sábado, 6 de abril de 2013

La Noche Del Terror Ciego (1972)



Incontáveis são os clássicos que preciso assistir. La Noche Del Terror Ciego é um dos maiores representantes do horror espanhol, talvez o maior, num dos países mais respeitados em se tratando de cinema fantástico. Trata-se de uma tradicional e incrível estória de zumbis, envolvendo os marcantes zumbis templários, frutos de cavaleiros medievais satanistas obcecados com a imortalidade. E não há força humana capaz de parar esses seres, principalmente após invadirmos a alcova deles.

Não há maneira de entregar mais sobre a sinopse da obra sem estragar as surpresas que seu belo roteiro nos reserva. Esqueça a preguiça que assola praticamente todas as fitas de horror da atualidade – com seus típicos personagens arquétipos e desenrolar previsível. La Noche Del Terror Ciego reserva um dos finais mais incríveis e impressionantes que eu já assisti, absolutamente tenso e aterrador – na linha de Zombie, clássico do mestre italiano Lucio Fulci. 


Além de seu incrível roteiro, como esquecer da direção fantástica de Amando de Ossorio, que filmou algumas das cenas mais marcantes do cinema de terror em todos os tempos. A imagem dos zumbis templários em seus cavalos atrás de uma pobre moça numa bela planície, sem dúvida é um dos grandes momentos cinematográficos já proporcionados pelo cinema de horror. Sem mencionar na incrível tensão proporcionada durante a aparição dos famigerados zumbis, especialmente durante o desfecho avassalador.

Outra cena incrível é a realização do ritual em que os templários supostamente alcançam a eternidade. Sem se tornar alegórico demais, Ossorio construiu uma incômoda imagem de um rito satânico, ao contrário do espírito carnavalesco que predomina visualmente nas obras atuais que emulam o tema. É claramente um filme barato, que supera com elegância possíveis obstáculos em relação ao orçamento.


Um dos recursos mais eficientes na filmagem de Ossorio é a utilização de uma dramática câmera lente, que intensifica estupendamente o drama da cena, aliado a um efeito sonoro incrível, uma espécie de cântico gregoriano infernal, cortesia de Anton Garcia. A própria trilha sonora do filme é fantástica, com seus temas incidentais cheios de ecos, me lembrando demais a brilhante trilha sonora do filme O Nome Da Rosa, produzido quase 15 anos após este.

As atuações são eficientes, mas o que mais me chamou a atenção foi como as personagens são densas, porém construídas de uma maneira que não se destacam - ainda mais se considerarmos os zumbis templários. Entretanto, os personagens são suficientemente densos para provocarem empatia e criarem um vínculo com o público.

Definitivamente, não tenho pressa em conhecer os vários clássicos que o cinema de horror tem para me apresentar. Para qualquer fã deste gênero, visualizar este filme é essencial e obrigatório, principalmente para quem quiser entender e compreender o fascínio que o mesmo exerce em pessoas como eu e tantos outros cinéfilos e cineastas por aí. 


 
OBS: Esta é uma postagem relacionada às tristes perdas do cinema espanhol durante esta semana - Jesus Franco e Bigas Luna. Ambos cineastas são autores de filmes muito especiais para mim, que me influenciam e me inspiram de várias maneiras. Não há nenhuma obra dos dois comentada no Midnight Drive-In, mas há tempo para reparar esse lapso. Se você não conhece nenhum dos dois autores e compactua, minimamente, com minhas opiniões, assista a alguns dos filmes deles. Foi uma triste semana para o cinema espanhol e mundial. Perdemos esses mestres, mas esperamos que muitos novos grandes cineastas espanhois continuem a enriquecer o mundo do cinema.

In Memorian: Bigas Luna (1946-2013)