Existe um universo de fitas dos anos 90, assistidas durante a minha infância, as quais eu não tenho nenhuma memória, a não ser que em algum momento deste passado nebuloso eu assisti ao filme. E a lista, meus amigos, é imensa: nossa família mantinha o saudável hábito de locar filmes todo o final de semana - hábito que definitivamente pavimentou minha paixão pelo cinema.
A busca por tais filmes gera, quase sempre, sentimentos muy agradáveis. O principal deles é a beleza da descoberta de pérolas esquecidas de duas décadas atrás - sólidos filmes sem pretensões maiores do que narrarem suas histórias dentro de aceitáveis 110 minutos de duração ou menos. São notas de rodapé na carreira de atores com longos créditos no IMDB, a mera lembrança dos saudosos cartazes colados na vitrine da Hélio's Vídeo (a locadora que frequentávamos).
Um desses filmes é UM ASSASSINO À SOLTA, um ótimo thriller de 1997, com um belo elenco: Danny Glover, Dennis Quaid, R Lee Ermey, Jared Leto, Walton Goggins e Willian Fitchtner (os três últimos em início de carreira). A trama, com algumas referências do magnífico gênero italiano Giallo, acompanha um policial (Quaid) percorrendo as pista deixadas por um tenebroso serial killer (Glover) que sequestrou seu filho. O último assassinato leva o policial até uma pequena cidade com um xerife das antigas (Ermey), envolvido numa disputa pela reeleição do cargo de xerife com um policial xarope (Fichtner).
O filme é muito bem sucedido em criar alguma confusão até revelar quem é o assassino de fato - mérito do diretor/roteirista Jeb Stuart, totalmente sumido do mercado atualmente (este filme é o penúltimo trabalho dele, segundo o IMDB), mas que nos presenteou com EXCELENTES roteiros de filmes dos anos 80 e 90 - pratas da casa como O Fugitivo, Ameaça Subterrânea, 48 horas parte 2 e o clássico Duro de Matar.
O elenco está excelente, mas o grande mérito do filme é o trabalho de Jeb Stuart. Como bom roteirista, ele consegue associar elementos interessantes do ambiente onde o filme se passa, assim como ótimas ideias (o esquisito carro dirigido por Glover, a ambientação na cidade assolada por uma tempestade de neve, a briga eleitoral entre os xerifes e o clímax de tirar fogo no trem). São elementos que enriquecem muito a trama, não necessitando se apoiar, apenas, na competência das cenas de ação. Tem muito filme da atualidade que não consegue fazer isso.
Uma pena que Jeb Stuart esteja tão sumido do mundo do cinema, pois sua escrita definitivamente faz falta nas fitas de ação atual. Imagine um roteiro dele e um pouco mais de recurso num filme do Scott Adkins ou até Jason Stathan! Enquanto isso, vou assistir os outros filmes que ele roterizou e quem sabe em breve teremos resenhas por aqui de Condenação Brutal, Leviathan e Justa Causa - todos filmes que eu assisti, mas também não lembro de quase nada.
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