sábado, 16 de dezembro de 2017

Um Breve Balanço do Ano de 2017

Olha eu ali com camisa de flanela, ainda não acreditando na oportunidade de acompanhar o Fantaspoa 


O fim de ano sempre vem acompanhado de uma confusão de sensação e sentimentos. Comigo é sempre desta maneira: há uma sensação de euforia, pelo recomeço de um ciclo e um pouco de melancolia pelo tempo que se passou. Não acredito que as resoluções de ano novo são algum tipo de receita mágica, mas definitivamente considero um bom ritual de análise e exercício de esperança, a esperança de que dias melhores virão. 

Ainda afastado desse pequeno blog, mas sempre visitando quase todo dia, pensei por vários momentos em apagar o Midnight Drive-In. Poderia lhes dizer que sinto falta da época de uma blogosfera cinéfila mais ativa e interessante (quando eu realmente aprendi muito sobre filmes e colhi sugestões de obras que me surpreendem até hoje), sinto falta de uma caixa de comentários mais ativa; entretanto, sei que não levo esse blog a sério para poder cobrar resultados diferentes do que tenho. Olha a melancolia de final do ano que eu comentara ali em cima...

O que me faz voltar para cá, as vésperas de fecharmos mais uma translação? 

A resposta é simples: minha vontade de compartilhar meus melhores momentos como cinéfilo deste ano. 2017 um ano absolutamente avassalador em seus altos e baixos e, mesmo tendo assistindo uma quantidade pífia e vergonhosa de filmes, eu ainda posso compartilhar alguns excelentes momentos com vocês. 

Ao contrário dos anos anteriores, os melhores filmes que eu assisti foram dentro de uma sala de cinema. Eu considerei 2017 um ano FODA em se tratando de lançamentos e blockbusters. E olha que eu ainda não assisti Homem Aranha Homecoming, Baby Driver, Three Billboards, Thor Ragnarok, Liga da Justiça, The Shape of Water, Dunkirk, It, I Tonya e tantos outros gravitando em minha órbita de interesse. 

Houve também um outro momento absolutamente especial que foi minha primeira visita ao FANTASPOA, o Festival de Cinema Fantástico De Porto Alegre, sonho de consumo meu há quase 7 anos. Foram apenas 3 dias, mas foram 3 dias inesquecíveis de muito cinema, conversas, conhecer pessoas novas e conhecer pessoalmente amigos de internet. E de quebra conversar um pouquinho com Ruggero Deodato!

Num plano bem mais "mundano", este ano eu retomei com força meu prazer em comprar filmes para minha coleção, além de assumir de vez o blu-ray em alguns casos pontuais. Comecei a fazer parte de uma ativa comunidade de compras em conjunto de edições importadas e já adquiri muita coisa que deve chegar logo logo por aqui.


O plano é lançar duas postagens até o final do ano: quero comentar alguns filmes que se destacaram, mas não compuseram minha lista de filmes favoritos do ano e uma lista com meus dez filmes favoritos do ano.  

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

MyFrenchFilmFestival 2017

Galera, todo começo de ano já é uma tradição nesta casa o MyFrenchFilmFestival - festival de cinema online, gratuito, com saborosas produções em língua francesa (para ser mais exato - 28, dentre longas, curtas e animações), em streaming do dia 13 de janeiro ao dia 13 de fevereiro. Trata-se da sétima edição do evento, uma iniciativa simplesmente maravilhosa e que nós, cinéfilos, não podemos ignorar. Ano passado, eu prometi uma cobertura do festival, mas acabei não cumprindo a promessa - cheguei a assistir quase todas as obras, mas falhei na escrita de textos; vamos ver se consigo fazer diferente neste ano. Independente disso, o convite fica de pé e, sem sombra de dúvida, vou aproveitar essa celebração da língua francesa e da sétima arte! Clique neste link para mais informações e a realização de um cadastro rápido para desfrutarem as obras.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Duas "Lo-Fi Science Fictions": Passageiros e A Chegada


Há alguns anos eu li um artigo interessante no site Taste Of Cinema sobre a ascenção de um novo gênero - a "lo-fi science fiction" ou ficção científica lo-fi. Para quem não sabe, lo-fi vem de low definition, um termo tirado da indústria da música para aquelas gravações de baixa qualidade, com suas distorções e ruídos. 

Na contramão de blockbusters descerebrados, sem muitos atrativos além dos efeitos especiais e visuais, estas ficções científicas são filmes recheados de filosofia, drama, diálogos morais e profundidade. Aliados ao seu conteúdo está o pano de fundo da ficção científica - uma situação, um planeta, uma nave, uma máquina e quase sempre o futuro próximo. 

Muitos dos filmes desse emergente subgênero ainda não são conhecidos do grande público, mas já possuem alguma notoriedade cult como Lunar, Computer Chess, Another Earth e  Primer. Talvez, o filme mais famoso que poderíamos encaixar nesta categoria de ficção científica é o interessante Ela (Her, 2013), que chegou a faturar um Oscar de roteiro. 

Independente de classificações e subgêneros, é fato que o cinema vem apresentando alguns exemplares cada vez mais interessantes dentro da ficção científica. Logicamente que filmes do gênero recheado de subtextos e interpretações já existiam por aí - um episódio de Jornada nas Estrelas, lá nos anos 60, nunca era apenas sobre uma tripulação de uma nave estelar.  O que diferencia esses exemplares atuais é que, quase sempre, o aspecto fantástico em segundo plano, é um mero contexto para a história que quer ser contada. 

Quero falar de dois filmes recentes que eu enxergo como bons exemplos dessa guinada narrativa: a obra Passageiros e  A Chegada.

Passageiros (Passengers, 2016) é o mais novo filme de Jennifer Lawrence e Chris Pratt, com uma premissa muito intrigante. Imagine um futuro onde uma empresa controla o translado da Terra para outros planetas onde são montadas colônias com humanos, em condições favoráveis e a oportunidade de um "novo começo" para quem se dispuser a pagar o preço. A viagem, contudo, dura mais de uma centena de anos, sendo necessários que os passageiros hibernem durante esse período. Entretanto, um desses passaageiros desperta 90 anos antes de chegarem ao novo planeta. 

O filme flerta com várias tramas clássicas da ficção científica como o isolamento do espaço, a falta de emoções em andróides perfeitos e os perigos de uma viagem espacial. Mas todas essas tramas são meros contextos para um filme de romance - algo que foi muito bem vendido pelo trailer. 

Temos um visual realmente incrível e o design da nave é sensacional. O filme tem seus momentos de tensão e ação, mas nada disso ofusca a trama principal - o romance dos protagonistas. Pessoalmente, achei o filme meio morno, do tipo que não leva a lugar algum, mas ainda assim um entretenimento razoável. 

Já o filme A Chegada (Arrival, 2016) é um sólido drama num contexto já muito explorado no mundo do cinema - a chegada de alienígenas em nosso planeta. Dentro do caos e do pânico desta situação extraordinária, nós acompanhamos a linguista Louisie Banks (Amy Adams), recrutada pelo governo para tentar estabelecer algum contato com estes estranhos seres. 

O diretor Dennis Villeneuve realizou uma obra realmente profunda, principalmente por conseguir mostrar não apenas o caos mundial/geopolítico, como o drama da personagem principal, intimamente ligado por tudo aquilo pelo qual ela está passando.  Quase tudo que Villeneuve e o roteirista Eric Heisserer projetam na tela tem um objetivo e serve como fundação para a construção de uma poderosa mensagem sobre a importância da comunicação e como o tempo pode ser encarado como uma dimensão fora da nossa compreensão. 

A Chegada é um filme denso e tão metaforicamente rico que pode produzir um nó na cabeça de quem queria uma simples ficção científica para passar a tarde. Não é de maneira alguma um filme perfeito, mas com certeza é uma sessão reflexiva só providenciada pelas obras mais diferenciadas que são lançadas nos cinemas.