Lords Of Chaos (2019)
Quando a notícia de que a história do famigerado Inner Circle - um grupo de músicos noruegueses do Black Metal que cometeram uma pá de barbaridades na Noruega dos anos 90 - finalmente viraria um filme, eu fiquei extremamente animado. As primeiras resenhas não foram das mais animadoras, assim como o trailer parecia ser um filme meio "protocolar". E, acreditem se quiser, esta é a melhor definição desta obra: Lords Of Chaos é uma cinebiografia tão comum e tão sem atitude, que a decepção é inevitável.
O material de origem é muito impressionante, quer você goste ou não do gênero musical ou dos cantores e eu tenho certeza de que uma das dificuldades do roteiro era não tornar a coisa meio ridícula, mas parte da graça desta história é justamente isso: como um bando de adolescentes, meio losers, utilizaram de sua música, naturalmente provocativa, para promover o caos pela Noruega - queimando igrejas, agressões, suicídios e assassinatos. LORDS OF CHAOS prefere levar o expectador para o óbvio caminho do maniqueísmo: o certo é você simpatizar com o cantor que se arrependeu de ter alimentado seus coleguinhas com as doideiras típicas do estilo musical.
Acredito que esse "curioso" recorte da história da música ainda pode e renderá bons filmes. Em todo caso, LORDS OF CHAOS é um filme bem feito, porém fica muito aquém do esperado.
Hail Satan? (2019)
Mais um filme que consegue transformar um tema intrigante num documentário quase chato, protocolar e com uma linguagem "modernosa" que me irrita bastante. Acompanha-se o "The Satanic Temple", uma igreja neosatanista que tentou emplacar uma estátua de Baphomet nos prédios públicos dos Estados Unidos, utilizando lacunas na justiça relacionadas a liberdade religiosa. É um tema interessante, mas a diretora do filme é incapaz de gravitar em torno das questões mais profundas que o tema suscita, como o racha entre os membros desta seita, lembrando muito as brigas comuns dentro das religiões mais tradicionais. No final, o filme atua quase como uma peça de marketing das mais canhestras, para atrair principalmente uma geração muito inconveniente de pessoas que não sabem ouvir não.
The Witch Files (2018)
Espécie de "Jovens Bruxas" do século XXI, THE WITCH FILES é um divertido filme sobre cinco garotas do ensino médio que resolvem realizar um encanto antigo para se tornarem bruxas e é isso. As cinco utilizam seus poderes de maneira diferente, principalmente conforme a personalidade de cada uma. Infelizmente, o filme é feito no formato "found footage", o que diminui um pouco a diversão pela inevitabilidade da questão: será que ela realmente não largaria a câmera numa situação destas? Apesar disso, o filme diverte, especialmente porque o elenco foi bem escolhido e é curto. Terei o dvd para minha coleção.
Rock Steady Row (2018)
Uma salada de referências: Mad Max, Warriors, Meninas Malvadas, Turbo Kid... O saldo é positivo, principalmente porque o diretor escapa de algumas armadilhas tenebrosas como explicar a origem da absurda trama - um mundo onde as universidades são tomadas por gangues que disputam entre si o poder local por meio do roubo de bicicletas dos alunos calouros que ali iniciam seus "estudos". É uma doideira e em alguns momentos, parece que o filme se esforça demais para ser meio "fora da casinha". Talvez, se tivesse abraçado uma estética e narrativa maluca como Scott Pilgrim ou Kick Ass, poderia ter me agradado mais. Apesar de ter me divertido, achei esquecível.
Yesterday (2019)
Richard Curtis é o melhor roteirista de comédia dos nossos tempos. Apesar disso, YESTERDAY foi, até o presente momento, seu projeto que eu menos gostei, apesar de ainda o considerar acima da média de quase tudo que saiu nos cinemas, neste ano. Foi apenas uma escolha narrativa que me desagradou, mas eu sei que isso não é motivo para eu não indicar esta verdadeira fábula que responde a tenebrosa pergunta: "e se Os Beatles não tivessem existido?". A escolha do elenco é espetacular, o filme é charmoso e tem ótimas surpresas em seu desenrolar, além de uma cena que vai deixar qualquer fã da banda emocionado. Porém, do senhor Curtis eu sempre esperarei mais e mais. Ainda assim, um dos bons filmes deste ano.
Bad Boys (1995)
Eu não assistia esta fita desde a época do videocassete e, confesso com alguma tristeza, que eu achei este filme meio datado e quase, mas quase chato. Will Smith parecia realmente intimidado ao liderar um filme de ação e Martin Lawrence estava muito irritante e sem graça - não há uma piada sua que salve. Legal ver caras conhecidas dos anos 90 como Téa Leoni, Joe Pantoliano e Tchéky Kayo e algumas cenas de ação são divertidas, mas esse primeiro filme é uma obra de seu tempo, no sentido de ser datada e fazer parte da minha memória afetiva. Ainda assim, vou conferir o terceiro filme que sairá ano que vem, mas as expectativas são baixas.
Fast And Furious: Hobbs & Shawn (2019)
Os dois melhores astros da ação do nosso tempo, Dwayne Johnson e Jason Statham entregaram o filme mais divertido do ano, em todos os sentidos. Tudo aqui funciona muito bem e é possível perceber a mão do The Rock pela produção. O diretor, David Leitch, já provou há séculos que manja dos filmes de ação (vide o ótimo John Wick e o inesquecível Atômica). Minha única crítica já é repetida para vários filmes da atualidade: muito longo. A franquia está montada e certamente vou conferir seus futuros filmes.
Nosso Fiel Traidor (Our Kind Of Traitor, 2016)
No universo de espionagem do mestre escritor John Le Carré um recorrente personagem é o homem comum preso a uma trama maior do que ele e suas consequências - a maneira como ele responde a certas pressões e situações de estresse e intriga inimagináveis. Nesta obra, tal tema é retomado com um elenco muito seguro, sendo Ewan McGregor o protagonista mundano de uma história envolvendo a máfia russa. Damian Lewis é o escorregadio agente da inteligência britânica e Stellan Skarsgard mantém a rotineira excelência. Não traz nada de novo para quem gosta deste tipo de filme/livro, mas que é um bom entretenimento para uma noite de chuva, isso é.
A Lavanderia (The Laundromat, 2019)
Filme verborrágico e difícil do Steven Soderberg sobre o escândalo revelado pelo Panama Papers. É um tema difícil de explicar para um expectador que não conheça nada do assunto, mas Soderberg, emprestando o estilo do Adam McKay (do espetacular A Grande Aposta, um filme quase irmão tanto em assunto/estilo/mensagem) consegue orquestrar uma comédia que equilibra muito bem humor e didatismo. Aliás, fiquei pensando enquanto assistia como este filme deve ter sido difícil de se editar. O elenco é "multiplatinado" (Antonio Banderas, Meryl Streep, Gary Oldman, Robert Patrick, David Schwimmer, James Cromwell, Jeffrey Wright) e absurdamente bom.