Dá um imenso prazer assistir a um filme como BRANCO SAI, PRETO FICA. Um fiapo da trama: nos anos 80, policiais invadiram uma boate aos tiros e deixaram dois sequelados - um homem com perna amputada e outro sem o movimento das pernas.
Comecei a assistir sem ter a mínima ideia dessa história. Logo no início, eu pensei: "Ok, este é mais um documentário sobre o racismo, preconceito e desigualdade social que assola o Brasil". Entretanto, logo fui completamente surpreendido com um misto de documentário e ficção científica, numa narrativa completamente fora da zona de conforto, nitidamente influenciada pelo cinema marginal brasileiro. E posso constatar que é um dos mais interessantes filmes nacionais lançados em anos.
Isso porque BRANCO SAI, PRETO FICA foge a todo momento da previsibilidade. Apesar disso, confesso que me peguei cochilando brevemente, talvez pelo filme ser um tanto parado. Mas de uma maneira geral, a dupla protagonista entrega uma performance realmente incrível, que me prendeu a atenção. Outro aspecto que vale muitos elogios é a ESPETACULAR trilha sonora (achei uma alma caridosa que compilou as músicas numa playlist do youtube - link aqui).
O clima é de experimentação, mas há alguma pretensão na maneira como Adirley Queirós filmou sua obra. Não curto muito o fato do filme ser incensado demais pela crítica, porque apesar de sua inventividade e criatividade, o ritmo do filme é bem irregular. Se você não comprar essa conversa chata pseudo-cult sobre "representação cyber-punk da periferia marginalizada brasileira" e encarar BRANCO SAI, PRETO FICA como um exercício original de mistura de gêneros, vai se surpreender demais. Definitivamente, precisamos de mais filmes ainda com essa pegada.
Uma observação: consegui assistir esse filme por um link disponibilizado pelo Carlos Primati numa página de sua curadoria no facebook: Filmoteca do Horror Brasileiro. Todos os dias, ele divulga vídeos, links e informações de filmes que flertam com o fantástico e filmes do gênero horror, muito vivo dentro do contexto nacional. Basta procurar pra você encontrar um universo inacreditável e quase intocável dessas obras. Vocês precisam conferir (link aqui).