quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A Little Bit Zombie (2012)


Steve (Kristopher Turner) é um cara bacana. Sua noiva, apesar de meio xarope, gosta dele. Sua irmã casou-se com seu melhor amigo. As duas mulheres não se entendem muito bem, mas Steve sempre procura acalmar os ânimos de ambas. Ele é um cara legal e não há como não criar alguma empatia por ele. 

Acontece que Steve está, aos poucos, se transformando num zumbi. As circunstâncias dessa transformação não serão reveladas por mim (uma das sacadas geniais do roteiro), mas é incrivelmente engraçado acompanhar sua súbita vontade de consumir cérebros, palidez incomum, salivação excessiva dentre outros sintomas nada agradáveis e bastante gráficos.

É nesse bom humor, recheado de acidez e originalidade, que reside a grande força de A LITTLE BIT ZOMBIE. Atuações na medida certa - cartunescas - com diálogos engraçados, perfeitos para uma trama dessas. A competente direção, boa galeria de personagens e belas ideias distribuídas pelo roteiro formam um entretenimento delicioso para fãs de terror e quem procura comédias não convencionais.

A trama absurda é bem explorada justamente pelo tom maluco que o filme tem. O nonsense é morbidamente utilizado, como na degustação de cérebro num açougue muito suspeito e os efeitos da comida normal em Steve (um misto escatológico de A Mosca e O Exorcista). Tudo com muito bom humor e inteligência - como todo "terrir" teria de ser. Um filme que não merece ficar obscurecido entre os fãs de cinema do gênero.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Elefante (Elephant, 2003)

Existe bastante pretensão na maneira como Gus Van Sant filma sua versão de um massacre escolar - uma obra de narrativa em looping, com suas cenas repetidas em diferentes ângulos (um inferno em espiral dantesco). Certas escolhas de Van Sant são sutis e louváveis - um cineasta que sempre retratou, em sua filmografia, a juventude, o "come of age"; nessa obra, ele explicita sua incompreensão em relação a essa carnificina propiciada por jovens que ele supostamente entenderia em seus outros filmes. A mão do diretor é pesada, entretanto, em outros momentos - especialmente quando acompanhamos a dupla de assassinos e há uma pálida tentativa de se explicar a razão dos vilões. Entre erros e acertos, Van Sant fez um filme tão bizarro, inexplicável e impressionante quanto esses chocantes crimes. Possivelmente, a película de ficção definitiva sobre esse assunto.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

In Memorian: Philip Seymour Hoffman (1967-2014)


Midnight Express 001 - resenhas curtas




O Hobbit: A Desolação de Smaug (The Hobbit: Desolation of Smaug, 2013) - Desde que foi anunciado como uma triologia, mantive alguma desconfiança em relação a essa nova incursão na terra média. Gostei bastante do primeiro filme, mas esse segundo... Que decepção! Filme muito arrastado, alguns efeitos visuais questionáveis, incoerências no roteiro e uma sensação de perda de tempo. Nunca pensei que poderia pensar dessa maneira sobre um filme da saga de Tolkien, mas Peter Jackson parece estar de sacanagem conosco ao esticar sua trama absurdamente em praticamente três horas de duração. E o final, um dos piores ganchos pra continuação que eu comsigo me lembrar. Nenhuma expectativa para o próximo filme, o que talvez seja bom, considerando a decepção deste.

O Grande Herói (Lone Survivor, 2013) - Peter Berg é um dos piores diretores da atualidade. Eu até gostei de O Reino, mas seus filmes em geral são belas porcarias (Hancock, Battleship). O Grande Herói não foge a infame regra da ruindade, com uma história que poderia ser até interessante na mão de alguém menos conservador e admirador do exército como esse diretor. Péssimas cenas de ação, muito patriotismo e pouco discurso político - um filme tão raso como a cabeça dos soldados retratados. Soube que é baseado num livro, que até tenho vontade de ler. Mas sua adaptação já entra na lista dos piores deste ano.

Fuga de Nova York (Escape From New York, 1981) - Sinto o cheiro de polêmica no ar! Realmente, odiei este cultuado filme de John Carpenter. Odiei mesmo. Muito arrastado, mas com muitas ideias incríveis (Nova York como um imenso presídio, herói casca grossa de tapa olho), o maior desapontamento que tive foi justamente com o protagonista Snake Plissken, extremamente sem graça, vulnerável e nada casca grossa. Por não ter me cativado com seu protagonista, achei a sessão cansativa e sonolenta (lá pelo meio do filme, até tirei uma soneca) Destaco, porém, a espetacular trilha sonora do próprio Carpenter, o vilão interpretado por Isaac Hayes e a cena da ponte no final do filme.

Mandando Bala (Shoot'Em Up, 2007) - Não tão divertido quanto esperava, apesar dos incríveis exageros que essa palhaçada nos reserva, como cenouras sendo usadas como armas e outras bobeiras. Clive Owen e Paul Giamatti disputam o filme inteiro para ver quem é o mais canastrão, um duelo em que o público sia ganhando. Contudo, a trama tenta se complicar perto do final, com uma conspiração, mercado de armas, corrupção - muita seriedade para um filme em que o cordão umbilical de um bebê é cortado com a bala de uma arma. Mas me divertiu bastante, apesar da derrapada no final.




Confissões de Adolescente (2014) - A ideia de resgatar a série de TV era muito boa, mas a maneira juvenil como o filme é conduzido é de assustar - especialmente porque seu diretor, Daniel Filho, conhece muito bem o material original. Foram 14 mãos (segundo o filmow) para escrever um roteiro tosco, que atira para todos os lados, incoerente e que não dialoga de nenhuma maneira com o suposto público alvo. Diálogos horríveis, personagens irritantes e excesso de edição chata (janelas de facebook durante o filme, vlogs e outras "modernidades" para a cabeça dos realizadores). Parece que o filme foi escrito por um tio de bermuda Tactel que ainda fala "chuchu beleza" e pensa entender a cabeça dos jovens (e só de pensar algo assim, já denuncia a idade do infeliz). A brincadeira com a tão sacaneada série de vampiros "Crepúsculo", apesar de divertida, só revela o atraso dos roteiristas, que nem conhecem os romances preferidos da garotada atualmente. Pelo menos, o filme fica cravado em minha memória pela pior cena de sexo de todos os tempos...

In Memorian: Maximilian Schell (1930-2014)