sexta-feira, 31 de agosto de 2012

6:66 Mortes Acontecem (6:66 Dtaai Mai Daai Dtaai, 2009)



Criar uma trama é difícil; algo original e surpreendente, que te prenda ao filme, sem necessidade da pirotecnia dos blockbusters. Após criar a trama, você precisa desenvolvê-la, para continuar esse laço com o espectador. E muitas vezes, na hora desse desenvolvimento, o realizador da obra tropeça, tornando uma ideia original interessante em algo enfadonho. Um exemplo perfeito é esse filme tailandês, que possui um ótimo mote com um desenvolvimento muito fraco.

Imaginem uma cidade em que as pessoas não conseguem mais morrer. Um suicida, após atirar em sua própria cabeça, permanece vivo no hospital. O mesmo para um rapaz todo mutilado após ter sido arrastado por um trem. Uma situação bizarra, sem sombra de dúvida. E uma repórter começará a investigar esses eventos, pois tudo indica que essas “férias” da Morte estão relacionadas a ela.


6:66 MORTES ACONTECEM (o título é inexplicável, porque o número 666 não aparece em nenhum momento do filme) é um filme tailandês até interessante. Desprezando a péssima mania de tentar dar sustos pelo súbito aumento do som, temos uma estória realmente diferente, acentuada ainda pela língua e feições orientais – um refresco para a quantidade de filmes norte-americanos que estou habituado a assistir.

Entretanto, ao longo do filme a trama vai ficando cada vez mais embaçada e confusa, com explicações bastante insatisfatórias. Não entendo porque certos filmes de mistério querem explicar absolutamente tudo de sua trama. Parece que algumas pessoas não concebem que certos mistérios podem ser inacessíveis para o público. Uma mania de entregar tudo mastigado ao espectador. O roteirista, nessa obra, ao tentar dar laço aos enigmas que perseguem a protagonista, acaba elaborando uma solução nada convincente da trama.

 

Isso não torna 6:66 MORTES ACONTECEM num filme ruim, mas definitivamente num filme fraco. Só de lembrar o estúpido clímax do filme, começa a balançar a cabeça em desaprovação a uma boa estória desperdiçada em soluções bestas. Pareceu-me um telefilme ou um episódio de alguma versão oriental de Arquivo X.


Honestamente, o filme até vale uma espiada, especialmente pra quem curte filmes de terror como eu. Contudo, já adianto que 6:66 MORTES ACONTECEM pode decepcionar e é provável que o faça. Mas ainda assim, por ter uma ideia tão interessante e por ser de um país cujas produções não costumo acompanhar, creio que assistir a esse filme não matará ninguém. A não ser de tédio.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O Vingador do Futuro (Total Recall, 2012)



Até me diverti com essa refilmagem, mas não tem nada demais no filme. Não se deve cair no erro da comparação, pois essa obra é, aparentemente (pois não li o livro original), mais fiel ao seu manuscrito de origem – um livro de Phillip K. Dick, tornando-a BASTANTE diferente da clássica fita dos anos 90.

As cenas de ação são bacanas (especialmente a primeira perseguição a pé), as atuações estão ok e a trama em si é bem clichê no mundo da ficção científica. Colin Farrell é um ótimo ator e segura o longa com tranquilidade, convencendo nas cenas atléticas e na dramaticidade. Kate Beckinsale, sempre bela, como a letal vilã, também está muito bem.

O grande trunfo dessa refilmagem está no visual meio indeciso e caótico. O futuro no filme é uma mistura de Blade Runner com Eu Robô e até um pouco de Solaris parece inspirar os ambientes. É uma confusão enorme, mas que garante um filme bonito para os olhos...
 
Como grande revés, está a trama, que procura ser complexa, mas, em sua essência, me parece mais uma reformulação da manjada luta de classes. Nada contra, mas já vi isso umas doze mil vezes. Outra negativa é a trilha sonora ordinária e o final, mais especificamente a última cena – simplesmente não sabiam como acabar o filme e colocaram uma cena besta, que tenta surpreender, mas não consegue.

Não sou contra as refilmagens e essa em questão me surpreendeu por não expressar um óbvio esgotamento criativo entre os estúdios de Hollywood. Esquecendo o pequeno detalhe de já existir uma versão dessa estória, O Vingador do Futuro é uma divertida sessão de cinema. Contudo, se você não paga meia entrada no cinema, aconselho você a alugar esse filme. Talvez, o preço caro das salas de cinemas atuais e a presença de uma garotada chata na sessão possa tornar o filme numa experiência desagradável.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Trailer da Semana: Passion (2012)

Tem muita gente que está apostando a própria casa nesse filme, afirmando ser o grande retorno a boa forma de Brian De Palma. Agora, com o trailer a nossa disposição, não consigo apostar tão alto assim, mas que Passion intriga, isso não há como negar. Duas ótimas atrizes encabeçando o filme, um diretor consagrado - são muitas coisas boas em um só projeto. Já deu errado várias vezes, mas quando um projeto como esse dá certo, o resultado nunca é menos do que memorável. Será exibido nos Festivais de Veneza e Toronto.


The Catechism Cataclysm (2011)



Difícil escrever sobre esse filme, mas não quero deixar passar em branco. Só vi comentários sobre a obra em poucos blogs gringos e não vi comentários sobre ele nos blogs nacionais que eu visito. Pois bem, THE CATECHISM CATACLYSM é um filme muito estranho, uma mistura de comédia e road-movie (só que com canoas) com uma pitada de horror.

O filme acompanha dois amigos, um improvável padre e um músico fracassado, que resolvem descer um rio numa canoa, tomando cervejas e aproveitando a natureza. Os dois acabam se perdendo e tendo de passar a noite na floresta. Óbvio que a tensão aumenta, gerando desentendimento entre os dois e troca de insultos até a chegada de duas turistas japonesas com um gordão quieto, que irão passar a noite na floresta também. Os dois amigos juntam-se ao estranho trio e daí pra frente o filme chega a um clímax estranhíssimo e completamente inesperado, para a alegria de qualquer amante do cinema alternativo.

THE CATECHISM CATACLYSM tem acertos de sobra para ser conferido por cinéfilos de mente aberta. O principal trunfo do filme está na dupla de protagonistas, o padre interpretado por Steve Little e o amigo interpretado por Robert Longstreet. Os dois estão perfeitos e críveis, e criam toda uma camada psicológica por trás de seus personagens, dando densidade ao filme. E durante a projeção, eu senti empatia por ambos, me interessando pelo desfecho dessa estranha aventura.
 

É legal também as diversas pequenas subversões que o diretor Todd Rohal imprime no filme. Desde o título no pôster, escrito com fonte utilizada por bandas de black metal, o mais satânico dos gêneros musicais, até uma bíblia utilizada como livro de autógrafos. E o próprio padre protagonista é um modelo completamente desviado do sacerdócio, cheio de defeitos e desvios condenados pela igreja católica.

Mesmo quando o filme finalmente abraça elementos loucos, ele não deixa de ser interessante. Você quer saber como termina a saga do padre Billy e seu amigo. Nessa hora do filme, a lógica vai pro ralo e a estranheza toma conta, com referências a um filme japonês muito louco (Funky Forest: The First Contact) e um humor negro incrível.


Difícil descrever e difícil de entender. Parece que há até uma comparação com os mistérios da fé, completamente ilógicos para os céticos, mas de existência inegável. Como explicar o que acontece entre os dois amigos naquela viagem de aventuras...

Percebam essas sutilezas, por trás de toda a excentricidade que pode afastar os cinéfilos mais urgentes e mundanos. THE CATECHISM CATACLYSM é um ótimo filme independente, que merece uma chance e merece ser assistido. Separem uma tarde para embarcar nessa viagem louca e original, que poucas vezes o cinema atual consegue proporcionar.

In Memorian: Tony Scott (1944-2012)


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Séance: The Summoning (2011)


 Um grupo de 4 jovens resolve brincar com espíritos num necrotério. O mais babaca deles (o ateu do grupo) acaba sendo possuído por uma entidade maligna iniciando uma caçada contra os outros. Nada de novo nesse misto de terror adolescente com filme de possessão, lembrando algumas esquecidas fitas de horror da década passada que acumulavam poeira nas locadoras (uma época boa).

O filme começa flertando com o novo vício do cinema de terror: o found footage, onde os personagens manejam a câmera dando a impressão (na teoria, que fique claro) de que o conteúdo do filme é real. Em SÉANCE: THE SUMMONING, essa mania é logo esquecida para o filme se tornar uma espécie de slasher, com o demônio num dos rapazes caçando o restante do grupo.

Apesar de o filme ser chato, a trama ser idiota e o final ser fraquíssimo, existem duas coisas muito curiosas, que valem ser mencionadas. A começar pela violência do filme, com algumas cenas gore bem interessantes: fraturas expostas, queimaduras, pescoços quebrados e bons efeitos de maquiagem.

Outro fator curioso é a trama de cunho extremamente cristão, com uma mensagem digna de aula de religião. Não quero dar spoiler, mas o filme deixa claro que a salvação só é alcançada quando se abraça os conceitos do cristianismo para combater o tal demônio do filme. A temática de possessão sempre esteve aliada ao cristianismo nos cinemas, mas nunca tinha visto um filme que começa questionando a religião e termina catequizando seus personagens e, por conseguinte, seu público.

Contudo, esses dois elementos não salvam o filme da mediocridade, especialmente com uma pobreza no tratamento dos personagens num roteiro muito preguiçoso. Os atores não são ruins, mas os personagens são péssimos, com frases horríveis e motivações piores ainda. Quando num filme você não consegue torcer nem para as vítimas ou para o vilão, você acaba torcendo pelo final do filme.


Sem falar que o filme tem algumas situações muito constrangedoras, incluindo um epílogo meio escatológico, inteiramente mal feito, que deixa tudo a desejar. Mas me surpreendi com o destino de um dos personagens, subvertendo algum clichê do gênero que garante a sobrevivência do mais “inocente”.

Enfim, são mais erros do que acertos e duvido muito que alguém possa gostar do filme. Contudo, os viciados em filme de terror podem dar uma espiada, porque a sessão não é inteiramente ruim, por aqueles detalhes que eu mencionei. Não digo que vale a pena, mas creio que os menos exigentes podem conferir. Afinal, nós, fãs do horror, estamos acostumados as tranqueiras que são lançadas todos os anos...

OBS: A garotinha da capa, saída de alguma fita de horror japonês não aparece em nenhum momento da fita, então não vá assistir esse filme imaginando algo como O Chamado. É só picaretagem da distribuidora que quer pegar algum fã desavisado.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Trailer da Semana: Shadow Dancer (2012)

Adoro thrillers. Sou fascinado pela história da Irlanda e do Reino Unido. O que acontece quando você faz um thriller psicológico ambientado na época dos conflitos envolvendo os terroristas do IRA? O resultado é este Shadow Dancer, filme muito elogiado nos festivais em que foi exibido e que chega aos cinemas britânicos agora em agosto. A presença de Clive Owen é outro bônus, pois o cara é um excelente ator que Hollywood não soube aproveitar. Por aqui, ainda não há data de lançamento, o que é uma pena, pois assistiria esse filme na tela grande sem problema. Resta-nos o trailer e aguardar, ansiosamente, seu lançamento.


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Assassino A Preço Fixo (The Mechanic, 1972)


Depois da péssima refilmagem estrelada por Jason Statham (cuja resenha pode ser lida aqui), precisava ir atrás da estória original do assassino Arthur Bishop – vivido pelo mito Charles Bronson. Vários amigos blogueiros tinham comentado sobre a superioridade do filme mais antigo em relação ao produto recente – e eles estavam certos!

Contudo, Assassino A Preço Fixo ainda é um filme bem menor na filmografia de Bronson. Óbvio que todo o ritmo e estilo do filmão, uma legítima película dos anos 70, permanece como uma fonte de charme e satisfação para qualquer um que se diz fã do cinema de ação que praticamente não se faz mais nos dias de hoje.

O problema é que a estória do filme é muito desinteressante. Existem elementos bem observados por alguns críticos mais cuidadosos (leiam o texto do Felipe M. Guerra no Filmes Para Doidos), envolvendo a relação entre o assassino interpretado por Bronson e seu pupilo. Contudo, a psicologia dos personagens não foi suficiente para captar minha atenção a todo o momento.


Entendam meus amigos, que eu não achei o filme ruim. Assassino A Preço Fixo é uma fita de visualização obrigatória para qualquer fã de cinema de ação bem feito; não só isso, mas temos o grande Bronson entregando uma performance muito boa, conseguindo ter um enorme carisma interpretando um verdadeiro vilão (afinal, o cara é um assassino!). Poucos atores conseguem esse tipo de efeito sobre personagens tão negativas.

Assassino A Preço Fixo é uma daquelas obras que merecem ser assistidas ao menos uma vez na vida. Garante uma sessão descompromissada e agradável, ao contrário da explosiva (no mau sentido) refilmagem.