quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Snowpiercer (2014)



Na lista de “ame-o ou deixe-o” de 2014, Snowpiercer é uma obra de ficção distópica, baseada em uma história em quadrinhos (Le Transperceneige), com uma sinopse matadora: no futuro, nosso planeta está assolado por uma nova era glacial e os últimos habitantes da Terra se encontram numa locomotiva, em movimento perpétuo, sendo que os últimos vagões abrigam os menos favorecidos em condições desumanas – como que em castas. E para os habitantes do fundo do trem, o maior objetivo é chegar a frente do trem, para tomar seu controle e desfrutarem de condições mais justas como os passageiros da dianteira.

Apesar da demora em seu lançamento e diversos boatos sobre brigas entre estúdio e produtor (desmentidas pelo diretor em entrevistas como essa), SNOWPIERCER sofre bastante com seu ritmo irregular. A primeira hora de filme é espetacular, me deixou maluco. Porém, o decorrer da projeção foi me causando muito desinteresse e, quando percebi, o final do filme foi tão entediante e esquecível...

A escolha do elenco foi soberba – Chris Evans, Tilda Swinton, John Hurt, Jamie Bell, Ed Harris e o espetacular Kang-ho Song – todos excelentes em seus papeis, cativantes, apesar de representarem uns arquétipos típicos de filmes de sobrevivência e resistência: o líder que não quer ser líder (Evans), seu meio que afobado braço direito (Bell), o sábio da resistência (Hurt), o misterioso que não sabemos se podemos confiar (Song) e por aí vai...

O que mais gosto na primeira hora de SNOWPIERCER é a estranheza e choque que o diretor Joon-ho Bong expressa em suas cenas. Existe um quê de alegoria, tipo um circo bizarro que nos encanta, provoca risos e nos choca ao mesmo tempo. Esses sentimentos são despertados principalmente no início do filme, quando conhecemos o trem, suas condições desumanas para os passageiros da traseira, punições àqueles que se revoltam de maneira óbvia em relação as condições do trem... Enquanto assistia, me peguei encantado com esse universo distópico já representado na história do entretenimento, porém nunca dessa maneira.


Considerei, afinal, um filme interessante, de extremo potencial e acima da média, apesar do desapontamento com o epílogo (quando justificativas demais são dadas e algumas mortes são absolutamente banalizadas, o que me tirou da aura de estranheza e me levou para a aura de julgamento em relação a inverossimilhança de momentos do roteiro – cheio de furos notáveis, quando você para pra pensar). Mesmo assim, o entretenimento funciona muito bem e SNOWPIERCER merece ser descoberto pelo público em geral. Quem sabe eu não me anime com uma versão do diretor?

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