Uma obra ruim não deve ser tímida; deve assumir este defeito e contorná-lo, garantindo diversão para seu público específico: os amantes do cinema trash. Entretanto, quando um filme ruim tenta se levar a sério, esquecendo seu objetivo principal, o resultado é sempre catastrófico. Infelizmente, este é o caso de Boa versus Python.
A obra tem seus momentos de divertimento, mas se perde ao tentar dar alguma profundidade aos seus protagonistas e desperdiçando boas ideias. Enfim, tem alguns bons momentos, mas o filme em geral é de uma mediocridade imensa.
A trama é absurda e divertida: um milionário babaca (Adam Kendrick) resolve realizar um safári com uma cobra gigantesca. O réptil, que fora aprisionado, acaba escapando e indo para o subterrâneo de uma cidade. Um agente do governo convoca dois cientistas: uma especialista em golfinhos (Jaime Bergman, que não convence ninguém com sua carinha de colegial) e um especialista em cobras (David Hewlett) que cria uma cobra gigantesca para pesquisar um soro antiofídico universal – eficiente contra qualquer veneno de cobra. O plano é colocar as duas cobras para lutarem, enquanto eles monitoram tudo por meio de sensores e câmeras instalados na cobra do laboratório.
Só que surgem dois problemas: o milionário resolve continuar com o tal safári, reunindo um bando de caçadores excêntricos que, eventualmente, serão mais vítimas para as duas cobronas. Além disso, as cobras resolvem atacar os humanos ao invés de saírem no pau. O duelo entre as duas só acontece no final da obra mesmo.
Um dos erros em Boa versus Python é ser levado muito a sério pelos seus protagonistas. O único que aparenta estar se divertindo é Adam Kendrick, canastrão e cínico, principalmente no final da obra quando dá uma de Rambo, arrancando a camisa e atacando a cobra com um lança-chamas. São nestes momentos que o filme agrada, pelo exagero e absurdo.
Outra cena muito divertida é quando uma das cobras investe contra um casal que estava fazendo sexo num carro. O rapaz está fazendo sexo oral na moça quando é atacado e substituído pelo réptil, e a moça vai ao delírio. Em poucos momentos o filme assume sua real personalidade de trash, deixando de lado qualquer pretensão dramática.
Realmente, fica a impressão que a obra poderia ter sido mais bacana. Felizmente (ou infelizmente?), os filmes de duelo entre monstrões estão na moda. Esperemos que saia algum bom filme ruim desta leva que já nos trouxe atrocidades como Mega Shark versus Giant Octopus (leia a crítica aqui) e este Boa versus Python.