Existe um dilema ao se escrever sobre um filme como JESSABELLE: se por um lado eu aplaudo a distribuidora e os cinemas por exibirem um filme de terror menos mainstream, por outro eu detono pela mediocridade da obra em si. Se vocês me perguntarem se eu prefiro mais filmes de terror nos cinemas, independente das qualidades da obra, ou filmes mais selecionados de horror, ficaria ainda com a primeira e atual opção; principalmente porque mesmo quando as obras são fracas, a experiência de ir ao cinema ainda conta muito...
JESSABELLE acompanha uma jovem (Sarah Snook) que após um traumático acidente de carro, volta para a casa de seu pai, um viúvo beberrão e amargo. Confinada numa cadeira de rodas e na casa cheia de barulhos, espelhos e sombras esquisitas, a jovem acha algumas fitas VHS com filmagens de sua mãe - falecida quando a protagonista era bebê - realizando leituras de cartas (como se fosse tarô) sobre o destino de sua filha quando esta completasse dezoito anos. A leitura das cartas porém guarda algumas surpresas bastante desagradáveis em relação ao futuro da jovem e às experiências esquisitas que ela vivencia na casa do pai.
O principal problema desta produção é seu roteiro bastante enrolado. As respostas até são cedidas ao final da película, mas não são satisfatórias de uma maneira geral, principalmente pela contradição com certos trechos do filme. Talvez, se o filme tivesse investido mais na atmosfera sinistra da casa do que em soluções supostamente engenhosas de tama, o resultado teria sido mais marcante.
O que me leva a discutir o clímax do filme, também comprometido pela incongruência; num momento do filme só a protagonista enxerga a entidade, enquanto em outra cena um personagem secundário é atacado e vê a assombração... E a última cena é tão fraca, caindo numa velha armadilha de filmes de terror que tentam surpreender, mas falham miseravelmente.
Existem aspectos positivos: o bom trabalho dos atores, a trilha sonora interessante, o som do filme (parte técnica essencial para qualquer filme do gênero), as localidades interessantes (o estado de Lousiana, com seus pântanos ou bayous - cursos de rios pantanosos) e o flerte discreto com a cultura vodu (uma pena o filme não ter se aproveitado mais desses conceitos, como acontece no bastante superior A Chave Mestra - leia o meu texto sobre esse filme aqui). E vamos combinar que o filme tem ao menos uma boa cena de terror que seria a cena da banheira.
Saí do cinema criticando bastante o filme, mas no fundo eu nutro uma simpatia em relação a esse lançamento. Não é exatamente o que eu espero de um bom filme de terror, mas só por ter um roteiro original, ter belas qualidades técnicas e atuações satisfatória, JESSABELLE merece uma conferida. Nós, fãs de filmes de terror, temos de aproveitar essas oportunidades. E vamos combinar que o pôster é muito maneiro.
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