Há algo um tanto quanto retrógrado em falar sobre os favoritos de 2023 num dos primeiros dias do novo ano, mas eu preciso registrar por aqui, pois este blog, além da "nobre" missão de registrar algumas críticas, no máximo razoáveis, serve também como um depositório de momentos e um memorial das obras em meu radar ao longo do ano. É curioso abri, por exemplo, as 49 postagens feitas em 2013 e verificar a resenha de alguns filmes (os quais eu não me lembro, hoje em dia, de nada a respeito) e lembrar do momento da vida o qual estava passando. Gostaria de voltar neste blog mais vezes durante 2024 e, incansavelmente e sem nenhuma vergonha de admitir os fracasso anteriores, eu tentarei.
O primeiro álbum ouvido durante o ano foi justamente o disco do ano: Gaz Coombes - Turn The Car Around. Para mim, foi o disco que me levou para tempos que vivi e tempos onde eu gostaria de viver - um disco tão especial que minha irmã me presenteou com ele. A música do ano também sai deste disco - "Don't Say It's Over" - uma linda balada.
Parando para pensar, tiveram outros grandes discos em 2023: Gates Of Europe, da banda Rome ficou em alta rotação, apesar de já ter ouvido discos melhores deste projeto neofolk; Foo Fighters lançou o melhor disco da carreira, com algumas letras realmente dilacerantes; The Hives deu aquela injeção de rock que eu preciso em muitos momentos; Metallica soltou um disco potente, o melhor deles dos últimos anos; Human Tetris mexeu com meus instintos post-punk (apesar de ser um trabalho tão curtinho). Definitivamente, não foi um ano recheado de novidades, mas é possível sentir o padrão musical dele.
No meu mundo de leituras, houve uma bela quantidade de livros e páginas - pouco mais de 100 livros e cerca de vinte mil páginas). Li autores clássicos como Victor Hugo (O Último Dia de um condenado), Edgar Alan Poe (Coletânea de Contos), Herman Hesse (São Francisco de Assis), George Orwell (1984), Tolstoi (Padre Sérgio) e Jack London (Por Um Bife) - todas leituras maravilhosas. Além disso, também me deleitei com Butchers Crossing de John Willians (que virou filme com Nicolas Cage, ainda a ser conferido), O Cão de Terracota e O Medo de Montalbano, do favorito particular Andrea Camilleri, 83/92 - Um Álbum Italiando de Fabio Massari (já li quase tudo que o "Reverendo" já publicou), Bobby Gould, O Leão de chácara do saudoso Anthony Bourdain e Febre de Bola, de Nick Hornby (talvez, minha leitura favorita do ano).
Por fim, vamos falar de cinema! Parando para pensar, definitivamente não acompanhei tantos filmes quanto poderia no ano de 2023, especialmente se pensar em lançamentos, mas certamente eu voltei a acessar minha filmoteca com um pouco mais de frequência. Fiz a dobradinha Barbie/Oppenheimer nos cinemas e não me arrependi nem por um segundo: dois excelentes filmes que marcarão presença no Oscar e simbolizaram, ao mundo do cinema, o poder de não se restringir a fórmulas (olá, filmes da Marvel) e da boa história. John Wick 4 também explodiu minha cabeça - uma sessão excitante e inesquecível, um lembrete de como filmes de ação conseguem me tornar, por algumas horas, aquela criança que se apaixonou por cinema por causa dos filmes de ação. A Baleia foi o filme que mais mexeu comigo, o grande drama do ano (visto duas vezes no cinema) - atuação inesquecível de Brendan Fraser e mais um filme especial na filmografia de Aronofsky (um dos meus diretores favoritos da atualidade). Assassino da Lua das Flores, apesar da duração ser um pouco além da conta, foi mais um Scorsese assistido na telona e um filme cheio de vigor com uma trama impressionante e bem chocante. A Filha do Rei do Pântano, um thriller bem discreto, mas super redondo, que ficou uma semana em cartaz e contou com uma sessão onde estava eu e mais uns dois casais espalhados pela sala de cinema - uma experiência imersiva e terapêutica de cinema. Esquema de Risco, provavelmente o filme que mais me divertiu no ano - Guy Ritchie voltou a fazer o tipo de filme que me fez amar o estilo dele - elenco mega afiado e alguns atores surpreendendo muito (quem diria que Josh Hartnett estaria em dois dos meus filmes favoritos do ano: este e Oppenheimer). Alerta Máximo, surpreendente filme de ação do Gerard Butler, também para quem curte aqueles filmes mais das antigas de ação, sem muita firula, direto ao ponto, bem maniqueísta - entretenimento de primeira. Possivelmente uma opinião polêmica, mas adorei O Exorcista do Papa, com Russel Crowe - adoro a temática, acho o padre Gabrielle Amorth uma personalidade bem interessante e Crowe acertou em cheio, não levando muito a sério o filme, mas ainda sendo bem carismático - um filme divertido e bobinho (muito melhor que a continuação asquerosa da série Exorcista).
E essa foi a safra de 2023. Olhando retrospectivamente, foi um ótimo ano. E, como um otimista incorrigível, acredito que 2024 será ainda melhor, sob todos os prismas possíveis.