sexta-feira, 31 de março de 2023

Desventuras de um Cinéfilo: Há 24 anos, Matrix chegava aos cinemas




Isto não é uma resenha, mas uma celebração - há 24 anos estreava o que, numa análise ligeira, eu considero como o último clássico do cinema, de fato. Para mim, as memórias são inesquecíveis do impacto que este filme causou e de como eu não consegui vê-lo no cinema - uma frustração para um garoto de 7 anos de idade! De qualquer maneira, assim que chegou nas locadoras da cidade, fomos, provavelmente, um dos primeiros a locarem e, sinceramente, meu mundo cinéfilo e meu universo imaginário nunca mais foi o mesmo: volta e meia eu ficava simulando poses de luta pelos cômodos da casa, imaginava filmes de ação com as cenas mais estapafúrdias possíveis e revivia as aventuras de Neo, Morpheus e Trinity na minha cabeça.

Vida longa a esse clássico que volta e meia eu assisto e confirmo sempre a minha mesma opinião desde sempre: Matrix é uma obra prima!

domingo, 19 de março de 2023

The Banshees Of Inisherin (2022)


O que seria um Banshee? Pela wikipédia, trata-se de uma criatura da mitologia celta, uma espécie de fada maligna cuja maior maneira de se expressar é por meio do som: ou um gemido melancólico transportado pelo uivo do ventou ou por um grito ensurdecedor, anunciador da morte.

Antes de conferir o filme, após a divulgação de um excelente trailer e todas as resenhas positivas me levaram a pensar o que diabos significava o título desse filme. Foi ao final da projeção e pensando sobre o que eu acabara de assistir que consegui enxergar (eu acho) o sentido do título e de toda essa fábula tristonha sobre a morte.

Porque o que cerca toda essa história são muitas esferas da morte e uma incômoda visão de que a bucólica ilha Irlandesa onde se passa a história, apesar de toda sua beleza natural e a distância da sessão continental (afligida pela Guerra Civil Irlandesa), não possui a paz que parecia transpirar. E para mim, que sempre amou e romantizou a Irlanda, o filme acabou por me atingir ainda mais. 

Todo mundo já sabe que se trata de uma história sobre o fim de uma amizade entre Padraíc (Colin Farrell) e Colm (Brendan Gleeson). Colm decide encerrar a amizade com o tolo Padraíc pois sente o avançar do tempo e a necessidade de utilizar o tempo que lhe resta de forma mais produtiva, para deixar alguma marca mais permanente (no seu caso, específico, deixar uma marca musical). As repercussões deste final de amizade afetam a rotina desse vilarejo e seus habitantes. 

Uma das coisas mais interessantes ao longo da película é o clima cada vez mais tenso até um "inevitável" clímax entre esses dois personagens. Seria, porém, inevitável mesmo? A escalada de violência e irracionalidade incomoda, principalmente porque os próprios personagens parecem perceber isso, entretanto pouco fazem para evitá-la. Aliás, a única personagem que nos acalenta, neste sentido, é a irmã de Padraíc, Siobhan (Kerry Condon - a adorável menina do filme Cão de Briga, com o Jet Li), uma espécie de Bela, do filme A Bela e a Fera, caso a mesma não tivesse vivido um romance maravilhoso e tivesse morado na mesma vila, para sempre. Ela percebe a estupidez em torno das decisões e até tenta chamar a atenção a isso, mas parece tomar a melhor decisão do filme inteiro.

As atuações neste filme são excepcionais, mas é preciso destacar Colin Farrell que entrega um personagem muito interessante. Padraíc é um homem simples, com poucos recursos intelectuais, um primitivo cuja inocência encanta e a fúria surpreende. Ele fica incrédulo com os efeitos que suas ações desencadeiam, sempre opostos ao que ele esperava.

Colm é tão primitivo quanto seu amigo, mas acredita ser um pouco menos tosco que Pradaíc, o que é um grande erro de julgamento. As ações destes dois personagens delineiam o absurdo das consequências. Apesar de até entender os motivos de Colm, suas escolhas são deploráveis e infantis. 

Martin McDonagh escreve e dirige este filmaço que lembra um pouco o ótimo In Bruges, mas numa versão mais melancólica e poética. De uma certa forma, é estranho pensar que eu gostei do filme mas o gosto amargo dessa história fica acentuado demais em minha boca, o suficiente para eu pensar que na Irlanda deste filme, pessoalmente, quero ficar longe. 

Pôster: Tetris (2023)


Minha impressão é que esse filme entregará um dos maiores divertimentos do ano, principalmente pela surpresa que uma obra baseada no jogo Tetris pudesse gerar uma obra "assistível". Neste caso, o foco parece que será a gênese do clássico game, incluindo o sempre fascinante período da Guerra Fria. Detalhe que eu não reconheci o Taron Egerton no papel principal (o rapaz do Kingsman vem desenvolvendo uma bela carreira). 

domingo, 12 de março de 2023

Desventuras de Um Cinéfilo - Impressões da Temporada do Oscar 2023 #02


Cá estamos nós na tarde que antecede o Oscar, numa edição de filmes bem interessantes e algumas boas decisões relacionadas a cerimônia em si, como a volta de um host (mesmo não sendo uma opção do meu agrado). 

Atualmente, não há aquela excitação antiga que me inundava anteriormente. Hoje, passei a tarde lendo, um livro curioso sobre países que não existem mais. Lembro-me da edição de 2009, que passei justamente o período da tarde assistindo o máximo de filmes daquela edição que eu ainda não tinha conferido. O paralelo com esses países que deixaram de existir é notável: tornaram-se apenas memórias.

Como foi, afinal, minha temporada do Oscar? Foi difícil, principalmente porque a vida me impôs uma série de decisões profissionais, mudanças na rotina, inseguranças e toda sorte de indefinições desconfortáveis do final de Janeiro até hoje. Sem perceber, sacrifiquei a diligente missão de assistir esses filmes.

Preciso, porém, dividir essa culpa: as redes de cinema de Campo Grande recusaram-se a exibir muitos desses filmes. Inacreditável filmes grandes como Banshees de Inisherin, Women Talking, Tár e Triangle of Sadness foram ignorados pelas grandes salas. Pelo menos exibiram A Baleia (que eu assisti já 2 vezes e, provavelmente, assistirei mais). Bastante descaso com os abnegados que ainda insistem em "tentar" acompanhar o mundo do cinema mais sério.

Em todo caso, chega de lamentações, pois há motivos de festa: It's The Oscar's! A Globo não mutilará a festa com sua exibição capenga, Will Smith não aparecerá para agredir o Chris Rock, Lenny Kravitz cantará no segmento "in memorian", alguns filmes bacanas para se torcer e sentir-se parte do mundo de cinema, mais uma vez.