresse para filmá-lo logo. Obviamente que eu me diverti bastante vendo a obra, com Jamie Foxx perfeito em seu papel e Christoph Waltz inesquecível como o dentista caçador de recompensas. Há de lembrarmos também a performance perfeita de Leonardo DiCaprio, como um odioso dono de escravos e seu parceiro de negócios encarnado por Samuel L. Jackson.

Não vou comentar muito sobre esse filme, pois há zilhões de textos por aí dissecando a obra, mas devo dizer que DJANGO UNCHAINED é um bom filme, com tudo o que a grife Tarantino pode oferecer de melhor (personagens marcantes, excelentes diálogos, visual incrível, referências cinéfilas e muitas participações especiais). Contudo, falta o brilhantismo e a sensação de “quero mais” de outras obras do diretor.

Habemus Papam (2011)
Interessante e adequada comédia para os tempos de conclave e novo papa que vivemos, Habemus Papam é um filme do diretor Nanni Moretti, um exercício intrigante sobre a natureza humana dos cardeais que podem “governar” o mundo católico após a eleição do pontífice. Apesar da ousadia em algumas cenas (como os cardeais rezando no início do conclave para não serem eleitos), a obra se mantém um pouco idealista demais ao pintar todos os padres como seres inocentes e até um pouco infantis em relação ao mundo real. Nanni Moretti parece ter uma visão ainda muito romantizada de um universo cheio de escândalos desprezíveis. Sendo assim, Habemus Papam é um filme interessante, mas deveras omisso.

Dezesseis Luas (Beautiful Creatures, 2013)
Esse é um filhote da saga juvenil crepúsculo, com um pouco mais de estilo e riqueza visual. Mas é só isso mesmo, porque o roteiro é de um constrangimento ímpar, com seus furos e péssimas soluções. O casal principal sabe atuar, mas a estória não ajuda nada. Sem falar nas atuações constrangedoras de Jeremy Irons e Emma Thompson, exageradas e caricatas. Nem a trilha sonora, que costuma se destacar nesse tipo de filme ajuda. Bem fraquinho, mesmo.

Reféns (Trespass, 2011)
Olha que eu já defendi Nicolas Cage aqui no blog diversas vezes, mas Reféns é uma merda indefensável. Uma trama ridícula, completamente inverossímil, sobre um assalto na casa de um negociador de joias. Péssimos personagens, péssimo roteiro, péssimos diálogos, péssima direção e absolutamente nada de positivo em relação a essa bomba completa. Me escapa a razão de terem gasto um dólar que fosse para filmar um filme tão deficiente e incrivelmente ruim. A vontade de jogar o dvd fora após o término do filme foi grande...

sábado, 9 de março de 2013

ESPECIAL SXSW 2013 – AS ESCOLHAS DO “EDITOR”



Um dos festivais anuais mais bacanas do planeta começou ontem (8 de março de 2013) – o South by Southwest (SXSW), em Austin, Texas. Trata-se de um evento colossal, com muita música, informação, tecnologia e cinema, durante pouco mais de uma semana. Como eu ainda não estou cobrindo o festival lá dos EUA (não custa nada sonhar, de vez em quando), seleciono aqui os títulos que mais me chamaram a atenção no “lineup” de 2013 – que é enorme, como você pode dar uma olhada aqui. 

Com toda a correria de fim do semestre, não consegui me informar totalmente sobre todos os títulos, por isso essa lista não é definitiva. Assim, esse é um apanhado dos filmes que estarão no meu radar deste ano. Sintam-se livres para comentar sobre títulos que eu tenha esquecido. Vamos às obras:

 Evil Dead
Já escrevi sobre este aqui há alguns meses atrás. O trailer excepcional e as boas resenhas sobre a première me fazem acreditar que este será um dos grandes filmes de horror deste ano.

Spring Breakers
 Realmente, tenho dúvidas enormes sobre a qualidade deste filme, mas a garantia do belo elenco feminino usando biquíni durante a projeção e James Franco como o bandidão da obra captaram minha curiosidade.

Milius
 Documentário sobre o grande John Milius, o homem que dirigiu Conan – O Bárbaro e escreveu Dirty Harry. Só o comentário de Sam Elliott no trailer (“He doesn't write for pussies”), já indica que este filme foi feito por gente que conhece, respeita e admira o trabalho do cara.


V/H/S/2
Ainda nem assisti ao primeiro filme, mas a continuação já está na minha mira. Trata-se de uma coletânea de filmes de horror, envolvendo umas fitas de vídeo – não procurei muita informação porque acho que esse filme é um daqueles que quanto menos se sabe, melhor. Saquem o trailer abaixo:


Rewind This!
Um documentário apaixonante sobre a saudosa época das fitas de vídeo – o VHS – e seu impacto imenso sobre o mundo do cinema. Produção de Panos Cosmatos e depoimentos de gente como Lloyd Kaufman, Kazuo Kato e Charles Band, além de inúmeras cenas de filmes que simbolizam essa era. Tem o potencial de ser o filme mais emocionante do festival, sem dúvida.


Holy Ghost People
Estava demorando um filme que se passasse no famigerado culto dos manipuladores de cobra, surgido no interior dos EUA. A ambientação interessantíssima, o tema de manipulação religiosa e o eletrizante trailer dão uma bela prévia do que poderemos assistir.


 I Am Divine 
A história do transformista Divine, musa dos filmes do lendário diretor John Waters e um dos símbolos do cinema exploitaion. Para qualquer pessoa que admira os filmes desse incrível “movimento”, I Am Divine parece ser obrigatório.


Existe ainda uma quantidade enorme de filmes interessantes, porém esse é o meu guia rápido dos filmes que estarão em minha órbita neste ano. Quem sabe, daqui há alguns anos, eu faça uma cobertura real desse excitante festival, vendo esses filmes em suas estreias.