Fica difícil entender certos esquemas de divulgação de filmes por aí. Porque quem assistir ao trailer de COP CAR vai pensar que se trata de um suspense tenso, mas a projeção nos reserva uma quase fábula de duas crianças se encontrando em meio a uma situação de muito perigo e mais séria do que eles podem imaginar, após encontrarem um carro de polícia abandonado.
Eu tinha assistido ao trailer e, definitivamente, me surpreendi ao longo do filme. COP CAR tem um ritmo lento, me lembrando aquele clima de filmes dos anos 70 com um desenvolvimento mais ponderado e o tema de amadurecimento e perda da inocência dos protagonistas jovens, típico dos anos 80 (algo na linha de Conta Comigo). A escolha do diretor Jon Watts foi realmente interessante, construindo um projeto diferenciado do que temos hoje em dia.
Existem algumas sutilezas realmente interessantes, como o fato do filme não explicar completamente as motivações do xerife (Kevin Bacon, com um visual de forte presença, quase cartunesco). Dessa maneira, as motivações dos personagens adultos da fita (são 3 adultos e 2 crianças, praticamente) são absolutamente infantis e mais inexplicáveis que a ação das próprias crianças protagonistas. Criar esse contexto entre os personagens foi um trabalho especial e complexo por parte do diretor e do roteirista.
O que me deixa mais reflexivo em relação a COP CAR é que este é um filme com um ritmo diferente, que exige de sua plateia. Aliás: qual é o público de COP CAR? O filme é interessante, mas não consigo pensar para quem eu indicaria ele, especialmente pensando-se em gêneros. Com certeza, este filme reservou um bom punhado de reflexões que poucas obras deste ano suscitaram em mim. Talvez, para quem procure uma obra diferente dos filmes oferecidos por Hollywood, normalmente.
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