O universo das gangues já foi retratado muitas vezes no
cinema e nas séries de tv. Já assisti a vários filmes com esse tema, alguns
extremamente memoráveis (Atraídos pelo Crime, New Jack City), outros não (Quatro
Irmãos). Pensando numa lista de filmes com essa temática, COLORS assume as
primeiras posições tranquilamente.
O grande destaque desse filme é a criação de uma dupla de
policiais opostos em sua abordagem do crime. O tempo inteiro você se questiona
qual é o melhor policial: o oficial Hodges (Robert Duvall), experiente nos
bairros em que atua, tratando os criminosos na base da amizade, numa suposta troca
de favores entre ele e os delinquentes, como se fosse um velho xerife? Ou o
oficial McGavin (Sean Penn) que usa a força bruta e a intimidação em cima dos
bandidos, batendo antes de perguntar?
Esses dois polos opostos retratam a completa inabilidade
das autoridades e da sociedade em entender a realidade dos guetos e das
gangues. E é memorável como o filme, muito bem dirigido por Dennis Hopper,
consegue mostrar essa antítese de maneira envolvente, desafiando o espectador
com esses dois personagens realistas e cheios de defeitos.
Entre os gangsteres, temos Don Cheadle, bem novo como o
violento Rocket e Damon Wayans, como o viciado T-Bone – ambos em início de
carreira, dando mostras de seus talentos.
Várias cenas são memoráveis como o tiroteio no velório, a
briga de gangues no final do filme e uma sequência em que a música Colors,
cantada pelo rapper Ice T, se sobrepõe aos sons do filme, com sua letra
impressionante. Muito bacana mesmo.
O clímax do filme é muito bom, me lembrando do final de
uma obra suprema: A Outra História Americana. Ambos os filmes passam uma ideia
dolorosa por trás dessas cenas, onde a irracionalidade e a violência parecem
imperar, e seus diretores mostram a completa inquietação e incompreensão sobre
essas personagens e suas ações. Como responder a violência? Esses filmes não te
respondem isso. E retratar a realidade nua e crua como COLORS faz, é para
poucos.
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