Mais um ano que se finda e aqui seguem resenhas curtinhas para contabilizar meus favoritos do ano:
Melhores Filmes de 2022 (dos poucos que assisti):
- Top Gun: Maverick
Muito já foi dito sobre este filme e eu atesto tudo de positivo que já foi falado: é O filme do ano! Um blockbuster daqueles como há muito não se lançava nas salas de cinema, com um roteiro simples (porém matador), excelentes cenas de ação, genuína emoção e uma participação inesquecível do Val Kilmer. Consegue ser melhor que o original. Eu só peço à Deus que pelo menos um filme como esse seja lançado por ano - já seria o suficiente para conter o mar de mediocridade dos lançamentos atuais.
- Batman
Tanta, mas tanta coisa poderia ter dado errado com este filme e, ainda assim, foi o melhor lançamento baseado em histórias em quadrinhos do ano. Simplesmente adoro esse roteiro e adoro as decisões criativas que esse filme tomou, conseguindo se encaixar no universo criado pelo filme do Coringa. A DC Comics está uma bagunça e eu não faço a menor ideia dos próximos passos da Warner, mas que este filme faz jus ao morcegão - isso faz!
- Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo
Presença garantida na atual temporada de premiações e eu me alinho com a turma que aprovou este filme. É original, inventivo, tem performances ótimas e quanto mais eu penso nesse filme, mais eu gosto dele - apesar do final escorregar um pouco no melodrama. Ainda assim, uma experiência única e vou torcer para a senhora Michelle Yeoh levar o Oscar de melhor atriz.
- Nada De Novo No Front
Sendo um dos meus filmes favoritos, logicamente eu esperava bastante desta adaptação que realmente não me decepcionou nadinha. É um filmaço brutal de guerra que passa rapidinho apesar de sua longa duração. Não dá vontade de ver nenhum filme de guerra depois dele, pelas terríveis imagens registradas, mas consegue te dar aquele soco no estômago que o livro me fez, quando eu o li aos 15 anos de idade.
- O Menu
Pra mim, esse é o filme de terror do ano. Óbvio que não é o terrorzão tradicional, mas um suspense tranca respiração de primeira - na sessão de cinema que eu conferi, os eventuais comentaristas babacas que sempre empesteiam as sessões calaram a boca rapidinho conforme a trama se desenrolava. Queria muito que o Ralph Fiennes disputasse na categoria de ator coadjuvante, mas acho difícil. Um filme do David Fincher sem ter sido dirigido por ele.
Melhores Filmes Assistidos em 2022 pela primeira vez:
- O Sol Da Meia-Noite (White Nights, 1985)
Filme maravilhoso dirigido por Taylor Hackford, numa típica trama com cenário de fundo a Guerra Fria. Belas performances da dupla protagonistas, em especial o já falecido Gregory Hines que compôs um personagem BEM complexo. Filmaço que faz você sentir naquelas salas com tablados, numa tarde de semana, com o sol esvaecendo pela janela, refletindo o chão e as partículas de poeira... Viajei bastante, mas amei este filme
- De Olhos Bem Fechados (Eyes Wide Shut, 1999)
Inesquecível. Stanley Kubrick é foda. Fantasia erótica com generosas pitadas de horror sobre o quão fundo você avança nas esferas de poder e vai encontrando todo tipo de perversidade e impunidade. Mesmo que você consiga não encarar este filme como uma denúncia, as cenas que o Kubrick talhou dificilmente sairão da minha cabeça. Cá entre nós, uma obra-prima.
- Ensina-me a Viver (Harold And Maude, 1971)
Simplesmente inacreditável observar como Hollywood perdeu a capacidade de criar filmes como esse, uma comédia de humor negro absurdamente sensível e muito cômica. As performances são extraordinárias e o final deste filme é um daqueles grandes epílogos da história do cinema. Este eu preciso na minha coleção.
- Na Mira da Morte (Targets, 1968)
Assistido coincidentemente um dia antes do falecimento do Peter Bogdanovich, em seu primeiro crédito como diretor - graças ao deus da produção do cinema Roger Corman - temos um filme chocante sobre um homem surtado com acesso a armas e um astro decadente da antiga Hollywood - performance incrível de Boris Karloff. Um filmaço de suspense com uma mensagem interessante e um subtexto finíssimo.
- Cortina de Fumaça (Smoke, 1995)
Nada como aqueles primeiros filmes da Miramax, que tem um jeitão tão único, difíceis de se explicar em palavras. Elenco de primeira, incluindo o saudoso William Hurt, aqui temos o universo da Nova York de Paul Auster, que deixa até mesmo um brasileiro do centro-oeste próximo daquela realidade. Filmão que merece uma edição mais caprichada para minha filmoteca.
Melhores Discos de 2022:
- Fontaines DC - Skinty Fia
Altíssima rotação e o cd do ano. Os caras fizeram o melhor álbum de sua carreira, com performances vocais potentes, arranjos incríveis e a sensação de estar andando pelas ruas de Dublin durante os dias mais cinzentos do ano. É o tipo de disco que me faz querer voar para longe daqui e, quem sabe, este não foi o meu passaporte?
- Suede - Autofiction
Não tem nada como uma banda veterana mostrando todo o seu poder de ação. Suede, veteraníssimos do britrock dos anos 90, soltaram o disco mais pessoal, sentimental e dilacerante do ano. As performances ao vivo nos deram mostra de como os caras ainda estão nas pontas dos cascos.
- White Lies - As I Try Not To Fall Apart
Detratores diriam que o White Lies não resistiria por muito tempo, entretanto a cada novo trabalho os ingleses demonstram a evolução e o quão pouco eles ligam para a imprensa "especializada". Do ponto de vista criativo, o White Lies é uma das bandas mais incríveis de se acompanhar.
- Red Hot Chilli Peppers - Return Of The Dream Canteen
Curioso caso: a melhor música que os Chilli Peppers lançaram neste ano está em seu cd anterior (Black Summer), mas este disco leva o caneco pela mistura de uma sonoridade mais próxima do início da carreira dos caras com muita, mas muita, experimentação. É o disco para embalar os dias vindouros de sol.
- Interpol - The Otherside Of Make-Believe
Tenho a impressão que só os fãs mais "hardcores" do Interpol gostaram deste disco - e eu me enquadro nesta categoria! Interpol continua despejando sua melancolia e suas letras estranhas com aquela típica base sonora do post punk deste século. Baita disco para se ouvir voltando do trabalho em dias de chuva.
Melhores Livros Lidos em 2022:
- Uma Viagem pelos países que não existem (Editora Pulp, 2018)
Só pelo conceito do livro - um relato de visita a locais do mundo não reconhecidos como nações independentes - já foi o suficiente para eu procurar essa obra por um longo tempo. Óbvio que depois de finalmente a ter adquirido, hoje é facinho de encontrá-la à venda por aí. Livro rápido e gostoso de ler.
- Coleção Reminiscência - Volumes V, VI, VII e VIII (Editorial Corvo, 2022)
Uma roubadinha de leve, mas não tem como eu destacar um livro só dessa coleção de fôlego onde o mestre Rubens Francisco Lucchetti nos presenteia com o seu universo de referências e memórias, tal como uma tarde tomando café em sua companhia. Maravilhosos e gostaria de muitos outros volumes no futuro.
- O Clube de Boxe de Berlim (Editora Rocco, 2003)
Livro juvenil prontinho para uma adaptação em Hollywood. Não tem absolutamente nada de novo, mas é uma leitura agradável e fluida. Não morro de amores pelo final que é um tantinho arrastado, mas certamente é uma ótima história.
- Os Salgueiros (Editora Empíreo, 2019)
Clássico do terror do autor Algernon Blackwood, é uma novela enervante de terror + natureza (esqueçam a denominação hypada de folk-horror, por favor) que consegue te deixar sem ar em muitos momentos. Enigmática, sufocante e uma bela porta de entrada para o universo deste autor. Lerei alguma outra coisa dele, neste ano - espero.
- A Vida dos Outros e A Minha (Cultura e Barbárie, 2021)
Que beleza de livro! A autora Claudia Cavalcanti relata sobre o período em que viveu na Alemanha Oriental, tendo solicitado os arquivos que a Stasi (a polícia secreta da Alemanha comunista) produziu sobre ela. Parece muito com um envolvente filme europeu de espionagem dos anos 70 e 80. Espetacular
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